O caminho até a fazenda foi tranquilo, apesar de um pouco demorado. O clima dentro do veículo parecia tenso, creio ser devido ao nosso momento antes da partida. Eu praticamente me atirei em Edward e ele deve me achar uma oferecida. O rapaz dirigia com as mãos bem firmes no volante, e me espiava com o canto dos olhos de vez em quando. Provavelmente está pensando que vou atacá-lo a qualquer momento. Droga, Bella! Nem aconteceu nada e você já estragou tudo!

Quando chegamos à fazenda Weber ainda não havia muitos convidados, então estacionamos mais ao fundo, próximo a uma árvore, deixando espaço livre para os próximos veículos. Estava retirando o cinto de segurança quando Edward deu a volta correndo no carro para abrir a minha porta. Olhei em sua direção, notei que o sorriso torto tinha retornado, e ele estendeu uma mão para me ajudar a descer. Sorri e aceitei o apoio, descendo do veículo, porém ele não se moveu. Prensada entre ele e a caminhonete, precisei erguer a cabeça para encará-lo. Sua mão ainda segurava a minha, e com a outra ele colocou uma mexa de cabelo atrás da minha orelha, aproveitando para fazer um carinho na bochecha. As borboletas na minha barriga já pareciam estar dançando macarena, e eu fechei os olhos por uns segundos, apreciando o gesto doce. Seu rosto se aproximou do meu lentamente, estreitando a distância e nossos narizes se tocaram, quando uma voz ecoa ao fundo.

― Ei, Ed! Uma mãozinha para acender a fogueira? ― Um rapaz de cabelos escuros e óculos chamou. Edward suspirou, encostando sua testa na minha, e eu pude sentir o hálito fresco de hortelã.

― Hora perfeita, Eric ― murmurou só para mim. Aproveitei a proximidade e me enchi de coragem, plantando um beijo no canto de sua boca. Seus olhos escureceram na hora e sua mão desceu até minha cintura, dando um aperto ali e me puxando para mais perto, antes de se afastar em direção ao tal Eric.

Segui o Edward até o local, havia alguns troncos de árvore dispostos ao redor da pilha de madeira que seria acesa, servindo como bancos para os convidados. Ed me levou para conhecer a Angela, filha dos donos da fazenda, e já adorei a mulher logo de cara. Ela era muito querida e receptiva, me senti de casa rapidamente.

Fui ajudando Angela a organizar os últimos detalhes, recolhemos alguns gravetos para servirem de espetos e colocamos próximos à fogueira, que já estava com chamas altas e bem aquecida. Aos poucos os convidados foram chegando e Angela foi me apresentando cada um deles: Sam e Emily, Jacob Black, que descobri ser filho do dono daquele restaurante, as irmãs Tanya e Kate, Leah, Quil e Paul. A Alice e o Jasper se atrasaram um pouco, ela disse estar meio indisposta, mas não quis perder a oportunidade de passarmos mais um tempo juntas.

Começamos a assar alguns marshmallows enquanto Jacob contava uma história de terror - ele não era muito bom nisso, mas ninguém arruinou o barato do rapaz, pois o seu jeito de encenar deixava tudo muito divertido. Sentei entre Edward e Alice, que ficava o tempo inteiro me empurrando para ele com a desculpa que precisava se espreguiçar. Ele não pareceu se importar, mas notei que havia alguém me encarando disfarçadamente. Tanya.

Aproveitei a música que saía do alto-falante de um dos veículos para sussurrar no ouvido da Alice.

― Ei, qual é a da Tanya? Ela não para de me fuzilar com os olhos.

― Ela é ex-namorada do Ed. Acho que ela está com ciúmes ― cochichou de volta, dando uma espiadela em sua direção. Ótimo, era só o que me faltava. Alice percebeu minha expressão, e continuou ― Nem dá bola pra ela, passado é passado. Foi você que ele convidou para estar aqui, não foi?

Assenti com a cabeça, concordando. Em seguida, Paul aumentou o volume do som e chamou todo mundo para dançar. Alice estava uma graça tentando dançar com a barriga sobressalente, e Jasper acompanhava de perto, caso ela precisasse de alguma ajuda. Edward estendeu a mão, num claro sinal de convite, e eu aceitei sem nem pensar duas vezes. Queria me divertir de verdade, sem preocupações, e não seria a Tanya um empecilho para mim.

As mais animadas levaram todos a fazer coreografias inventadas na hora, e as mais lentas nos forçaram a dançar a dois. Envolvi meus braços em volta do pescoço do Edward e ele enlaçou minha cintura, nos embalamos para lá e para cá bem lentamente, sem nos importar com as pessoas à nossa volta.

― Estou tão feliz de estar aqui… ― comentei baixinho, fechando os olhos por alguns segundos. Edward sorriu e murmurou em meu ouvido:

― Vamos ficar um pouco mais sozinhos? ― Só a simples menção da palavra “sozinhos” já fez as borboletas voltarem.

― Onde podemos ir?

― Que tal a gente pegar algo para beber lá dentro? ― e apontou com a cabeça em direção à casa de Angela. 

― Ah, sim, por favor. Estou morrendo de sede ― disse um pouco mais alto, caso alguém estivesse nos ouvindo. Nos encaminhamos rapidamente até a residência, sem dar tempo para ninguém falar nada.

Assim que entramos na cozinha, Edward me prensou na parede ao lado da porta, grudando nossos lábios quase que imediatamente, e minha reação instintiva foi colocar minhas mãos em seus cabelos, enquanto as dele passeavam entre meu rosto, meu quadril e cintura. O beijo era meio desesperado, como se tentássemos recuperar o tempo perdido.

― Ah… eu queria fazer isso há muito tempo… ― sussurrou e seus lábios logo se juntaram aos meus novamente, dessa vez mais delicadamente, aproveitando cada segundo.

Eu poderia permanecer aqui uma eternidade, mas a gente precisava retornar ao grupo.

― Ed… ― tentei falar entre os selinhos ― Precisamos… voltar… ― Ele gemeu em negação, me puxando para mais perto, e pude sentir sua animação. Nesse momento, minha vontade era ficar aqui, ou ir para um lugar ainda mais reservado, mas sei que o pessoal acharia estranho. Respirei fundo e segurei seu rosto em minhas mãos, afastando-o por alguns milímetros para poder observá-lo nos olhos. ― A gente continua outra hora. Seus amigos vão estranhar nossa ausência por tanto tempo.

― Sim, você tem razão. Infelizmente ― acrescentou, com um sorriso triste. Edward me deu um último beijo nos lábios antes de me soltar. Pegamos algumas cervejas na geladeira, caso mais alguém quisesse, e olhei o meu reflexo em uma das janelas, ajeitando a maquiagem e o cabelo, para então voltarmos ao grupo.

Assim que chegamos, Alice me olhou maliciosa e deu uma piscadinha, sem interromper sua dança com o Jasper, mas o restante nem pareceu notar nossa ausência, com exceção, claro, da Tanya. Com um olhar gélido em minha direção, a mulher pegou pela mão o pobre Quil e ambos foram para longe. Não sei se ela tramava algo, mas eu não queria saber. Hoje, o foco da minha atenção é em mim mesma. Na Bella.

Por um momento, fiquei contente por esse lance não ser em Toledo. Lá, Edward nunca sairia ileso por estarmos tendo um caso, a mídia iria trucidá-lo, e investigar até a cor de sua cueca e onde ela foi fabricada. Estremeci apenas com a ideia, e ele achou ser devido ao frio, então me levou para perto da fogueira, onde as meninas se localizavam. Ele é muito atencioso e carinhoso, e uma parte de mim já começou a sofrer pela minha partida, afinal, minha vida inteira está em Toledo. Não sei quanto tempo mais conseguirei me esconder em Vila Aurora.

Comecei a me sentir melancólica, então tentei afastar os pensamentos ruins e puxei assunto com Leah, Emily, Angela e Kate, as quatro estavam sentadas assando mais marshmallows, e aproveitei para comer mais um pouco. A Kate parecia ser bem diferente da sua irmã, era aberta e simpática, e o mesmo aconteceu com as outras meninas. Elas conversavam sobre alguns assuntos e fizeram questão de logo me incluir, ainda que eu não participasse efetivamente da sua roda. Enquanto isso, Edward se reuniu aos rapazes no lado oposto, perto dos carros.

Angela comentava sobre como gostaria de assistir novas séries de televisão, pois ela já havia assistido todas as disponíveis no aplicativo DemandFlix³– achei a proposta dele bem interessante, é um programa atualizado a cada dois meses, o representante vem à vila e renova o catálogo diretamente na TV de cada pessoa assinante, adicionando novas temporadas, séries e filmes através de um aparelho, visto que a internet aqui é praticamente inexistente. Inclusive, descobri que o sinal pegava apenas no topo de uma montanha mais afastada do centro da vila. Então, com essa proposta do DemandFlix, os moradores conseguiam assistir aos conteúdos atuais, apenas demoravam um pouco mais para ter acesso.

Alice chegou um pouco depois e se sentou ao meu lado, me dando um sorriso aconchegante. Fiz carinho na sua barriga e ganhei de presente um chute do bebê ali dentro. Fiquei tão feliz com o acontecimento que as meninas também quiseram sentir, e uma fila logo se formou para passar a mão no barrigão. Nesse momento, a Tanya retornou de sei lá onde com aquele rapaz, e ela estava diferente, possuía um sorriso debochado na face, como se soubesse de algo. Depois, juntou-se à nossa roda e tentou participar da nossa conversa, mas eu achei o ato meio forçado demais.

― Então, Bella ― O jeito que ela pronunciou meu nome me deu um arrepio na espinha. ―, parece que eu te conheço de algum lugar, você não me é estranha.

― Impressão sua, tenho um rosto bem comum, talvez seja por isso ― Tentei desconversar, e Alice interviu.

― Eu também já comentei sobre minha melhor amiga de infância várias vezes para todos vocês… Você deve sentir que já a conhece tanto quanto eu ― declarou de um jeito tão incisivo que até eu quase acreditei. Quase. Tanya não se deu por vencida, e começou a retrucar:

― Não sei não, acho que…

― Bella, vamos? Amanhã preciso levantar cedo para ajudar minha mãe na pousada, e já está ficando bem tarde. ― Edward apareceu salvando a pátria, mesmo sem nem saber.

― Claro, vamos sim. Obrigada pela recepção, meninas! Adorei passar um tempo com todas vocês ― pronunciei sinceramente para elas, e recebi alguns abraços em resposta. Nos despedimos de todos e logo embarcamos na caminhonete, seguindo rumo à pensão.

O clima estava tranquilo dentro do veículo, Edward ficou todo o trajeto com uma mão no volante e a outra em cima da minha coxa, fazendo um carinho suave. Parecíamos um casal de namorados, e eu não me importei nem um pouco. Ao chegarmos ao destino, ele estacionou na garagem e desligou o carro, e permanecemos naquela posição por alguns segundos, criando coragem para sairmos. Sei que ao abrir essa porta, a bolha irá estourar e tudo voltará ao normal. Respirei fundo e disse:

― Obrigada por me convidar hoje, Ed. Eu amei esse tempo com você e seus amigos ― Segurei sua mão entre as minhas, entrelaçando nossos dedos em seguida.

― Fico feliz que você tenha gostado ― exprimiu, encurtando a distância e dando um selinho demorado em meus lábios, depois plantou um beijo em minha testa e saímos do carro. Ele foi para o seu aposento e eu subi até o terceiro andar para o meu quarto. Decidi tomar um banho para relaxar e tirar o cheiro de fumaça impregnado em mim, assim conseguiria dormir melhor. Eu terminava de passar meu creme hidratante no corpo quando ouço batidas leves na porta do quarto. Vesti meu roupão e abri uma fresta da porta, vendo um rapaz alto de calça de moletom, camiseta branca e cabelos molhados.

― Edward? Aconteceu alguma coisa? ― Ele estava com uma expressão estranha no rosto, meio preocupado.

― Eu… Desculpe, não deveria ter vindo ― pronunciou me dando as costas para ir embora, mas consegui segurar seu braço a tempo.

― Espera! Vem cá ― falei suavemente, virando–o de frente para mim. ― O que houve?

Seus olhos possuíam uma cor escurecida, e ele passou a mão livre entre os cabelos, bagunçando-os ainda mais.

― Eu não sei ser assim, tão espontâneo, não é meu jeito, sabe? ― Olhei meio confusa para ele, que continuou. ― Em relacionamentos. Eu geralmente não faço isso. Sou à moda antiga, se você preferir chamar assim. ― E então, de repente, percebi do que ele se referia. Nosso beijo que aconteceu lá na fazenda foi algo atípico para ele. Edward era do tipo que cortejava, saía em encontros e pedia em namoro antes de sair trocando saliva.

― Entendi. E você se arrependeu? ― Questionei, realmente curiosa com sua resposta. Ed me olhou dos pés à cabeça, terminando em meus olhos, e disse:

― Não. Eu quero você. ― Ao ouvir suas palavras, dei um passo para o lado para abrir mais a porta e deixá-lo entrar. Ele ficou alguns poucos segundos parado, mas logo adentrou em meu aposento, fechando a porta depois. 

Edward segurou meu rosto entre suas mãos, e beijou meus lábios delicadamente no começo, e então uma urgência tomou conta de nós dois. O beijo se tornou mais ávido, quase desesperado, com emoções querendo transparecer através do ato. Ele migrou a atenção de minha boca para o meu pescoço, e soltei um suspiro com um gemido baixinho, o que pareceu atiçá-lo ainda mais. Suas mãos desceram pelo meu corpo e apertaram minhas nádegas por cima do roupão, enquanto eu puxava sua camisa para removê-la.

Ele se afastou por um momento para retirar o traje, e pela primeira vez eu o vi desse jeito. Seu peito era definido, passei minhas mãos por toda a extensão da sua pele, e quando fui beijar o local, ele me interrompeu, colocando suas mãos no laço do roupão, que foi amarrado às pressas mais cedo. Olhando no fundo dos meus olhos, Edward desamarrou a peça e ela caiu no chão, deixando meu corpo livre e nu em sua frente. Seus olhos me examinaram por completo, e ele voltou a me beijar, dessa vez com muito mais paixão. Ergueu-me, sem quebrar o contato de nossas bocas, e eu enlacei sua cintura com minhas pernas, enquanto ele nos direcionou até a minha cama, depositando-me delicadamente no móvel.

Sem sombra de dúvidas, foi a melhor noite que eu já tive em toda a minha vida. Pela primeira vez, me senti… amada e desejada de verdade. Guardaria para sempre esse momento em minha memória.