Azul e Laranja - Percabeth escrita por Potterina


Capítulo 1
Azul escuro


Notas iniciais do capítulo

Olá a todos! é a minha primeira vez a publicar uma história aqui e ainda não sei muito bem funciona, mas em fim, espero que gostem!
boa leitura



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Annabeth 

Vi-te passar pela minha toalha, pelo canto do olho. Os pés a atirar areia para todo o lado e o sal colado à tua pele morena, formando linhas cristalinas até ao tecido azul escuro dos calções de banho, molhado e colado às tuas pernas. Virei-me para olhar melhor, como quem não quer a coisa, fingindo ajeitar a toalha, mas no meio do teatro já tu tinhas desaparecido no meio dos guarda-sois. Ainda me levantei para olhar em volta, fingindo sacudir areia do cabelo, mas apenas vi uma mancha azul ao longe, talvez imaginação minha, e voltei a deitar-me, mais irritada que desiludida. A brisa leve que antes me refrescava, agora parecia rajadas de vento a rasgar a minha pele e o ar salgado fazia-me impressão no nariz. Levantei-me e prendi a toalha na cintura, atirando areia para cima toda a gente.

— Vou para casa — disse, já andando em direção ao passadiço de madeira que separava a praia do resto do mundo.

— Não queres ficar mais um pouco? — perguntou o meu pai, mas eu continuei a andar. Quando cheguei à estrada e pisei o alcatrão quente, percebi que me tinha esquecido dos chinelos, mas não voltei para trás. Corri até ao outro lado da rua, onde o passeio era feito de pedras brancas de mármore e continuei a andar. Como também me esquecera da chave, quando cheguei tive de saltar o portão da piscina e esperar que alguém passasse e me abrisse a porta para o prédio. Deitei-me ao sol até ficar com a pele vermelha e marcada das tábuas de madeira falsa do chão e então decidi parar com a birra e entrar na água. Fiquei submersa até os meus pulmões não aguentarem mais e os olhos me começarem a arder por causa do cloro. Era só nestes momentos, em que apenas conseguia ouvir o meu coração bater e ver o azul desfocado à minha frente, que me conseguia sentir em paz. Quando inspirei pela primeira vez, de olhos fechados e água a pingar do cabelo, imaginei que estarias à minha frente quando os abrisse. Sentir o coração bater com força inclinei-me para a frente instintivamente. Quando abri os olhos e não estavas lá, decidi não pensar mais nisso e voltei a deitar-me ao sol escaldante da tarde, tentando aproveitar o silêncio.

***

Acordei de repente e sem saber onde estava, só sabia que todo o meu corpo ardia de tal maneira que mal me conseguia mexer. O sol já estava a baixar, deviam ser umas cinco horas, o que significava que tinha passado mais de duas horas horas ao sol. Por sorte, alguém tinha entrado e deixado a porta aberta, então apressei-me a subir as escadas e a bater à porta freneticamente até que alguém abrisse.

— Pareces uma lagosta — disse Matt, quando finalmente abriu a porta. Passei por ele e fui em direção à casa de banho, ignorando as gargalhadas de Bobby. Para minha infelicidade, realmente parecia uma lagosta. Senti vontade de chorar ao ver toda a minha pele vermelha e a escamar e ainda mais quando liguei a água, que me fez arder os ombros como se me estivesse a arrancar a pele. Mas não chorei. Um escaldão não é motivo para lágrimas. Em vez disso, passei uma quantidade generosa de creme por todo o corpo e vesti a t-shirt mais larga que encontrei. Desisti de pentear o cabelo quando a escova ficou presa a meio e fui até à sala, onde pelos vistos já tinham começado a comer e ninguém se lembrou de me chamar. Sentei-me em silêncio, tentando não me encostar muito a nada e sem dar por isso voltei a pensar em ti. É claro que na altura ainda nem sequer eras tu, na minha cabeça tinhas o cabelo rapado e chamavas-te James. Tinhas estado na praia a manhã toda a jogar voleibol — a tua equipa ganhou 2-1 — e quando passaste pela minha toalha estavas a ir ter com os teus pais para almoçar. Eu sei, muita especulação apenas a partir de uns calções azuis escuros, mas precisava de algo para me distrair, e era agradável inventar vidas para um desconhecido que passou por mim na praia.

— Queres vir?

— Hm? — quando percebi que a pergunta era para mim tirei os olhos do prato, perdida. Não tinha estado a ouvir a conversa e agora a minha madrasta olhava para mim com um sorriso, à espera de uma resposta.

— O sol deve-lhe ter queimado os miolos — disse Matt perante a ausência de uma resposta e os dois rapazes riram à gargalhada.

— Matthew! — ralhou o meu pai e depois virou-se para mim — Estávamos a perguntar se depois de jantar queres vir connosco à geladaria nova que abriu.

— Acho que vou ficar por casa, estou um bocado cansada.

Bobby começou a rir-se baixinho, mas não se atreveu a dizer nada perante o olhar zangado da mãe. Terminei de comer e fui lavar o meu prato enquantoeles se preparavam para sair de casa e como não tinha mais nada para fazer resolvi voltar a tentar deixar o meu cabelo apresentável. Assim que me vi ao espelho, percebi que não ia ser uma tarefa fácil. Para onde quer que olhasse eram só pontas loiras ressequidas do sol e nós que pareciam impossivelmente apertados. Como me tinha esquecido da mala em casa, pelo resto das férias estava condicionada a um óleo velho que cheirava a pastilha elástica e ao gel de cabelo do meu pai. Decidi usar um pouco do óleo peganhento e esperar pelo melhor e fui até à varanda para estender o fato de banho cor de laranja florescente que “por sorte” tínhamos encontrado no armário. Fiquei mais irritada só de olhar para ele e por isso tentei distrai-me a olhar para os outros prédios. A esta hora estava quase toda a gente a jantar, conseguia vozes e talheres a bater nos pratos de vários apartamentos, lá em baixo entrava um carro na garagem e uma senhora passeava o cão. Mas foi algo mesmo por de baixo da minha varanda que me chamou a atenção. Larguei o fato de banho em cima do estendal e um sorriso formou-se nos meus lábios sem que eu o conseguisse impedir, provavelmente o primeiro do dia. Não sei por quanto tempo ali fiquei e nem porquê, mas não conseguia desviar os olhos daqueles calções de banho azuis escuros.


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Notas finais do capítulo

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