Três Copos e Uma Soneca Depois - CIP escrita por Casais ImPossíveis


Capítulo 1
Capítulo Único - Três Copos e Uma Soneca Depois




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Alícia Gusman era amiga de Marcelina Guerra desde o fundamental e sempre se divertia muito quando saía com ela, ou apesar de suas diferenças ou justamente por causa delas. Era hilário vê-la toda patricinha se enturmando com a galera da pista de skate quando fazia questão de lhe acompanhar ou ver a si própria destoando do ambiente quando fazia algum role escolhido por ela, mas de alguma forma as duas conseguiam fazer isso funcionar.

No entanto havia um tipo de role que a mocinha Marcelina nunca havia topado ir com a radical Alícia: festas com bebida alcoólica. Se achava nova demais para isso e tinha muito medo de ser pega fazendo algo errado e, principalmente, ilícito.

Porém fazia dois dias desde o seu aniversário de dezoito anos e não havia mais desculpa para não ir e, coincidentemente, haveria uma festa naquela noite a qual Alícia estava muitíssimo empolgada para levá-la.

— Ai, amiga. Não sei se to pronta pra isso. — Marcelina disse, mordendo o lábio inferior enquanto se olhava no espelho para ver como estava o vestido com estampa de flores cor de rosa que havia escolhido e o cabelo solto ondulado com babyliss.

— Para de bobagem, vai ser só um teste drive. Se você não gostar é só não ir mais, como já fazia antes. — Alícia respondeu analisando seu próprio look com um short jeans preto, regata branca larguinha com estampa de caveira e o cabelo liso caindo em cascata sob um boné de aba reta virado para trás. — Mas se gostar, vamos sair mais juntas porque eu curto esse tipo de festa e vez ou outra vou. Queria você lá também.

— Tem razão. Tá na hora de parar de medinho. — murmurou a segunda parte mais para si mesma e então se virou para a amiga e perguntou. — E aí, como estou?

— Muito fofa. — disse com um sorriso doce.

— Awn. Obrigada. — respondeu sorrindo de volta e completando. — Você também.

Já Alícia franziu a sobrancelha e resmungou. — Eca. Não fala isso.

Marcelina riu, fazendo-a rir também. Então as duas saíram do quarto prontas para viver a noite.

No entanto essa foi mais uma das noites hilárias para Alícia, dessa vez por descobrir o quanto a amiga era fraca para bebida, pois mesmo tendo escolhido um dos drinks mais fracos e doces da casa para oferecer a ela, a garota ficou alterada logo de cara.

No primeiro copo Marcelina ficou super animada, dançando e cantando muito mais alto do que de costume. No segundo copo ela ficou super sociável e começou a conversar com todo mundo, encher estranhos de abraço e querer subir nas mesas para dançar com mais plateia. No terceiro copo ela continuava carinhosa, mas ao mesmo tempo estava ficando sonolenta e quase cochilando encostada em qualquer lugar.

Alícia achou melhor levá-la para casa ao invés de oferecer um quarto copo, do jeito que as coisas iam o número quatro poderia causar uma baita ressaca ou até mesmo um PT.

— Amigaaaaa. Posso te contar uma coisa? — Marcelina pediu já com a cabeça deitada em seu ombro no banco de trás do Uber.

— Pode, claro. — respondeu sorrindo, se divertindo com a situação.

— Eu quero te beijar desde que notei que gosto de menina também. — confessou baixo.

— Pera aí, você gosta de meninas? — Alícia replicou em choque.

— Urrum, urrum. Eu percebi isso já tem tipo assim dois anos. — Marcelina confirmou, embora estivesse erguendo três dedos ao invés de dois muito mais perto do rosto da amiga do que seria necessário.

— E porque você nunca me contou? — além do choque havia uma certa magoa na voz de Alícia, pois ela contou assim que se descobriu bi.

— Porque eu tenho medo, né? Quando eu falar isso vai ser tããão mais real. — respondeu rindo aérea até tomar um susto com a percepção lenta chegando a sua mente alcoolizada. — Pera! Eu falei, não falei?

— Falou. — apesar de tudo Alícia acabou rindo.

— Ah... Já que eu falei mesmo. Você quer me beijar também? — perguntou com os olhos brilhando em expectativa.

— Hm. — Alícia nunca tinha parado para pensar sobre isso, mas acabou chegando a uma conclusão mais rápido do que esperava. — Eu beijaria você, com certeza. Mas não bêbada.

— Justo. — Marcelina concordou, sorrindo de canto. — Você é tão legal. Por isso que eu gosto de você, amiga.

— Eu também gosto de você, coisa fofa. — respondeu sorrindo de volta e beijando os cabelos levemente suados da outra garota.

Quando as duas chegaram Marcelina estava quase dormindo e Alícia praticamente teve que carrega-la para dentro, então a ajudou a deitar na cama e tirou os sapatos dela. Em seguida foi tomar um banho, vestir um pijama e sentar na sala para jogar videogame já que as duas caipirinhas que tomou na festa mal fizeram cócegas.

Mais ou menos duas horas mais tarde Marcelina surgiu na sala com os cabelos úmidos indicando que havia tomado banho e usando um pijama muito fofo com estampa de cupcakes.

— Oi. — disse baixinho, evidentemente um tanto sem graça.

— Oi. — Alícia também ficou sem graça enquanto pausava o jogo e colocava o controle na mesinha de centro.

— Eu vou direto ao ponto. — murmurou, se aproximando mais do sofá. — Naquela hora você estava falando sério ou só queria ser legal porque eu estava bêbada?

— Claro que era sério. — respondeu sem nem hesitar. — Eu nunca mentiria pra você. Em nenhum contexto. E também, você não bebeu tanto pra esquecer isso.

— Então... Você queria mesmo me beijar quando eu estivesse sóbria? — Marcelina não fez questão de conter um sorrisinho que brincava no canto de sua boca.

Alícia sentiu a vermelhidão se espalhando por suas bochechas cor de canela, mas ainda assim sua voz nem tremeu ao dizer. — Sim. Eu gostaria.

Ainda que a vermelhidão se espalhasse muito mais visível na pele branca de Marcelina, ela tentou ser confiante como sua amiga e se aproximou em passos levemente sensuais, sentou no colo de Alícia e roçou o nariz no dela, só então comentando no tom mais despretensioso do mundo.

— Bom... Eu não estou mais bêbada.

A respiração de Alícia, assim como os batimentos de seu coração, acelerou e ela nem se deu ao trabalho de responder, apenas levou uma mão para a cintura e outra mão para a nuca de Marcelina, puxando-a para unir suas bocas.

Não havia pressa naquele beijo, as duas línguas se tocavam com sutileza, se conhecendo e saboreando com calma e vontade. Aquele momento pareceu eterno, embora deva ter durado no máximo cinco minutos.

No fim, quando as duas bocas se separaram, Marcelina sorriu e deitou a cabeça no ombro de Alícia, quase sentindo que podia voar de tão leve que estava.

— Eu devia ter te beijado antes. — constatou depois de ficar alguns segundos ali apenas apreciando o cheiro de shampoo no cabelo liso.

— Tecnicamente eu que te beijei. — Alícia se gabou.

— Cala a boca. — replicou, bufando um sorriso. — Eu que tive que sugerir.

— Mas enfim... — Alícia também sorriu e delicadamente tirou a cabeça dela de seu ombro, fazendo-a olhar em seus olhos. — A gente não devia mesmo ter ficado tanto tempo sem se beijar. Mas não vamos cometer esse erro de novo. Combinado?

— Com certeza. — Marcelina sorriu ainda mais, porém logo desfez ambos os sorrisos ao voltar a beijá-la.

Essa definitivamente foi uma ótima noite.


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