Câmara Secreta: Regulus Black, Mestre de Poções 2 escrita por Bruna Rogers


Capítulo 19
Capítulo 19




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A descida pelo túnel escuro foi assustador apesar de fácil até demais, eles deslizaram como em um enorme escorregador e caíram em uma bifurcação dos canos. O lugar era um círculo com várias entradas em círculos enormes, onde pessoas adultas poderiam passar sem problemas.

— urgh — Ron disse, algo sobre seus pés fazendo sons altos de galhos se quebrando — Ossos?!

Harry olhou para seus pés, haviam milhares de ossos de vários tamanhos, mas ainda todos pequenos o suficiente para ser de animais. O odor ao redor fez seus olhos lacrimejarem.

— Vamos — Harry disse se virando para a entrada de um cano.

Ninguém ali estava muito contente com o plano, principalmente porque não havia um. Harry não pensou muito em como se manter vivo contra um basilisco além de não olhá-lo nos olhos. Nem Ron teve muitas contribuições, a ideia era salvar Gina, mas faltava muitos detalhes.

Ele percebeu isso ao se deparar com a pele da cobra, era gigantesca. Chegando a sua altura com a coisa deitada em terra, mas seu comprimento teria vários metros.

Eles deveriam ter feito algum plano, ou achado um professor mais competente do que o mentiroso Lockhart. Pela primeira vez Harry desejou ter pedido ajuda a McGonagall, ou Black, ou Flitwick ou algum outro adulto capaz. Mas eles não tinham tempo, nem sabia se ela ainda estava viva.

As coisas só se complicaram mais quando Lockhart desarmou Ron que estava distraído com a pele de cobra.

— Desculpe meninos, mas essa coisa toda acaba agora.

— Como você vai explicar nosso sumiço? — Ron perguntou, Lockhart apontou a varinha remendada para ele.

— Foi uma tragédia absoluta, quando chegamos até o cadáver da pequena garota vocês dois enlouqueceram e se atacaram.

— Ninguém vai acreditar em uma besteira dessa.

— Oh, mas vocês não poderão me desmentir — o loiro gira o pulso da varinha — não sem suas memórias. Obliviate.

Uma luz saiu da varinha, mas não da ponta como sempre, do meio rachado dela e então um som alto. Lockhart foi jogado para trás e para cima. Ron e Harry foram lançados a meio metro de onde estavam originalmente. E então toda a estrutura tremeu por alguns segundos.

Harry estava mais para dentro do túnel do que os outros, então quando as pedras do teto começaram a cair ele foi forçado a se afastar ainda mais. Para dentro da tubulação que eles estavam seguindo.

A terra, concreto e pedras tomaram o ar por um momento, Harry não conseguiu ver nada ao seu redor, seus pulmões se encheram da poeira que se levantou e ele tossiu repetidas vezes, ficando sem fôlego.

Pode ter levado apenas alguns minutos, mas parecia muito mais tempo até que toda nuvem de sujeira abaixasse o suficiente para um pouco de ar puro entrar em seus pulmões.

Harry olhou para onde antes estava seu melhor amigo, e uma onda de frio e pavor o atingiu. Parte da estrutura colapsou com o feitiço mal realizado de Lockhart, e onde antes havia um túnel agora são apenas pedras de vários tamanhos. Ron não estava em lugar nenhum.

Foi por um momento, aquele em que tudo o que tinha ao seu redor era silêncio, e as garras do pânico por talvez ter perdido seu melhor amigo se agarraram ao seu pescoço tornando a respiração ainda mais difícil.

Se algo aconteceu com Ron, é completamente culpa de Harry. Foi ele que trouxe o ruivo até aqui, e mesmo que Ron talvez pudesse fazer algo como tentar enfrentar um basilisco para salvar sua irmãzinha sozinho, ele nunca teria conseguido acessar a entrada da câmara sem Harry. E Harry o deixou vir junto, ele colocou a vida de seu amigo em risco, de novo, e...e...

— Harry!

O moreno parou em sua espiral de culpa e olhou para a recém parede de pedras.

Era Ron gritando por ele do outro lado.

— Ron! Você está bem?

Ele estava vivo, Harry suspirou de alívio, sentindo o gosto estranho em sua boca, ele passou a mão no rosto e percebeu que estava sujo de poeira, mas notou algo molhado em seu rosto. Por um momento ele ficou confuso, até perceber que eram suas lágrimas.

—Sim. Lockhart parece ter apagado a própria memória. Mas estamos bem.

Com esse peso fora dos seus ombros Harry pode respirar um pouco melhor, agora só faltava encontrar a Gina.

— Tentem tirar algumas pedras para podermos passar — ele grita para o outro lado, ele pode ver uma abertura não muito grande lá no alto, mas não tem certeza se pode escalar ou se Gina poderá — eu vou encontrar ela.

[...]

Harry realmente precisava urgentemente começar a planejar antes de fazer coisas como tentar salvar a escola. Ele se culpou por não ter feito isso antes e agora, agachado no final de uma tubulação com grades que o impedia de fugir, ele lamentou ainda mais.

Onde estava sua cabeça ao pensar que poderia lidar com um basilisco?

Sim, ele estava tentando salvar a irmã do seu melhor amigo, mas agora parece mais que ele fará companhia a ela após a morte.

Ele tenta ao máximo não fazer barulho quando o som do réptil se arrastando pelo chão de pedra fica cada vez mais alto.

Outra coisa que ele fará se sobreviver a isso, bem além de começar a pedir ajuda para adultos, talvez. É não confiar em objetos mágicos aleatórios. E dizer a Ron que ele tinha razão, Harry nunca deveria ter pego aquele maldito diário.

Mas se ele não tivesse pego as coisas poderiam ter sido muito piores. Imagine se alguém como Malfoy tivesse o encontrado, aí sim ele já estaria morto.

Ele prende a respiração, ele pode ouvir a serpente sibilando muito perto.

Harry percebe uma pedra perto do seu pé e a agarra. Aquilo não serviria para matar o bicho, mas a essa altura ela estava cega graças a Fawkes — a fênix de Dumbledore — então o basilisco está apenas se guiando pelo som.

Olhar para o animal pode não ser mortal, mas aquela cobra ainda poderia devorá-lo, fora o veneno, ele não poderia se esquecer do veneno.

O basilisco surgiu na entrada do cano, a cabeça virando de um lado para o outro levemente como se estivesse tentando ouvir algo. Harry joga a pedra em sua mão com toda a força, ela passa a alguma distância da criatura e ricocheteia no cano lateral.

O basilisco levanta a cabeça e recua seguindo o som com mais velocidade do que algo daquele tamanho deveria ser capaz.

Harry espera até todo o animal passar, e então espera um momento antes de voltar correndo para a parte principal, a câmara secreta em si.

Quando ele chegou lá foi realmente assustador, havia várias estátuas enormes de cobras cobrindo os dois lados do lugar. Uma das outras pontas estava a entrada por onde ele veio, e do outro, de onde o basilisco surgiu tinha uma enorme estátua de um homem, que ele imaginou ser Salazar Slytherin. Quem mais faria aquilo também.

Gina ainda estava inconsciente no chão, apesar de estar respirando ela está muito fria. O lugar todo estava muito frio, e a água que subiu quando o basilisco passou só piorou tudo.

Harry não tem certeza do que sentir por Gina ainda estar desmaiada, claro ele está preocupado com ela, mas talvez a inconsciência dela seja uma benção, ele não sabe como fugir do basilisco sozinho imagine se ela estivesse acordada.

Tudo seria muito mais fácil se ele tivesse sua varinha.

Outra lição aprendida, não deixe sua varinha fora de suas mãos ou vestes.

Ele deixou ela cair quando viu Gina caída desacordada. Ele não estava pensando muito além de tirar ela de lá antes que a criatura aparecesse.

Ninguém poderia culpá-lo por se distrair.

A aparição de Tom Riddle foi muito estranha em primeiro momento. Era exatamente o mesmo garoto mais velho que ele viu quando estava vendo as memórias pelo diário, o cabelo castanho cacheado, os olhos vermelhos e o uniforme da sonserina. Mas é impossível que ele estivesse ali, principalmente com a mesma aparência de cinquenta anos atrás.

Isso demorou muito para chegar a sua mente, tempo o suficiente para Tom pegar sua varinha do chão.

Harry nunca deveria ter confiado nele. Aquele era o verdadeiro herdeiro, ele matou a Murta, ele confessou ter controlado Gina por meio de seu diário.

Porque a alma dele estava presa ao diário, e quanto mais fraca Gina ficava, mais forte ele ficava.

Harry não conseguiu entender porque Tom estava fazendo isso, até Tom escrever com sua varinha no ar.

TOM SERVOLO RIDDLE

Em letras douradas no ar, então ele mexeu o pulso e as letras se reagrupam formando uma frase: EIS LORD VOLDEMORT

E isso fazia ainda menos sentido para Harry, ele já enfrentou Voldemort antes e aquele não poderia ser o homem que matou seus pais.

Harry não tinha muito tempo para pensar nisso, ele precisava tirar Gina de lá.

Se aproximando dela ele avista o chapéu seletor. Fawkes surgiu com ele antes de atacar o basilisco e furar seus olhos. De onde a fênix surgiu, era outro mistério que ele não tinha tempo para tentar solucionar.

— Logo eu Gina Weasley estará morta e eu deixarei de ser uma lembrança.

Harry o ignorou, tentando acordar a ruiva. Com o canto dos olhos ele notou algo dentro do chapéu.

Harry o pegou e tirou uma espada dele. Uma longa e prateada espada com um rubi na ponta da empunhadura, havia algo gravado nela.

Ele já tinha visto aquilo antes, era a espada que estava na sala de Dumbledore quando Harry estava lá mais cedo naquele ano.

A água explodiu e o basilisco ressurgiu, sua cabeça se virando para os lados como antes.

Harry apontou a espada para ele, mas o animal estava cego e era muito alto para Harry atingi-lo.

Não é como se o moreno soubesse onde ficava o coração — se é que aquilo tinha um — para apunhalar.

Harry correu para longe da criatura, seus pés batendo contra a pedra e água chamando a atenção do basilisco. Ele escalou a estátua da cabeça de Salazar.

Tom estava no chão mandando na criatura. Harry tentou usar oflidiogrocia, mas o basilisco só ouvia o que Tom dizia.

Harry respirou fundo e levantou a espada, o basilisco desceu de boca aberta contra ele. Harry sentiu uma pressão contra seu corpo para baixo quando a espada atingiu o céu da boca do animal, a lâmina se afundando na carne.

O Basilisco urrou de dor e se afastou levando a espada com ele.

Harry sentiu o braço queimar como se estivesse em chamas. Muito pior do que a vez que ele queimou a mão com água quente nos Dursley.

A dor e o esforço anterior o deixou sem fôlego. Harry se curvou e olhou para o local, havia algo fincado em seu braço, branco e vermelho, como um osso sangrando.

Harry puxou aquilo para fora e percebeu ser um dos dentes do basilisco.

Ele respirou fundo, tentando juntar suas forças para não cair do alto da estátua, uma morte por queda depois de tudo isso seria muito anticlimático.

O basilisco urrava e se mexia freneticamente de um lado para o outro em desespero.

Tom gritava algo do chão enquanto a criatura finalmente caia, mas Harry não ouviu direito.

O basilisco desabou, finalmente morto. Parte de seu corpo se afundou, mas sua cabeça ficou sobre o chão de pedra escura.

Harry desceu com cuidado, seu corpo dolorido, mais do que ele já havia sentido antes. Como se labaredas de fogo estivessem tentando queimá-lo de dentro para fora.

— Não é impressionante? — Tom voltou a falar, seu tom monótono e calmo — como o veneno do basilisco se espalha com rapidez pelo corpo.

Oh, o veneno. harry pensou, ele se esqueceu disso por um segundo.

— Não deve ter mais do que alguns minutos de vida — ele continuou — logo vai rever sua mãezinha de sangue ruim.

Harry respirava com dificuldade, ele tentou ignorar Tom, realmente morrer com alguém fazendo um monólogo maligno não era legal.

Ele caiu ao lado de Gina, tocando sua mão. Ela estava mais pálida do que papel, tão fria como um dia de neve. Em sua mão o diário, a razão por tudo isso ter acontecido.

Harry se lembra de ter visto o sr. Malfoy colocando-o no caldeirão de Gina naquele dia, tantos meses atrás. Ele não tinha entendido o porque antes, mas agora ele sabia.

Malfoy era um seguidor de Voldemort, e tudo isso foi para trazer o bruxo de volta à vida. Ou pelo menos dar um corpo a ele, se Harry se lembra bem do que o diretor falou no ano passado, Voldemort ainda estava vivo, apenas muito fraco e sem um corpo para sustentá-lo.

Tom acompanhou o olhar de Harry e quando voltou a falar havia um sorriso em seu tom de voz.

— Engraçado ver o quanta destruição um livrinho pode causar. Principalmente nas mãos de uma estúpida traidora de sangue.

Se Harry tivesse força para ficar de pé ele teria dado um soco em Tom, mas o que quer que Tom fosse no momento era tão intangível quanto um fantasma. E mesmo que fosse, Harry não tinha força para isso.

Mas então ele encarou o garoto mais velho. Se recordando do que ele falou.

Preso a terra por suas memórias escritas no diário. Era através daquele caderno e da morte de Gina que Tom voltaria a ser algo vivo.

Harry fechou o punho e sentiu a presa do basilisco ainda na sua mão. O quão poderoso poderia ser aquele veneno? Bem, se ele morrer em breve, não tem problema ele tentar descobrir.

Ele tirou o diário da mão de Gina. A expressão de Tom mudou quando ele notou, o bruxo das trevas era esperto, pareceu entender o que Harry ia fazer com muita rapidez.

Harry abriu o diário em uma página em branco qualquer, e olhando para a forma jovem do homem que matou seus pais, ele levantou o braço não ferido e apunhalou o livro.

Harry não sabia o que esperar, ele apenas olhou para as páginas quando Tom gritou. O caderno estava sangrando, sangue escuro escorria da página agora rasgada.

Um buraco surgiu no peito de Tom, luz dourada saída de seu corpo enquanto ele gritava em agonia.

Ele fechou o caderno e o apunhalou de novo na capa.

Tom gritava o tempo todo, mas não podia impedi-lo.

A luz continuou a crescer como o buraco em seu corpo, se tornando cada vez mais forte até que explodiu em várias partículas brilhantes como fogos de artifícios caindo e desaparecendo.

Harry respirou fundo.

Quando qualquer sinal de Tom desapareceu, Gina abriu os olhos. Sua respiração mudando de tranquilo para ofegante, como se ela tivesse acabado de participar de uma maratona, ou acordado de um pesadelo.

Ela se sentou, olhando para os lados, claramente confusa.

— Gina — ele chamou, seu próprio fôlego indo de mal a pior com a dor em seu corpo.

Ela se virou para ele, seus olhos azuis claros arregalados. Harry nunca ficou tão aliviado por vê-los, ela está viva.

— Harry...— ela se aproximou — eu... isso tudo é culpa minha... fui eu que...

Harry colocou a mão no ombro dela para a acalmar, funcionando melhor do que ele imaginou. Ela ficou em silêncio olhando para ele, as lágrimas escorrendo por seu rosto ainda pálido demais.

— Não foi você — ele disse, Gina tentou interromper mas ele apenas balançou a cabeça — foi Voldemort, tudo é culpa dele, ele controlou você, não é culpa sua.

Ela fungou algumas vezes, e passou as mãos pelo rosto para limpar as lágrimas.

Seus olhos azuis abaixaram, e Harry notou o momento que ela viu o sangue.

— Você está ferido — então ela finalmente pareceu notar a gigante cobra a alguns metros deles.

— Vai ficar tudo bem — ele ignorou a dor e a preocupação dela. Gina tinha que sair de lá.

Harry disse o que fazer, mas ela se recusou a deixá-lo para trás.

— Você tem que ir.

— Não sem você — ela afirmou com muita veemência para alguém de onze anos que estava desacordada até agora.

— É veneno de basilisco, não fará diferença. Eu não consigo voltar. Você tem que ir, Ron está esperando por você.

Ela iria falar algo, mas um alto piado de pássaro a silenciou. Fawkes reapareceu de seja lá onde ela estava. Harry não tinha força física ou mental para se questionar sobre os atos de uma ave.

Fawkes pousou ao seu lado.

— Obrigado — ele disse olhando para os olhos amarelados da ave vermelha.

Ele não teria sobrevivido o suficiente para deter Tom sem Fawkes, ele não teria sobrevivido dois minutos contra o basilisco se Fawkes não tivesse aparecido e bicado os olhos dele.

Harry também não teria matado a criatura se a fênix não tivesse trazido a espada para ele.

Harry devia muito a Fawkes, e ele nunca poderá pagar.

Ele se dobrou novamente quando outra onda de dor o atravessou como um raio, Tom estava certo, o veneno vai matá-lo em breve, Harry só queria que fosse menos doloroso.

— Não consegue ser tão rápido — ele lamentou. Fawkes se inclinou para ele, esfregando sua cabeça contra o ombro dele por um momento antes dele sentir algo cair em sua pele.

Harry ficou assustado enquanto as lágrimas de Fawkes caíam sobre a ferida aberta de seu braço. Como mágica a ferida começou a se fechar. A dor de seu corpo diminuiu tão rápido quanto surgiu assustando-o.

Gina estava ao seu lado, segurando sua outra mão, seus olhos tão arregalados quanto os de Harry observando a ferida se fechar.

— Lágrimas de fênix são curativas — Gina disse ainda chocada.

— Obrigado — Harry disse ao pássaro. Fawkes se levantou alçando voo pela câmara. Harry se voltou para Gina, apertando sua mão — acabou, vamos sair daqui.

 


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