Ficção escrita por llRize San


Capítulo 19
Clímax


Notas iniciais do capítulo

Chegamos ao penúltimo capítulo :3



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/809860/chapter/19

Fourth despertou abruptamente, assombrado por mais um sonho, na verdade, uma visão do que Gun estava fazendo. Era apenas a prática comum de decorar suas falas, uma atividade rotineira. No entanto, observar isso de outra dimensão através de sonhos não era nada agradável. A experiência deixava Fourth frequentemente com dores de cabeça ao acordar.

— Está tudo bem? — Perguntou Gemini, sentado na beira de sua cama e segurando sua mão, ainda estava de pijama e seus cabelos estavam bagunçados — Viu o Gun em seus sonhos novamente?

— Sim. Por causa disso minha cabeça está latejando. 

Gemini fez um carinho em seus cabelos, beijou-lhe a testa e trouxe um comprimido para dor de cabeça com um copo de água, entregando cuidadosamente a Fourth.

— Daqui a pouco estará melhor. Quer dormir mais um pouquinho? Eu fico com você. 

— Não estou com sono. Só quero ficar deitadinho com você. 

Gemini se aconchegou na cama e puxou Fourth para que ele se deitasse em seu colo.

— Vamos aproveitar nosso dia de folga pra descansar — Gemini beijou o pescoço de Fourth. 

— É uma ótima ideia. Estou cansado — Fourth suspirou — Acha que vou continuar tendo essas visões com o Gun? Sinceramente eu achei que na primeira vez que tive essa visão, nós já acordariamos de volta em nosso mundo, mas já faz mais de uma semana e até agora nada. 

— Não tenha pressa, amor — Gemini o abraçou — O importante é que estamos juntos e em breve estaremos de volta para casa. 

— Sinto que em breve partiremos. 

— Por causa dos sonhos?

— Também, mas algo dentro de mim diz isso. 

— Enquanto isso não acontece, vamos fazer de contas que estamos de férias — Disse Gemini, sem desgrudar do abraço em Fourth.

Conforme os dias passavam, os sonhos de Fourth tornavam-se cada vez mais frequentes. Às vezes, ele desmaiava repentinamente, acordando sem saber que tinha perdido a consciência, compartilhando as visões da vida de Gun. Duas semanas depois, Gemini começou a sonhar com Tinn, experimentando visões de sua vida, assim como Fourth com Gun. Em um desses sonhos, Gemini acordou assustado. Levou alguns minutos para se recompor. Na visão, seu pai o agredia, mas ele reagiu de maneira surpreendente, sem recorrer à violência como seu pai.

Gemini testemunhou através de sua visão no sonho, Tinn conversando com seu pai. Não conseguia ouvir as palavras trocadas, mas pela expressão no rosto de seu pai, imaginava o teor da conversa. Possivelmente, ele tinha descoberto a verdade sobre o relacionamento dele com Fourth, e esse conhecimento era evidente em seu rosto, transparecendo um ódio intenso que Gemini pôde sentir mesmo em outra dimensão, através do sonho. Aquele olhar de ódio acionou gatilhos em Gemini, fazendo-o experimentar medo e dor física e emocional. Era a mesma dor que seu pai vinha lhe causando desde que, ainda jovem, tentou ser quem ele realmente era, apenas para perceber que isso lhe traria sofrimento.

O pai de Gemini se levantou abruptamente, punhos cerrados, enquanto Tinn também se erguia, sem demonstrar medo. Para ele, enfrentar aquele homem era mais fácil, pois nunca havia infligido tantas feridas em sua alma quanto as que Gemini sofreu.

Embora Gemini não enfrentasse diretamente seu pai, não era uma questão de força física, já que ele era muito mais forte que seu pai. O fato era que seu pai tinha causado tantos danos a ele que Gemini não conseguia reunir a coragem para reagir. Gemini estava disposto e decidido a colocar um fim a tudo isso quando voltasse para casa, mas as coisas pareciam ter saído do controle, e por isso Tinn estava enfrentando seu pai. Conhecendo Tinn como ele conhecia, já que de certa forma era seu personagem, Gemini sabia que para Tinn estar agindo assim, muito provavelmente seu pai havia colocado a vida de Gun em perigo.

Tinn deixou que seu pai desferisse um soco, mas ao invés de se encolher, ele sorriu, limpando os lábios que sangravam. Gemini percebeu a confusão no rosto de seu pai, e quando Tinn tirou um gravador do bolso e uma câmera da estante, tudo se encaixou. Nunca tinha visto seu pai com medo, e aquela expressão lhe trouxe satisfação. Quando ele avançou em Tinn, este se defendeu e contra-atacou com um golpe certeiro no estômago que o fez cair de joelhos no chão, choramingando de dor. Depois disso, Gemini viu alguns policiais entrando e levando seu pai algemado. Mesmo que não estivesse presente fisicamente naquele momento, sentiu-se parte daquilo. Era como se tivesse dado aquele soco junto com Tinn.

Gemini acordou no meio da madrugada, mas, diferente das outras vezes, não estava assustado; estava feliz e em paz. Sentia que, quando voltasse para casa, poderia viver sua vida sendo ele mesmo, sem mais medo. Imaginou as milhares de pessoas que passam pela mesma situação com seus familiares e sentiu uma vontade profunda de fazer algo para ajudá-las. Na mente de Gemini, surgiram várias formas de apoiar essas pessoas e conscientizar suas famílias a aceitarem, respeitarem e amarem como são. Ele mesmo era parte dessa luta e não queria que outras pessoas passassem pelo sofrimento que ele enfrentou. Olhou para Fourth dormindo, tão lindo e amável. Suas forças foram renovadas, e ele se encheu de determinação. Lutar contra o preconceito seria uma batalha árdua, mas Gemini estava disposto a enfrentar o mundo para ser feliz e ver a pessoa que amava sorrir.

— Perdeu o sono? — Perguntou Fourth, sonolento, se espreguiçando na cama. 

— Tive um sonho — Disse Gemini, sentado na beira da cama. 

— Um sonho? — Fourth se sentou — Com o que? 

— Com Tinn. Assim como você teve visões com Gun, eu tive visões com Tinn.

— Isso é sério? — Fourth esfregou os olhos para acordar — Quer dizer, isso significa que em breve voltaremos para casa, já que estamos conseguindo nos conectar de alguma forma com a nossa dimensão.  

— Eu acredito que sim. Agora eu tenho fé que nós estamos a um passo de voltar pra casa. 

— Mas… pra falar a verdade eu tenho medo. 

— Medo do que? 

— A gente tinha comentado sobre isso antes, mas em tom de brincadeira. Imagina se fossemos mandados pra alguma série da concorrência — Fourth riu — Isso não seria ruim, dependendo da série, é claro. Mas e se for um filme de terror de uma freira medonha, ou um filme de pandemia onde todos viram zumbis ao serem contaminados? 

Gemini deu risada e abraçou Fourth. 

— Isso não vai acontecer, mas se acontecer eu vou te seguir aonde quer que você vá. Vamos estar juntos em qualquer dimensão. 

Fourth sorriu e o apertou ainda mais em seu abraço, desejando que aquele momento se eternizasse. 

— Eu te amo, Gem. 

— Eu também te amo, Nat. 

Gemini o beijou, e como se estivessem voando nas nuvens de tanto amor, envolveram-se em um abraço confortável e dormiram aconchegados nos braços um do outro.

Fourth acordou naquela manhã sentindo seus olhos pesados. Tateou sua cama à procura de Gemini, mas ele não estava lá. A claridade do dia já tomava seu quarto. Olhou em volta examinando o local e levantou-se abruptamente ao notar que estava em seu quarto, não no quarto de Gun. A princípio, ficou feliz por ter voltado para casa, mas seu corpo foi tomado por um assombro incontrolável quando percebeu que estava sozinho, que Gemini não estava com ele.

— Gem? 

Não houve resposta, apenas um vazio silencioso no seu antigo quarto. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Como assim?
Cadê o Gem, autora?????



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Ficção" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.