Doce e Marrento escrita por llRize San


Capítulo 60
Mistérios




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Quando chegaram à clínica, Jin procurou pelo suposto médico e informou à recepcionista que também era médico, solicitando uma breve conversa com o doutor. A recepcionista prontamente ligou para o médico.

— Qual o seu nome? — Ela estava com o telefone na mão, o Doutor aguardando do outro lado da linha.

— Kim Seokjin.

Assim que a recepcionista mencionou o nome de Jin ao médico, este imediatamente autorizou que eles subissem para sua sala.

— Olá, entrem, fiquem a vontade — Disse o médico com um sorriso simpático quando eles apareceram na porta — Você é mesmo o Jin? É um prazer conhecê-lo. Seu pai é um dos médicos mais famosos do mundo. Meu sonho é trabalhar com ele... Mas então, a que devo a honra de sua presença?

— Vou direto ao ponto e sem rodeios, sabemos que anda falsificando exames.

O médico se levantou abruptamente, sua expressão mudou em segundos, trocando o sorriso por uma carranca de medo e ódio.

— Como ousa me acusar dessa forma?

— Não estamos te acusando sem base, temos provas. Acho que você precisará de um bom advogado, Doutor — Jin deu ênfase no doutor.

— Peço que se retirem da minha sala.

Jin levantou-se com um sorriso descontraído no rosto.

— Aproveite enquanto pode o dinheiro que Kai te pagou, porque na cadeia esse dinheiro será inútil, Doutor — Jin saiu do consultório e Namjoon o seguiu. O médico ficou em sua sala, atrás de sua mesa, claramente apavorado com aquela acusação. 

— E agora Jin? O que fazemos? — Perguntou Namjoon. 

— Agora? Nós iremos na polícia.

...

Naquela noite, Jungkook e Jimin se beijavam embaixo dos lençóis, ainda aproveitando a "lua de mel" em Jeju. Já era para eles terem ido embora, mas perderam o voo e marcaram outro para o dia seguinte. Isso fez Jisoo surtar, pois teria que faltar na faculdade e passar o dia inteiro na casa de Hoseok, algo que Hoseok também não gostou muito, já que a moça era bagunceira e folgada.

Jungkook levantou-se para apreciar a bela vista do mar, Jimin o acompanhou com o olhar. 

— Amanhã vai fazer dez anos que minha mãe morreu — Jungkook olhou triste para o horizonte azulado e Jimin o abraçou.

— Quer falar sobre ela? Como ela era?

Jungkook sorriu com felicidade ao se lembrar de sua mãe.

— Ela era linda, a mulher mais linda do mundo. Ainda lembro do cheiro dela e da voz carinhosa me chamando. Sinto tanto a falta dela — Jungkook suspirou com tristeza — Odeio o meu pai.

Jimin ficou confuso. Sabia que o pai de Jungkook era uma pessoa perigosa, mas não conseguia imaginar que ele tivesse alguma relação com a morte da mãe de Jungkook.

— Minha mãe estava grávida quando morreu — A voz de Jungkook começou a falhar, tentou conter as lágrimas.

— Kookie, se não quiser falar sobre isso, está tudo bem — Jimin deu um beijo em seu ombro.

— Quero te contar, agora você é a minha família.

— Estou te ouvindo, meu amor — Jimin abraçou sua cintura. 

— Meu pai nunca foi uma boa pessoa, tratava minha mãe muito mal. As agressões físicas e verbais eram constantes, ela aguentou isso por muito tempo, pois tinha medo dele. Eu me odeio por não ter protegido ela, mas na época eu era apenas uma criança, o que eu poderia fazer? — Uma lágrima caiu de seus olhos — Minha mãe já não andava muito bem, não queria mais comer e nem sair de casa. Eu não via mais o sorriso dela, tentei de tudo para animá-la, mas parecia que ela já tinha desistido da vida, foi então que meu pai a violentou, uma semana depois ela descobriu que estava grávida, o que só piorou a situação, mas ela resolveu tentar continuar. Por uma ironia do destino, em uma de suas consultas, ela acabou vendo meu pai do outro lado da rua beijando uma outra mulher. Meu pai a traía constantemente, mas ela não sabia. Então, naquele dia ela... — As lágrimas caiam dos olhos dele como uma torrente — ela se jogou da ponte — O choro que Jungkook tanto segurou, agora preenchia o ambiente. Jimin o apertou no abraço, queria consolá-lo de alguma forma — Meu pai teve a coragem de fingir tristeza no enterro dela, eu nunca vou esquecer isso.

Jimin ficou de frente para Jungkook, ergueu os pés e beijou sua testa com ternura. Em seguida, puxou-o para a cama e sentou-se encostado na cabeceira, sorrindo para Jungkook e o chamando com a mão.

— Kookie, hoje você é o bebê. Vem, deita no meu colo, quero fazer carinho no seu cabelo, como você faz em mim quando estou triste. Isso faz eu me sentir seguro e feliz, quero que se sinta assim também.

Jungkook sentou-se na cama e deitou a cabeça no colo de Jimin. Apenas ver aquele sorriso parecia encher seu coração de paz.

...

Já era noite de segunda-feira, e Yoongi queria voltar para casa. Ele já tinha faltado na faculdade e no trabalho.

— Tae, preciso ir pra casa. Além das minhas tarefas que preciso resolver, acho que eu só te dei trabalho.

— Não é um trabalho cuidar de você, é um prazer... E como você está se sentindo?

— Ficarei bem. O importante é ficarmos juntos e não permitir que mais nada nos separe.

Taehyung o abraçou.

— Isso mesmo meu anjinho, estou com você e nunca mais vou te abandonar.

Yoongi enchendo seu rosto de beijos.

— Tae, eu vou pra casa agora, está bem?

— Tá bom — Disse com tristeza.

— Ei, amanhã nos veremos no trabalho, eu fico o dia todo com você e ainda nos vemos na faculdade.

— Mas eu queria dormir com você.

Yoongi fez carinho em seus cabelos.

— Fim de semana dormiremos juntinhos.

— Está bem... então deixe eu pelo menos te levar pra casa.

Yoongi assentiu e Taehyung o levou até sua casa. Chegando na porta, Yoongi ficou apreensivo e em alerta.

— Tae, a porta foi arrombada — Sussurrou.

Taehyung tomou a frente, abriu a porta lentamente e acendeu a luz.

O pequeno apartamento de Yoongi estava revirado, embora não fosse exatamente um modelo de organização, era óbvio que alguém o tinha invadido em busca de algo.

— Yoongi, fique aqui — Sussurrou.

Taehyung entrou na casa, examinando cuidadosamente o ambiente e mantendo-se alerta a qualquer movimento suspeito. Yoongi, “seguindo” as instruções de seu namorado, entrou logo atrás, pegou seu taco de beisebol que estava jogado no chão e avançou silenciosamente, mantendo passos cautelosos atrás de Taehyung.

— O que você está fazendo aqui? — Sussurrou Taehyung — Fica na porta, é perigoso.

— Eu to com a Lucille e sei usá-la, não se preocupe.

Taehyung balançou a cabeça, cerrando os olhos enquanto observava o pequeno ser humano corajoso parado diante dele.

— Ok, mas fique atrás de mim.

Vasculharam tudo, mas não havia ninguém no apartamento, além deles. 

— Está tudo limpo por aqui — Disse Taehyung abraçando o pequeno, armado e perigoso Yoongi.

— Quem iria querer invadir minha casa? Iriam roubar o que? Eu vivo liso — Yoongi riu.

Taehyung o olhou sério.

— Yoon, não é hora de rir, isso me deixou muito preocupado, não sabemos a intenção da pessoa.

Yoongi olhou em volta, vasculhou a bagunça, todas as coisas que poderiam ser de valor estavam ali.

— O estranho é que não levaram nada.

— Nada?

Yoongi olhou para a gaveta de seu criado mudo que estava aberta e mexeu nela para ver se faltava alguma coisa. 

— Estranho...

— O que é estranho, Yoon?

— Eu deixo guardado alguns itens de colecionador nessa gaveta, nada demais, mas está faltando algo.

— E o que seria?

— Um presente que o Jimin me deu a algum tempo atrás, é só uma chave de colecionador.

— Uma chave?

— Sim, uma chave, uma réplica de um dos itens mágicos do jogo World of Amicitia... Mas é só um item de colecionador. Por que alguém ia querer aquilo? Não tem valor em dinheiro, apenas valor emocional por ser um presente do Jimin.

Taehyung colocou a mão no queixo, desconfiado. 

— E onde Jimin achou isso?

— Não sei direito, ele disse que comprou de uma senhora idosa na rua, ele lembrou que já tinha visto essa chave no meu jogo e comprou, e realmente é a mesma chave.

Taehyung arqueou as sobrancelhas.

— Seja como for, você vai pra minha casa.

— Tae, eu fico aqui, só vou dar uma arrumadinha.

— Yoon, eu não estou pedindo. Sua segurança vem em primeiro lugar, vai que esses loucos voltem. Você vai pra minha casa nem que eu tenha que te sequestrar.

— Está bem, eu vou... Mas e a minha casa?

— Vamos chamar a polícia, eles podem investigar e ver quem foram os filhos da puta que ousou entrar aqui.

Taehyung pegou o celular e ligou para o Delegado Felix. Em cerca de quarenta minutos, Felix apareceu à porta, chegando o mais rápido que pôde, uma vez que conhecia o pai de Taehyung e era um amigo da família.

— Vocês estão bem? — Perguntou Felix.

— Sim, estamos — Respondeu Yoongi.

— Ótimo! Bom, primeiro vamos procurar minuciosamente qualquer digital ou fio de cabelo, saberemos quem entrou nessa casa, não se preocupem.

— Confiamos em você, Delegado Felix — Yoongi fez uma reverencia.

Alguns policiais entraram na casa de Yoongi e vasculharam tudo, procurando por qualquer coisa que pudesse indicar quem era o suspeito.

— Encontrei algo! — Um policial levantou a mão para que o Delegado Felix pudesse ir até lá.

— O que encontrou? — Felix examinava o saquinho enquanto o jovem policial, usando luvas brancas e uma pinça, colocava fios de cabelos dentro do envelope de plástico.

— Fios de cabelos! Alguns são castanhos, mas olhem esses — O rapaz pegou os fios com a pinça.

— Brancos? São fios de cabelos brancos? — Perguntou Yoongi, surpreso — Será que algum velhinho invadiu a minha casa?

— Só saberemos depois que sair os resultados — Respondeu Felix.

— Isso vai demorar muito? — Perguntou Taehyung.

— Não se preocupe Tae, até amanhã lhe entrego os resultados. Enquanto isso, podem ir descansar, assumimos daqui.

— Muito obrigado, Delegado Felix

— Só estou fazendo meu trabalho, agora vão, descansem. Leve Yoongi com você, pelo menos até pegarmos o invasor.

— Ouviu o que o delegado disse? Agora você vai ter que morar comigo — Taehyung tentou segurar a vontade de comemorar, de certa forma agradeceu os invasores.

— Tae, não vou morar com você, eu tenho minha casa. Isso vai ser temporário até pegarem o invasor.

— Já é um bom começo — Taehyung sorriu.

...

Logo pela manhã, foram à delegacia saber se os resultados já haviam saído.

— Felix, o que deu nos resultados? — Perguntou Taehyung, apreensivo. 

— Isso que é estranho.

— Por que?

— Os resultados não deram nada.

— Como assim nada? E os fios de cabelos? De quem eram?

— Tae, os fios de cabelos eram de vocês mesmos.

— Nossos?

— Sim, o DNA encontrado era seu e de Yoongi. Inclusive todas as digitais. 

— Tá dizendo que nós mesmos invadimos o apartamento de Yoongi? Isso não faz o menor sentido. 

— É isso o que estamos averiguando e procurando por mais provas, já que a câmera de segurança do corredor não está funcionando, nem mesmo a da recepção. Isso deixa tudo ainda mais complicado. É um verdadeiro mistério.  

— Mas e os fios brancos? — Perguntou Yoongi — De quem era? 

— Os fios brancos eram seus.

— Meus? — Yoongi fechou o cenho — Meu Deus, eu já tô ficando velho? 

— Pode parecer surreal, mas esses fios eram seus mesmo. Aqui estão os resultados, caso queiram dar uma olhada depois. 

Yoongi mexeu nos cabelos, preocupado.

— Tae, tem algum fio branco no meu cabelo?

— Yoon, não se preocupe com isso, você é lindo de qualquer jeito, com o cabelo de qualquer cor.

— Mesmo assim, vamos passar na farmácia pra comprar uma tinta de cabelo.

— Tae, já ia me esquecendo — Disse Felix — Vocês fizeram um bom trabalho no banheiro.

— Como assim?

— Encontramos… — Felix fez uma pausa e deu uma risadinha — vou dizer de um jeito bem vulgar porque somos amigos de longa data, mas encontramos “porra” dos dois no chão. Pegamos o material para verificar de quem era, mas como era de vocês mesmos descartamos a relevância como uma prova. 

Taehyung e Yoongi se encararam perplexos, pois nunca transaram ali, já que na maioria das vezes ficavam na casa de Taehyung, um mistério que talvez nunca iriam entender.

...

Ha Ni corria desesperadamente, com um véu na cabeça e óculos escuros, tentando a todo custo não ser vista pela polícia. Seu nome já estava estampado no noticiário devido ao médico que falsificava documentos, o qual já estava preso. Ha Ni havia recebido uma intimação, mas como não compareceu, agora estava sendo considerada uma foragida da justiça.

Sua esperança era Kai, só ele poderia livrá-la daquela situação. Conseguiu se encontrar com ele em um terreno baldio, suas pernas tremiam tamanho era o seu desespero.

— Kai, preciso de ajuda, preciso sair do país, não posso ir presa — Disse aos prantos.

Kai não saiu do carro, estava no banco do passageiro e apenas abriu um pouco a janela, a olhou e riu.

— E por que eu deveria ajudá-la?

— Eu fiz tudo o que você mandou, deveria me ajudar sim, a polícia me persegue e a culpa é sua e do seu péssimo plano.

— Você aceitou, mas é uma péssima atriz, por isso falhou. Fiz a minha parte, e não adianta abrir a boca pra polícia sobre mim porque você não tem provas, fui cuidadoso para não ser pego. Só lamento Ha Ni, desejo uma boa estadia no presídio feminino, dizem que é um lugar de muitos aprendizados. 

— Você não pode fazer isso...

Kai fez um sinal para o motorista dar a partida.

— KAI! VOCÊ NÃO PODE FAZER ISSO! KAI!

Kai foi embora, deixando Ha Ni desesperada e aos gritos ensandecidos. 

Ela se ajoelhou no chão, chorando amargamente. Sua vida estava arruinada, e ela se sentia completamente sozinha. Percebeu que havia perdido um homem bom que sempre a tratara bem. Chamou pelo nome de Namjoon em desespero, desejando poder voltar no tempo e desfazer tudo o que tinha feito, mas sabia que era tarde demais. Agora estava colhendo as consequências de seus atos, ao som das sirenes dos carros da polícia se aproximando. Kai havia feito uma ligação anônima, revelando o paradeiro da foragida. Ha Ni tentou se esconder, mas foi em vão. A justiça estava finalmente alcançando-a.

— Parada! Você está sendo presa! Tem o direito de permanecer calada, tem o direito a um telefonema e a um advogado. O que disser a partir de agora poderá ser usado contra você.

A tentativa de fuga de Ha Ni apenas agravou sua situação. Ela foi acusada de falsificação de documentos e estelionato. Como resultado, passaria os próximos anos de sua vida em uma prisão feminina.


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Notas finais do capítulo

Acabou pra você, querida :)

O que andaram fazendo no banheiro de Yoongi? E quem será que invadiu a casa dele? Mistério.

Obs:
Essa fic faz cruzamento com uma outra fic minha que em breve postarei aqui e responderá todas as pontas soltas :)



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