Minha história de amor brega escrita por Kuchiki001


Capítulo 6
Tarde fria




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/808952/chapter/6

 

Karakura City

Em uma mansão específica, num rolê completamente aleatório de um garoto não tão aleatório...

Hisana secou as mãos no tecido da saia. Estava visivelmente nervosa, o que era completamente compreensivo, já que estava em uma mesa como convidada especial do herdeiro dos Kuchiki`s. Na mansão dos Kuchiki`s, onde ironicamente trabalhava de empregada. Rukia apenas encarava a mesa farta, com a boca cheia de água, em uma das mãos segurava o garfo em postos para atacar a comida assim que dessem a largada.

— O que está rolando? —Ichigo perguntou baixinho para ela.

O ruivo não entendia como havia ido parar ali. Lembrava vagamente de uma baixinha toda exigente o puxar para o carro, assim que ele passou pelos portões da escola. Até pensou que estava sendo sequestrado.

— Não pergunte apenas aproveite, não é todo dia que a gente come comida boa de graça.

Ele assentiu e a observou aliviado por vê-la bem e saudável, desde a última semana em que tinha se assustado com a crise alérgica da garota, eles estavam em bons termos, era isso ou apanhar e ter o contrato que assinou por impulso esfregado em sua cara. Aparentemente de inimigos mortais passaram a ser melhores amigos, a parte ruim era que Rukia não se importava com a opinião do garoto e ele estar ali sentado na mesa farta de Kuchiki Byakuya, com o moreno olhando para ele com a cara de poucos amigos — onde se lia nitidamente que o Kuchiki o via como penetra — era a prova disso.

 Rukia não olhava para o Kurosaki, sua atenção estava sobre uma costela que parecia suculenta e saborosa. Ichigo observou quando ela deslizou a língua sobre os lábios e ele engoliu em seco nervoso.

Chamando a atenção de todos, Kuchiki Byakuya. O anfitrião daquele almoço esplendoroso se colocou em pé e olhou para Hisana com admiração. A morena mais velha corou genuinamente com a exagerada atenção que o filho do patrão estava lhe dando.

Rukia soltou o garfo quando o seu benfeitor (foi assim que ela apelidou o Kuchiki depois de saber que ele pagou a conta do hospital sem cobrar nada dela) se declarou para sua irmã.

Os neurônios da garota estavam trabalhando em triplo para processar aquela informação. Ichigo não estava surpreso como Rukia, o Kurosaki já havia suspeitado que rolasse algo entre aqueles dois desde o dia em que ele segurou a tocha olímpica enquanto o Kuchiki trocava olhares apaixonados com a irmã de sua sócia.

Sócia. Apesar de todos na escola terem, de uma hora para outra, alucinado e espalhado um boato maluco de que os dois estavam namorando. Rukia demorou cinco minutos completos até compreender o que estava se passando naquele almoço que foi convidada para comer de graça. Que de graça não tinha nada. Seu benfeitor, que de benfeitor também não tinha nada. Queria tomar a sua preciosa irmã.

Ela se levantou, encarou a mesa com pesar e puxou Ichigo pela gola da camisa.

— Vamos embora irmã! —ela chamou Hisana e olhou para Byakuya. — Agradeço pelo convite e também por ter pagado a conta do hospital. Te dou minha palavra que devolverei tostão por tostão.

Kuchiki Byakuya olhou de Hisana para sua cunhada, a garota não parecia feliz por saber que sua irmã seria dele. Ichigo vendo o quanto a baixinha estava irritada agarrou a mão de Rukia e a puxou para fora da sala de jantar. Ele tinha se esquecido de como aquela garota emburrada podia ser rude e insuportável, às vezes.

Quando chegaram numa espécie de jardim. Ichigo se virou para encarar a sócia e se deparou com uma visão que jamais imaginou ver. Nem nos seus sonhos mais deliciosos. Ou quando sonhava chutando o traseiro da baixinha.

Rukia estava com seus olhos grandes e violáceos bem abertos, e isso não era nada se ela não estivesse olhando para ele com lágrimas. Ele ainda se certificou se não seriam lágrimas de crocodilo antes de perguntar se ela estava bem.

Sacudindo a cabeça a morena apenas negou.

— Ainda bem que você veio. —Rukia disse e sorriu minimamente para ele.

O Kurosaki ia lembrá-la de que tinha sido forçado a estar ali, mas naquele momento não pareceu importante, não com o olhar que Rukia estava lhe direcionando. Suspirando, ele olhou ao redor e sentou-se em um banco bem desenhado e que provavelmente valeria o preço de um de seus preciosos rins.

— Apesar de concordar que aquele cara não é suficiente bom para sua irmã e, que ela é mil vezes superior e merece coisa melhor. Ainda acho que você deve pensar na felicidade dela. —ele disse o óbvio.

Rukia encarou o garoto e retorceu o rosto, odiava quando o Kurosaki tinha razão.

— Por ser um idiota, pensei que lhe faltava neurônios, mas até que parando para refletir e a muito custo, sentindo que eu perco um pouco do meu intelecto, eu devo concordar com você.

Ichigo desviou seus olhos de Rukia para a morena mais velha. Hisana sorriu para ele gentil e o garoto não podia deixar de comparar como as duas irmãs eram tão distintas. Se Rukia tivesse um pouquinho que fosse da doçura de Hisana, talvez, só talvez, numa possibilidade bem ínfima, ele olharia para a sócia com outros olhos que não fossem de asco.

— Posso conversar um pouquinho com a minha irmãzinha? —Hisana pediu e deu uma piscadinha deixando o garoto vermelho.

Ichigo mais que depressa se levantou e deu espaço necessário para as irmãs conversarem. Ele ainda encontrou o Kuchiki antes de sair da mansão e chamar um táxi para casa.

***

Suspirando aliviado por não estar na presença opressora de Rukia, o rapaz de cabelos estupidamente alaranjados se jogou pesadamente em sua cama. Não passava das três quando Ichigo resolveu acessar suas redes sociais. Ele não tinha e nem fazia questão de ter o número da garota que sempre o atormentava em todos os sentidos, nem tão pouco a tinha em seu Facebook, Instagram ou Twitter, mas tinha a amiga dela que recentemente o adicionou. Estranhamente a ruiva peituda tinha parado de ficar em seu pé. O boato de que ele e a morena de olhos claros estarem namorando tinha servido para alguma coisa.

Ichigo entrou no perfil de Inoue Orihime, procurou pela baixinha nos amigos e varreu os olhos pela tela procurando pela postagem mais recente de Rukia. Ele se sentia um stalker, mas não ia se rebaixar a ponto de adicionar a morena, só porque estava curioso para saber como a baixinha magrela estava.

Um dos Tuites de Rukia chamou a sua atenção.  

 Kia Matsu —@adoravel_luz

Eu não acredito que fiz isso! Entreguei minha maravilhosa, insubstituível, deslumbrante e magnífica irmã de bandeja para um cara rico!

 O garoto sorriu. “Então tudo tinha se resolvido.” ele pensou e rolou o feed e parou.

Rukia tinha retuitado um link engraçado de um filhote de buldogue com óculos escuros em cima de um skate. Ele riu e em seguida sem pensar muito clicou no coração e curtiu. Levou milésimos de segundos para o Kurosaki perceber a burrada que tinha feito. Ao mesmo tempo em que instantaneamente recebia um fleet de Rukia.

Kia Matsu @adoravel_luz

Me add idiota!

Ichigo leu aquela mensagem tantas vezes que pensou que tinha lido errado. Mas ele adicionou o número da garota em seus contatos, não tinha sido ele a dar o braço a torcer e sim ela — pelo menos— e se não bastasse ter o número dela, eles passaram a se seguir em todas as redes sociais. Foi basicamente um efeito dominó.

Dona da minha alma: pq vc me abandnou??  Pr akso eu te dei autorizaçao p ir embora??!

Ichigo leu o que Rukia escreveu e franziu a testa. Que tipo de aula especial de gramática ela estava tendo para escrever daquela forma? O garoto pensou em dar uma bela resposta. Pensou, pensou e pensou e digitou.

Você: Mesmo eu tendo vendido minha alma, ainda não preciso de autorização para voltar para minha casa.

Dona da minha alma: Custava me avisar? Sabia q tive q ficar e assistir minha irmã corar a Kda 5 minuts!!!!

Dona da minha alma: E q é isso de vender a alma? Vc está me comparando com o diabo???? (carinha de brava)

Ichigo riu e podia imaginar toda a situação perfeitamente, podia até mesmo visualizar Rukia em sua frente brava enquanto digitava.

Você: Pense pelo lado bom, você aproveitou o almoço. Não é todo dia que se come um banquete que vale mais que meu PC gamer.

Dona da minha alma: me encontre na lanchonete do lado da escola. Te dou 1h, não se atrase! Ou vc vai conhecer o inferno!

O ruivo deixou o celular cair. Não sabia o que tinha feito de errado, mas tinha feito. Pulou da cama em direção ao banheiro, precisava de um banho de sal grosso para espantar todo o azar e má sorte que estava tendo desde que resolveu aceitar Matsuda Rukia como amiga.

***

 Pontualmente as 15h30 Ichigo chegou a lanchonete que Rukia ordenou que ele fosse. A tarde estava fria e parecia que ia chover, por isso ele trazia em mãos um guarda-chuva amarelo que encontrou perdido na entrada de sua casa.  Assim que ele viu uma baixinha se aproximar com sua bicicleta tremeu, não de frio.

— Ótimo! Você não se atrasou. —Rukia disse sem sair de sua bicicleta. —Suba na Chappy, vou te levar a outro lugar.

Ichigo olhou para a bicicleta de Rukia e depois para ela.

— Você vai me levar? Não mesmo! —corou estupidamente com a ideia de ser carregado por ela pelas ruas de Karakura.

Rukia fuzilou o garoto, que temeu por sua integridade física e também mental e fez como ela tinha ordenado, sentou na garupa da bicicleta que ela apelidou de Chappy.

Não demorou para chegarem em uma espécie de loja de antiguidade que ficava praticamente escondida. Ichigo entendeu o motivo da morena não ter ordenado que ele fosse diretamente para lá, o lugar era tão escondido, apenas uma portinha que ele tinha certeza que jamais encontraria, se não fosse por Rukia o mostrar.

 Ichigo esperou pacientemente a baixinha falar com um tiozinho de chapéu e olhar pervertido para acessarem uma segunda sala, onde ele observou que parecia uma biblioteca antiga do século XIX. Embasbacado ele olhou tudo.

— Já adiamos muito, vamos planejar o nosso futuro. —Rukia disse e desenrolou o cachecol do pescoço e retirou o casaco, da bolsa que trazia a tira-colo tirou um caderno e caneta.

   Ichigo sentou cuidadosamente na cadeira da única mesa que tinha ali, bem em frente à Rukia.

— Primeiro vamos elaborar um plano de negócios. —ela disse escrevendo em letras garrafais.  — Todo sábado de manhã eu tenho autorização para estudar aqui nessa sala, e consegui autorização para que você possa estudar comigo.

Ichigo apenas assentiu e olhou ao redor.

— Podemos ler qualquer livro desde que tomamos cuidado... Ichigo. —ela chamou a atenção do garoto. — Vamos começar?

Depois de passarem uma exaustiva tarde com a cara enfiada em livros e pensarem em cada detalhe de um modelo de negócios, eles deram por encerrado o planejamento.

— Seria legal se encontrássemos um investidor anjo ou até mesmo conseguíssemos levar o projeto para uma incubadora. —Rukia disse empolgada ao guardar suas coisas na bolsa.

— Nunca pensei que fosse tão trabalhoso só pensar em abrir uma empresa. Pensei que era ter o produto e comercializar.

— É por isso que você assinou um contrato comigo. Lembra?

Ichigo olhou para ela atentamente, nunca tinha passado pela cabeça do Ruivo que aquela baixinha pudesse ser tão inteligente. Rukia era linda e inteligente. Espera, ele tinha mesmo pensado que ela era linda?  Bonitinha se corrigiu em pensamentos.

Ao saírem da loja foram surpreendidos pela chuva e o frio do início do inverno, a tarde já tinha cedido seu lugar para a noite.

— Eu estou de guarda-chuva... Se me permitir, Senhorita posso te acompanhar até sua casa. —ele ofereceu como um cavalheiro.

Rukia riu.

— Isso é tão piegas e brega. Obrigada, mas não! —Rukia se aproximou e deu uma boa olhada no ruivo. Ele estava com pouca roupa, apenas uma jaqueta casual e por isso esfregava as mãos uma na outra.

Sem pensar muito, ela desenrolou seu cachecol vermelho do pescoço e passou pelo pescoço do Kurosaki.

Ichigo a olhava enquanto Rukia dava uma volta do tecido rubro em seu pescoço.

— Pensei que você achasse essas coisas bregas. —Ichigo comentou.

— E é. Não deixa de ser só porque eu estou fazendo. —ela assegurou.

— Então qual o motivo de você me dar seu cachecol se me odeia?

Rukia fez cara de pensativa e ajeitou o cachecol no pescoço do Kurosaki.

— O fato de eu simplesmente não gostar de você, não significa que não posso fazer uma boa ação de vez enquanto.

— Por que me odeia? Dê-me cinco motivos, cinco é pouco, melhor me dizer logo dez. — ele pediu e encarou a morena.

Rukia parou de arrumar o cachecol e o olhou.

— Acho que são os mesmos motivos pelo qual você também me odeia.

— Eu não te odeio. —ele rebateu.

— Mas também não gosta de mim. E isso você não pode negar. —ela apontou.

— Não é como se eu desgostasse de você... Só que às vezes você é tão irritante, insuportável, arrogante, brava e...

— Eu irritante? Arrogante? Você está se escutando? —Rukia perguntou e começou a listar todas as “qualidades” do Kurosaki, enquanto pressionava o dedo indicador no peito do ruivo.

Ichigo não sabia como de uma conversa agradável eles pularam diretamente para uma discussão, mas o rapaz não podia negar que a baixinha que apelidou inúmeras vezes de anã de jardim, ficava muito bonita e até mesmo atraente quando estava brava e se perguntou se era por isso que ele, por tantas vezes, lhe encheu o saco e irritou até que ela perdesse a paciência.

—... Então não venha me dizer que sou irritante, por que...

Ichigo não deu chance para Rukia finalizar o que dizia, segurou no pulso da garota, fazendo com que ela parasse de espetar o dedo em seu peito que estava começando a doer.

— Não importa se nós nos odiamos, acontece que eu preciso de você e você também precisa de mim. —disse corado.

Rukia que estava surpresa por ter seu pulso preso pela mão grande e forte do ruivo o olhou vermelha.

— O que você está falando é tão clichê. —ela disse com um tom de voz mais calmo.

— Pode ser uma frase rebuscada, mas é a realidade. 

— Como você pode ser tão...

Dessa vez, ela não conseguiu terminar a frase, pois Ichigo com a mão que segurava o pulso de Rukia a puxou ao seu encontro e a segurou pela cintura. Ela o olhou surpresa totalmente sem reação. Com a outra mão ele abriu o guarda-chuva amarelo.

— Isso é tão brega. —ela disse completamente corada e fechou os olhos para receber os lábios do garoto.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Minha história de amor brega" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.