Yoongi deu um leve salto de surpresa ao notar Hoseok se aproximando, inconscientemente afastando-se um pouco de Taehyung.

— Ho-hobi?

— Boa noite… o que fazem aqui fora? — Hoseok tentou parecer amigável. 

— Vim trazer Yoongi em casa — Disse Taehyung puxando Yoongi para perto. 

— Já que já trouxe, agora pode ir embora — Hoseok puxou Yoongi em sua direção. 

— Vou ficar aqui até ele entrar, aqui fora é perigoso — Taehyung puxou Yoongi novamente.

— Não se preocupe com isso, pode ir embora, eu fico com ele — Hoseok puxou Yoongi 

— DÁ PRA PARAR COM ESSA PORRA? Vocês dois estão machucando o meu braço, me soltem! Mas que caralho, parece crianças, e eu não sou a porra do brinquedo de vocês não. Tenho zero paciência pra isso — Yoongi massageou os braços e os encarou com uma expressão nada amigável. 

— Yoon, me desculp…

— Tae — Yoongi o interrompeu —, obrigado por me trazer, vou entrar agora, já pode ir embora... E Hobi obrigado por vim me visitar, estou bem, não se preocupe e pode ir também, outro dia conversamos. Estou cansado e preciso dormir. 

Yoongi entrou em sua casa, deixando os dois a sós, enquanto trocavam olhares fuzilantes.

— Diga-me Taehyung, o que você quer com ele? Ele é meu.

— Seu? — Taehyung deu risada, sem acreditar no que ouviu — Pelo amor de Deus, pare com isso. Yoongi não é um objeto, ele é um ser humano que faz suas próprias escolhas.

— Escolhas? Você quer dizer o quê? Que ele pode te escolher?

— Sim. Por que? Yoongi não pode me escolher?

— É a mim que ele ama, e todo mundo sabe disso.

— As pessoas mudam, Hoseok.

— Você está confundindo a cabeça dele. Deixe Yoongi em paz e pare de se intrometer entre nós.

— Nós? — Taehyung cruzou os braços — Lamento informar mas esse “nós” só existe pra você, aceite o fato de que Yoongi está se apaixonando por mim, você não é dono dele.

— Yoongi será meu, quer você queira quer não.

Hoseok deu as costas, entrou no carro e saiu cantando pneu, numa tentativa infantil de intimidar Taehyung, que apenas riu da cena.

…

(Algumas horas antes)

Na manhã daquele dia, Jungkook suspirou várias vezes enquanto dirigia para o parque de diversões. Era um encontro completamente diferente de qualquer coisa que ele já tinha experimentado. Jungkook ficava encantado com a amabilidade e gentileza do homem ao seu lado, uma raridade em seu círculo social. Exceto por seus amigos de infância, Taehyung e Jin, o restante era composto por pessoas gananciosas, soberbas e oportunistas que o viam apenas como uma porta de entrada para bons negócios.

— Você é fofo — Jungkook sorriu um pouco deslocado. 

— Obrigado… eu acho.

— Por que “eu acho”? Foi um elogio.

— Ser fofo não é bem o que quero ser.

— Por que não? 

— Não é algo muito… interessante — Jimin deu de ombros. De certa forma sabia que o tipo de Jungkook eram pessoas mais ousadas, mas também não queria se forçar a agir dessa forma só pra chamar sua atenção. Queria agir naturalmente na sua frente, sem medo de ser o que realmente era. 

— Tudo a seu respeito é interessante — Jungkook sorriu e tocou a pontinha do nariz de Jimin de forma carinhosa — Bom… acho que chegamos.

Jimin olhou pela janela com um sorriso radiante; estavam em um parque de diversões, algo tão romântico quanto os filmes e doramas que assistia. Jungkook observava em silêncio aquele sorriso animado diante do simples parque, percebendo o encanto que o lugar causava em Jimin.

“Jimin é a coisa mais fofa do mundo... Me deu vontade de abraçá-lo e segurar sua mão… Mas que merda estou pensando? É só sexo Jungkook, é só sexo, não deixe ele te enganar com esse sorrisinho cativante, é fria! Mantenha-se no controle!”

Jimin tentou conter sua euforia ao sair do carro. A vontade de correr de mãos dadas com Jungkook e tirar selfies românticas para postar em suas redes sociais, acompanhadas de poesias melosas e muitos corações na descrição de cada foto, era forte, mas ele se conteve, pelo menos em alguns momentos.

Enquanto Jungkook comprava os ingressos, Jimin olhava deslumbrado ao seu redor. Era a primeira vez que estava em um parque, já que sua mãe trabalhava muito e nunca teve tempo para levá-lo. Além disso, depois que cresceu, nunca teve dinheiro suficiente para pagar o ingresso, muito menos tempo, já que trabalhava de domingo a domingo na cafeteria.

— Kookie, vamos naquele primeiro — Apontou para a montanha russa.

— Você não tem medo? — A pergunta de Jungkook foi mais si mesmo do que para Jimin quando ele viu a altura do brinquedo. 

— Eu seria um frango se tivesse com medo… você não está com medo, está? 

— Claro que não — Jungkook deu uma gargalhada forçada e desajeitada.

— Então vamos! — Jimin pegou sua mão e o puxou.

“A mão dele é pequena, macia e quente, dá vontade de não soltar mais e se encaixa perfeitamente na minha” — Pensou Jungkook enquanto era arrastado.

Sem perceber, andaram de mãos dadas pelo parque inteiro, algo que, segundo as "regras" de Jungkook, ele jamais faria. Jimin já havia quebrado duas dessas regras: primeiro, beijá-lo (principalmente na bochecha, como um casal fofo e apaixonado de conto de fadas); segundo, segurar sua mão, uma ação altamente perigosa no dicionário de Jungkook, com risco de se contaminar com o "vírus" que ele mais temia, o amor. Mesmo com os alertas que seu cérebro dava, Jungkook não conseguia soltar a mão de Jimin, na verdade, estava gostando.

A única coisa que não gostou muito foi andar naqueles brinquedos perigosos. Perguntava-se como Jimin, aparentemente tão pequeno e frágil, gostava daquelas coisas. De certa forma, ele até apreciava alguns esportes radicais, mas naquele momento, sentia vontade de ficar com Jimin em um lugar mais calmo, como uma roda gigante. Só os dois, de mãos dadas, abraçados e contemplando a vista lá de cima. Jungkook sentiu um pouco de enjoo com seus próprios pensamentos melosos.

Foram na Montanha Russa mais de quatro vezes, e a cada vez Jimin se divertia mais. Apesar de não ser o passeio calmo e tranquilo que Jungkook queria naquele momento, ele estava feliz por ver a alegria estampada no rosto de Jimin. Pararam na frente de uma lojinha, e Jimin foi em direção a um grande urso de pelúcia na exposição da vitrine.

— Kookie, olha que coisa mais fofa… eu sei que pode parecer muito estranho um homem velho como eu gostar dessas coisas, mas foda-se, eu gosto, tenho um no meu quarto. 

— Não tem nada de estranho nisso, eu já disse que tudo sobre você é interesse, inclusive seus gostos. Vou comprar esse ursinho pra você.

— Não, assim não tem graça, é mais legal ganhar no joguinho — Jimin apontou pro cartaz na vitrine — Tem que atirar no alvo pra ganhar.

— Mas é muito mais prático pagar. 

— Ah, já entendi, você não é muito bom de mira, né? Tudo bem, nesse caso é melhor comprar mesmo. Sabe de uma coisa engraçada? O Yoongi sempre ganha pra mim... Ele é o melhor de todos se tratando de mira.

— Yoongi? O melhor de todos? — Riu com desdém, Jimin despertou o seu espírito competitivo — É porque você ainda não me viu jogando, docinho.

Comprou as fichas e pegou a arma. Ao errar na primeira tentativa, inventou a desculpa de que foi de propósito, pois estava testando a precisão da arma. Na segunda tentativa, novamente errou, e desta vez alegou estar apenas se aquecendo. O terceiro erro fez com que soltasse alguns palavrões mentalmente. O atendente interrompeu, informando que suas fichas tinham acabado, deixando Jungkook frustrado, pois queria impressionar Jimin.

— Kookie, deixa pra lá, eu nem queria muito esse ursinho.

— Não, Jimin. Vou pegar esse ursinho pra você, se o Yoongi consegue, eu também consigo.

Tentou repetidamente, e Jimin torcia por ele, tentando animá-lo a cada tentativa. Finalmente, na última, Jungkook conseguiu acertar o alvo. Jimin pulou de alegria ao receber seu presente, sentindo um certo alívio, pois percebia que Jungkook levava aquela suposta competição com Yoongi muito a sério, mesmo sem Yoongi ter conhecimento do que estava acontecendo.

— Obrigado, Kookie. É o melhor presente da minha vida.

— Jimin, é só um ursinho de pelúcia, posso te dar coisa muito melhor.

— Não é só um ursinho. Tem um valor sentimental pra mim, pois você se esforçou muito para ganhá-lo... Obrigado Kookie, vou guardá-lo pra sempre.

Jimin o abraçou, e novamente Jungkook sentiu aquele terrível e assustador frio na barriga.

“Jimin é perigoso, tenho que tomar cuidado, se ele pensa que vai me fazer se apaixonar por ele, está muito enganado” — Pensou Jungkook fechando os olhos para sentir o cheiro do shampoo nos cabelos de Jimin. 

Pararam para almoçar na praça de alimentação do parque, apesar de estar lotada, conseguiram encontrar um lugar que parecia um rancho temático do Texas, com decoração típica do interior. Jimin ficou encantado com o ambiente e rapidamente se ajeitou em uma das mesas.

Entraram em outra loja de conveniência e adquiriram dois arquinhos com orelhas de gato. Jimin prontamente colocou um em si mesmo, enquanto Jungkook, a princípio relutante, não via muita graça na ideia, pois acreditava que esse tipo de adorno não combinava com seu ar de homem sexy e misterioso. No entanto, bastou um olhar triste de Jimin por um segundo para convencê-lo a também adotar a tiara de orelhas de gato.

“Eu sabia que ele era perigoso, não consigo dizer não pra ele” — Pensou Jungkook ajeitando a tiara em sua cabeça.

Foram saborear bolo em uma confeitaria que Jimin estava ansioso para visitar. Surpreendentemente, Jungkook não se importou nem um pouco de andar de mãos dadas com Jimin pelo parque, exibindo a vergonhosa tiara de gatinho. Na verdade, estava até gostando da experiência, e se Jimin sugerisse a ideia de uma blusa de casal, ele provavelmente toparia sem hesitar.

Jungkook riu quando Jimin sujou a bochecha de chantilly enquanto comia o bolo. 

— Seu rosto está sujo. 

— Onde?

Ao invés de responder, se aproximou e lambeu o rastro de chantilly em seu rosto. Jimin ficou paralisado. Seu corpo travou. Não estava esperando por aquilo, mas gostou. 

“Meu Deus! Isso foi como nos doramas, acho que vou ter que sujar mais o meu rosto”— Pensou Jimin. 

Jungkook deu uma risadinha, como se estivesse se vingando de todas as vezes que Jimin o deixou nervoso naquele dia. Ele deu um gole em seu café sem tirar os olhos de Jimin, que comia o bolo com certa timidez, mas ao mesmo tempo com vontade de sujar o rosto novamente. Entre sorrisos involuntários, eles se olhavam vez ou outra. O clima estava agradável até que um rapaz se aproximou da mesa.

— Jungkook? O que faz aqui? — O rapaz olhou para o arquinho na cabeça de Jungkook e fechou o cenho.

Jungkook mudou sua postura descontraída, ficando tenso, e rapidamente arrancou o arquinho da cabeça. Jimin percebeu a mudança e olhou para o rapaz que se aproximava, depois para Jungkook, que parecia envergonhado.

Um suspiro pesado escapou de Jungkook, enquanto o rapaz lançava a Jimin um olhar de nojo e desdém. O clima mudou drasticamente, tornando-se pesado. Aquele rapaz aparentava ser alguém importante, com sua aparência impecável e estatura alta, parecia ser um CEO bilionário de grande influência.

— Seu gosto decaiu muito, Jungkook — Disse o rapaz encarando Jimin.