— Peço perdão pela nossa rude saudação. — desculpou-se o soldado ruivo, fazendo uma respeitosa reverência. 

Agora, dentro das muralhas, a ruiva estava em uma sala arrumada às pressas. A presença dela em si já era esplêndida para eles, afinal, ela era a irmã mais nova de um dos homens mais respeitados do império. 

Sora Inoue foi designado pelo seu reino a monitorar e assinar o tratado de paz entre os dois reinos, mas Sora fez muito mais do que isso. Com sua personalidade gentil e boa para os negócios, ele conseguiu resolver inúmeros problemas no continente das almas, assim fazendo até mesmo o imperador o adorar. 

— Não há necessidade de se preocupar, confesso que a culpa também é minha por não avisar da minha chegada. — disse a ruiva, gentilmente. 

— Já fomos avisar o senhor Sora sobre sua chegada, então peço que espere por um momento, pois isso pode demorar um pouco.

O soldado explicou respeitosamente para ela sobre a demora em se comunicar, afinal, as muralhas estavam bastante longe do reino em si, Soul Society era imenso e seu território era maior que o de Karakura. 

— Estarei esperando pacientemente, não precisa se preocupar. 

A aura ao redor da ruiva era gentil e calorosa demais, deixando os soldados um pouco tímidos ao ficarem no mesmo ambiente que ela; era possível ver o quão boa aquela senhorita era. 

— Com sua licença, irei me retirar agora. 

Observando aquele grande homem sair da sala, Orihime suspirou e tomou um gole do chá que Riruka serviu à ela momentos atrás. A sala em que estava era confortável demais para ser feita de última hora, isso mostrava a competência daqueles soldados. O clima era frio e mesmo com a lareira cheia, a mulher ainda não conseguia se desfazer de seu grosso casaco branco.

— Senhorita, se ainda estiver com muito frio, posso pedir para que tragam pedras de mana de fogo para deixarem a sala mais quente. — falou Yukio, que estava em pé do outro lado do local. 

— Não há necessidade, estou bem. 

Achava que seria um desperdício encher a sala com pedras caríssimas de mana por culpa dela, se sentiria mal por dar trabalho para aqueles soldados tão ocupados. Ela deixou o chá quente em cima da mesa que estava à sua frente, observou a fumaça sair dele enquanto seu estômago revirava em nervosismo. 

— Muito nervosa? — indagou Kugo.

— Faz anos que não vejo meu irmão… Confesso que estou muito nervosa mesmo. — respondeu ela, dando um pequeno sorriso. — Ele veio para cá quando eu tinha apenas oito anos, agora estou com vinte. 

Fazia mais de dez anos que estava separada de seu irmão, entretanto, isso não mudou nenhum pouco o amor e carinho que tinha por ele, ao contrário, isso cresceu mais ainda. Sabia que seu irmão sentia o mesmo, afinal, trocavam inúmeras cartas ao longo dessa década. 

As horas foram passando e quando um cavaleiro chegou para informar que seu irmão havia chego usando o portal de mana, seu coração disparou. Rapidamente ajeitou sua postura e começou a arrumar seu longo cabelo laranja. 

— Estou bem? Não estou estranha? — olhou para as pessoas que vieram consigo e seu nervosismo arrancou risada deles. 

— Hime! 

A porta foi aberta bruscamente, onde um homem alto e magro, com a pele branca e cabelo mediano que ia até seus ombros apareceu. O óculos preso em seu rosto dava a impressão de superioridade, mesmo indo em contraste com a sua agradável personalidade. Agora, o homem olhava para a garota sentada com olhos trêmulos.

— I-Irmão…

Ela levantou-se rapidamente, não sabendo como reagir, mas rapidamente foi atingida pelo corpo do homem que a abraçou com ternura e carinho. 

— Minha adorável Orihime…! — Ele apertou o abraço como se estivesse com medo de que ela escapasse. — Como você cresceu! 

Os olhos da jovem se encheram de lágrimas, realmente estava morrendo de saudades de seu irmão por todo esse tempo. O abraçou de volta e ficaram assim por longos minutos. 

— Deixe-me olhar para a garota mais bonita desse mundo. — Sora afastou-se, segurando os olhos da ruiva e olhando para ela com olhos cheios de admiração. 

— Assim você me deixa sem graça, meu irmão. — falou ela, sorrindo com as bochechas coradas. 

— Quando sua carta chegou dizendo que estava vindo para cá, eu nem mesmo acreditei… Senti meu coração saltar no momento que um soldado chegou dizendo sobre sua chegada. — O Inoue mais velho falava com entusiasmo. — O que posso dizer? Karakura tem sorte em ter uma imperatriz como você. 

Orihime se calou, seu irmão ainda não sabia sobre as notícias de Karakura e parecia que ninguém desse reino também. Tinha certeza que Ichigo estava impedindo o vazamento das notícias mais quentes da capital nesse momento… foi por um que um clima estranho pairou sobre a sala, deixando o homem confuso. 

— O que houve? — perguntou ele. 

— Senhor Sora — começou Riruka, sabia que deveria ser difícil para a sua senhora dizer com sua boca a real verdade. — A senhorita Orihime… não está mais comprometida com o príncipe herdeiro de Karakura. 

O silêncio dominou o espaço, a reação de Sora era algo que eles desconheciam e nem mesmo Orihime saberia como ele iria reagir a notícia. Com as mãos dele em seu ombro, ela sentiu um leve aperto antes dele abaixar suas mãos e se virar bruscamente. 

— Prepare o portal de mana! Estou indo para Karakura agora mesmo! — gritou ele, saindo da sala. 

— Irmão?! — Orihime correu atrás dele, segurando o braço do homem. — Meu irmão, o que está fazendo? 

— Estou indo acabar com a cara desse príncipe! Quem ele pensa que é para ferir a minha irmã mais nova?! 

Não era preciso nem perguntar, ele sabia que aquele maldito príncipe tinha feito algo de errado e agora o compromisso estava quebrado. O Inoue confiava sua vida nas mãos de sua irmã, por isso jamais duvidou que ela quem tinha feito algo. 

— Por favor, irmão! Não faça isso, deixe-me explicar com clareza as coisas. — pedia a ruiva, tentando acalmar o irmão. 

Os cavaleiros ficaram assustados, nunca tinham visto o gentil Sora tão irritado assim; nunca imaginavam que ele pudesse ficar irritado. Agora eles sabiam que pela sua irmã mais nova, ele poderia virar um demônio. 

Depois de muitas tentativas, ela finalmente conseguiu acalmar o irmão. De volta para a sala improvisada, eles se sentaram um de frente para o outro e o homem parecia irritado ainda, porém tinha cedido ouvir a história toda e quando aquelas palavras chegaram ao seu ouvido… um pedaço da mesa tinha sido quebrada graças ao aperto forte dele. 

— Se eu soubesse que seria assim, teria trago você para cá, comigo. — Ele deu uma pequena risada de dar calafrios em qualquer um. — Você fez muito bem — segurou as mãos da jovem com cuidado. — Saiba que agora o seu irmão está aqui, não importa o que aquele idiota for, as mãos dele jamais alcançaram você aqui. 

A Inoue se sentiu aliviada com as palavras de seu irmão, não importava se ela fosse povo de Karakura e um decreto chegasse dizendo para ela voltar… sabia que seu irmão daria um jeito nisso e que ele a protegeria. 

— Eu prometo para você, ele jamais a terá de volta. — Seus olhos acinzentados mostravam uma frieza extrema. 

Para Sora Inoue, não importava quem fosse a pessoa que tocasse e machucasse seu único tesouro que era sua irmã mais nova, ele faria aquela pessoa pagar por cada suspiro triste que a jovem fosse dar; aquele era seu dever como irmão mais velho e ele iria desempenhar esse papel muito bem. 

— Agora, você voltará comigo para a casa do duque. — Ele se levantou, ajudando a ruiva a se levantar também. — Avisei sobre sua chegada e tenho certeza que tudo estará preparado agora. 

Desde que chegou, o homem foi hospedado na casa de um dos duque do império, era uma forma do reino mostrar sua sinceridade no tratado de paz entre os continentes. O ducado escolhido foi o Kuchiki. 

Todas as suas coisas foram levadas ao portal, seu esquadrão também estava a acompanhando e não podia evitar de se sentir orgulhosa pelos elogios que recebeu de seu irmão no meio do caminho ao portal sobre o quão astuta ela foi ao criar sua própria gente. 

— Como esperado da minha única irmã, ela sabe muito bem o que faz. — Ele acariciou a cabeça dela. 

Um grande círculo foi desenhado no chão e quando ficou no meio dele junto de seu irmão e dos demais, magos se reuniram ao redor para ativar a magia e assim, chegaram ao outro lado do reino, onde ficava o portal mais perto do ducado. A família Kuchiki tinha seu próprio portal, mas agora estava inativo por conta de problemas no desenho com os círculos mágicos. 

— O clima é muito frio, mas você vai se acostumar logo. — disse ele, ajeitando o casaco dela. 

Uma carruagem negra estava esperando por eles, o grande símbolo na carroça era conhecido até mesmo por ela. 

"A família Kuchiki"

Para tratarem seu irmão tão bem, eles realmente devem gostar bastante deles. Também sentia orgulho pelo trabalho duro de seu irmão, ele de fato era como um herói para Karakura que ficou tantos anos em um continente desconhecido para trazer paz para o seu reino. 

Subiu na carruagem com seu irmão a escoltando e eles seguiram para a mansão ducal. Era impossível para Orihime evitar de olhar para a janela, a paisagem do reino era totalmente diferente da de Karakura, a neve dava um toque especial e mais charmoso para qualquer coisa no reino; quando menos se deu conta, era de noite e já havia chegado ao seu destino. 

— Seja muito bem vinda à mansão Kuchiki. — disse Sora, ao baixar a irmã da carruagem e duas fileiras de empregados curvados estavam formando caminho para ela.

"Como imaginei, o sul é de fato o melhor"