Destinos Improváveis escrita por Nara


Capítulo 25
Futuro - Um encontro


Notas iniciais do capítulo

Olá, esse é um capítulo repleto de respostas :)
Desculpe demorar tanto contando a história, mas eu queria esclarecer, se não tudo, mas quase tudo sobre o passado de Shara, quer dizer antes de Shara... Vai ser importante



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—Severo Snape quanto tempo - a voz disse por fim. Faziam quase 12 anos que ele tinha ouvido aquela voz pela última vez, dizer que ele esperava por isso, não seria bem uma verdade, mas com o acontecimento recente digamos apenas, que isso fosse algo que ele estava conjeturando, prova do quão previsível algumas coisas ainda poderiam ser, de qualquer forma ouvir aquela voz lhe trazia péssimas recordações, lembranças de um passado que ele desejava tanto esquecer mas que devido às circunstâncias estava ficando cada dia mais difícil, e sem falar que nunca houve e nem havia nenhuma reciprocidade entre eles, não que isso fosse um problema para ele é claro, já que Severo colecionava inimigos a muito mais que apenas uma década, mas ele sabia que pela outra parte envolvida dado ao orgulho e prepotência que ele emanava, certamente que fazer aquele contato não deveria estar sendo uma tarefa das mais fáceis.

—O que você faz aqui? – Severo perguntou de forma contundente, embora ele soubesse muito bem aquela resposta, mas ele não iria facilitar as coisas ali, não para ele.

—Na verdade eu deveria te fazer a mesma pergunta... o que você faz aqui? – Algumas coisas nunca mudam e lá estava ele exatamente do jeito que Severo se lembrava, e Severo detestava aquele jogo de perguntas.

—Eu leciono aqui – Severo disse enfático enquanto encarava o lago e toda a sua extensão, evitando assim qualquer contato visual entre eles - mas tenho certeza de que você já tenha notado isso - ele devolveu com uma certa ironia, Severo percebeu um leve movimento em sua direção, sim ele estava se aproximando.

—O que você faz aqui... fora – ele disse finalmente – bem onde Shara quase perdeu a vida ontem - houve um breve silêncio entre eles, a intimidade dele com o nome da criança, chamou sua atenção, mas ali estava a resposta que Severo tanto aguardava, sim ele veio pela menina era óbvio, ele havia se esforçado e passado por cima do seu orgulho próprio por ela  - sim estou indo direto ao ponto, já que você me obriga a ser tão específico – ele concluiu e Severo finalmente virou o encarando pela primeira vez depois de todos aqueles anos, lá estava ele, Antony a ave rabugenta de Maeva, a apenas alguns metros de distância, ele não havia mudado em nada, era o mesmo pássaro antiquado de sempre, exatamente como da ultima vez que Severo o havia visto.

—Não deve estar sendo fácil, não é mesmo? – Severo provocou – depois de tudo que aconteceu ter que recorrer a mim - Severo sorriu com malícia - mas muito me admira o seu atrevimento, achando que pode vir até aqui e me questionar algo, até onde eu sei eu não devo satisfação a ninguém e muito menos a você – o pássaro se moveu de forma desconfortável.

—Eu não faria isso se não visse necessidade – a ave disse direcionando seu olhar para o lago, Severo o acompanhou, a ave estava ali por que queria lhe comunicar algo, do contrário ela não faria – uma hidra, foi uma hidra que a atacou – a ave disse depois de um certo tempo em silêncio,

 aquilo pegou Severo de surpresa, ele sabia que as marcas que envolviam os pés da criança não se enquadravam a nenhuma das muitas criaturas aquáticas que habitavam aquele lugar, e isso o intrigou desde o momento em que ele as havia visto na enfermaria na tarde anterior no entanto uma hidra era algo completamente fora de cogitação, já que essa era uma criatura bastante rara, Severo mesmo nunca havia visto uma em toda a sua vida, e pelo pouco que ele podia se lembrar aquela era uma criatura muito letal e em sua forma física ela se parecia muito com um dragão porém sua característica mais marcante eram as cabeças, ela possuia inúmeras cabeças de serpente, era uma besta, uma criatura que havia sido muito temida no passado, algumas poções, das mais valiosas levavam consigo ingredientes como pele de hidra, mas era algo muito distante já que não haviam relatos desse tipo de criatura a muitos anos em todo o mundo bruxo e muitos chegaram a acreditar que ela havia sido extinta. 

—Uma hidra? – naturalmente havia desconfiança no seu tom de voz - você tem certeza do que está falando ave? – Severo precisava saber, afinal se uma criatura como aquela estivesse mesmo naquelas águas, isso não seria nada bom e o diretor deveria ser informado imediatamente e o lago interditado, Pomfrey tinha alguma razão em se preocupar daquela maneira.

—Sim… tenho, eu a vi, eu posso reconhecer uma já que precisei enfrentá-la você sabe, mas não julgo a sua desconfiança Snape, eu sei que não é um animal comum e isso torna as coisas mais difíceis para todos nós, hidras vivem isoladas e não costumam sair do seu habitat natural por isso fica quase impossível ver uma por aí hoje em dia, eu mesmo com toda a experiência que carrego, e acredite são tantos anos em minhas costas que quase não posso mais me lembrar quantos eles são exatamente, me deparei com a criatura, pouquíssimas vezes pra ser honesto, mas ela está aqui e se ela está aqui é por que algo está acontecendo, hidras não agem por impulso e muito embora exista uma disputa de domínio entre os dois reinos aquáticos a séculos, um ataque é algo completamente novo, sabe… - a ave estava tão próxima agora que parecia contar-lhe um segredo - algumas criaturas conseguem sentir e prever quando uma ameaça está prestes a se levantar e eu vejo que é isso que esta acontecendo aqui  – Severo considerou aquelas palavras, Antony era muito mais que uma ave centenária, alguma experiência útil deveria vir dele, embora ainda fosse suficientemente irritante ter que admitir isso e parar para ouvi-lo. 

—E com isso devo acreditar que você veio até mim, mesmo depois de ter prometido que nunca mais iria me dirigir a palavra - Severo sorriu maliciosamente fazendo questão de lembrá-lo da sua promessa - para me alertar de que tudo isso não foi apenas um acidente e que uma hidra realmente estava à espreita, buscando a oportunidade certa para atacar aquela criança tola, por que por alguma razão absurda aquela criatura a considera uma ameaça futura? – Severo perguntou com certa incredulidade, embora ele mesmo teve que admitir, que tinha que haver alguma razão para justificar aquele ataque, mas definitivamente não aquilo, Shara poderia ser qualquer coisa menos uma ameaça, Severo continuou fazendo sinal para que a ave nao interrompesse ali - ou reformulando, com isso eu ainda posso deduzir que você está me instigando a acreditar que aquela garotinha estúpida atraiu um ser mítico desse porte, uma fera para as águas dessa escola, apenas por que ela estuda aqui – Severo não sabia dizer quais das duas suposições poderia ser a pior, já que ambas eram bastante ruins.

—De certa forma, isso é sobre as duas hipóteses, mas não é tão simples como parece…  Shara pode não apresentar ser uma ameaça, não para você, mas agora eu posso finalmente ver, ela está predestinada a algo – o pássaro disse sério e aquilo o incomodou – algo grande Snape, algo que muitas outras guardiãs buscaram no decorrer da história e fracassaram, e preciso admitir, algo que me acende uma esperança - ele sorriu por alguns segundos, voltando a sua expressão séria de antes - mas ao mesmo tempo é algo que muda drasticamente o domínio das águas, e a hidra está aqui para impedi-la, já que o reino de água doce deverá ser o maior afetado  – Severo encarou a ave, tudo aquilo parecia fantasioso demais para sua opinião.

—Hogwarts possui um acordo com as criaturas desse lago, desde a sua fundação, trata-se de um acordo de paz que perdura intocável por mais de um século, o que seria algo tão grande que poderia mudar e interfevir em algo assim? – Severo não gostava de trabalhar com enigmas.

—Muito maior que qualquer acordo de paz entre quem quer que seja, está uma guardiã com os poderes e potencial que ela tem, Shara está predestinada a quebrar a maldição – o pássaro disse finalmente, a maldição se tratava da marca e do sangue, Severo sabia disso, por que era assim que Maeva se referia também, e agora o pássaro estava tagarelando sobre aquela criança romper aquilo, isso poderia ser possível? Severo não sabia, obviamente que se a marca fosse removida, não haveria mais um ciclo, a próxima descendente nasceria sem aquele carma que permeou a genealógia daquele família por séculos, e seguindo a lógica o pássaro estaria livre, ele queria ser livre? Seria essa a sua esperança?

—Digamos por um momento que você tenha alguma razão  ave - Severo empregou um pouco de sarcamos naquela colocação, o pássaro certamente sabia bem sobre o que estava falando, afinal ele foi o guia de muitas guardiãs no passado, mas ainda assim ele não era o detentor de uma verdade absoluta - embora eu ainda não veja uma ligação que faça algum sentido aqui, sabemos o que é a maldição e como ela impactou e continua impactando a vida de uma linhagem de bruxas, mas caso isso tudo seja possível e como você mesmo disse a maldição possa ser quebrada por ela, que ameaça isso poderia significar para aquela criatura? Ou para um reino aquático inteiro? Por que uma hidra desejaria impedi-la? - Severo sabia que o termo guardiã era denominado a aquelas bruxas em específico devido a magia ancestral que apenas elas conseguiam dominar com perfeição e também pela forte ligação que isso tinha com a água, o sangue de uma guardiã valia muito e por isso elas foram duramente perseguidas, fazendo com que aquele dom se transformasse em uma maldição, guardiãs passavam sua vida tentando manter a sua identidade em sigilo, mas nem sempre isso erai possível, como no caso de Maeva e por isso também que ela havia morrido para proteger a sua filha de toda aquela exposição que a colocaria em perigo outra vez, mas Severo suspeitava que Shara nunca esteve segura em lugar algum, ele suspirou, se lembrando de como ela estava quebrada momentos antes na enfermaria.

—Bem, é óbvio que você já ouviu falar sobre a lenda de Medusa - o pássaro disse, e Severo teve que se controlar para não revirar os olhos, lá estava aquela maldita lenda outra vez, o pássaro pareceu não notar o incomodo que aquele assunto o causava, e Severo deixou passar não querendo discutir - quando Medusa foi amaldiçoada com a marca, para apaziguar sua fúria Poseidon sub dividiu seu reino, entregando para ela uma boa parte dele, Medusa se tornou a rainha das águas doces, rios, lagoas e riachos, já Poseidon ficou com a maior parte o reino das águas salgadas, são reinos distintos porém suas fronteiras se cruzam em determinado momento, e há uma briga antiga por esses territórios, mas esse não é bem o caso aqui, se a maldição for quebrada se restabelece a ordem inicial das coisas e as criaturas que habitam no reino de água doce se tornam novamente dependentes do reino de água salgada, perdendo tudo aquilo que conquistaram em todo esse tempo, esse é o ponto - Severo compreendia a lógica ali, o pássaro não estava falando sobre a lenda propriamente dita, não havia nenhuma fábula sobre uma fonte, bruxos misteriosos ou uma varinha especial, não… aquilo que ele trazia era apenas a história, Medusa foi uma bruxa e não havia dúvidas sobre ela ter sido a primeira guardiã, e aquilo não era mais apenas sobre uma linhagem, era uma luta política e territorial.

—Entendo - Severo disse finalmente, voltando novamente o seu olhar sobre o lago - eu posso ver que estamos falando de algo muito maior aqui.

—Por isso não é algo tão simples e por isso o ataque - a ave reforçou parecendo cansada - bem, Poseidon e Medusa tiveram uma filha, seguindo a lógica todas as guardiãs descendem apartir deles, e Poseidon presenteou aquela criança com um colar, um colar de proteção, colar que foi passado de mãe para filha no decorrer dos anos, e que salvou a vida de Shara ontem, mas não se iluda ele pode protege-la apenas até determinado ponto - aquela observação fez Severo arquear a sobrancelha - mas aquele não é apenas um colar qualquer, ele carrega um segredo, o colar é a chave e muitas guardiãs gastaram a vida tentando desvendar o seu mistério, mas infelizmente nenhuma teve sucesso.

—Aquele colar carrega uma poção dentro de uma cápsula de material desconhecido e me conforta saber que mais ninguém soube discorrer sobre o assunto - Severo ponderou, já que aquela maldita poção havia tirado seu sono por algumas noites.

—Oque você disse? - a ave parecia surpresa - Severo Snape oque você acaba de dizer… - a ave perguntou, levantando voo, sem paciência e parando no ar bem a sua frente - repita, do que se trata isso que você acabou de falar - ela ordenou, e ele suspirou irritado, ave insuportável.

—Não é uma pedra solida, o pingente, é uma cápsula feita com algum tipo de matéria que eu desconheço e dentro da cápsula há uma poção… - Severo disse aborrecido, ele detestava dar explicações, e aquilo era algo que Shara havia notado, ele lembrou, e ela havia feito isso com pouquíssimas informações

—Você viu isso? É o que você faz certo? você é um mestre de poções… você viu o colar  e a poção? - aquilo estava começando a soar de forma desagradável.

—Não ela fez - ele disse de forma objetiva e agora a ave estava eufórica, Severo revirou os olhos, aquele comportamento era pitoresco demais - é claro que Maeva certamente sabia disso ou sua mãe que seja - ele disse por fim, sem entender o que se passava na cabeça daquele ave esquisita.

—Não… aí está, ninguém fez eu posso afirmar, eu acompanho a família a anos e nunca ninguém fez - a ave disse, deixando Severo completamente sem reação e palavras, Shara havia sido a primeira a notar aquilo? - Poseidon queria que a maldição fosse quebrada, ele fez o colar, se trata de magia antiga, poucos acreditam em magia antiga e temos ainda poucas informações - Severo lembrou que Dumbledore havia comentado sobre isso aquela vez - era evidente que existiam pré requisitos a ser atendidos e Shara aparentemente atende todos eles - a ave disse subindo e voando em círculos.

—Pré requisitos? e quais pré requisitos seriam esses? - Severo grunhiu, tentando encontrar novamente uma lógica ali, talvez se envolver em problemas possa ser um deles, ali estava algo que Severo poderia atestar com facilidade.

—Ser filha de uma guardiã obviamente e ser filha do maior e mais habilidoso mestre de poções que já existiu, ela carrega o gene de dois grandes bruxos - a ave disse animada enquanto Severo sentia sua respiração falhar, aquilo não podia ser real, Severo não acreditava em destino, não acreditava em predestinação e não acreditava naquela maldita lenda.

—Voce está errado - Severo cuspiu.

—Não Snape, e você sabe que eu não estou, Shara é habilidosa, não a subestime e principalmente não seja presunçoso eu acabei de elogia-lo…

—Eu não me importo com o que você pensa ou com o que você diz ao meu respeito ave - Severo disse virando as costas, ele estaria voltando para o castelo agora mesmo.

—Snape, voce não respondeu a minha pergunta inicial por que você veio aqui fora? – o pássaro perguntou mais uma vez, voando ao seu lado ao mesmo ritmo dos seus passos.

—Isso definitivamente não é da sua conta – ele respondeu de forma vazia, apressando ainda mais o passos.

— Você esteve com ela na enfermaria, não esteve? – o pássaro fez outra pergunta, ele definitivamente não estava disposto a perder mais do seu tempo discutindo assuntos sem qualquer fundamento com aquele pássaro abusado, optando em ignora-lo, a ave voou a sua frente o forçando a parar, maldita ave - Você não aprendeu nada em todo esse tempo, já que continua sendo o mesmo bruxo teimoso e rabugento de sempre, aquele que foge de conversas difíceis, afinal fugir da realidade é sempre mais fácil e confortável não é mesmo? - Como ousa, aquela ave abusada, Severo estava prestes a sacar sua varinha para ensinar-lhe uma lição, mas já que aquela ave queria conversar sobre algo difícil, Severo iria dar esse gostinho para ele.

—Sabe – Severo se esforçou para não azara-lo, sentindo todo o seu sangue ferver como a muito não sentia, ele estava escolhendo as palavras ali, agora com a imagem da criança completamente vulnerável a sua frente repetindo aqueles insultos sobre si mesma que ainda permanecia bem viva em sua mente - você deseja falar de algo difícil não é mesmo? - ele sorriu com malicia - então certamente não será um problema para você explicar alguns pontos aqui - Severo disse fazendo uma pausa para observar o passaro inquieto a sua frente - se você se importa tanto com aquela criança a ponto de passar por cima do seu maldito orgulho e me abordar depois de todos esses anos, vomitando suas malditas teorias em cima de mim - ele disse tentando encurralo  - se você se importa tanto com ela a ponto de mergulhar naquele lago para batalhar contra uma hidra, como você bem pontuou, eu me pergunto onde você esteve esses anos todos? você deveria estar lá pra ela, deveria PROTEGÊ-LA – Severo gritou a última palavra, ele estava com tanto ódio naquele momento, a ave havia ultrapassado os limites com ele, e aquela criança tinha tantas marcas, e não ele não se referia às marcas que a hidra havia deixado em seus pés, mas marcas muito mais profundas que aquelas – VOCÊ FALHOU com ela – ele disse por fim, e ele percebeu a ave se recolher com aquele comentário, onde estava toda aquela altivez e barulho agora? 

—Eu não pude – a ave disse pesarosamente.

—Não pode? Você não pode? Maeva faleceu e sua única e maldita função era ficar de olho nessa criança, e você não pode – Severo poderia tranquilamente lancar aquele pássaro infernal na lagoa, a hidra agradeceria – me diga o que de tão importante um pássaro velho como você teria para fazer em todos esses anos? ME DIGA – Severo sabia que soava agressivo e de certa forma protetor, mas aquela ave sabia, ela era tão cúmplice e responsável por tudo aquilo que a criança passou, tanto quanto Maeva - SHARA PRECISAVA DE VOCÊ - ele havia dito o nome dela, outra vez, ele precisava se policiar melhor.

—Ela me enfeitiçou, me enfeitiçou na noite que tudo aconteceu, na noite que ela caiu, ela sabia é claro o que ia acontecer com ela e...  Mas ela preparou tudo, eu tenho passado os meses me questionando como eu não percebi o que ela estava tramando, mas eu não fiz… – o pássaro disse com muita dor – fui enfeitiçado para dormir, eu dormi por quase 9 anos Snape – o pássaro disse finalmente, Severo não queria acreditar, ele sentia que havia tanto sobre Maeva que ele não sabia ou conhecia o que Maeva estava pensando? Isso explicava muita coisa é claro, a criança só havia visto o pássaro pela primeira vez dias antes de ingressar em Hogwarts, ele não teria como se esconder por tanto tempo se ele estivesse mesmo lá.

—O que ela estava pensando? – Severo disse mais para si mesmo, sentindo todo o ódio que estava sentindo minutos atrás se transformar em indignação, Maldita Maeva, ela havia planejado aquilo, como ela pode ter sido tão fria? ela deixou a criança sem nenhum recurso, naquele lugar hostil.

—Ela não queria que eu intervisse, obviamente, eu teria feito… - Antony lamentou - Shara tinha um pouco mais que um ano e meio quando eu a vi pela última vez, eu me lembro que ela estava brincando no berço e puxando minhas asas, ela me chamava de “TonTon” – ele disse e havia muita dor naquela fala, o pássaro sentia algum afeto pela criança era evidente – quando acordei no dia seguinte, para minha surpresa eu estava sozinho, numa casa abandonada a anos, havia teias de aranha naquele cômodo que um dia havia sido um quarto de bebe, e havia uma carta, uma despedida, ela sabia que eu a encontraria, a criança no caso, eu posso facilmente você sabe, faz parte de mim, e tinha uma carta para a criança também, fui incumbido de entregá-la, isso faz um pouco mais que dois meses, ela me traiu, me deixou para trás – Severo digeriu cada palavra, ele não tinha nada a dizer agora, o pássaro o havia calado, a ave pareceu entender aquilo e apenas continuou – Ela nunca me contou sobre quem era o pai da criança – aquilo chamou sua atenção, e ele não pode deixar de se voltar para a ave a analisando – mas era óbvio que eu sabia, ela não havia se relacionado com mais ninguém e bem Shara trazia muito das suas características com ela, e não falo apenas da fisionomia se é que me entende - o pássaro disse com um pequeno sorriso - lastimável é claro, a parte da teimosia - ele concluiu.

—Se ela tivesse me informado sobre a gestação eu jamais teria permitido que ela levasse algo assim adiante – Severo se viu dizendo.

—A criança era tudo para ela Snape, ela jamais teria permitido que alguém interviesse nesse sentido, mesmo que esse alguém fosse o próprio paí da criança, ela era obstinada e ela faria sem o seu consenso de qualquer maneira, você sabe – o pássaro estava certo, sim ela faria.

—Foi um erro - Severo disse se lembrando de segurar a mão de Shara mais cedo, tentando acalma-la ele já não tinha mais tanta certeza, havia tanto sobre ela.

—Eu imagino que foi muito fácil para você descobrir a verdade, não é mesmo? – a ave perguntou.

—Eu fiz no primeiro dia – Severo respondeu e a ave esboçou algo como um sorriso.

—Ela sabe? – a ave perguntou curiosa, Severo estreitou o olhar, não e ao que dependesse dele, ela jamais faria.

—Ouça me bem – Severo disse tentando soar o mais assustador e letal possível - eu não tenho nenhuma obrigação com aquela criança, eu não pedi por nada disso você sabe, eu nunca quis ter filhos portanto eu não os tenho, está me entendendo? Dessa forma, não ela não sabe e é assim que as coisas devem continuar, não me faça ter que interferir – ele disse de forma ameaçadora 

—Eu não sou uma preocupação aqui, eu não posso contar de qualquer maneira - a ave disse não se importando em ser ameaçado por ele, isso era diferente e fez Severo arquear as sobrancelhas – o feitiço que Maeva lançou sobre mim tem uma extensão, e portanto eu não consigo falar com Shara, Maeva me silenciou – ele parecia chateado, e Severo por um momento respirou aliviado, ele não confiaria um segredo a aquele pássaro jamais – penso que Maeva não me queria fornecendo respostas para a criança – certamente que Maeva havia pensado em tudo – Você diz não se importar Snape, mas não é o que me parece, você tem um feitiço de rastreamento naquele colar, eu posso sentir a magia você sabe e está aqui fora, você não respondeu minha pergunta, mas voce veio procurar respostas, espero te-las fornecido, embora tenha sido igualmente revelador pra mim.

— Não fantasie sua ave agourenta, eu tenho responsabilidades nessa escola, como professor e chefe de casa, aquela criança é um ímã de problemas e não deveria surpreende-lo o fato de querer checa-la mais de perto – Severo respirou fundo - eu teria feito isso por qualquer outro aluno - ele mentiu, ele jamais se moveria da mesma maneira por qualquer outra criança daquele lugar.

—Tanto faz – a ave disse por fim – de qualquer maneira ela é sua filha, quer você queira ou não – Severo sabia disso, ele sabia desde o momento que havia colocado os olhos naquela criança pela primeira vez, maldita Maeva.

—Não se refira a ela dessa maneira - Severo disse lentamente se envolvendo em sua capa e se virando em direção ao castelo, nada o empediria agora.

—Snape – ele ouviu a ave o chamando mais uma vez, o que mais ela teria a dizer? Ele parou sem se virar, aguardando que ela concluísse – Eu sei que você não costuma sair do castelo, mas a próxima vez que estiver disponível para um passeio noturno, ficarei agradecido se puder me trazer um pouco de uísque – Severo sorriu de canto, deixando a ave sem uma resposta, enquanto ele caminha de volta ao seu destino, as masmorras, aquela seria mais uma noite longa e difícil, mas que diferença faria, nada mais seria igual.

Essa era a terceira vez que Severo acordava no meio daquela noite, ele se sentou assustado, passando as mãos pelo cabelo molhado, enquanto ainda conseguia ouvir o grito da criança que o chamava de pai de forma desesperada, ela estava se afogando naquele lago outra vez, ele tentou alcançá-la, mas sem sucesso, aquela criatura havia conseguido arrastá-la para longe, ele havia falhado. No sonho anterior eles estavam em uma casa, e ele estava olhando para ela que aparentava ter um pouco mais de 6 anos de idade, ela estava brincando distraidamente num balanço na parte externa, algo parecido com aqueles parques infantis trouxas, enquanto aquele trouxa bastardo se aproximava a assustando e a arrastava para dentro daquele lugar lançando inúmeros insultos, os mesmos que ela havia proferido na enfermaria mais cedo, a criança o olhava, mas ele não havia se movido, ele havia falhado outra vez, e ainda havia aquele em que ele estava analisando o colar, ele sabia que era uma poção, e ele sabia que ela dependia disso para quebrar a maldição, mas ele não conseguia desvendar aquilo, ele havia falhado de novo. Ele fechou os olhos com força, chamando por uma poção de sono sem sonhos, por hora isso resolveria o problema, então ele dormiu.

—Mandou me chamar professor - Malfoy disse enquanto entrava na sala de aula, Severo mal havia conseguido almoçar naquele dia, um reflexo da noite mal dormida, aquela turbulência toda havia consumido sua energia e também a sua fome e isso o deixava no seu pior humor.

—Entre e sente-se - ele instruiu enquanto Draco se movia preguiçosamente pela sala, aquela era uma cópia cuspida de Lucius quando tinha a mesma idade - Sr. Malfoy chegou ao meu conhecimento que você tentou subornar Madame Pomfrey, espero que você tenha algo a dizer em sua defesa? - Severo conhecia Draco muito bem, ele havia sido criado para não demonstrar medo e muito menos vulnerabilidade e ali estava aquele garoto de postura intocável, bem a sua frente parecendo procurar uma desculpa adequada, sem esboçar qualquer sinal genuíno de arrependimento.

—Eu apenas estava tentando garantir o meu direito de ter acesso a algumas informações - ele disse e Severo sorriu com malícia.

—O seu direito? - Severo se levantou, notando que Draco havia se remexido um pouco na cadeira, ele estava acuado e isso serviria - talvez eu deva ser um pouco mais específico - ele fez uma pausa antes de continuar - isso pode ser um pouco chocante no início, mas caso não tenha percebido ainda, você não tem direitos especiais aqui Sr. Malfoy e de longe essa seria uma desculpa válida, já que tentar subornar um professor é uma violação grave das regras da escola, além de  ser imoral e inaceitável.

—Potter simplesmente estava lá a manhã toda, como o senhor acha que eu me senti sendo deixado para trás por ele… pelo maldito Potter - Draco disse enfurecido.

—Modos Sr. Malfoy, você sabe muito bem o que eu penso sobre o Sr. Potter mas não tente usar isso ao seu favor e não traga ele para essa conversa, isso não vai funcionar aqui - Severo estava começando a perder a paciência, Draco havia baixado a cabeça - olhos pra cima quando estiver falando comigo, estou muito desapontado com o seu comportamento, e não preciso reforçar o quanto me aborrece tirar pontos da minha própria casa - Draco assentiu.

—Me desculpe professor, eu não sabia que seria tão grave - ele respondeu de forma sorrateira, uma desculpa apenas por conveniência.

—Ignorância também não é uma desculpa aceitável,  Sr. Malfoy como punição, 15 pontos serão debitados da Sonserina, e para complementar você deverá providenciar e me entregar até amanhã a noite um ensaio sobre a importância da integridade acadêmica e da honestidade - Draco saltou da cadeira visivelmente indignado.

— Isso não é justo professor, eu tenho treino de quadribol mais tarde, eu não tenho tempo para esse tipo de coisa - Severo também conhecia o lado mimado de Draco, para saber que ele não aceitaria nenhum tipo correção facilmente, apenas mais uma demonstração do egocentrismo e prepotência que Lucius havia forjado naquele garoto.

—A forma como o Sr. irá gerenciar o seu tempo não é problema meu, se você tem responsabilidades deveria ter se preocupado antes, agora suma da minha frente e vá para a sua próxima aula - Draco lançou um olhar curto, mas não ousou fazer qualquer outro questionamento, Severo o observou caminhar em direção a porta - Ah Sr. Malfoy mais uma coisa - ele se virou para encará-lo - fique longe da Srta. Epson.


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Notas finais do capítulo

Então isso é sobre o potencial que Shara tem, eu sei que até o momento ela parecia apenas uma menininha vulnerável e desamparada, a história dela é mesmo difícil de engolir, mas isso a faz ser mais forte do que parece e vamos ver uma mudança de cenário aqui. E o choque de Snape tendo que encarar que ela tinha todos os pré requisitos sendo que... ela precisava ser dele! Snape sempre foi meu personagem favorito, ele é complexo na trama e ainda mais complexo aqui. Ahhh e parece mesmo que temos um pai um tanto ciumento aqui heim!
No próximo capítulo teremos uma detenção um pouquinho diferente!
Obrigada por acompanhar até aqui :)
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