Destinos Improváveis escrita por Nara


Capítulo 9
Futuro - Alinhamentos


Notas iniciais do capítulo

A primeira grande inteiração entre eles, oh my god!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/809277/chapter/9

Eram 19hrs em ponto quando ele ouviu as batidas na porta, pelo menos ela era pontual, ele pensou, uma coisa a menos na sua lista mental que não se assemelhava com o maldito garoto Potter.

—Entre – ele soou de forma fria e ela entrou se sentando na cadeira a sua frente, ele manteve seus olhos sob a lista de ingredientes que estava finalizando, antes de iniciar com ela uma conversa que ele sabia, não seria fácil para ambos.

—Com licença Senhor – ela disse ao passar pela porta, ele apenas assentiu a observando se aproximar, ela era menor do que as outras crianças da sua idade, possivelmente estava abaixo do peso também, ela tinha a pele branca, então era fácil notar que ela estava corada, os cabelos pretos e longos dessa vez estavam soltos e ainda parcialmente molhados, mostrando que ela havia tomado banho a pouco tempo e ela estava nervosa, ele conseguia sentir, a respiração estava um pouco ofegante e completamente irregular talvez ela tivesse corrido, ela se mexeu de forma impaciente na cadeira que ele havia sinalizado para que ela se senta-se, esfregando as duas mãos, estava ali na sua frente alguém que ele nunca nem em sonhos poderia imaginar, a filha de Maeva, totalmente inesperado e inoportuno, ele colocou tais pensamentos de lado e focou no momento.

—Srta Epson – ele tomou a iniciativa - você sabe o motivo pelo qual eu te chamei aqui essa noite? – ele havia usado o seu mais intimidador tom de voz, ele não iria facilitar as coisas para ela, fosse quem fosse visto que ela tinha um potencial incrível para tirar a sua paz de espirito.

—Eu sinto muito senhor, eu… simplesmente não sei como controlar, eu sei que o senhor está bravo por que destruí a sala - ela disse nervosamente enquanto olhava para as próprias mãos, então em sumo a tudo que tinha acontecido, ela deduz que o motivo por ele a chamar para uma conversa se dava unicamente ao fato da sua tentativa involuntária de auto defesa mais cedo e naturalmente como consequência causado aquela desordem na sala de aula, ela precisava expandir a mente e enxergar além das coisas obvias, o mundo bruxo exigia mais.

—Achei que tivéssemos superado essa questão da magia acidental hoje de manhã, não gosto de ser repetitivo - ele cruzou os braços a analisando, era evidente o quanto ela havia ficado confusa com aquele comentário.

—Mas eu destruí a sala senhor - ela disse baixinho – toda a sala... e vai precisar consertar.

—Está feito, com um simples comando da varinha a sala foi regenerada tal qual era no início da aula antes de você ou qualquer outro cabeça oca colocar os pés lá - ela não havia entendido o conceito de magia ainda era evidente - todos aqui nessa escola caso não tenha notado, são bruxos Srta. Epson - ele não podia deixar de evitar a ironia naquela colocação - e no mundo bruxo existe solução para praticamente tudo, menos para uma coisa Epson, gostaria de saber do que se trata? - ele perguntou de forma categórica e ela assentiu com a cabeça já que não tinha outra opção - pois bem o única coisa para a qual ainda não temos solução é a morte - ele percebeu que ela engoliu em seco aquele comentário - e você em apenas dois malditos dias nessa escola conseguiu se colocar em diversas situações que envolvam esse tipo de risco, acredito que não precisarei ser mais claro?

—Não Senhor, eu... eu... - ela estava gaguejando.

—Muito eloquente, agora novamente… o motivo pelo qual você está aqui nessa sala falando comigo é justamente pela sua forte tendência em se envolver nesse tipo de situação, saiba que em anos Srta. Epson eu mantive as coisas sob total controle e ordem na minha casa e não quero que isso se perca, está me entendendo?

—Sim senhor – ela disse rapidamente.

—Bom, então vamos recapitular, claro que já superamos o fato de que você chegou aqui ontem à noite num carro voador completamente irregular, pilotado por crianças e admitiu quase ter caído lá de cima e sem falar do salgueiro lutador, que tem força o suficiente para te esmagar na mesma proporção que você esmagaria uma formiga, então vamos ser justos e falar apenas sobre os acontecimentos de hoje e digamos que enfrentar um dragão adulto daquela forma e pular por vontade própria nas costas de um comensal da morte, do qual acredito você não deve fazer a mínima ideia do que seja – era difícil dizer aquilo sendo ele mesmo um dos comensais do passado, mas ele precisava apontar tamanho a imprudência que ela havia cometido sem ao menos questionar o que estaria fazendo – foi uma grande idiotice e total falta de preservação a vida e é disso que estamos falando aqui essa noite.

—Me desculpe senhor, é que eu simplesmente não sabia o que fazer - ela disse sem jeito.

—Talvez o mesmo que as outras crianças, fugir… era evidente o perigo que estavam correndo e você Srta. Epson nem sequer tem uma varinha ainda, como bem foi pontuado pela srta. Weasley mais cedo, no que exatamente estava pensando? - ele aumentou o tom de voz a assustando.

—Eu… é que … eu não sei - ele conseguia sentir o nervosismo dela aumentar

—Não sabe? – ele perguntou curioso - é claro que você NÃO sabe! - ele se levantou e ela se encolheu assustada, e aquilo chamou sua atenção, tinha algo naquele comportamento, quase como se estivesse condicionado a um tratamento específico e isso não era algo bom, por hora ele resolveu ignorar.

—Em toda a sua vida Srta. Epson quantos dragões adultos você já teve que enfrentar? - ele estava sendo sarcástico era obvio - vamos responda.

—Nenhum.

—Curioso e mesmo assim você achou que era apta para enfrentar esse?

—Eu… só estava me defendendo senhor – ela disse com a voz embargada, ele a estava assustando, e por um breve momento ele até gostou da sensação de ter esse tipo de controle, vamos Maeva, o que você acharia disso?

—Então vamos esclarecer as coisas entre nós, para que tenhamos um bom convívio nessa escola, primeiro eu não admito ser desobedecido, está me ouvindo?

—Sim… sim senhor - ela gaguejou novamente.

—Eu não admito atos imprudentes como esse, isso é uma regra e eu não tolero que regras sejam descumpridas e quebradas e sinto uma enorme insatisfação em ter que tirar pontos da minha própria casa por essas mesmas razões, espero não ter que retomar esse assunto outra vez, estamos entendidos.

—Sim… senhor.

—Muito bem, eu não sei como era a sua vida naquele lar trouxa do qual mencionou, mas aqui não há regalias, e não será admitido que você se coloque em apuros dessa forma, então em qualquer situação de perigo você não age, você não enfrenta, você foge e você procura um adulto próximo para pedir ajuda se for necessário, mas você está proibida de tentar resolver a situação por conta própria, está me ouvindo? - ela assentiu imediatamente - pode parecer redundante mas o que quero que entenda é de que diferente dos Grifinorios aqui você não será recompensada quando fizer esse tipo de proeza, isso não é heroico, é tolice e você teve muita sorte em não se machucar gravemente mais cedo.

—Mas... o senhor disse que não era real - ela respondeu e ele estreitou os olhos se aproximando, era evidente pela reação dela que ela havia se arrependido instantaneamente após ter dito.

—O que eu disse foi depois de tudo que já tinha acontecido como bem me lembro e quando eu me refiro a não ser real é no sentido de que aquele não era o seu opressor de verdade e sim uma cópia daquilo que sua própria mente criou, mas um bicho papão na forma que for, se não for banido ele pode te atacar da mesma maneira que o real faria, espero ter sido o suficiente claro para o seus padrões agora Epson e nunca mais utilize as minhas palavras contra mim - ele disse de forma letal – ou você vai se arrepender de ter cruzado o meu caminho.

—Me... me desculpe, eu... eu prometo que tentarei não me envolver mais em situações como essa.

—Resposta errada, você não vai tentar, você vai fazer… essa é sua terceira chance Epson, e acredite eu nunca fui tão displicente com nenhum outro aluno nessa escola, mas minha paciência tem limites e acredite aí está mais uma coisa que você também não gostaria de experimentar - ela tinha abaixado a cabeça - e olhe para mim enquanto eu estiver falando e me responda se entendeu – ele disse, aumentando o tom de voz.

—Sim senhor... eu só... – ela estava tentando se justificar, mas ele não estava disposto a ouvir mais desculpas.

—Não tente justificar – ele disse batendo na mesa e ela se encolheu ainda mais na cadeira - suas justificativas tolas, suas teorias, seus privilégios e sua vida tranquila acabaram no exato momento em que você pôs os pés nessa escola Epson – ele aumentou o tom de voz mais uma vez, notando que apesar disso dessa vez ela o encarou, com seus olhos verdes e profundos, os mesmos olhos da sua mãe, havia algo ali, além das lágrimas que ainda não tinham caído, e isso o conteve de certa forma, ela tinha conseguido o desestabilizar apenas com o olhar, ela estava obviamente comunicando algo, até que ela encontrou coragem decidindo falar.

—Eu nunca tive privilégios e muito menos uma vida tranquila – ela disse mantendo o tom de voz baixo – o senhor não me conhece, não sabe nada sobre como era a minha vida antes daqui – ela enxugou uma lagrima que escorreu, visivelmente desconfortável – eu sempre tive que sobreviver e me defender, por conta própria, nunca tinha ninguém lá pra mim, eu só reagi da forma que aprendi, me desculpe por não ser como os outros alunos impecáveis da sua casa, e envergonha-lo por isso, eu... não pedi por nada disso, e eu realmente nunca enfrentei um dragão, mas eu enfrentei... coisa muito pior... – ela enxugou outra lágrima, e outra e agora ela estava chorando, não era incomum crianças chorarem na sua presença, mas não era por causa disso que ela estava chorando, ela não concluiu a frase, era algo difícil para ela e no momento estava sendo para ele também, quem diria a filha de Maeva, crescendo num orfanato trouxa, vivendo uma vida fora dos padrões que ela teria oferecido, e ele suspirou... Maeva você nunca deveria ter seguido com isso, veja o que fez...arruinou a vida dessa criança.

—Epson... – ele disse cansado, aquilo tinha mesmo ido longe demais, e ela o cortou.

—Me desculpe por isso, eu... não vai se repetir senhor, só ignore por favor – ela disse quase suplicando – ele a analisou por um tempo, ambos em silencio, ela tinha o temperamento forte e falava sem pensar quando algo a incomodava, e depois se arrependia, Maeva não era assim, ela sempre foi cautelosa, aquela garota tinha o temperamento dele, sim ele era assim... droga, o que ele estava fazendo?

—Muito bem, acredito que encerramos esse assunto - Severo disse sentando outra vez - Alguma pergunta?

—Sim… é possível que o chapéu seletor tenha se equivocado e me colocado na casa errada? - ela perguntou o pegando de surpresa, não era esse tipo de pergunta que ele estava esperando.

— Absolutamente, não - ele respondeu de forma seca, afinal ela estava pedindo por aquilo - algum problema com a Sonserina srta. talvez o tom da cor verde não seja do seu agrado?

—As pessoas não são do meu agrado - ela respondeu corajosamente, garotinha insolente.

—Como se atreve - ele se levantou num só impulso e ela se encolheu em reflexo colocando as mãos sobre a cabeça, o deixando perturbado - O que pensa que está fazendo? - aquela reação era absurdamente ridícula e aquela conversa estava uma verdadeira montanha russa, de altos e baixos.

—O senhor está bravo… - ela pontuou, estava ainda mais pálida, ele estava certo era um comportamento condicionado de uma criança que estava constantemente acostumada a ser agredida e ele controlou mais uma vez das infinitas vezes naquele dia a sua fúria, não que ele devesse se importar, mas depois de ver o bicho papão dela, e da confissão involuntária e dos reflexos condicionados que ela tinha, sim ele queria, e ele precisava saber, então ele finalmente perguntou.

—Quem era aquele trouxa, o seu bicho papão? - ele perguntou enquanto sai de trás de sua mesa e caminhava atrás da cadeira dela e ela se mexeu desconfortavelmente, um assunto delicado ele supôs.

—Era o Noah, ele é o diretor da casa de acolhimento - ela respondeu enrijecendo.

—Então, é Senhor Noah para você, o respeito para com os mais velhos é outra coisa que iremos trabalhar aqui.

—Ele não merece respeito - ela disse, foi certeiro, lá estava o impulso dela outra vez, aquele maldito trouxa tinha feito alguma coisa com ela, o bicho papão bastava, além das agressões psicológicas, pois ele notou a forma pejorativa a qual o trouxa tinha se referido a ela, um bicho papão caracteriza bem o personagem.

—Ele te machucou de alguma forma? - ela não respondeu - ele te batia? - ele tentou de novo, com um tom mais ameno, embora era evidente e ele já soubesse da resposta.

—Ele é um monstro, um monstro horrível... eu prefiro enfrentar um dragão, por que ele é pior, muito pior- ela disse enquanto limpava rapidamente as novas lágrimas que escorriam pelo seu rosto, amaldiçoado seja aquele trouxa, ele sabia que tinha uma visita a ser feita em breve, seja lá o que tinha acontecido não era bom, ele tinha suspeitas e se elas fossem comprovadas, ele não pensaria duas vezes, ele estava disposto a matar, e não era por que ele se importasse com a criança, mas sim por que era algo inaceitável até mesmo para um comensal da morte, frio e sem coração como ele.

—Um monstro? - Severo sabia que estava sendo insistente, ele poderia tranquilamente acessar a mente da garota se fosse o caso, mas ele queria ouvir dos próprios lábios dela, qual fosse o problema, mas ela não se moveu, nem disse nada, por que ela o estava protegendo? Ela estava com medo de que ele a machucasse se soubesse o que ela disse? Muito provavelmente ele pensou - eu não sei o que ele fez Epson, mas ele está bem longe daqui e não pode te encontrar e nem te machucar mais - Severo achou por bem deixar claro – você pode falar.

—Eu sei que mesmo sendo uma escola integral, eu ainda terei que voltar nas férias senhor, todas as vezes, por que eu simplesmente não tenho pra onde ir - ela se encolheu ainda mais - se ele souber… eu... não posso, por favor eu não quero falar sobre isso - ela baixou os olhos e ele percebeu que ela estava chorando silenciosamente agora, ele não iria mais insistir, ele suspirou.

—Respondendo sua pergunta, o chapéu seletor nunca erra, devem haver traços genéticos, algo do seu passado que sejam preponderantes para que estejas nessa casa ao invés das outras – era difícil de olhar para aquela criança e trazer esse tipo de retorno, não dava simplesmente para responder que era por que sua mãe era uma lunática que se envolveu e engravidou de um bastardo de um comensal da morte e achou que levar a gestação adiante seria uma boa ideia.

—Meus pais estão mortos, eu nunca terei essa resposta - ela disse de forma vazia e desesperançosa, enquanto enxugava as lágrimas – eu sou um erro, eu sei – Sim, era exatamente isso que Severo pensava, essa criança não deveria existir, mas ela estava ali na frente dele e agora ouvindo isso dela, não soava da mesma maneira, por Merlin, estou ficando sensível? Maldita Maeva - me desculpe professor pelo que eu disse, não é sobre o que eu penso, mas pelo que notei acredito ser senso comum entre os demais alunos da casa que houve um equívoco na minha seleção, digamos que eles achem que o meu sobrenome não seja nobre o bastante para ser membro dela - Severo sabia que esse poderia sim ser um problema real, ele conhecia bem suas cobras, e Epson de fato não era um sobrenome nada conhecido e tradicional, assim como dos demais, está aí uma coisa que Maeva não levou em consideração ao formular o seu maldito plano perfeito, de escolher pelo menos um sobrenome em que sua filha sofresse menos bullying afinal era evidente que ela seria escolhida para a Sonserina.

—Quem sabe se você fizer as suas refeições na mesa da sua casa, ajude a se enturmar - ele não quis dizer aquilo daquela forma, mas o fato era de que ele não havia gostado em nada de vê-la sentada na casa rival, era uma afronta.

—É claro… - ela disse se fechando - me desculpe senhor, eu posso ir?

Era fácil jogar a culpa nela, quando na verdade ela era uma criança inofensiva e ela era a vítima ali e Severo se arrependeu internamente pelo seu comentário egocêntrico e egoísta, ele nunca se arrependia, ele nunca se importava, aquele sentimento conflitoso precisava parar, não Maeva, não! eu nunca vou aceitar isso eu nunca vou tolerar isso, era uma luta interior que ele não iria comprar, não agora e antes mesmo de pensar ele se viu questionando, o que era isso preocupação?

—Epson, alguém te importunou?

—Não, tudo bem senhor - ela estava mentindo

—Dispensada – ele disse e ela se levantou e saiu rapidamente, assim que a porta se fechou atrás dela, Severo passou as duas mãos no cabelo, e isso que o ano letivo estava apenas começando, Maldita Maeva, se você estivesse viva eu mesmo faria o favor de te matar.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Destinos Improváveis" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.