Lembranças de Você escrita por Eli DivaEscritora


Capítulo 25
Descobertas




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― Bella, levaram a Rose para fazer alguns exames ― Alice me explicou após conversar com uma funcionária. ― Estou tentando encontrar o Emmett. ― Ela olhou para o celular e mexeu no aparelho.

 

― E onde fica a sala de exames? Você não pode ir lá? ― Minha prima pensou por um instante.

 

― Ótima ideia, mas e você? Com certeza te proibirão de entrar.

 

― Me mostra o caminho da lanchonete, acho que vou comer alguma coisa.

Logo que a Lice terminou de informar como eu faria para chegar, ela pegou um cartão na gaveta do balcão e me entregou, pois precisaria dele para passar nas portas.

Meia hora depois, mastiguei o último pedaço do meu sanduíche com um pouco de sacrifício, já que estava preocupada com a Rose. Antes de voltar para a ala de internação, mentalizei coisas positivas, seria apenas um susto e em breve nossas vidas voltariam a ter paz. Balancei a cabeça em uma afirmação e levantei da cadeira confiante. Quando retornei para a unidade, meus pés se moviam agitados, com pressa, ansiando por notícias.

 

― Então, e a loira? ― Encarei a Alice parada no meio do corredor.

 

― Estão trazendo para cá, ela não acordou ainda.

 

― Mas já descobriram o que é?

 

― Pela espiada que dei nos exames, a princípio é anemia. Vamos aguardar o diagnóstico do médico.

Respirei aliviada e logo depois dois enfermeiros cruzaram a porta, empurrando uma cama na qual Rosalie vinha deitada. Com o semblante sereno, porém pálido, ela descansava. Eu os acompanhei até o quarto, sentando na poltrona para esperar a bela adormecida despertar.

 

― O que aconteceu? ― Ouvi a voz da loira ecoar no cômodo, seus olhos azuis se acostumaram com dificuldade por causa da luz.

 

― Você desmaiou.

 

― Já posso ir embora?

 

― Claro que não, o médico ainda está investigando o motivo. ― Ela soltou o ar impaciente.

 

― Chama ele, tenho várias roupas para confeccionar hoje.

 

― Sossega Rose, primeiro a tua saúde.

 

― Meu celular, cadê? Alguém já avisou a minha chefe?

 

― Vou perguntar para a Lice, só fica calma, tá bom? ― Ela apenas acenou com um gesto afirmativo enquanto eu me levantava.

Procurei minha prima pela unidade, localizando-a com o Emmett, eles batiam um papo perto da saída.

 

― Oi gente, a Rose acordou. Ela quer saber se já avisaram a chefe dela.

 

― Conversei com a mulher agora a pouco ― o Emmett respondeu. ― E como a nossa paciente despertou?

 

― Bem impaciente ― pronunciei arqueando as sobrancelhas. ― Não vê a hora de ir embora daqui, deve ser um bom sinal isso, né.

Nós sorrimos e em seguida um médico passou pela porta, andou até o quarto da loira e entrou. Imediatamente, nós nos dirigimos para lá.

 

― O resultado dos exames não apontaram nada grave, apenas uma anemia. Vou prescrever uns remédios para você e amanhã de manhã, se me prometer que cuidará da sua alimentação, ganhará alta.

 

― Prometo ― ela disse entusiasmada. ― Então me esforçarei, pois ultimamente não consigo comer de tanta náusea.

 

― Náusea? ― Alice repetiu. ― Você também? ― Seus olhos castanhos escuros se arregalaram, assustados. ― O doutor solicitou o Beta HCG?

 

― Sim, descartamos gravidez. ― Ele procurou nos papéis que segurava nas mãos. ― A náusea pode ser devido à sua vitamina B12 que está baixa.


Encarei a Alice com o rosto inclinado, como assim: você também? O que ela quis dizer com isso.

 

― Bem, tenho que fazer meus acompanhamentos com os outros pacientes, mas se precisar de alguma coisa é só chamar a enfermeira. Vamos para a ronda, Emmett?

 

― Claro, já alcanço o senhor. ― Enquanto eu e a Lice agradecíamos ao médico, o rapaz se aproximou da cama da Rose e se despediu dela. ― Eu volto assim que meu plantão terminar. ― Ele beijou os lábios dela e partiu atrás do doutor que havia saído segundos antes.

 

― Nossa, que susto, dona Rosalie ― minha prima declarou.

 

― E você? Que história é essa? ― comentei com a mão na cintura.

 

― Que história? ― Ela se fez de desentendida.

 

― Ah, por favor, Alice. ― A loira se alterou. ― Náusea? Aquele teste Beta sei lá, o quê. Acha que somos crianças, é?

 

― Tá bom, suas purgantes. ― Minha prima inspirou o ar, seu peito subiu e desceu e logo após sua voz saiu trêmula. ― Eu descobri que estou grávida.

Eu e a Rose nos olhamos chocadas, apesar da desconfiança, ouvir de sua boca a confirmação se tornava… real.

 

― Mas não quero falar disso agora, hoje a Rose precisa de nós. ― Ela sentou na poltrona ao lado da cama da loira.

 

― Só que eu quero, quantas semanas você está? ― Rosalie perguntou animada. ― Será que dessa vez eu ganho uma afilhada? ― ela comunicou tão empolgada que eu notei suas bochechas adquirirem um tom rosado.

Alice levantou os ombros, desanimada e respondeu:

― Cinco semanas.

 

― O quê? Então no sábado a senhora já sabia, é? ― a loira disse espantada.

 

― Lice, por que não contou nada pra gente?

 

― Não consigo me imaginar sendo mãe. ― Alice fechou os olhos, negando com a cabeça. ― Eu mal tenho tempo para mim, vou cuidar dessa criança como? Praticamente moro nesse hospital, a minha vida é aqui.

Espiei a Rose com o semblante triste, sentindo a mesma coisa que eu.

 

― Sem falar do Jasper, aquele lá nem sabe se cuidar. ― Minha prima abriu os olhos e bufou. ― Não posso ter esse bebê.

 

― Lice, entendo que a notícia é assustadora no começo, mas não vamos pensar de cabeça quente ― anunciei ao pegar em sua mão.

 

― Escuta a Bella, Alice ― Rosalie disse para motivá-la. ― Nós estaremos aqui do seu lado.

Minha prima tentou esboçar um sorriso.

 

― Por que não mudamos de assunto? ― ela perguntou em seguida. ― E o Charlie?

 

― Deixa eu mostrar o vídeo que a sua mãe fez dele. ― Peguei o celular na bolsa. ― Ele tá aprendendo a rolar.

As duas emitiram um som de “own” juntas e isso só aumentou ao assistirem o pequeno no seu tapete de borracha. Meia hora depois, eu me despedi da loira.

 

― Amanhã nos falamos, então ― ao terminar de pronunciar me virei para a Lice. ― Já que você ficará por aqui, qualquer coisa me avisa.

 

― Tá bom.

 

― Gente, mas isso não é necessário, eu estou bem ― a Rose declarou.

 

― Eu aviso. ― Alice piscou para mim e a loira revirou os olhos.

Acenei para as duas, retirando-me do quarto. Quando entrei pela porta de casa, parecia que eu carregava um peso nas costas.

 

― Que dia mais conturbado! ― Sussurrei logo após colocar meus pertences no aparador.

Passei as mãos pelo rosto, e agora essa da Lice? Eu me preocupei com a sua situação, por um lado entendia seus receios, mas pelo outro… O Charlie trouxe um sentido maior para a minha vida. Apesar dos momentos desafiadores da maternidade, havia alguns que valiam muito a pena.

 

― Oi, querida ― minha tia falou ao me ver.

Assim que cogitei responder, uma gargalhada infantil ecoou no ambiente. O Charlie brincava no seu tapete de borracha no meio da sala. Sorri totalmente boba e ao pegá-lo no colo, esqueci de toda tensão do dia, pelo menos por ora.

Depois do jantar, Edward e eu fomos para a cama, cansados. Conversamos um pouco sobre os últimos acontecimentos, antes dele pegar no sono. Encarei o teto por muitos minutos, minha mente não conseguia desligar. Revirei várias vezes na cama, cochilando, até o relógio marcar seis da manhã, pois desisti de tentar dormir. Caminhei na direção do quarto do Charlie.

 

― Você já acordou? ― comentei com a voz suave para o pequeno.

Ele sorriu mostrando sua gengiva banguela ao mesmo tempo que agarrava seus pés. Após enchê-lo de beijos, carreguei o meu filho para a cozinha, preparando um café.

 

― Caiu da cama, amor? ― Edward apareceu do nada no cômodo.

 

― Eu mal preguei o olho ― respondi bocejando.

Ele sentou ao meu lado assim que buscou pela xícara no armário e em seguida serviu um pouco do líquido quente. No mesmo instante, escutei o meu celular tocar.

 

― Oi, Lice. Aconteceu alguma coisa?

 

― Levaram a Rose para o centro cirúrgico.

 

― Como assim? ― perguntei desesperada.

 

― Eu também não estou sabendo dos detalhes, o Emmett ficou com ela já que começou o meu plantão.

 

― Mas por que para o centro cirúrgico?

 

― Hemorragia.

 

― Ai, meu Deus!

 

― Calma, eles estão fazendo o possível para conter o sangramento. ― Inspirei o ar procurando me tranquilizar.

 

― Eu chego em quinze minutos então.

 

― Mas vem com cuidado, por favor ― Alice declarou preocupada.

 

― Pode deixar. ― Nós nos despedimos e o Edward me olhava assustado.

 

― Preciso ir para o hospital. ― Levantei da cadeira imediatamente.

 

― Claro, eu te dou uma carona. ― Concordei com um aceno, porém ao avistar o Charlie no seu carrinho parei no lugar.

 

― E o Charlie? Nesse ambiente, ele nem tem todas as vacinas ainda. ― Suspirei. ― A tia possui um compromisso hoje, só amanhã que ela estará disponível.

 

― A minha mãe, vou ligar para ela.

Enquanto ele discava o número, subi para me arrumar. Aproveitei para organizar a bolsa do pequeno e meia hora depois, percorri os corredores do hospital. Encontrei a Lice em uma sala de espera da unidade de internação.

 

― Oi prima, alguma informação nova?

 

― Consegui falar com uma enfermeira apenas sobre o motivo dela entrar para a cirurgia. ― Aguardei a Alice terminar a sua explicação. ― Hemorragia no útero.

 

― Lice… ― minha voz falhou.

 

― Logo ela estará aqui, tagarelando. ― Afagou meu braço e eu sorri imaginando a cena.

 

― E o Emmett? Será que ele sabe de mais coisas? ― A Alice negou com a cabeça.

 

― Ele foi na lanchonete.

Meu coração estava apertado, só queria que a Rose ficasse bem. Nós duas permanecemos em pé no cômodo, impacientes, entretanto para a nossa sorte, ou não, o médico apareceu em seguida.

 

― Conseguimos conter o sangramento. ― A Lice e eu respiramos aliviadas. ― Mas descobrimos um tumor na parte inferior do útero.

 

― Tumor? ― repeti atordoada.

 

― No colo do útero ― Minha prima completou o argumento dele. ― E qual será o tratamento?

 

― Quando ela acordar, vamos discutir isso. Temos que analisar os exames primeiro. ― Ele pediu licença e se retirou.

 

― Alice, não posso perder mais ninguém. ― Meus olhos encheram de lágrimas e balancei a cabeça. ― A Rose não. ― Comecei a chorar desesperada. Senti a Lice me envolver em um abraço, enquanto eu soluçava, suas mãos acariciavam meus cabelos, sussurrando mensagens otimistas. Porém, segundos depois, nós duas debulhamos em prantos, botando para fora a nossa angústia. Minha melhor amiga com câncer, que pesadelo! 


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Notas finais do capítulo

Vamos mandar boas energias para a Rose que a coisa ficou feia aqui :o vejo vocês no próximo capítulo, beeijos ;*



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