Lembranças de Você escrita por Eli DivaEscritora
― Bella, levaram a Rose para fazer alguns exames ― Alice me explicou após conversar com uma funcionária. ― Estou tentando encontrar o Emmett. ― Ela olhou para o celular e mexeu no aparelho.
― E onde fica a sala de exames? Você não pode ir lá? ― Minha prima pensou por um instante.
― Ótima ideia, mas e você? Com certeza te proibirão de entrar.
― Me mostra o caminho da lanchonete, acho que vou comer alguma coisa.
Logo que a Lice terminou de informar como eu faria para chegar, ela pegou um cartão na gaveta do balcão e me entregou, pois precisaria dele para passar nas portas.
Meia hora depois, mastiguei o último pedaço do meu sanduíche com um pouco de sacrifício, já que estava preocupada com a Rose. Antes de voltar para a ala de internação, mentalizei coisas positivas, seria apenas um susto e em breve nossas vidas voltariam a ter paz. Balancei a cabeça em uma afirmação e levantei da cadeira confiante. Quando retornei para a unidade, meus pés se moviam agitados, com pressa, ansiando por notícias.
― Então, e a loira? ― Encarei a Alice parada no meio do corredor.
― Estão trazendo para cá, ela não acordou ainda.
― Mas já descobriram o que é?
― Pela espiada que dei nos exames, a princípio é anemia. Vamos aguardar o diagnóstico do médico.
Respirei aliviada e logo depois dois enfermeiros cruzaram a porta, empurrando uma cama na qual Rosalie vinha deitada. Com o semblante sereno, porém pálido, ela descansava. Eu os acompanhei até o quarto, sentando na poltrona para esperar a bela adormecida despertar.
― O que aconteceu? ― Ouvi a voz da loira ecoar no cômodo, seus olhos azuis se acostumaram com dificuldade por causa da luz.
― Você desmaiou.
― Já posso ir embora?
― Claro que não, o médico ainda está investigando o motivo. ― Ela soltou o ar impaciente.
― Chama ele, tenho várias roupas para confeccionar hoje.
― Sossega Rose, primeiro a tua saúde.
― Meu celular, cadê? Alguém já avisou a minha chefe?
― Vou perguntar para a Lice, só fica calma, tá bom? ― Ela apenas acenou com um gesto afirmativo enquanto eu me levantava.
Procurei minha prima pela unidade, localizando-a com o Emmett, eles batiam um papo perto da saída.
― Oi gente, a Rose acordou. Ela quer saber se já avisaram a chefe dela.
― Conversei com a mulher agora a pouco ― o Emmett respondeu. ― E como a nossa paciente despertou?
― Bem impaciente ― pronunciei arqueando as sobrancelhas. ― Não vê a hora de ir embora daqui, deve ser um bom sinal isso, né.
Nós sorrimos e em seguida um médico passou pela porta, andou até o quarto da loira e entrou. Imediatamente, nós nos dirigimos para lá.
― O resultado dos exames não apontaram nada grave, apenas uma anemia. Vou prescrever uns remédios para você e amanhã de manhã, se me prometer que cuidará da sua alimentação, ganhará alta.
― Prometo ― ela disse entusiasmada. ― Então me esforçarei, pois ultimamente não consigo comer de tanta náusea.
― Náusea? ― Alice repetiu. ― Você também? ― Seus olhos castanhos escuros se arregalaram, assustados. ― O doutor solicitou o Beta HCG?
― Sim, descartamos gravidez. ― Ele procurou nos papéis que segurava nas mãos. ― A náusea pode ser devido à sua vitamina B12 que está baixa.
Encarei a Alice com o rosto inclinado, como assim: você também? O que ela quis dizer com isso.
― Bem, tenho que fazer meus acompanhamentos com os outros pacientes, mas se precisar de alguma coisa é só chamar a enfermeira. Vamos para a ronda, Emmett?
― Claro, já alcanço o senhor. ― Enquanto eu e a Lice agradecíamos ao médico, o rapaz se aproximou da cama da Rose e se despediu dela. ― Eu volto assim que meu plantão terminar. ― Ele beijou os lábios dela e partiu atrás do doutor que havia saído segundos antes.
― Nossa, que susto, dona Rosalie ― minha prima declarou.
― E você? Que história é essa? ― comentei com a mão na cintura.
― Que história? ― Ela se fez de desentendida.
― Ah, por favor, Alice. ― A loira se alterou. ― Náusea? Aquele teste Beta sei lá, o quê. Acha que somos crianças, é?
― Tá bom, suas purgantes. ― Minha prima inspirou o ar, seu peito subiu e desceu e logo após sua voz saiu trêmula. ― Eu descobri que estou grávida.
Eu e a Rose nos olhamos chocadas, apesar da desconfiança, ouvir de sua boca a confirmação se tornava… real.
― Mas não quero falar disso agora, hoje a Rose precisa de nós. ― Ela sentou na poltrona ao lado da cama da loira.
― Só que eu quero, quantas semanas você está? ― Rosalie perguntou animada. ― Será que dessa vez eu ganho uma afilhada? ― ela comunicou tão empolgada que eu notei suas bochechas adquirirem um tom rosado.
Alice levantou os ombros, desanimada e respondeu:
― Cinco semanas.
― O quê? Então no sábado a senhora já sabia, é? ― a loira disse espantada.
― Lice, por que não contou nada pra gente?
― Não consigo me imaginar sendo mãe. ― Alice fechou os olhos, negando com a cabeça. ― Eu mal tenho tempo para mim, vou cuidar dessa criança como? Praticamente moro nesse hospital, a minha vida é aqui.
Espiei a Rose com o semblante triste, sentindo a mesma coisa que eu.
― Sem falar do Jasper, aquele lá nem sabe se cuidar. ― Minha prima abriu os olhos e bufou. ― Não posso ter esse bebê.
― Lice, entendo que a notícia é assustadora no começo, mas não vamos pensar de cabeça quente ― anunciei ao pegar em sua mão.
― Escuta a Bella, Alice ― Rosalie disse para motivá-la. ― Nós estaremos aqui do seu lado.
Minha prima tentou esboçar um sorriso.
― Por que não mudamos de assunto? ― ela perguntou em seguida. ― E o Charlie?
― Deixa eu mostrar o vídeo que a sua mãe fez dele. ― Peguei o celular na bolsa. ― Ele tá aprendendo a rolar.
As duas emitiram um som de “own” juntas e isso só aumentou ao assistirem o pequeno no seu tapete de borracha. Meia hora depois, eu me despedi da loira.
― Amanhã nos falamos, então ― ao terminar de pronunciar me virei para a Lice. ― Já que você ficará por aqui, qualquer coisa me avisa.
― Tá bom.
― Gente, mas isso não é necessário, eu estou bem ― a Rose declarou.
― Eu aviso. ― Alice piscou para mim e a loira revirou os olhos.
Acenei para as duas, retirando-me do quarto. Quando entrei pela porta de casa, parecia que eu carregava um peso nas costas.
― Que dia mais conturbado! ― Sussurrei logo após colocar meus pertences no aparador.
Passei as mãos pelo rosto, e agora essa da Lice? Eu me preocupei com a sua situação, por um lado entendia seus receios, mas pelo outro… O Charlie trouxe um sentido maior para a minha vida. Apesar dos momentos desafiadores da maternidade, havia alguns que valiam muito a pena.
― Oi, querida ― minha tia falou ao me ver.
Assim que cogitei responder, uma gargalhada infantil ecoou no ambiente. O Charlie brincava no seu tapete de borracha no meio da sala. Sorri totalmente boba e ao pegá-lo no colo, esqueci de toda tensão do dia, pelo menos por ora.
Depois do jantar, Edward e eu fomos para a cama, cansados. Conversamos um pouco sobre os últimos acontecimentos, antes dele pegar no sono. Encarei o teto por muitos minutos, minha mente não conseguia desligar. Revirei várias vezes na cama, cochilando, até o relógio marcar seis da manhã, pois desisti de tentar dormir. Caminhei na direção do quarto do Charlie.
― Você já acordou? ― comentei com a voz suave para o pequeno.
Ele sorriu mostrando sua gengiva banguela ao mesmo tempo que agarrava seus pés. Após enchê-lo de beijos, carreguei o meu filho para a cozinha, preparando um café.
― Caiu da cama, amor? ― Edward apareceu do nada no cômodo.
― Eu mal preguei o olho ― respondi bocejando.
Ele sentou ao meu lado assim que buscou pela xícara no armário e em seguida serviu um pouco do líquido quente. No mesmo instante, escutei o meu celular tocar.
― Oi, Lice. Aconteceu alguma coisa?
― Levaram a Rose para o centro cirúrgico.
― Como assim? ― perguntei desesperada.
― Eu também não estou sabendo dos detalhes, o Emmett ficou com ela já que começou o meu plantão.
― Mas por que para o centro cirúrgico?
― Hemorragia.
― Ai, meu Deus!
― Calma, eles estão fazendo o possível para conter o sangramento. ― Inspirei o ar procurando me tranquilizar.
― Eu chego em quinze minutos então.
― Mas vem com cuidado, por favor ― Alice declarou preocupada.
― Pode deixar. ― Nós nos despedimos e o Edward me olhava assustado.
― Preciso ir para o hospital. ― Levantei da cadeira imediatamente.
― Claro, eu te dou uma carona. ― Concordei com um aceno, porém ao avistar o Charlie no seu carrinho parei no lugar.
― E o Charlie? Nesse ambiente, ele nem tem todas as vacinas ainda. ― Suspirei. ― A tia possui um compromisso hoje, só amanhã que ela estará disponível.
― A minha mãe, vou ligar para ela.
Enquanto ele discava o número, subi para me arrumar. Aproveitei para organizar a bolsa do pequeno e meia hora depois, percorri os corredores do hospital. Encontrei a Lice em uma sala de espera da unidade de internação.
― Oi prima, alguma informação nova?
― Consegui falar com uma enfermeira apenas sobre o motivo dela entrar para a cirurgia. ― Aguardei a Alice terminar a sua explicação. ― Hemorragia no útero.
― Lice… ― minha voz falhou.
― Logo ela estará aqui, tagarelando. ― Afagou meu braço e eu sorri imaginando a cena.
― E o Emmett? Será que ele sabe de mais coisas? ― A Alice negou com a cabeça.
― Ele foi na lanchonete.
Meu coração estava apertado, só queria que a Rose ficasse bem. Nós duas permanecemos em pé no cômodo, impacientes, entretanto para a nossa sorte, ou não, o médico apareceu em seguida.
― Conseguimos conter o sangramento. ― A Lice e eu respiramos aliviadas. ― Mas descobrimos um tumor na parte inferior do útero.
― Tumor? ― repeti atordoada.
― No colo do útero ― Minha prima completou o argumento dele. ― E qual será o tratamento?
― Quando ela acordar, vamos discutir isso. Temos que analisar os exames primeiro. ― Ele pediu licença e se retirou.
― Alice, não posso perder mais ninguém. ― Meus olhos encheram de lágrimas e balancei a cabeça. ― A Rose não. ― Comecei a chorar desesperada. Senti a Lice me envolver em um abraço, enquanto eu soluçava, suas mãos acariciavam meus cabelos, sussurrando mensagens otimistas. Porém, segundos depois, nós duas debulhamos em prantos, botando para fora a nossa angústia. Minha melhor amiga com câncer, que pesadelo!
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Vamos mandar boas energias para a Rose que a coisa ficou feia aqui :o vejo vocês no próximo capítulo, beeijos ;*