Os órfãos de Nevinny escrita por brennogregorio


Capítulo 6
Alguém à porta




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⌚ 12:25 p.m.

Andando pela rua debaixo de um sol escaldante e já tendo saído da escola, você decidi ir a um lugar que há alguns dias não andara.
Seus olhos estão à procura de uma casa repleta de flores na qual é seu ponto de referência para chegar em seu destino.

Perto dali, há uma casa simples porém elegante de uma humilde e simpática dona de casa que há algum tempo lhe conhece durante esses meses estando em Nevinny na qual já criara um apreço por sua pessoa. Quando estavam juntxs, sempre gostavam de conversar os mais variados assuntos e de vez em quando até jogavam algumas partidas de baralho.

O seu nome? Ami Von Pretzel: uma viúva de origem russa refugiada de um conflito ocorrido em seu país morando numa casa num bairro onde majoritariamente a vizinhança é de idosos.

Mas não tinha muito tempo que ela obtém esse status. Seu marido Guilhermo Pretzel havia falecido por overdose após ter descoberto que sua filha — fruto de um outro relacionamento — havia fugido com um cara não tão gente boa assim. Digamos "fora da lei". Daí em diante ele passou a adquirir uma personalidade irritadiça e de revolta, o que muitas vezes o levou a ser um pouco violento com a esposa. Até o momento de começar a embebedar-se desenfreadamente fazendo com que cessasse a sua vida.

Após passar por essa relação sofrida com seus altos e baixos, a senhorita Pretzel passou por uma fase difícil de não querer aceitar a realidade dos fatos que a cercava, mas passando um tempo ela viu que isso não levaria à nada e que a única opção viável era ter de aceitar a sua perda e seguir em frente. Foi aí que ela decidiu adotar alguns gatos. Além de dois papagaios, dois hamsters, duas calopsitas e a recém chegada Polly, a cabrita.

⌚ 12:31 p.m.

Você está com bastante fome, pois tinha saído da escola e não tinha comido nada após isso, mas como seu prédio é próximo da casa da senhora Pretzel não custa nada fazer o estômago esperar mais um pouquinho e fazê-la uma visita.

Chegando na porta da casa 1001, você logo aperta a campainha e espera por alguns segundos, até que vagarosamente a porta se abre e surge um rosto conhecido que abre um sorriso ao lhe ver.

— S/N! Que bom que está aqui!

— Oi, dona Ami. Como vai a senhora?

— Estou muito bem, obrigada. Vamos, entre! — ela diz posteriormente pondo a cabeça para fora de casa observando cuidadosamente a movimentação da rua como se procurasse por alguém.

— Já faz um tempo que não venho aqui, não é? Me perdoe por isso — você diz sentando no sofá da sala e, imediatamente Polly deita em seu colo.

— Oh, Polly! Sempre com essa mania de pular no colo das visitas — Pretzel diz balançando a cabeça em negação.

— Não tem problema. Deixa ela aqui — você diz enquanto acaricia o animal.

— Tudo bem. Mas o que houve? Por que demorou a aparecer esse tempo todo?

— Ah, você sabe. Eu `tava dando um tempo ao tempo e me preparando por causa da nova escola.

— Sei. Mas me conta, como estão as coisas por lá? Está gostando? Lá é uma das melhores escolas da cidade então provavelmente deve estar adorando, não é?

— Lá é bem grande e agradável. Mas é mais simples.

— Verdade? Fico feliz em saber disso, parece o mesmo desde quando saí — Ami diz — E em sua casa? Como está Lívia?

— Tudo bem. Estamos bem melhores de uns tempos pra cá. Às vezes fico mal só em pensar o jeito que eu agia com ela.

— É, estou sabendo de tudo. Mas foi só uma fase que você passou, não se culpe tanto.

— Eu `tô` bem melhor agora então o que eu fiz ficou pra trás. Só quero melhorar cada vez mais — você diz forçando um sorriso.

— Assim que se diz.

— E por falar em Lívia, ainda bem que você falou no nome dela. Tenho que avisar que estou aqui, e logo senão ela me mata quando chegar em casa — você diz revirando os olhos.

Tirando seu celular de dentro da mochila, seus dedos vão passando pela tela até encontrar o contato de Lívia. Achando o seu nome, você rapidamente passa uma mensagem avisando que está na casa de Ami, pra que ela não precisasse se preocupar à toa.

Logo após fazer isso, você guarda o aparelho na mochila e segue em direção apressadamente à cozinha rapidamente, pois Ami está a chamar seu nome repetidas e desesperadas vezes da cozinha.

️ Na cozinha...

— Então, S/N, suponho que não tenha almoçado ainda, não é?

— Não. Eu vim da escola e decidi passar aqui primeiro antes de ir pra casa.

— Bom, então quer dizer que você está com fome, o que automaticamente me permite lhe fazer um convite pra almoçar comigo. Aceita?

Assim que Ami lhe faz a pergunta, ela destampa as panelas situadas em cima de uma grande mesa com variados tipos de prato que ela mesmo havia preparado para almoçar sozinha. Como não tinha companhia para a refeição, acabou perdendo a fome, mas parecia que logo a recuperou depois da sua chegada.

Tendo toda essa visão parecendo ser do paraíso, sua mente encontra-se dividida no momento pois uma parte dela ordena que bancasse o(a) educadx e recusasse o pedido de Ami, mas a outra parte dizia que seria mais educado se você não recusasse o pedido. Sua fome não já não é pouca, então não conseguindo apresentá-la outra resposta a sua boca pronuncia um leve e claro "Por mim tudo bem".

⌚ 28 minutos depois...

O almoço já tinha terminado, mas você e dona Ami continuam sentadxs à mesa conversando sobre alguns assuntos enquanto comiam a sobremesa que inclusive é torta de chocolate com toques de café.

Repentinamente seu celular toca com uma mensagem de Lívia que diz já estar chegando em casa, pois o relógio já está marcando mais de uma da tarde. Depois de ler, você leva o aparelho consigo para a cozinha voltando a sentar na cadeira e poderem continuar a conversa.

⌚ Alguns minutos depois...

Ao sentar, Ami te olha como se quisesse perguntar algo, mas estava esperando o momento certo de fazer isso. Terminou de dar um gole no suco que tomava e sem mais nem menos se adianta e logo diz:

— S/N preciso te dizer uma coisa.

— Pode dizer — você diz.

— Não se assuste com o que eu vou falar, mas esses dias eu sonhei com você.

— Sonhou comigo? Mas sonhou o quê?

— Deixe-me ver. Eu sonhei que você andava sozinhx por uma rua e era noite. Depois de alguns passos você se depara com uma sombra e ela logo vai se formando em alguma coisa. Mas quando eu fui tentar ver no que a sombra estava se formando eu não consigo lembro mais de nada. Não lembro se o sonho mudou ou se acordei.

— Sério? Que estranho — você comenta.

— É, mas não se preocupe. Não precisa ficar com medo disso — Pretzel diz.

— Mas por que eu ficaria com medo? É só um sonho.

— Eu sei, mas... Você sabe o que dizem por aí... Que eu sou bruxa — ela diz sussurrando para você.

Você para nesse momento enquanto olha com os olhos cerrados para a senhora Pretzel que sussurra enquanto — de novo — olha para os lados como se alguém fosse aparecer do nada. Achando a situação um pouco estranha, você logo busca por uma resposta que pudesse tentar mudar o rumo da conversa, mas o que consegue dizer é...

— Não se preocupe, dona Ami. As pessoas falam de tudo e de todos. Você já era pra saber disso.

— Isso é uma verdade. Mas elas sempre acabam ficando com medo de mim, pois tiveram situações que eu vi e aconteceram de verdade. Eu simplesmente não tenho como evitar isso, eu apenas sinto e vejo.

— E é por isso que eu digo que é melhor a senhora não ficar mais falando essas coisas pras pessoas. Isso pode assustar mesmo — você diz.

— Também acho que é uma boa. Você tem razão — diz Ami, cabisbaixa.

⌚ 13:55 p.m.

O celular toca indicando notificação de mensagem. É Lívia avisando que já havia chegado em casa. Aquilo parecia ser a desculpa perfeita para sair da casa de Ami e terminar de vez com aquele assunto estranho sobre o sonho que falavam. Não teria nenhum problema, pois não seria uma mentira mesmo.

— Dona Ami, foi muito bom eu te visitar depois desse tempinho que dei uma "sumida". Muito obrigadx pelo almoço, mas agora eu já tenho que ir. Lívia chegou e tá me esperando.

— Ah, mas já? Queria que você ficasse mais um pouquinho pra gente conversar mais. Mas se você precisa ir...

— É, preciso. Gostei muito de te ver e também a Polly — você fala enquanto faz carinho na cabrita.

— Tudo bem, então, eu te entendo. Bom, então manda um beijo pra Lívia por mim?

— Mando sim. Pode deixar. Qualquer dia ela pode vim lhe fazer uma visita também.

— Eu vou adorar. Estarei esperando por ela — Pretzel diz sorridente.

— Okay. Então deixa eu ir. Você sabe como ela é.

 

A porta se abre, então você sai da casa de dona Ami. Mais uma vez ela parece estar preocupada, pois, novamente, olha para os lados com todo cuidado igualmente do jeito que fez quando você entrou.


Após se despedirem ela logo entrou, fechou a porta e você começa a seguir à caminho de casa. Enquanto anda, sua mente pensa sobre a narrativa do sonho que ela tinha tido com sua pessoa e a tal sombra que ela disse que te encontrava. Aquilo dava um certo medo, pois de fato a senhorita Pretzel era "conhecida" por falar sobre coisas que iriam acontecer antes mesmo delas acontecerem de fato. Algumas pessoas a achavam estranha, uma diziam coisas como "Essa mulher é doida" e "Que boca essa mulher tem, hein?", além de claro, a chamarem de bruxa.

Mas isso não lhe assustava por completo, por mais que quisesse entender melhor o que seria o significado do sonho — se é que possui algum — pois, além de não acreditar muito nessas coisas, a sua única preocupação no momento é de chegar em seu apartamento, tomar um bom banho e se preparar para algumas horas de estudo que ainda tem pela frente.


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