Destinos Improváveis escrita por Nara


Capítulo 1
Passado - Parte I


Notas iniciais do capítulo

Olá a todos, confesso que essa é minha primeira tentativa com uma fanfic, sou completamente apaixonada pelo universo maravilhoso de HP desde que era criança e li muitas fics por todos esses anos, em destaque aquelas onde Severo Snape era pai ou mentor de Harry Potter, então eu sei que existe muito material rico com esse tipo de abordagem por ai, mas decidi escrever a minha própria história, embora não estejamos falando de Harry aqui, mas sim de Shara, personagem de minha própria autoria, essa garotinha arrebatou meu coração por tantos meses, e muito do que ela diz, pensa ou sente vem de quem eu sou. Severo Snape é um personagem complexo e é tão incrivelmente mágico imaginar como ele seria como Pai, enfim espero que gostem, esse primeiro capitulo é para contextualizar e embasar a história (acreditem tenho muito material pronto).



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/809277/chapter/1

31/10/1981

Em um chalé simples e discreto no condado de Brecon em Gales, Maeva sente os chutes em seu ventre cada vez mais frequentes e fortes, provando que aqueles eram de fato os últimos dias da sua gestação, ela acaricia a barriga como de costume e toma mais um longo gole do seu chá de ervas. Sentada em frente a lareira enquanto observa com atenção pela janela encantada da sua sala de estar, as crianças da vila correndo lá fora, com suas fantasias extravagantes, batendo de porta em porta em busca de mais algumas guloseimas. Era dia de Halloween e nem o frio típico da estação foi capaz de desencorajar essa busca e tirar o sorriso no rosto e as gargalhadas altas dos pequenos aventureiros.

Sem perceber uma lágrima tímida escapa e escorre pela sua face, perdida em lembranças da sua própria infância e na simples compreensão de que talvez nem ela e nem o bebe que está carregando consigo pudessem viver de forma tão descontraída para experimentar experiências tão corriqueiras como aquelas, fez com que mais lagrimas viessem à tona.

Maeva estava mais sensível nessas últimas semanas, era notável, e as lembranças cada dia mais vivas e constantes. Embora já fizessem alguns meses desde a sua fuga silenciosa de Londres, Maeva não tinha como simplesmente ignorar os pensamentos que a acometiam nos momentos vazios do seu dia, eram quase como visões felizes de uma vida longe e totalmente fora do seu alcance, misturadas a realidade que estava imersa no momento. Quem sabe se não houvesse uma guerra em pleno andamento lá fora, onde nem ela e nem o bebe em seu ventre pudessem se tornar o alvo de um louco lunático numa perseguição sem sentido a essa altura da gestação, sua casa já estaria repleta de presentes a maior parte deles direcionados ao bebe, de amigos próximos e de inúmeras trocas de conselhos entre as mamães mais experientes, além de flores, muitos arranjos desejando as boas-vindas, clássico costume bruxo dentro das famílias mais tradicionais.

Claro que partir não havia sido uma decisão fácil, mas Maeva sabia que a única esperança de proteção e segurança para ela e para o bebê, era manter essa gestação em completo sigilo e em algum lugar em que ela não pudesse ser facilmente encontrada, então em uma noite chuvosa do mês de março, sem aviso prévio, ela partiu. Para todos com quem ela conviveu e que a amavam Maeva simplesmente desapareceu como um sonho, porém para a única pessoa que conseguiu alcançar o seu coração, ela deixou um pequeno bilhete escrito a mão, na mesa de centro encoberto com um feitiço "Querido S.S, tive que partir, por favor não me procure mais, sinto muito. Com amor M.L" e assim Maeva partiu para sempre, deixando um amor impossível de uma vida de ilusão para trás.

Quando criança Maeva nunca teve qualquer dúvida quanto a sua ancestralidade, bem pelo contrário ela se considerava abençoada por pertencer a única família bruxa do mundo onde as nascidas do sexo feminino eram marcadas e predestinadas a se tornarem guardiãs de um dos elementos mais mágicos da natureza, Maeva carregava a marca, a mesma marca que a sua mãe e sua avó e todas as mulheres do seu passado também tiveram o privilégio de carregar, o símbolo discreto da água, quase como uma tatuagem permanente na pele, a marca estava registrada entre sua nuca e a parte central das suas costas, cada guardiã, levava a marca em um lugar diferente, mas a marca era

Maeva foi educada em casa, pelos melhores professores bruxos de sua época, ela aprendeu sobre tudo e era muito esperta, foi treinada para a batalha, era poderosa e dominava feitiços que poucos conheciam e desde muito nova ela aprendeu diversas formas de controlar o seu poder, Maeva era forte, curiosa e perspicaz, e um dia ela ouviu seu padrasto sussurrando algo sobre a lenda para um bruxo desconhecido, mas ela não havia aprendido nada sobre a lenda, e se surpreendeu ao entender que a lenda era sobre as mulheres da sua família.

Não foi fácil, mas Maeva procurou tudo que podia sobre a lenda e assim ela estudou e se aprofundou sobre cada detalhe dela, inclusive a sua origem, a lenda dizia que afortunado seria o bruxo ou bruxa que obtivesse em batalha o sangue da portadora mais jovem da marca, extraído de sua refém ainda viva, em um ritual ao ar livre, em uma vertente de água pura e corrente, durante uma noite de luar, o sangue retirado deveria ser imediatamente misturado a uma poção habilidosamente preparada e conhecida como sonho dos perpétuos, a recompensa de quem bebesse a mistura seria a imortalidade. E foi a partir de então que a benção se transformou na sua maldição, seu padrasto havia mudado, estava cada dia mais frio e distante.

Maeva tinha uma sensibilidade aguçada, ela podia sentir sua marca doer toda vez que alguma ameaça estava se aproximando. Na noite em que sua mãe partiu, Maeva sentiu pela primeira vez e teve medo, ela se escondeu em seu quarto e quase não dormiu, ela não poderia imaginar o que iria acontecer, e somente no despertar do próximo dia, quando a notícia da morte prematura da sua mãe se espalhou que Maeva passou a entender com mais clareza os sinais. E dessa forma aos 16 anos de idade Maeva se tornou a última bruxa da sua linhagem, a carregar uma dádiva e também a sua destruição.

Ao mesmo tempo em que enfrentava o luto da perda recente de sua mãe, Maeva estava sendo transferida pelo seu padrasto para finalizar seus últimos dois anos de estudos em uma escola bruxa da Gra Bretanha, ele não havia estudado a lenda, não como ela, e essa foi a sua sorte, então Maeva se mudou em uma época em que um bruxo denominado das trevas estava em plena ascensão, e recrutava cada dia, novos membros para a sua seita, onde ele os conquistava primeiro através do medo e depois os prendia em um discurso que apresentava uma nova ideologia de classes e poderes. Maeva não se enquadrava nesse discurso, não se enquadrava nessa nova realidade e não se enquadrava na casa para a qual foi selecionada a representar na sua nova escola, a Sonserina.

Distraída em lembranças, Maeva retoma a sua realidade ao ouvir as bicadas frenéticas no vidro, era da águia branca que estava esperando do lado de fora da sua sala de jantar, ela abre com cuidado a janela e se dá conta de que já havia anoitecido lá fora. Quanto tempo havia passado? Divagar em lembranças era um hábito bastante comum agora, principalmente depois de tanto tempo sozinha, quer dizer, quase sozinha, pois sempre havia o Antony, a ave. Antony era da família, um presente que acompanhava todas as guardiãs durante séculos, e passava de mãe pra filha assim que a menina atingisse a maior idade ou antes caso a mãe morresse prematuramente, como no caso da mãe de Maeva.

—Antony… Ei você demorou dessa vez, está frio aí fora e eu estava começando a ficar preocupada, trouxe alguma novidade da guerra pra mim?

— Mestra Maeva, peço desculpas pela demora, mas demorei por que precisei averiguar pessoalmente os boatos.

— De qual boatos você se refere? Antony não faça suspense…

— Bem, de fato é o que dizem, que o Lord das trevas foi derrotado, ele está morto e o mundo bruxo está eufórico nesse momento, provavelmente será a manchete do profeta diário pelos próximos dias.

— Derrotado? Morto? Antony nós dois sabemos que não é tão simples assim e até ontem você mesmo me disse que ele estava ganhando cada vez mais espaço dentro do próprio ministério não tem como ele simplesmente ter sido derrotado de um dia pro outro. Tem certeza de que não se trata de algum tipo de truque? - Andando inquieto pela sala, Antony suspira.

— Eu fui verificar… e é tudo sobre uma profecia e um garotinho bruxo que estava predestinado a derrota-lo. Convencido hoje ele foi atrás da família e matou os pais do menino primeiro, mas algo sem explicação aconteceu, a maldição da morte ricocheteou de volta, o menino milagrosamente sobreviveu dentro do seu berço com apenas uma cicatriz na testa enquanto o lord das trevas desapareceu.

— Antony, isso é absurdo, desde quando o Lord das trevas dá ouvidos a profecias, qualquer bruxo com pouca experiente pode questionar a natureza de uma profecia, quem dirá ele… isso não faz sentido algum, ei espere… você disse que ele matou os pais do bebê?

— Sim, de fato. Ele matou mas ele morreu, foi um sacrifício… todos estão comemorando e bem… deveríamos…

— Não! Não… Como podem comemorar isso?

— Sinto muito mestra Maeve, sei que é algo difícil de se ouvir, principalmente em seu atual estado, eu sei que a maternidade traz mudanças… mas…

— Não Antony, pare… não é por que serei mãe em alguns dias que ouvir isso me deixa mal ou triste, mas qualquer pessoa que tenha um pouco de empatia, deveria se colocar no lugar dessa família, não existe motivo para comemoração, como vai ser a vida dessa criança? Vai crescer sem os pais, nenhuma criança deveria passar por isso, você entende!? Isso é triste e não feliz.

— Mais uma vez peço perdão mestra Maeva, você está certa, estou a tantos séculos em sua família e as ameaças sempre foram tão vivas e presentes que quando uma delas parece ser eliminada, eu me vejo comemorando como todos os outros, sem sequer pensar nos envolvidos ou nas consequências do ocorrido.

— Tudo bem Antony, não te julgo por isso, você tem sido fiel a minha família durante todo esse tempo, e tem sido um excelente amigo também, mas por favor pare de me chamar de mestra, pela milésima vez, você não é um elfo doméstico ok?- Agora me conte Antony, como você foi averiguar? você descobriu quem são os pais dessa criança?

— Sim, são da família Potter… - Oque? Não é possível, ele estava dizendo que Lilian e Thiago Potter estavam mortos?!

— Você tem certeza disso Antony?

— Sim, tenho certeza. Eu voei sobre o local… e bem, ele também estava lá mais cedo

— Ele quem Antony?

— Severo, aquele asqueroso, aquele… - Severo, como poderia ter algo a ver com isso? Ele e Lilian foram amigos mas fazia muito tempo, ele tinha dito que haviam rompido a amizade e nunca mais retomado e sem falar que Severo odiava Thiago desde a época da escola, Thiago sempre foi do perfil valentão, liderando aquela gangue denominada Marotos, aqueles meninos eram realmente terríveis, o que ele estaria fazendo na casa dos Potter essa noite? Se bem que ele é um comensal da morte, um dos melhores, talvez estivesse procurando vestígios e informações do seu mestre… espere isso não é bom.

— Antony ele te viu? Você deixou ele te ver? Antony… - ela estava visivelmente transtornada, isso colocaria um fim no seu plano cuidadosamente planejado.

— Não, mestra Maeva pode se acalmar, garanto que ninguém me viu.

— Ok Antony, precisamos ter muito cuidado. Agradeço as informações, agora venha preparei uma tigela com os cereais que você gosta, e um copo de leite morno, vamos descansar afinal amanhã quando acordamos todos estarão falando sobre isso, e esse menino Potter terá seu nome em destaque, tão pequeno e tão miseravelmente famoso.

— mestra Maeva? - Ok Maeva paciência, ele não vai mudar, ele não mudou até hoje, Suspirando… ela o olhou cruzando os braços, sinalizando para que ele falasse logo de uma vez.

— Sou uma ave de milhares de anos, se me permitir, hoje eu gostaria de trocar o leite morno, por uma dose de whisky!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Destinos Improváveis" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.