Save the World escrita por Arin Derano


Capítulo 1
Capítulo 1 - O Primeiro Duelo




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A multidão bradou: era hora do combate.

As últimas pessoas se sentaram no anfiteatro, entusiasmadas. Seria um duelo acirrado: dois alunos excelentes que nunca tinham duelado antes. Uma estréia empolgante, digna de preencher todo o lugar de curiosos e interessados no desempenho de ambos.

Por baixo dos panos, alguns até chegavam a apostar. Não era como se os supervisores já não soubessem, mas sim algo que não conseguiam controlar. Só interviam quando as discussões se tornavam físicas.

Em pleno começo de tarde, com o sol quente sob sua cabeça, Janna entrou na arena. A multidão se levantou em resposta, aplaudindo. A estudante acenou, fazendo os gritos aumentarem ainda mais.

Ela gostava do prestígio. Era um motivo para acordar todos os dias, querendo ser cada vez melhor, se superar a cada dia. E isso, claro, contando em superar os outros também.

Do outro lado da arena, o portão de ferro se abriu, e uma figura menor que ela surgiu da escuridão. Estava com uma capa cobrindo seu rosto, mesmo no calor que fazia. Suas roupas eram todas pretas, com exceção das botas cano curto brancas com detalhes coloridos.

Assim que retirou o capuz, a multidão voltou a gritar. Não é como se não soubessem quem era, mas a entrada misteriosa deixava tudo mais interessante.

Sasha analisou os torcedores que a cercavam. A maioria podia ter certeza que tinham apostado na sua oponente, porém, isso não o impediria de fazer uma boa performance.

Janna observou o outro com uma expressão vitoriosa. Já tinha vencido na mesma semana antes contra um oponente muito pior. Com Lynch, conseguiria vencê-lo sem a partida completar cinco minutos.

A voz do veterano narrador se fez presente, e a contagem começou.

— Três…

As participantes tomaram suas posições. A multidão contava em conjunto.

— Dois…

Sahni começou a sentir a eletricidade percorrendo seu corpo, as asas assumindo posição de ataque.

— Um…

Sasha ajeitou seus óculos para mais perto dos olhos.

— Comecem!

Alguns milissegundos depois, Janna se impulsionou para cima, vinte metros acima do chão, e estendeu uma das mãos para cima. O tempo ensolarado de segundos atrás se fechou, dando lugar a nuvens cinzentas. Como um para-raio, ela na primeira oportunidade que o raio a alcançou o pegou como se fosse uma mísera corda, sentindo a mão formigar diante da tensão elétrica. Ela girou em torno de si catalisando a energia no giro, e impulsionando em direção ao oponente, com a ponta das asas.

Lynch esperou até o último segundo antes de desviar, deslizando o corpo para o lado e agachando com uma das pernas extendidas para mais equilíbrio. A multidão vibra.

Sahni não se abala. Ela envia mais um, dois raios em sequência na direção de Lynch, que desvia facilmente. Decidida a continuar na ofensiva, dispara na direção dele, conjurando um raio no meio do caminho.

Sasha espera que ela esteja próxima o suficiente para desviar, sem que o raio que agora ela o segura como uma corda o atinja. Ele percebe tarde demais que demorou alguns segundos a mais do que devia para atingir sa posição que desejava, e a corda o atinge no tornozelo.

Sentiu por todo seu corpo o impulso elétrico que por pouco não o faz desmaiar. A corda se desfaz, e Janna se prepara para conjurar novamente. Sasha mantém a expressão solene apesar do choque.

Estavam apenas começando.

Sahni agora fazia seu raio de chicote, o impulso passando perto demais de Lynch, deixando um zumbido em seus ouvidos.

Quanto mais ela atacava, mais ele desviava. E para ele, era exatamente o que queria.

Janna segurou seu chicote por um breve instante, pensando em uma estratégia. No segundo seguinte, disparou para as nuvens. Lynch seguiu seu movimento, e não deixou de olhar para cima mesmo quando ela sumiu no meio das nuvens.

A multidão o acompanhava, olhando preocupados para cima.

Não demorou para ela voltar, os olhos preenchidos por um branco eletrizante, destemida como nunca.

Sasha já tinha visto usar essa tática antes, mas não tão cedo em uma luta. Ele devia estar começando a estressá-la.

Minutos antes de pousar, ela rebate as asas violentamente, fazendo uma rajada de ar fazer Lynch tombar para trás. Com o impulso, ele aproveitou para dar uma mortal e retornar a ficar de pé. Sahni, ciente do movimento que ele faria, atacou sem que ele tomasse equilíbrio primeiro. Lhe deu uma rasteira, e quando caiu, pressionou um dos pés contra seu peito.

— Tinha certeza que não ia durar muito, baixinho — disse, crente da vitória. Ela conjurou mais um raio, por via das dúvidas.

— Tem certeza mesmo? Eu ainda não tive a chance de me apresentar direito.

Com um gesto firme, Lynch impulsiona a adversária para o lado, a fazendo cair com a força. O raio que ela segurava disparou para baixo, o atingindo na capa e a fazendo virar pó. Enquanto ele se levanta, limpando os restos que sobraram de sua capa dos ombros, ela resmunga para fazer o mesmo.

— Acho que você esqueceu desse detalhe — ele comenta, indiferente.

Sahni urrou de raiva,  não iria desistir tão cedo. Ergueu um dos dedos com dificuldade, o suficiente para um raio se concentrar na ponta dele. Assim que o sentiu, impulsionou-o com o polegar e o indicador e soltou em direção ao oponente, que é atingido em cheio e jogado para trás.

Ela não perde a oportunidade e se posiciona acima dele, chamando um raio com a mão extendida para cima e preparada para jogá-lo no adversário ainda consciente.

Assim que ele abre os olhos bicolores, ele nota o raio se aproximando e desvia com dificuldade para o lado no último segundo, sentindo sua audição se tornar um zumbido irritante. Ela conjura outro, e Lynch se sente obrigado a usar um de recursos para escapar.

Sua audição daquele jeito o faria não durar muito na batalha.

Seus olhos brilham de um branco intenso, e o brilho percorre todo seu corpo, se tornando mais ofuscante a cada parte que atinge. A oponente coloca o braço sobre a vista, e quando o retira, o garoto não está mais ali. O que resta é um globo flutante e de um brilho mais fraco que vai aumentando a cada instante, como se respirasse, e Sahni imagina o que aquilo pode ser…

Tarde demais.

Ela é jogada para trás com a explosão, com sorte suas asas a ajudando a manter-se em pé. Ela abre os olhos, institivamente procurando o garoto pela arena.

Ele surge em meio à fumaça da explosão, com um olhar determinado e um sorriso no canto da boca. Antes que ela possa reagir, uma nuvem de poeira os envolve, emanada das mãos de Lynch.

A poeira rodopia com uma força que a faz semicerrar os olhos. Ela tenta rebater a poeira com as asas, mas isso só a faz se desequilibrar. Ciente da oportunidade, Sasha conjura um buraco negro atrás dela, e conjura um branco logo em seguida, do outro lado da arena.

Ela é sugada e jogada de volta pelo buraco branco, sentindo uma náusea e tontura que poderiam ser as piores que já teve. Mesmo diante do mal estar, ela arrisca tomar uma ação antes que o oponente a faça e dispara para cima das nuvens mais uma vez.

Lynch suspira, pensando no próximo passo da oponente.  Seria uma forma de descansar, também.

A multidão espera ansiosamente. Até então, Sasha só conseguia ouvir gritos de empolgação, torcidas organizadas e burburinhos. Agora, a arena estava em pleno silêncio.

Janna surge como uma estrela, seus olhos novamente brancos como os raios que conjura, o cabelo moreno arrepiado com a corrente elétrica percorrendo seu corpo. Há um brilho ao redor dela, o que só pode indicar uma coisa.

Ela estava usando sua carta na manga. O ataque mais forte que dominava.

Ele sorriu. Estava esperando por esse momento.

Ela segura um raio como se fosse uma corda, e dispara para ele, sendo seguida por raios menores e mais imprevisíveis que ela dispara do rebater de suas asas.

Ele recua, e conjura um buraco negro a sua frente. Era arriscado, poderia ser sugado por ele também, mas fora o suficiente para os raios serem atraídos por ele, mudando sua direção. Em seguida, conjurou um buraco branco atrás dela, que estava a algumas dezenas de metros acima distante dele. Mesmo assim, o vazio se tornou perceptível e ele sorria sem perceber. Os raios passaram pelos portais e atingiram Sahni com força.

Ela já estava acostumada a receber grandes correntes de energia, mas receber seu próprio ataque dóia mais do que seu físico: seu orgulho também. Suas asas responderam o choque com uma paralisia temporária, e agora ela caía em queda livre.

A multidão emitia um suspiro de surpresa, enquanto outros já haviam mudado sua torcida e comemoravam com a possível vitória do garoto.

Sahni tentava a todo custo bater as asas, na vã esperança delas voltarem a se mover antes que atingisse o chão. Quando julgou ser tarde demais para  isso, apenas esperou pelo baque, que não veio.

Lynch a fazia flutuar a centímetros do chão. Assim que cruzou o olhar com o dele, ele a soltou e logo a puxou para baixo com a gravidade.

Sem conseguir se levantar, ela escutou a multidão contar até cinco. Ao atingir cinco, bradaram com a vitória do garoto.

“Traidores”, pensou.

— Foi uma boa luta — ele se aproximou e a estendeu a mão. A força invisível que a puxava para baixo subitamente sumiu.

Ela o olhou com irritação, e se levantou sozinha, marchando de volta para de onde tinha entrado na arena, o deixando só no palco do show enquanto era aplaudido por centenas de palmas.


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