Doce e Marrento escrita por llRize San


Capítulo 45
O inventor da maçã




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Com seus olhos atentos a cada pessoa que circulava o local, Hoseok olhava em volta, procurando por Jin no restaurante em que haviam marcado de se encontrarem para almoçar.  

— Jin, onde você tá? 

— Estou terminando um procedimento, houve um imprevisto mas já estou saindo. Me espere uma horinha por favor, vá ao shopping dar um passeio ou leia um livro pra passar o tempo. Eu já chego.

Hoseok revirou os olhos, irritado com a previsível demora de Jin. Ele sabia que seu amigo sempre levava mais tempo do que prometia. Em vez de ir ao shopping, Hoseok decidiu passar o tempo olhando as vitrines de uma movimentada rua no centro da cidade, próxima ao restaurante onde se encontrariam. Seus olhos se fixaram em um reluzente notebook gamer e imediatamente seu coração se encheu de empolgação. Ele imaginou que seria o presente perfeito para Yoongi, cujo aniversário estava se aproximando. A ideia de ver o rosto dele iluminado com a surpresa o motivou ainda mais.

Ao se mover para entrar na loja, Hoseok foi abruptamente colidido por alguém. Por um momento, quase perdeu o equilíbrio, mas conseguiu se recuperar a tempo. Seus olhos se encontraram com os do desconhecido por alguns breves segundos antes que ele saísse correndo, perseguido por cinco homens vestidos de preto. Hoseok ficou confuso com a situação, mas sua desconfiança aumentou ao tatear os bolsos e perceber que sua carteira havia desaparecido. Com os olhos arregalados e o coração acelerado, ele não hesitou em correr atrás do suposto ladrão, convicto de que era ele o responsável pelo roubo. Determinado, Hoseok pegou um atalho, visualizando mentalmente onde o indivíduo poderia se esconder. Ao chegar a um beco, avistou uma cabeça escondida atrás de algumas caçambas de lixo, e com cautela, se aproximou do local.

— Acho que você está com algo que é meu — Hoseok surpreendeu o rapaz que levou um susto e caiu para trás. Estava pegando o dinheiro na carteira de Hoseok.

— E-eu ia devolver...

— Levante-se! — Hoseok ordenou.

Ele se levantou de forma desajeitada, revelando um semblante intrigante. Hoseok o observou atentamente, surpreendido com a beleza daquele suposto ladrão. Uma touca ocultava seus cabelos, tornando impossível ver sua aparência completa. Um par de óculos de armação grossa adornava seu rosto pequeno e delicado. Suas roupas, excessivamente largas, deixavam evidente que não pertenciam a ele.

— Meu Deus! Você tem quantos anos? É tão pequeno que parece uma criança.

O rapaz pensou por alguns segundos.

— Tenho... Dezesseis — Mentiu.

Hoseok o examinou.

— Dezesseis? Por isso sua voz é... estranha?

O rapaz riu sem graça e limpou a garganta. 

— É... estou em fase de crescimento, minha voz ainda não engrossou.

— O que você roubou para aqueles homens estarem te perseguindo?

O rapaz pensou novamente

— Bolinhos... — Mentiu novamente.

— Bolinhos? — Hoseok achou estranho cinco homens usando roupas sociais pretas perseguindo um garoto apenas por roubar bolinhos. 

— Eu estava morrendo de fome — Ele tentou comover Hoseok com seu olhar triste.

— Por isso roubou minha carteira?

— Sim, eu ia comprar um lanche. Me desculpe.

— Como é o seu nome?

O rapaz pensou por alguns segundos para inventar um nome falso, bom o suficiente para não levantar suspeitas, um nome comum e extremamente dentro da normalidade.

— Meu nome é... Steve.

— Steve?

— Sim, Steve.

— Só Steve?

— Jobs… Steve Jobs. 

— Seu nome é Steve Jobs? — Hoseok cruzou os braços e arqueou as sobrancelhas.

— Aparentemente minha mãe era fã dele — O rapaz forçou um sorriso. 

— Tudo bem, Steve — Hoseok deu de ombros, no fim acreditando no que o pequeno rapaz havia dito — Venha, vou comprar alguns bolinhos pra você.

— Não precisa. Eu já vou indo, se aqueles homens me achar, estou perdido.

— Você só roubou alguns bolinhos, isso não é nada grave. Qualquer coisa eu pago pelos bolinhos. A não ser que você tenha matado alguém e seja um foragido e aqueles caras na verdade sejam da Interpol ou da CIA.

— Olha o meu tamanho, como eu conseguiria matar alguém? — Ele tentou fingir inocência.

Hoseok o examinou novamente. De fato ele não tinha porte físico de alguém perigoso ou violento. Na verdade ele aparentava ser alguém frágil e delicado. 

— Tudo bem Steve, vamos comer algo. Não quero te ver por aí roubando mais ninguém.

Steve olhava em volta, apreensivo, preocupado que aqueles homens o achasse novamente, por isso andava com a cabeça baixa, para não ser reconhecido. Hoseok colocou a mão em seu ombro, tentando tranquilizá-lo. 

— Hei, não precisa ficar com medo, ninguém vai te fazer mal, você não fez nada demais, só estava com fome.

— Tem razão, não tem porque eu ter medo — Seus lábios se curvaram em um sorriso constrangido — Prometo que não farei mais isso.

— E onde estão seus pais? Você não deveria estar na escola?

— Pra falar a verdade... Eu estava tentando fugir de casa.

Hoseok arregalou os olhos.

— Fugindo? Por que?

— Odeio meu pai. Quero ser livre pra viver minha própria vida.

— Ele te fez algo ruim? Posso te levar a uma assistente social se for necessário. 

— Não, não nesse sentido, ele nunca tocou em mim, mas... ele está acabando com a minha vida.

Steve olhou para o chão, estava triste. Hoseok se comoveu.

— Steve, você não tem mais alguém da sua família que possa ajudá-lo?

— Não, somos só eu e meus pais.

— E a sua mãe?

— Não posso contar com ela... Não quero falar sobre isso — Ele se encolheu. 

— Me desculpe, queria ajudá-lo de alguma forma.

— Me deixe ir embora, isso já me ajudaria muito. 

— Coma algo primeiro. Querendo ou não você deve estar com fome depois de ter corrido tanto por aí. 

O estômago de Steve roncou e ele deu um sorriso constrangido. 

— Está bem, vou comer algo antes de ir… mas, me diga, como você se chama?

— Hoseok, Jung Hoseok.

— Obrigado pela ajuda Hoseok.

— Não precisa me agradecer. Gosto de ajudar as pessoas. Só não roube mais e estude bastante.

Steve assentiu.

Hoseok conduziu-os até uma padaria e logo se deliciaram com a visão dos cupcakes tentadores e o aroma irresistível do café fresco. Com um sorriso no rosto, ele selecionou cuidadosamente os cupcakes mais apetitosos e pediu um café quente para acompanhar. Sentaram-se em uma aconchegante mesinha, prontos para saborear aquelas delícias.

— O que você quer beber? — Perguntou Hoseok. 

— Vodka.

Hoseok franziu o cenho.

— Brincadeira, pode ser um café também.

Hoseok fez um sinal e pediu para a moça trazer mais um café. 

— Steve, você não ficou com medo daqueles homens?

— Não, por que eu ficaria? Só fugi porque eram cinco contra um. Porém, apesar de eu ser forte e conseguir nocautear uns dois ou três, sei quando não tenho chance, por isso eu fugi. 

— Você? Nocautear dois ou três? — Hoseok riu — Já viu o seu tamanho?

— Pois é, eu sei que sou pequeno, e até uso isso como um elemento surpresa para o inimigo me subestimar. Então é só saber o ponto certo onde bater para derrubá-lo — Steve fingiu dar um golpe no ar, Hoseok achou aquilo adorável, Steve era um garoto fofo.

— E por que você não me nocauteou quando te surpreendi?

— Porque sou um exterminador de pessoas más, e você é uma pessoa boa. Eu jamais iria bater em alguém indefeso.

— Indefeso? Eu?

— Sim, se eu quisesse te derrubaria em segundos.

Hoseok riu, era impossível sentir perigo vindo daquele jeito meigo e cativante do rapaz que tinha acabado de conhecer. 

— Claro que sim, me deu até medo. De certa forma você me lembra alguém.

— Essa pessoa deve ser legal, você gosta dela?

— Eu amo ele... Doce e marrento, assim como você. Parece ser fofo mas dá medo às vezes — Hoseok riu ao se lembrar de Yoongi — Então Steve, o que seu pai fez de tão grave pra você querer fugir? Quer me contar? 

— Ele está me obrigando a fazer algo que eu não quero.

— E a solução é fugir?

— Não, mas eu não sei mais o que fazer.

— Você vai achar uma resposta, não se preocupe.

— Assim espero.

— Bom, precisamos ir. Tenho que me encontrar com um amigo.

— Me empresta o seu celular?

Hoseok entregou o celular sem entender muito bem o porquê. Mas Steve só queria salvar seu número nos contatos. 

— Esse é meu número caso queira conversar algum dia desses.

Hoseok examinou seu novo contato salvo como “Steve – O exterminador”, e deu risada. 

— Ok exterminador, pra onde vai agora?

— Me esconder na casa de um amigo por um tempo.

Hoseok sentiu uma certa empatia pelo rapaz.

— Fico triste por não poder te ajudar, não sei porque mas simpatizei com você. Espero realmente que possa resolver essas questões.

— Eu também, meu caro Hoseok, eu também. 

Saíram da padaria e decidiram tomar um atalho pelo beco, cada um seguiria seu caminho: Hoseok em direção ao restaurante e Steve em direção ao metrô. À medida que se aproximavam da saída do beco, avistaram os homens que estavam perseguindo Steve do outro lado da rua, completamente alheios à presença dele. Percebendo o perigo iminente, Steve pressionou Hoseok contra a parede, e usou seu corpo como escudo para se esconder dos homens que o perseguia.

— Me desculpe por isso, Hoseok — Disse Steve erguendo os pés e envolvendo os braços em volta do pescoço de Hoseok, o puxando para perto e selando seus lábios em um beijo. O objetivo de Steve era despistar os homens, pois eles achariam se tratar apenas de um casal qualquer se beijando no beco. Hoseok tentou sair, mas Steve o prendeu e continuou o beijando.

— Só entre no personagem — Steve sussurrou sem deixar de beijá-lo.

Hoseok encontrava-se em uma situação ambígua. O beijo não era desagradável, tinha um sabor adocicado proveniente dos cupcakes. Pouco a pouco, Hoseok se deixou levar pelo beijo, envolvendo Steve em seus braços. Percebeu a delicadeza da cintura fina de Steve e, cautelosamente, explorou suas formas por cima das roupas largas. Para sua surpresa, Steve possuía curvas, contornos que despertaram um prazer inesperado em Hoseok. Embora estranhasse a ideia de beijar alguém que acabara de conhecer, Hoseok não conseguia interromper o beijo e apertou Steve contra si, desejando mais. No entanto, algo o incomodou, algo em relação ao corpo de Steve não parecia se encaixar adequadamente.

— Steve… Vo-você tem peitos?

Steve arregalou os olhos, sem saber o que dizer, sentindo que todo o seu disfarce tinha ido por água abaixo.

— Hoseok eu…

— Já sei, não precisa me explicar nada — Hoseok sorriu, parecendo compassivo e gentilmente fez carinho em seu cabelo. 

— Obrigado mas… o que foi que você entendeu? 

— Você é trans, não é? 

Steve colocou a mão na testa, impressionado com a burrice ou a inocência do ser parado à sua frente. Mas de certa forma viu algo bonito em Hoseok, ele não o julgou e não o tratou com preconceito caso realmente fosse trans. 

— Sim, eu queria ter nascido mulher, mas eu nasci homem, então coloquei silicone. É isso — Steve queria encerrar logo aquele assunto, mentir gastava energia. 

Hoseok arregalou os olhos.

— Isso explica tudo — Na cabeça de Hoseok o problema que Steve tinha com seu pai era devido ao seu gênero, devido a isso se compadeceu ainda mais de sua dor, imaginava o quanto Steve se sentia desamparado. De repente Hoseok arregalou os olhos e fez uma expressão assustada, Steve olhou em volta, achando que os homens estavam em seu encalço. 

— Hoseok, o que foi? 

— Me dei conta que fiz algo horrível. Tudo bem que ultimamente eu venho sendo uma pessoa ruim, mas estou pior do que eu planejava.

— Meu deus, o que foi que você fez?

— Ainda pergunta? — Disse Hoseok com a voz embargada — Eu beijei uma pessoa menor de idade.  

— Quanto a isso, relaxa. Na verdade eu tenho vinte e dois anos. Pelo menos esse erro você não cometeu. Agora os outros que você se referiu eu já não sei — Steve deu de ombros — Então Hoseok, o assunto está bom, o beijo foi gostoso, mas eu preciso ir embora.

— Está bem, mas se cuide. Vou te ligar pra você salvar meu contato. É sério Steve, se precisa de ajuda me liga. 

— Obrigado Hoseok, até mais, nos esbarramos por aí qualquer dia — Steve tomou seu rumo, olhando para trás e acenando com a mão cada vez que se distanciava para se despedir de Hoseok, que o acompanhou com os olhos até ele sumir no meio da multidão.

“Ele é bem bonito e engraçado. Meu Deus, o que estou pensando? Estou traindo o Yoongi” — Pensou Hoseok, saindo de seu devaneio ao se lembrar do almoço com Jin. 

— Droga, o Jin! — Olhou as horas no celular — Ainda dá tempo.

...

Hoseok chegou apressado ao restaurante, notando que Jin ainda não havia chegado. Suspirando aliviado, ele ocupou uma das mesas e aguardou a chegada de Jin. Seus pensamentos vagaram para o beijo que Steve, o misterioso rapaz, lhe havia dado, achando-o ao mesmo tempo intrigante e cativante. Antes que pudesse mergulhar mais fundo em suas reflexões, Jin chegou ofegante, interrompendo seus pensamentos envolventes com Steve.

— Desculpe o atraso.

— Sem problemas, Jin — Hoseok sorriu amistosamente —, senta ai e respira um pouco, parece que vai soltar o coração pela boca.

Jin achou um pouco estranho o bom humor de Hoseok, ultimamente ele estava muito amargurado e ácido, totalmente diferente do Hoseok que sempre foi. Parecia que seu amigo estava voltando a ser o que era. Jin tomou um gole de água e respirou fundo esperando a respiração normalizar.

— Finalmente vou conseguir almoçar com você, Hobi. Você ficou a semana inteira me dando perdido, fico chateado.

— Não é pra tanto Jin, você está exagerando.

— Hobi, já deve saber o porquê de eu querer tanto ter esse tempo com você. Suas atitudes ultimamente estão me deixando preocupado. Percebo que ainda não desistiu de Yoongi.

— Você lutou por Namjoon até o fim e agora está namorando com ele. Por que não posso fazer o mesmo?

— Entenda a diferença, Hobi. Namjoon vivia em um casamento horrível, a ex esposa o fazia mal. Quando eu achava que ele vivia um casamento feliz, eu desisti, e você sabe muito bem disso, acompanhou todo meu sofrimento. Eu amo tanto o Namjoon que se fosse pra desistir dele pra ver ele com quem realmente ama, eu faria... Diferentemente de Namjoon e HaNi, Tae e Yoon se amam muito, é um amor puro e verdadeiro. Aceite o fato de que Yoongi não é e nunca será seu. Se você o ama, desista e pare de interferir na vida deles, foque na sua felicidade e esqueça Yoongi.

— Já acabou com toda essa palhaçada? — Hoseok se levantou aborrecido.

— Hoseok, onde você vai? Estamos conversando.

— Jin, você está do lado do Taehyung, sempre esteve. Não preciso de você, não preciso de nenhum de vocês. Só preciso do Yoongi, e pode ter certeza que não vou desistir dele, vou tê-lo de volta pra mim custe o que custar. Você reforçou ainda mais meu desejo. 

Hoseok saiu, deixando Jin angustiado e imerso em tristeza, enquanto sua mente era consumida pela preocupação. Ele sabia que Hoseok precisava de ajuda, mas tinha receio das possíveis consequências. Jin amava Hoseok profundamente e desejava auxiliá-lo. Sentia-se culpado por não ter sido o amigo que Hoseok precisava naquele momento, por ter agravado uma situação que ele apenas pretendia aliviar. Agora, Jin se culpava e lamentava por não ter desempenhado o papel necessário para o bem-estar de Hoseok.

...

Naquela tarde, Taehyung e Yoongi se beijavam no banco do jardim da faculdade, os alunos já estavam acostumados com as demonstrações de amor do casal.

— Yoon, tenho um presente pra você — Disse Taehyung entre beijos. 

— Um presente pra mim? O que é Tae?

— Espero que você goste... e que não me mate.

— Nunca faria isso, pra você só dou amor e carinho. Mas me diga, estou ansioso, o que é o presente?

Taehyung tirou uma caixinha de seu bolso e a entregou a Yoongi, cujo coração disparou ao deduzir que poderia ser um anel de casamento. Mas se decepcionou ao ter suas expectativas adiadas. 

— Yoon, não gostou do presente? — Perguntou Taehyung, choroso. 

— Eu nem sei o que é. Pra que é essa chave?

— É um carro, Yoon. Você precisa parar de andar de ônibus, carro é mais confortável e ninguém vai ficar te encoxando.

— Fico muito agradecido pelo presente, Tae. Mas o que eu falei sobre presentes caros? Posso muito bem comprar um carro pra mim, não quero ficar dependendo de você. Não gosto disso.

— Desculpa Yoon... Só queria te agradar — Taehyung ficou com o semblante triste. 

Yoongi se arrependeu. Sentia que tinha sido duro demais.

— Desculpa Tae, não falei por mal. Depois podemos dar uma volta no carro novo pra estrear. Muito obrigado pelo presente, eu gostei de verdade — Yoongi sorriu e o beijou. 

— Me desculpe, amor. Prometo que da próxima vez vou te impressionar... Yoon, seus cadarços estão desamarrados, é perigoso andar assim — Taehyung se ajoelhou para amarrar os cadarços de Yoongi.

— Meus cadarços?

— Yoon — Taehyung olhou para cima, para encontrar seus olhos — Você sabe que eu te amo muito, não sabe?

— Sim, eu sei. É óbvio que você é louquinho por mim. Eu também te amo muito, Tae.

Taehyung tirou uma outra caixinha de seu bolso, vermelha, aveludada e de cantos arredondados. Yoongi o olhava curioso. Ao abrir a caixinha, viu que duas alianças estavam presas no fundo dela. 

— Min Yoongi. Quer se casar comigo?

Yoongi arregalou os olhos, assustado. Tinha fantasiado aquele momento, mas não imaginava que realmente aconteceria e não naquele dia. 

— C-casar? 

— Calma — Disse Taehyung com a voz aveludada — Não agora, primeiro vamos terminar a faculdade e nos formar. Depois que eu assumir os negócios do meu pai, a gente se casa, compra uma casinha, um cachorrinho e adota um filho.

Yoongi riu.

— Você planejou tudo.

— Desculpa, me empolguei.

— Não, Tae. Eu adorei, quero passar todos os dias da minha vida com você. E sim, eu aceito me casar com você, porque eu te amo e sempre vou te amar.

Taehyung se emocionou. Pegou a aliança da caixinha e a colocou na mão direita de Yoongi, e Yoongi por sua vez fez o mesmo e colocou a outra aliança no dedo de Taehyung. 

— Em breve essa aliança estará na sua mão esquerda — Taehyung lhe deu um selinho.

— Sim meu amor, eu vou cuidar de você e você vai cuidar de mim — Yoongi acariciou sua bochecha.

...

Yoongi estava deitado na cama, não conseguia dormir, esticou a mão para o alto só para poder ver sua aliança. Ele que nunca quis namorar, não podia acreditar que iria se casar com Taehyung, o homem que tanto amava.

O celular tocou, seu coração disparou ao pensar que Taehyung pudesse estar te ligando. Mas era Hoseok, mesmo assim o sorriso de Yoongi não se desmanchou, queria contar a boa notícia ao amigo. 

— Hobiiii, que bom que ligou. Está tudo bem? 

— Está tudo bem sim, Yoon. Só liguei pra ver como você está.

— Estou bem. Obrigado. 

— Quero sair com você esse fim de semana. Faz tempo que não saímos depois do que aconteceu — A voz de Hoseok foi sumindo. 

— Hobi, isso é passado. Estamos bem agora. Mas eu tinha combinado de sair com o Tae.

— Yoon... Por favor, você e o Tae ficam juntos todo final de semana, o que custa sair comigo pelo menos em um?

— E não podemos sair nós três juntos?

— Não vou ficar segurando vela, né.

— Tudo bem Hobi, vamos sair esse fim de semana, só você e eu, ok?

— Ok, tenho vários planos Yoon...

Hoseok contava empolgado tudo que tinha planejado para o fim de semana, sem perceber que Yoongi não estava tão empolgado com tudo aquilo. 

...

No dia seguinte, um pouco receoso, Yoongi contou a Taehyung que iria sair com Hoseok naquele fim de semana. Mesmo sabendo que já tinha planos com Taehyung, torceu para que o namorado fosse compreensivo como sempre era. 

— Yoongi, nós tínhamos planos!

— Podemos marcar pra outro dia? Por favor, Tae…

— Você vai cancelar comigo, o seu namorado, pra sair com ele? Você não entende o que ele está tentando fazer?

— Hoseok falhou algumas vezes, mas é uma boa pessoa, e é meu amigo. Não quero que ele sinta que está sendo deixado para trás.

— E eu? — A voz de Taehyung falhou — Você não pensa em como me sinto?

Yoongi o abraçou.

— Tae eu te amo e sempre vou te amar — Mostrou a aliança em seu dedo — Vamos nos casar num futuro próximo. Você será o meu amado marido, é claro que eu penso em como você se sente. 

Taehyung o olhou triste, mas concordou. Não queria pressioná-lo, pois sabia que Hoseok estava o pressionando do outro lado. Não tornaria aquilo num cabo de guerra onde Yoongi sairia machucado. 

...

Após desfrutarem de um filme, se deliciarem com guloseimas e compartilharem risadas em meio a tolices, Yoongi e Hoseok passeavam pelo parque saboreando sorvetes. O fim de semana estava verdadeiramente agradável, e Yoongi sentia falta desses momentos descontraídos com Hoseok, onde as complicadas questões de sentimentos confusos ficavam de lado. Apreciava a forma como Hoseok havia superado a rejeição e voltado a ser seu amigo, valorizando a amizade que possuíam.

— Hobi, hoje foi muito divertido. Adoro passar esses momentos com você.

— Eu também, às vezes sinto sua falta. Você se distanciou de mim depois que começou a namorar.

— Sério? Eu não percebi, me desculpa.

— Tudo bem... Mas e essa aliança?

Yoongi deu um sorriso bobo, típico de pessoas apaixonadas. 

— Hobi, você não vai acreditar... TAE ME PEDIU EM CASAMENTO!

— Como é que é?

— Ele me pediu em casamento. Estou tão feliz. Não vai ser agora, é claro, pretendemos nos casar depois que terminarmos a faculdade.

— Yoon, acha isso certo?

— Como assim?

— Não faz nem três meses que vocês namoram, você realmente conhece ele? Acha mesmo que ele vai ser uma boa pessoa pra você?

— Não só acho como tenho certeza, temos pouco tempo de namoro, mas confio nele de todo meu coração, amo o Tae e sei que ele me ama.

— Será que ele te ama mesmo?

— Hobi, onde você quer chegar com isso? Ele é seu amigo de infância, vocês se conhecem há tempos, deveria saber que ele é uma boa pessoa.

— Não me entenda mal, amo o Tae e sei que ele é uma boa pessoa... Mas já se perguntou como será sua vida com ele? Ele será um futuro CEO. Ele vai ter tempo pra você? Sabe que sua vida social será completamente diferente, seus amigos serão diferentes, você será o companheiro de um dos maiores CEO de Seul, tem ideia disso? Não terá mais essa vida simples e pacata, vão exigir muito de você... Acha mesmo que poderá continuar fazendo o que gosta e o que quer? Você será uma figura importante e será visto pela sociedade, está preparado para isso?

Yoongi se sentiu desapontado, era como se Hoseok estivesse enfiando uma faca em seu estômago. Esperava que ele fosse parabenizá-lo e compartilhar daquela notícia alegre, mas Hoseok estava o colocando cada vez mais pra baixo. 

— Não importa o que fale, não vai mudar o que sinto pelo Tae.

Hoseok suspirou e coçou a nuca. 

— O que eu preciso fazer para que você volte pra mim?

— Eu nunca fui seu pra voltar pra você, Hoseok. Vou embora, estou odiando essa conversa — Yoongi saiu possesso de raiva, sem olhar para trás, deixando Hoseok sozinho com seus pensamentos nada saudáveis.

“Preciso fazer algo” — Pensou ele e sorriu com uma certa tristeza — “Isso definitivamente fará Yoongi deixar Taehyung. Farei qualquer coisa para ficarmos juntos”


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Notas finais do capítulo

Lá vai ele fazer merda...

Lembrando novamente que esse Hobi nada tem a ver com o Hobi da vida real, nosso Hobi jamais seria assim, ele é um anjinho. O Hobi da fic só está agindo assim porque isso é ficção, e toda história precisa de um conflito.
Gosto de fazer os meninos de vilão? Não, não gosto, por isso que em minhas outras fics os vilões são personagens originais.

Enfim...
Quem será o Steve?... Eu nunca fui tão óbvia... Kkkkkkkk quem souber não conta pro Hobi



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