Destinos Improváveis escrita por Nara


Capítulo 28
Futuro - Consequencias




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— Alguma razão especial para esse bom humor repentino? – Minerva perguntou assim que ele se sentou em seu lugar a mesa, ele não perderia aquela refeição por nada, seria algo interessante de se assistir daquele ponto de vista, afinal desde que ele deixou Shara na sala de aula de defesa mais cedo naquela manhã, ele acionou o seu anel algumas vezes, com o simples intuito de verificar o estado de humor dela, ela estava brava, muito brava, e ele quase podia se sentir vingado ali pela quantidade suficiente de vezes que ela o havia feito se sentir assim também, óbvio que não era a mesma coisa e de que aquilo não era nenhuma disputa afinal ela tinha apenas 10 anos de idade, quase 11 agora, mas ainda assim era igualmente satisfatório, então não era de se espantar que ele pudesse estar emanando e refletindo seu atual estado de espírito de forma tão aberta ali.

—Não sabia que fazia parte da sua atribuição como vice-diretora dessa escola, fiscalizar o humor dos colegas de equipe, qual o seu ponto Minerva? – ele disse com malícia, do jeito que ele sabia que ela detestava.

—Por Merlin homem, você anda impossível desde que o ano letivo começou e esse é meu ponto – ela disse mantendo seus olhos para a frente – algo mudou hoje e não preciso ser nenhuma fiscal para perceber isso.

—Lecionar para um bando de cabeças ocas me deixa bastante mal humorado – ele informou – e isso não é nenhuma novidade para ninguém.

—Não tente essa comigo, eu te conheço muito antes de você sentar nessa cadeira, existe algo a mais – bruxa enxerida, Severo não iria dar esse gostinho a ela – ela está bem? – Minerva perguntou, ela havia mudado de assunto drasticamente, o que o fez pensar se ele havia deixado passar algo e que ela  poderia estar insinuando ali.

—Desculpe? – ele se fez de desentendido – não consigo acompanhar o raciocínio de uma grifinória – ele sorriu de canto – já que não costuma fazer muito sentido.

—Srta. Epson é claro – ela disse por fim – soube do acidente no lago, Poppy me contou final de semana, e hoje de manhã Alvo me chamou para discutir a respeito, ele está preocupado…- ela suspirou - você estava olhando para ela não estava? – Sim ele estava, hoje ele iria se permitir assistir aquilo, de certa forma era interessante conhecer aquele ponto fraco dela, talvez ele pudesse usar isso mais vezes, ele pensou se lembrando do olhar mortal que ela havia lhe direcionado na sala de aula, ele nunca tinha visto aquele olhar antes, era diferente e ele se perguntou se era assim que um filho reagiria ao pai quando se sentia envergonhado publicamente por ele? Ele nunca saberia, de qualquer maneira aquela cena havia sido bastante divertida, para ele é claro.

—Uma hidra – Severo disse voltando sua atenção para aquele assunto – de fato é um bom motivo para se preocupar – ele havia contado ao diretor sobre a conversa que ele teve com aquele pássaro arrogante, omitido algumas partes, porém o deixando a par da gravidade daquilo, Alvo parecia pensar sobre aquele assunto, e Severo teve a nítida sensação que havia algo há mais naquele semblante, algo que ele não estaria disposto a revelar naquele momento, e isso não podia ser bom, da ultima vez que Severo havia visto algo parecido no rosto do diretor foi dias antes de Lily perder a vida, e isso o incomodou, e o simples fato de trazer aquilo a memória outra vez, já fez com que uma parcela do seu suposto bom humor, desaparecesse.

—Ele vai fazer um comunicado hoje – ela lamentou – aquelas águas não são mais seguras.

—Aquelas águas nunca foram seguras – ele bufou – a propósito tenho um assunto que envolve a Srta. Epson e que gostaria de discutir – ele se lembrou tentando empurrar aqueles sentimentos ruins para outro lugar da sua mente, Minerva o estava analisando e fez um sinal para que ele prosseguisse – Epson me informou nesta manhã de que não conseguirá finalizar o ensaio de transfiguração que deveria ser entregue amanhã em sala de aula, devido ao acidente e o tempo de afastamento que isso a custou e isso acarretou em alguns problemas de organização e conflitos de agenda em relação às suas atividades – ele disse, enquanto ela demonstrava uma certa surpresa – peguei ela em flagrante saindo da aula de defesa mais cedo, ela pretendia usar esse tempo de aula para isso, e me opus obviamente, porém me comprometi em conseguir um prazo melhor para ela – ele disse por fim.

—Eu posso fazer isso, ela tem sido bastante dedicada em suas tarefas e é uma criança agradável de se ter por perto, então não me oponho já que os motivos são bastante plausíveis – ela disse sem sequer argumentar, e ele se perguntou como ele reagiria se fosse o contrário, obviamente não seria tão fácil assim – contudo, em anos nunca vi você interceder por nenhum aluno dessa maneira, estou começando a achar que tem algo de errado com você – ela disse de forma divertida.

—Epson é da sonserina não é mesmo? Então apenas deixe-me prevalecer as minhas cobras – ele devolveu – não é o que dizem? - ele perguntou desconversando - Digamos que eu goste de manter a tradição.

—Claro, é o que dizem– Minerva sorriu – ela tem mais uma semana, acredito que ela possa se organizar bem com isso, avise ela por mim – ele assentiu.

—A propósito, penso que não seja o único a prevalecer a minha casa aqui, afinal chegou ao meu conhecimento de que você está liberando os seus alunos em horário de aula para os treinos de quadribol – ele acusou – está preocupada com algo Minerva? – ele provocou.

—Talvez isso aconteça porque esses sejam os únicos horários disponíveis – ela disse aborrecida – já que certo professor reservou grande parte dos horários extracurriculares do campo apenas para si.

—Não as sextas a noite – ele pontuou

—Anda muito bem informado sobre os treinos da grifinória – ela devolveu de forma divertida – talvez não seja eu que esteja preocupado aqui – ela sorriu em sinal de vitória.

Severo ignorou aquilo, voltando sua atenção para a mesa da Sonserina, havia uma movimentação diferente acontecendo ali, Epson havia levantado da mesa, com o seu prato de comida nas mãos, o que aquela garota tola estava pensando em fazer? Quando ela se dirigiu até a mesa da Grifinória, buscando lugar entre a Srta. Weasley e a Srta. Granger, garota abusada, ele a encarou e ela parecia sentir aquilo pois ela se virou quase que ao mesmo tempo para a mesa dos professores, devolvendo a altura com aquele mesmo olhar que ele havia visto antes, ela o estava provocando? Garota insolente, então ela gosta de viver perigosamente, ele voltou os olhos para a mesa da Sonserina, percebendo que estava sendo encarado também por outro aluno, Draco, havia algo diferente na forma como ele o estava encarando e isso também o incomodou. 

—___

—Oi - Shara disse de forma tímida - posso me sentar aqui? – ela ainda estava aborrecida, obviamente que Diaz havia feito o serviço completo e espalhado para todos na mesa da Sonserina sobre o episódio com o professor Snape na sala de aula mais cedo, e Shara simplesmente não estava disposta a ouvir as gracinhas dos seus colegas de casa, já havia sido o suficiente, no fundo ela sabia que não deveria se preocupar tanto com aquilo, mas de alguma forma que ela não podia explicar, aquela situação a incomodou mais do que teria, habitualmente.

—Shara, claro – Gina disse olhando de forma solidária - eu consigo imaginar.

—Intragável ficar naquela mesa... – a ideia principal era fugir daquele ambiente inóspito e repleto de pessoas desagradáveis que ela apenas tolerava, mas Shara sabia também, que o simples ato de fazer isso, escolhendo se sentar justamente entre os Grifinórios, pelas suas experiências passadas, seria motivo mais que suficiente para deixar o professor Snape bastante irritado, e pensando bem talvez fosse isso mesmo que ela queria com tudo aquilo, o irritar, ela bufou com esse pensamento, sem entender o porquê ela estava se importando tanto, e sentindo o frio na barriga ao perceber que em algum momento aquilo poderia se voltar contra ela, enfim de qualquer modo, estava feito.

—Você é mesmo diferente – Hermione sorriu para ela de forma sincera, e ela retribuiu.

—Ei você deveria falar com o diretor a respeito – Rony sugeriu – aquele babaca de nariz grande não pode te humilhar daquele jeito, é sério.

—Cala a boca Rony – Gina interveio – não é como se fosse uma humilhação, mamãe também te mandou um berrador na primeira semana de aula, e foi muito pior - Rony corou com aquele comentário.

—De qualquer forma, o berrador era da mamãe, e ele... quem ele pensa que é? – Rony parecia aborrecido, Shara sabia da fama que o professor Snape tinha entre os alunos daquela casa e era divertido observar aquela interação e ouvi-los discutir sobre algo que deveria ser comum entre eles no dia a dia, e ela se viu pensando em como sua vida teria sido se ao invés da Sonserina o chapéu a tivesse colocado na Grifinória, ela suspirou, não adiantava sonhar, aquilo era algo inalcançável.

—Ele é o chefe de casa da Sonserina – Hermione respondeu – então teoricamente ele pode.

—Ele só fez isso por que te viu comigo no corredor minutos antes – foi a vez de Harry manifestar seu ponto de vista ali – ele não gosta de mim, todos sabem – Harry disse por fim.

—Não diga isso Harry, ele meio que te salvou ano passado, naquele jogo de quadribol – Hermione o lembrou, quadribol, bem pontuado, aquilo era algo que Shara precisava comentar.

 _Falando em quadribol, eu infelizmente não poderei ir no treino de sexta à noite – Shara disse, aproveitando aquela deixa – desculpe, mas estou proibida de sair do castelo até deixar todas as minhas atividades em dia.

—Quem ele pensa que é, aquele idiota ensebado – Rony disse – eu estou dizendo alguém precisa pará-lo.

—Ele é o chefe da casa Sonserina – Hermione revirou os olhos agora – apenas aceite isso – Rony mostrou a língua para Hermione que o encarou com um olhar mortal.

—Não ligue Shara, eles são sempre assim – Harry sorriu - podemos te ajudar em algo? – Harry pediu de maneira generosa - quer dizer, Hermione, você pode fazer isso não pode?

—Não, tudo bem… quanto a isso, eu gosto na verdade das atividades, mas agradeceria se mudássemos de assunto – ela pediu, definitivamente já era o bastante, e todos assentiram, teria servido e aquele poderia ter sido um almoço mais tranquilo se o clima no ambiente não tivesse mudado apenas alguns minutos depois quando o Shara notou o diretor se levantar de sua bancada e chamar a atenção de todos que ali estavam, solicitando silêncio, ele tinha um comunicado para repassar e aquilo não era muito comum, não no horário do almoço, e o silêncio se instaurou rapidamente por todo o salão principal, ninguém estava sequer mastigando.

—Queridos alunos, estou aqui hoje para fazer um comunicado do qual eu como diretor nunca precisei dar anteriormente nessa escola e também não me agrada faze-lo – ele fez uma pausa para deixar com que todos os alunos assimilassem aquilo - infelizmente o Lago Negro, que sempre foi um local popular entre nossos alunos, não é mais seguro, portanto de agora em diante e até que hajam segundas ordens ele passará a ser de acesso proibido, assim como a floresta proibida. Sei que é de conhecimento de todos que recentemente tivemos um incidente grave, e isso nos obriga a tomar essa decisão – o diretor disse de forma bastante preocupada, Shara podia sentir os olhos dos seus amigos sobre ela, certamente a escola toda estava fazendo o mesmo agora, ótimo aquele dia não poderia piorar, poderia? ela colocou as duas mãos no rosto, abaixando a cabeça, ela detestava quando as coisas eram sobre ela, sentindo o frio na barriga que tudo aquilo lhe causava  – No final de semana, uma de nossas alunas, foi atacada por uma hidra – ele disse enquanto Shara podia ouvir alguns burburinhos a respeito daquela informação, uma hidra? – SILÊNCIO – ele pediu - Felizmente, ela conseguiu escapar com vida, mas sofreu lesões graves, e precisou de cuidado especial, esta é a primeira vez que uma hidra é vista nesta região, e não podemos permitir que nossos alunos corram riscos se expondo a uma criatura como essas.

—Uma hidra? – Hermione perguntou – isso não faz nenhum sentido – ela parecia pensar a respeito.

—Peço a compreensão de todos os alunos e reforço a importância de respeitarem esta nova regra, não tentem se aproximar do Lago Negro sob nenhuma circunstância. As consequências podem ser graves ou até mesmo fatais – o diretor finalizou se sentando, a escola estava um alvoroço agora.

—Harry… Harry – era Rony com uma voz aguda – você o ouviu o que ele disse, uma hidra! – ele parecia desesperado - nós entramos naquele lago e enfrentamos uma hidra, Se mamãe e papai souberem disso eles me matam…

—Shara – Harry ignorou o amigo, a chamando, ela ainda não havia levantado a cabeça – tudo bem? ... Sabe eu meio que sei como você está se sentindo a respeito de tudo isso, é que normalmente esse tipo de coisa costuma ser sobre mim, e eu detesto também - ela assentiu.

—O que é uma hidra? – ela não fazia a menor ideia, ainda havia tanto que ela não conhecia ali, mas certamente que para obrigar o diretor a tomar aquela atitude, e pela reação de todos, não deveria ser em nada bom.

—Hidras não são muito comuns… – Hermione explicou – são criaturas selvagens, uma espécie de fera, no passado elas atacavam, mas algo mudou, uma divisão de território pelo que me recordo, e elas passaram a viver reclusas, seu corpo é metade dragão, e a outra metade, suas cabeças são de serpente.

— Você disse cabeças? Como o fofo? – Rony parecia ainda mais apavorado agora.

—Mais que três cabeças na verdade... – ela disse – porém o que chama bastante a atenção nesse caso é que hidras vivem em pântanos, e não em lagos abertos como esse, se tem uma hidra aqui, é por que tem algo de errado acontecendo e o diretor não parecia nada confortável com essa situação.

—Hermione, não exagere – Gina disse revirando os olhos - como você pode afirmar algo assim?

—Eu li sobre isso, hidras não saem do seu habitat natural a menos que sejam forçadas a isso – Hermione estava séria e falando um pouco mais baixo agora – alguma coisa motivou uma hidra a vir até Hogwarts esse ano.

—Ou alguém – Shara disse finalmente, ela não tinha uma resposta oficial para aquilo, mas de alguma forma ela sabia que ela tinha alguma ligação com tudo que estava acontecendo a sua volta, sim tudo estava enigmaticamente conectado, a lenda, o colar, a varinha, o bruxo, a visão e agora a hidra, nada era por acaso e ela estava no centro daquilo tudo.

—Sim – Hermione a olhou de forma estranha – ou alguém – Shara podia sentir toda a adrenalina tomando conta do seu corpo naquele momento, as coisas estavam ficando cada dia mais complexas e difíceis de decifrar, ela precisava ligar os pontos, mas havia tantos agora, e no momento ela estava se sentindo exausta, talvez pela noite que ela havia passado em claro, ela se sentiu apreensiva ali, estava com a boca seca ela precisava de um pouco de água, ela se levantou para alcançar a jarra que estava próxima, porém assim que Shara a tocou, aconteceu... aconteceu outra vez... uma visão.

“uma floresta, estava escuro, era uma noite de lua cheia, havia uma mulher, ela estava de costas outra vez, ela estava com medo, muito medo, ela estava fugindo, correndo, Shara conseguia sentir o medo dela, sua pele se arrepiou naquele instante, algo ou alguém estava se aproximando, era perigoso, haviam feixes de luz, eram feitiços, ela correu ainda mais depressa, havia um lago, ela correu até ele, ela lançou um feitiço de proteção, mas não havia varinha, uma espécie de bolha, Shara nunca viu nenhum feitiço como aquele antes, então ela entrou no lago, esperou alguns segundos, até que algo a puxou e ela submergiu sem sequer resistir” 

Shara soltou a jarra de água com força, por um momento se esquecendo completamente de onde ela estava, ela ainda podia sentir o medo que aquela mulher emanava, sua pele ainda estava arrepiada, era estranho, mas era como se ela estivesse vivendo as mesmas experiências e emoções, aquilo foi real? aquela mulher, ela estava morta? certamente que sim, a jarra estilhaçou assim que bateu na mesa, além do barulho, a agua voou por todos os lados molhando aqueles que estavam à sua volta, o salão principal continuava em silêncio, ela notou, e aquilo era sobre ela outra vez, os seus amigos a estavam olhando de forma estranha, sim o dia sempre tinha como ser pior.

—Shara, o que aconteceu? – Gina foi a primeira a perguntar – Shara você está sangrando – ela disse assustada, enquanto apontava para os olhos da amiga, Shara passou a mão sobre eles, sentindo algo molhado, e encarando sua mão manchada, sim era mesmo sangue, o que aquilo tudo significava? Ela precisava sair dali… ela precisava sair agora, ela puxou o capuz das vestes por cima da cabeça, para não chamar ainda mais atenção para si, ironicamente o episódio com o professor Snape mais cedo, seria facilmente esquecido, já que ela mesmo havia proporcionado ali, muito mais conteúdo para eles discutirem.

—Preciso sair daqui... – ela disse por fim, sentindo novamente aquela velha sensação de desconforto estomacal, ela queria sumir da vista de todos e ser esquecida para sempre, ela correu.

—Shara, espera – ela ouviu Harry chamar – mas não havia como simplesmente espera-lo, ela estava satisfeita em ter conseguido alcançar a porta de entrada do salão principal e o cruzar, dando alguns passos para fora com falta de ar, mas aquilo não iria faze-la parar, ela precisava se esconder, então ela correu por alguns corredores, sem saber muito bem qual o caminho ela deveria tomar, mas alcançando a primeira porta que ela viu a sua frente, para a sua sorte estava aberto, aquele era um lugar que lembrava uma sala de aula parada no tempo, ela não fazia ideia de onde ela podia estar, ela parou sentindo que o ar estava custando a chegar agora, o que foi aquilo? Ela teve outra visão, no meio do salão principal, aquela visão havia sido muito clara, e ela podia sentir, sentir todas as emoções também, isso era completamente diferente da visão anterior, e ela havia visto aquela mulher se entregar à morte? Isso era algo tão forte e ao mesmo tempo tão intenso, ela se encostou em uma das paredes se deixando deslizar até o chão e puxando as pernas para perto de si, enquanto  encarava as duas mãos cobertas de sangue vivo, ela estava prestes a chorar, ela estava com medo, ela não sabia dizer se isso era algo dela ou ainda era um reflexo do que ela sentiu naquela visão, mas as primeiras lágrimas que vieram estavam manchadas de vermelho, ela estava tão exausta, sentindo que estava começando a falhar, quando ela sentiu alguém se aproximar, era Harry?

—Harry não... vai embora – ela disse, mas não obteve resposta, ela levantou a cabeça...  Mas não era Harry.

—___

Severo sabia que havia algo de errado no momento que viu Shara se levantar e congelar no tempo com aquela jarra de água nas mãos, foram apenas alguns segundos, mas aquela atividade não levaria tanto tempo assim para ser concluída, ele se levantou sabendo do que se tratava aquilo e agora ele tinha boas suspeitas do que poderia desencadear as visões, ele desceu em direção a mesa da grifinória, quando a cena da jarra caindo fez todo o salão silenciar e voltar os olhos para ela outra vez, ele quase podia dizer o que ela estava pensando ali, quando a viu correr para fora do lugar, aquilo era bastante previsível e ele poderia alcançá-la com facilidade, ele tinha o anel, mas havia um empecilho, o filhote Potter, ele precisava tirar aquele garoto do caminho.

—Parado Potter – ele chamou assim que saiu do salão – tentando bancar o herói novamente?

—O senhor não pode me impedir – ele cuspiu de forma audaciosa – ela é minha amiga – Severo sentiu seu sangue esquentar, aquele garoto petulante merecia uma boa lição.

—Sr. Potter – era Minerva, bem em tempo ele pensou, sorte do pivete – vamos, deixemos com que o professor Snape resolva isso – Severo sorriu com malícia para o garoto relutante a sua frente, que parecia não acreditar naquilo que estava ouvindo.

—Problemas de audição Potter? – Severo perguntou com ironia.

—Mas professora... – ele estava arriscando - você viu o estado dela, Shara não precisa de alguém como ele agora… - o garoto havia dito e não que Severo se importasse com o ponto de vista de um Potter, definitivamente esse não era o caso, mas a grande verdade ali, é que aquela constatação reforçava algo que ele mesmo acreditava ser verdadeiro, ele não era a pessoa certa.

—Sem mais, Sr. Potter – ela encerrou - isso não é uma opção para você, me acompanhe – Potter passou por ele, sem o olhar, visivelmente contrariado, e assim que Severo percebeu que ambos haviam desaparecido, ele acionou o anel, ele sabia onde ela estava, ela havia encontrado a antiga sala de runas, ela estava com medo, ele iria até ela, iria checa-la e feito isso ele a encaminharia para o diretor, a porta ainda estava semi aberta quando ele chegou, ela não havia notado sua presença de início, ela estava abaixada, encolhida em um dos cantos da sala, Severo já havia visto ela vulnerável tantas outras vezes agora, mas aquilo estava ficando cada vez mais difícil para ele, ele estava ficando mole e isso também o incomodava.

—Harry não... vai embora – ela disse ríspida, e ele não pode deixar de sorrir com certa satisfação por ouvir aquelas palavras sendo ditas daquela maneira, ele observou que ela havia chorado, e apesar de ter anunciado sua presença ela precisou de um certo tempo até levantar a cabeça para avaliar quem de fato a estaria importunando, então quando ela o fez, ele notou algumas marcas de sangue espalhadas pelo seu rosto, ela estava sangrando? Ele se aproximou um pouco mais para poder analisá-la melhor, aquele ângulo não ajudava muito, mas foi o suficiente para concluir que não haviam cortes ou ferimentos naquela região e ele estava tentando entender aquela bagunça, já que também havia sangue vivo em suas mãos.

—Epson... – ele chamou, a observando se mexer de forma desconfortável – eu sei que você teve outra visão – ele ponderou – e você fugiu porque algo a incomodou – ele afirmou - podemos falar sobre isso, mas antes eu preciso que você olhe para mim e me escute com bastante atenção – ele pediu, ele precisava entender o que estava se passando e de onde vinha todo aquele sangue, ele poderia intervir dependendo do que fosse, mas quanto antes ela falasse antes ele poderia resolver e direcioná-la para a pessoa certa, no caso o diretor.

—Não importa o que me diga, eu não vou sair daqui – ela respondeu de forma defensiva, e ele suspirou tentando manter o pouco de autocontrole que ainda lhe restava, ele não tinha a menor paciência com birras e ataques infantis e pelo que tudo indicava era algo que ela estava tentando começar ali.

— Trate de responder apenas aquilo que for solicitado – ele disse seco, ela deveria agradecê-lo por estar sendo poupada, afinal não era nada do seu feitio deixar passar esse tipo de comportamento atroz - Você se cortou? – talvez quando a jarra caiu, algum dos estilhaços a possam ter acertado, mas não fazia muito sentido, ela gesticulou de forma negativa, o que aquilo poderia significar? então ela o pegou desprevenido ao se levantar quase como num impulso, fisicamente eles estavam a apenas poucos centímetros de distância, mas pelo que ele podia sentir havia um abismo de separação entre eles ali, e naquele momento ela mal se parecia com a criança acuada de apenas alguns segundos atrás – Epson, de onde é todo esse sangue? – ele fingiu não se importar, já que no geral aquela era a única informação que lhe serviria no momento.

—Isso tudo é culpa SUA - ela o acusou, e ele tentou entender qual era o ponto dela ali, ele não era de se abalar tão facilmente com acusações e manter sua expressão neutra era algo que ele poderia fazer com bastante facilidade, criança tola, ela já deveria saber que quanto maior o espetáculo, maior seriam as implicações - eu fui para a mesa da grifinória por sua causa, se você não tivesse sido um completo babaca mais cedo nada disso teria acontecido, ou será que você ainda não conhece os alunos da sua própria casa, você achou que eles iriam pegar leve comigo depois daquilo? – Severo, fechou os pulsos com força, nenhum outro aluno o havia enfrentado daquela forma anteriormente e ele podia sentir que estava prestes a perder a paciência principalmente se as coisas continuassem naquele ritmo - eu só reagi daquela maneira por que eu estava lá, eu não deveria estar lá, a visão foi horrível, se quer saber – ela ainda estava brava, e se esse era o ponto, ele poderia contribuir, proporcionando inúmeros outros motivos que aumentassem ainda mais a fúria daquela criança idiota, àquela altura, seria um prazer.

—De onde é o sangue? Você não vai querer me ver perguntar outra vez - ele disse de forma arrastada e perigosa, não haveriam justificativas suficientes para validar aquele comportamento esdrúxulo, era um pergunta simples e seu senso de combatente de guerra lhe dizia para primeiro tratar as feridas, e se havia sangue, portanto, havia feridas.

—Dos meus olhos - ela disse por fim, não muito satisfeita em ter que lhe reportar algo - eles sagraram, por causa da visão - Ele repassou mentalmente tudo que ele sabia sobre olhos sangrando e ele se deu conta de que pela primeira vez ele não tinha uma poção para oferecer para aquilo, ele não podia curar as feridas, não aquelas, ele precisava encaminhá-la até a enfermaria primeiro e de lá ele acionaria o diretor, ele estava decidido.

—Epson nós estaremos indo até a enfermaria - ele informou, não era uma opção e era o certo a se fazer, Pomfrey certamente saberia como proceder naquela situação.

—NÃO! Eu não vou a lugar algum... eu já disse - ela havia levantado o tom de voz - eu estou farta da enfermaria, e farta de tudo isso… e eu não sei como resolver, eu não consigo ligar nenhum dos pontos e agora essa nova visão - ela colocou as duas mãos na cabeça - e eu só quero tirar isso da minha cabeça... eu queria ter mais visões, eu queria... eu entrei naquele maldito lago buscando por isso, mas agora eu não quero mais NADA disso, eu odeio tudo isso, eu ODEIO - ela gritou aquilo, Severo olhou para aquela criança exaltada na sua frente, ela não era daquele jeito, ele mesmo nunca a havia visto naquele estado, ela estava cansada e lhe ocorreu que ela não havia dormido nada naquela noite e não havia se alimentado bem, então parte daquele mal humor todo tinha uma razão, mas ele não era de ponderar essas coisas e desde quando ele se preocupava em encontrar sentido no comportamento de qualquer outro aluno? ele precisava dar um basta naquilo e ela precisava de alguém que a ajudasse de verdade e esse alguém definitivamente não era ele, então não valeria o esforço  nem a perda de tempo.

—Eu não posso ajudá-la Epson, a partir daqui estarei envolvendo o diretor no seu caso, fique onde achar adequado, faça as coisas ao seu jeito - ele disse sem qualquer sentimentalismo, ele estava prestes a se retirar, ele poderia facilmente enviar um patrono para Alvo, mas ele não faria isso dali – o diretor poderá te ajudar – ele notou a confusão que havia se formado no rosto dela, aquilo certamente há havia desestabilizado mas definitivamente isso não deveria ser mais uma de suas preocupações, ela estaria muito melhor assistida com ele.

—Então é isso - ela disse confusa – como sempre é só isso? ... não vai me perguntar nada? Nada sobre a visão? Não vai me dizer nada sobre aquilo... nem vai reclamar por eu ter ido até a mesa da grifinória? nada? então realmente é só isso? – ela estava perdida ali, enquanto as lágrimas lavavam seu rosto – apenas diga alguma COISA – ela pediu.

—Não há nada a ser dito, recomponha-se – ela o olhou, havia dor ali, quanto mais isso demorasse, pior ficaria, ele se virou caminhando até a porta.

—Ela mentiu ao seu respeito – ele parou, do que ela estava falando agora? - minha mãe - ela completou quase como se pudesse ouvir seus pensamentos e respondendo sua pergunta, a garota continuava não fazendo nenhum sentido, mas aquilo fez seu coração parar por um momento, ele parou a apenas alguns centímetros da porta ainda de costas para ela - naquela carta… ela dizia que o senhor poderia me ajudar, mas ela MENTIU, ela mentiu sobre você - Epson falava de forma fria e calculista agora, e ele percebeu que na verdade ela soava como ele, por um momento era como se ouvir falar e aquilo o assustou, e sem falar que ele também havia lido aquela carta, e não havia nada assim… - você leu a carta não é mesmo? - ela perguntou o deixando ainda mais abismado, ele havia subestimado aquela garota esse tempo todo, a ave tinha razão sobre o potencial que ela poderia ter, agora ele podia ver um outro lado ali, e aquele lado não tinha nada de vulnerável, embora fosse uma fachada, assim como ele mesmo também tinha construído a sua própria e aquilo o desconcertou, ela era apenas uma criança ainda - eu sei que o senhor leu, estava nas minhas vestes, o senhor teria notado algo assim - ele se virou a encarando, ele precisava dar um basta nisso de uma vez por todas.

—Eu fiz - ele admitiu - mas acredito que esteja vendo coisas onde não existem – ele disse com ironia - você realmente gosta de fantasiar ao seu respeito não é mesmo Epson? – ele sabia que aquilo poderia machuca-la – quem sabe esteja na hora de encarar a realidade – e ele sabia que estava soando muito parecido com aquele maldito trouxa agora, mas ela havia simplesmente conseguido aguçar o pior dele ali - a vida não é um contos de fadas, onde lendas viram realidade - ele cuspiu de volta dando alguns passos a frente - me diga Epson oque mais a sua mente poderia estar criando agora? quais mentiras mais você está alimentando? - Ele cruzou os braços, mantendo a pose estóica de sempre, ele poderia ser ainda mais frio se fosse o caso.

— Está enganado – havia ainda mais dor na forma como ela tinha dito aquilo – enganado, eu sei aquela carta de cor professor, sabe eu também posso recitar outras coisas, além de frases imundas ditas ao meu respeito – ele se lembrou da cena na enfermaria, como ele poderia se esquecer?  - “use o colar… eu sei que de alguma forma ele te aproximará de quem pode verdadeiramente te ajudar” a única pessoa que demonstrou qualquer interesse pelo colar e que o colar realmente me aproximou nesse tempo todo foi… adivinhe? o senhor - ela disse abrindo os olhos devagar, Severo repassou aquelas palavras mentalmente agora, maldita Maeva, ela havia predestinado tudo isso, Severo realmente não conhecia nada sobre aquela bruxa, ela havia colocado uma pista sobre ele naquela maldita carta, e ele sequer havia percebido… Maldita Maeva.

—Eu não sou quem você pensa Epson – ele não podia mais permitir que ela continuasse a idealizar coisas ao seu respeito, independente do que aquela carta dizia, aquilo sim era uma fantasia, ele não era bom, e ele havia acabado de dar uma demonstração para ela ali, criança idiota ela deveria tê-lo deixado ir enquanto ainda havia tempo, ele se aproximou de forma agressiva, apenas para ter certeza de que ainda poderia surtir o efeito que desejava, e sim ela deu um passo para trás recuando, da forma como sempre fazia, agora tudo estava previsível até demais, ele havia conseguido, ele havia incutido medo nela outra vez, ele podia sentir o medo fluindo ali, através do olhar e daquele comportamento, esse era quem ele era de verdade e ele não se importava com ninguém, nem com ela e ele queria que ela enxergasse aquilo de uma vez por todas - eu fui um comensal da morte Epson – ele disse de forma demorada para que ela pudesse absorver aquilo - um dos piores, trabalhei ao lado do lord das trevas – ele a circulou, sentindo que ela estava acuda - eu desejei aquilo - ele admitiu - eu não sou bom, eu machuquei pessoas, pessoas boas, não me subestime – ela fechou os olhos outra vez.

—”As aparências podem enganar, mas acredite ele trará luz na incerteza” - ela estava recitando o resto daquela amaldiçoada carta, enquanto as lágrimas desciam livremente outra vez, já não havia mais nenhuma marca de sangue no seu rosto as lágrimas haviam feito um excelente trabalho ali, Maldita Maeva, aquela não podia ser uma criança normal, depois de tudo aquilo, ela ainda permanecia - foi nisso que eu me apeguei, eu sei que a carta é sobre o senhor, independente do seu passado e do que me diga, mesmo que não acredite, mas… ela estava enganada – a criança disse retirando o colar do pescoço com brutalidade e o jogando no chão, o que ela estava fazendo agora? Merlin depois de tudo como ela ainda poderia continuar o testando daquela maneira?

—Eu falei para não tirar o maldito colar - ele disse sem ponderar no tom de voz que agora estava elevado.

—Assim como a minha mãe, mas ela não está aqui para me impedir, não é mesmo? - ela respondeu e aquilo não se parecia em nada com algo que ela diria.

—Epson eu estou avisando, não me faça obrigá-la - por Merlin isso estava indo longe demais e ele podia sentir seu sangue fervendo.

—Se eu não o colocar, o que o senhor poderá fazer? Nada - ela disse o encarando, aquilo não estava soando natural, ele ainda podia ler a incerteza e medo naquele olhar, o que há de errado com essa maldita criança? Independente do que havia ali, ela o tinha desafiado.

—Accio colar - ele segurou o colar com força, ele se aproximou dela agora a segurando com força pelo braço e a empurrando contra a parede a erguendo um pouco do chão, aquilo foi violento e ela estava completamente encurralada ali, ele sabia que podia estar a machucando assim, mas ela havia pedido por isso, ele estava tão próximo agora e podia encarar ainda mais de perto os olhos de Maeva através do olhar dela e eles estavam encobertos pelas lágrimas, ela mal conseguia mantê-los abertos ali.

—O senhor... se importa com o colar e também se importa comigo o usando… - ela estava gaguejando e falando mais baixo agora, de alguma forma ela conseguiu alcançar sua mão, pegando o colar outra vez, ela o fez com cuidado, quase como quem quissese compensar o fato de te-lo atirado no chão minutos antes, ela estava tremendo ele notou, as mãos ainda manchadas agora de sangue já seco – eu... só queria que pudesse ver que o senhor é essa pessoa apesar de tudo isso – ela disse, ela havia feito algum tipo de teste ali, sim ela queria provar algo para ele, por isso nada parecia natural, já que ela tinha encenado aquela última parte, criança idiota, agora ela estava tentando colocar o colar de volta, mas era nítido de que ela estava suficientemente nervosa para isso, e falhando miseravelmente ali, ele a soltou e ela ficou ali exatamente da forma como ele a deixou - me desculpe por isso - ela pediu com a voz embargada e aquilo soava mais como ela mesmo - eu sei sobre você e o seu passado, mas… ainda assim eu decidi confiar, isso deveria significar algo - ela disse enquanto as lágrimas continuavam descendo por aquele rosto de pele clara – e isso – ela apontou para o colar - prova pra mim de que a carta falava do senhor embora eu já tivesse certeza antes - agora ela parecia vulnerável outra vez.

—Epson eu não sei no que sua mãe estava pensando, mas eu não sou a pessoa certa - ele disse por fim tentando se recuperar de tudo aquilo, eles haviam passado do limite - eu vou acabar te machucando, eu posso fazer isso facilmente você vê? – ele fez uma pausa, era igualmente difícil para ele dizer aquilo em voz alta - então nunca mais faça nada parecido com isso, eu não posso ponderar aquilo que eu sou, escute - ele a olhou - isso não é sobre quem eu era, isso ainda é sobre quem eu sou.

—Não - ela se encolheu - eu não acredito nisso - ela disse, e agora foi ela quem se aproximou dele, pegando na sua mão - por favor prove que ela não estava errada - a criança pediu - por favor.

—Eu não posso - ele disse, ela o desconcertava e ele queria movê-la para longe, ele queria chamar o diretor, mas ele não poderia já que aquela criança havia se tornado a sua maior fraqueza, mas ela o soltou visivelmente magoada, não havia mais nada a ser dito, ela se encostou  contra a parede, deslizando até o chão e puxando as pernas contra si, tal qual ele a havia visto quando entrou naquela sala, agora ela estava soluçando baixinho, esse era o momento adequado para ele ir embora, mas seu corpo não podia se mover, exceto por… ele foi até ela e se sentou ao seu lado, encostando a cabeça na parede, a criança se encostou nele, apoiando parte do seu peso contra ele, ele não esperava por isso mas ainda assim era uma sensação boa.

—O senhor a conhecia não é mesmo? A minha mãe... - a garota perguntou, depois de algum tempo – ela também confiava no senhor… e ela não achava que o senhor pudesse representar algum tipo de perigo para mim… – Shara disse isso em voz baixa, ele não podia discutir aquilo apesar de ser profundamente atingido por aquelas palavras e ela pareceu entender mas ela não se moveu, ela ficou - eu sei que ela estava certa sobre isso – ela disse por fim e então se calou, Severo aproveitou aquele momento de calmaria para reorganizar seus pensamentos, ele deveria ter ido embora, ele não fez, ele estava preso a criança e Maeva havia previsto aquilo.

Maeva não havia lhe dado opção quanto aquela criança e portanto Shara não havia sido uma escolha dele, mas de alguma forma ela havia previsto tudo aquilo, como ela poderia ter tanta certeza sobre ele? Maeva sabia que um dia eles iriam se encontrar no futuro e em Hogwarts algo que ela não poderia intervir e nem evitar, Maeva morreu quando Shara iria completar 2 anos de idade e nessa época ele já lecionava ali, Maeva sabia onde ele estava obviamente e havia simplesmente ligado essa informação ao fato de que um dia Shara também receberia a carta da escola, independe de onde ela pudesse ser criada, e dessa forma ela havia dado um passo de confiança em direção a ele, deixando implícito naquela carta que a criança teria em quem se apoiar, desde que ela fosse esperta o bastante para entender aquilo, e ela era, era óbvio que não demoraria para que ele reconhecesse o colar tão óbvio quanto ao fato de que aquela criança seria selecionada para a Sonserina, eles iriam se cruzar e ela havia pensado em tudo, ele olhou para a criança que a essa altura havia repousado sua cabeça em seu braço, ele realmente esperava mais perguntas da parte dela, mas ela não fez.

—Sua mãe estava tentando te proteger – ele disse quebrando o silencio entre eles - então honre isso e coloque o colar - ele pediu sabendo que essa seria a oportunidade certa, ele sentiu ela se afastar um pouco apenas para cumprir o que ele havia pedido, voltando a se encostar nele outra vez e ele assentiu satisfeito – Shara, não o tire mais – ele reforçou dizendo o nome dela de forma intencional ali – acredite existe uma boa razão para isso e por mais inteligente que você seja, talvez ainda não esteja em tempo de compreender todas as coisas, mas um dia você vai – ele disse com a certeza de que esse dia realmente chegaria, ela não era uma criança comum, ela era excepcional.

—O senhor já deveria estar dando aulas agora... - ela disse, enquanto bocejava, sim, ele deveria, já havia se passado um bom tempo ali e ele nunca havia se ausentado uma única vez em todos esses anos do seus compromissos como professor naquela escola, mas naquele momento, por mais estranho que pudesse parecer tudo aquilo, ele não se importava e isso era diferente daquilo que ele havia dito e insinuado anteriormente, Shara continuava ali apoiada nele, e ele sentiu pela primeira vez que aquele sim era o lugar onde ele deveria realmente estar.

—Eu deveria – ele respondeu sem se mover – assim como você também deveria estar em sala de aula – ele afirmou, sentindo que ela havia enrijecido com aquele comentário.

—Por favor professor... não me obrigue... não hoje... eu posso recuperar tudo isso... eu prometo – ele podia sentir o desespero daquela criança.

—shhhh – ele pediu silencio - tudo bem, acho que ambos precisamos de uma folga hoje.

—Isso... – ela parecia pensar a respeito – quer dizer que o senhor, o senhor não vai embora? - ela perguntou surpresa, bocejando mais uma vez.

—Não - honestamente não havia mais nenhuma intenção em fazê-lo, Maeva havia vencido aquela batalha e com esse pensamento em mente, ele passou o braço em torno dela, a trazendo ainda mais perto de si, ela se ajustava perfeitamente em seus braços, a criança aproveitou para acomodar a cabeça sobre o seu peito, ele fechou os olhos por um momento, já que fazia tempo que ele não se permitia assim, era bom.

—Promete? - ela literalmente sussurrou aquela pergunta e sim, ele podia prometer aquilo.

—Sim - ele respondeu, ela não disse mais nada, e não precisou de muito mais tempo ali para ele perceber que a respiração dela havia se ajustado e adquirido um padrão único, ela havia adormecido, adormecido nos braços de um comensal da morte, nos braços dele - Sua mãe estava certa e essa é a prova que você tanto queria, sua criança estupida - ele sussurrou para ela, enquanto puxava sua varinha com cuidado para não acorda-la.

—Expecto Patronum – ele chamou.


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Notas finais do capítulo

Eu já comentei que a parte mais desafiadora aqui é não tirar Severo Snape do canon, embora ele precise mudar, e ele esta mudando, esse final mesmo, ele sentado no chão do lado dela, pra mim foi um surto...

Sério, espero que gostem, e as meninas que sempre comentam, minha gratidão, vocês tem feito parte disso comigo!



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