Some More escrita por Deby Costa


Capítulo 5
Feridas profundas e descobertas que provocam mudanças.


Notas iniciais do capítulo

Lembrando que a história não esta sendo betada.

Boa leitura!



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A forma como você trata o ferido, vai revelar quem realmente precisa ser curado.

(Autor desconhecido.)

 

 

 

Hana empurrou a porta de correr e entrou no quarto de Kiba. O Ômega estava sentado no peitoril da janela olhando a vista. Amuado, o garoto abraçava os joelhos, enquanto Akamaru, como costumava se comportar quando o tutor ficava triste, cochilava sobre o assoalho.

— Você está melhor?

     A Inuzuka sentou-se ao lado do irmão, reproduzindo uma cena que acontecia muito quando Tsume estava saudável e ela era muito criança para ter preocupações desnecessárias. A jovem colocou um pratinho de torta de morangos com cobertura de chocolate entre eles. Ainda que amasse o doce, seu otouto não deu muita atenção ao lanche. Após o incidente com Ino, o Ômega havia se enfurnado no cômodo. Mesmo a Alpha tendo se desculpado na noite anterior, o garoto continuava sem coragem e ânimo para deixar seu aposento.

Kiba não estava habituado com Alphas, muito menos com os rompantes da casta. Tirando Inuzuka Kito, o segundo marido de Tsume e pai dele, que abandonou o lar ao perceber as coisas ficando complicadas diante do diagnóstico e a evolução da metástase que roubou a mãe deles de seu convívio, em dezessete anos, seu otouto conviveu com o total de seis Alphas. Dentre essa meia dúzia de shifters, dois tinham mais de sessenta anos, três não haviam chegado aos dois dígitos e o sexto era um dos líderes espirituais do lugar. Todos eram inofensivos a seu ver.

— Será que o Kazuo consegue lidar com a preparação das pestinhas sozinho? — Usando o dedo indicador, a Beta empurrou o prato para mais perto do outro. — O dia da apresentação dos ninkens está chegando. — Hana apelou para a proximidade da festa mais importante da aldeia.          

A jovem passou a observar a movimentação dos vizinhos e ergueu o canto dos lábios ao ver que seu estratagema deu certo, pois Kiba achando que ela não prestava atenção nele, olhou de esguelha para o chamativo pedaço de torta.

— Esse ano, você e Kazuo… –Hana iniciou o assunto que vinha tirando o sono de Kiba há alguns meses.

Os anciãos da aldeia haviam designado ele e Inuzuka Kazuo, os Ômegas mais hiperativos do clã, para auxiliar os senseis na preparação das crianças que receberiam a tutela da matilha nascida no início da primavera. A princípio, Hana teve medo da missão dada à dupla, contudo, desde que os garotos ficaram responsáveis por ensinar aos mais novos a importância do vínculo fraterno entre Marus e Inuzukas, os dois adolescentes não desapontaram a confiança depositada neles.

— Tô sabendo. — Ao interrompê-la, Kiba soou amargurado, no entanto, era tudo fingimento. O adolescente aguardava ansioso o dia que os pequenos seriam apresentados aos seus companheiros caninos, ou melhor, colocariam em prática ensinamentos sobre a relação entre um ninken e tutor ir muito além de Shikyakus no jutsu e outras técnicas ninjas desenvolvidas por seus ancestrais. — Eu e Kazuo temos um papel importantíssimo nessa comemoração. Não quero dar bobeira. — Kiba falou despretensiosamente e aproveitou para fazer um cafuné em Akamaru que ressonava baixinho.

  A Beta estava louca para saber qual seria a reação das crianças durante a apresentação e podia imaginar como andava as expectativas de seu irmão. Ainda estava fresca em sua memória quando era seu otouto no lugar das pestinhas. O dia que Kiba conheceu Akamaru e iniciou uma jornada de aprendizado mútuo e amizade fraterna com seu parceiro foi inesquecível!

Saudosa, Hana ajeitou a postura.

— Ok! — Hana buscou o olhar do irmão. — já que o senhor sabe disso, não demore muito para dar as caras na escolinha, do contrário, suas pestinhas logo aparecerão por aqui.

Diante do aviso, quem ajeitou a postura dessa vez foi Kiba. O rapaz soltou os joelhos e colocou as pernas para dentro do quarto. Hana o imitou.

— Hananee… a loira encardida, ela… — O medo do dia anterior retornava de mansinho e ficava evidente no chakra do garoto.

A mais velha estava consciente que Kiba temia por ambos e por todos na aldeia. Tomada de grande tristeza, porque talvez seu irmão não estivesse muito errado em julgar a Alpha que acolheram em casa, a Beta se antecipou:

— Você não tem o que temer, Ino prometeu que vai se comportar enquanto estiver conosco. Tudo bem?

— É… — Kiba ainda estava inseguro. — Tudo bem.

Antes de acariciar os fios de cabelos revoltos do irmão, Hana incentivou: — Agora coma a torta.

 Hana sorriu após o irmão pegar o pratinho e finalmente começar a devorar o doce.

 

 ******

 

— O que foi? — Hana perguntou para a Beta que não parava de analisá-la desde que as duas entraram em seu laboratório.

— Imaginei que depois que sua menina acordasse a senhorita fosse passar um tempo com ela, ao invés de continuar escondida atrás de seus tubos de ensaio. — Akita sorriu, esperando que a outra fizesse o mesmo.

A filha do curandeiro como todos na aldeia torciam pela felicidade de Hana. Desde que Tsume faleceu, a única coisa que a jovem fazia era cuidar do irmão, dos membros do clã e dedicar-se à pesquisa de novos medicamentos que auxiliassem no tratamento do câncer.

— Ela não é mais minha menina, Akita. — Hana afastou o tubo de ensaio que aquecia no bico de bunsen e o colocou junto a outros vidrinhos no suporte apropriado. Para ela, doía admitir que não conhecia a mulher que ela acolheu em sua casa, mesmo que todos os seus instintos gritassem que às duas se conheciam de outras vidas e que o reencontro delas havia sido obra do destino. — É apenas uma Alpha dominante que acolhemos em casa e assim que a passagem se abrir, ela retornará para sua gente.

     — Hana…

— Akita, eu não sou mais tão jovem. Há muito tempo parei de crer nos contos de fadas que nossos anciãos contavam em volta da fogueira em noites de lua cheia. — Hana pensou na mãe e nas promessas que fez a ela. — Estou prestes a fazer trinta anos, tenho que pensar no futuro do meu irmão, então, por favor, não toque mais nesse assunto.

  Hana encerrou a conversa e retornou a suas pesquisas.

  

****** 

 

Ino ficou decepcionada ao chegar à sala e ver Kiba correr em direção à rua quando notou sua aproximação. Na idade do garoto, muitos não conseguiam controlar os sentimentos, em especial o medo quando estavam perto de um Alpha dominante, como era o seu caso. Eles eram mais suscetíveis à energia imaterial que envolvia os shifters. Essa era a beleza e maldição da casta considerada mais frágil.

Que ironia! — Ino resmungou.

Ela merecia aquele tratamento por parte do Adolescente que via de longe a escuridão em seu coração, principalmente após tudo que ela fez há alguns dias...

Mesmo após falar mal das equipes de resgate, as chamando de jurássicas e as taxando de negligentes quando a Inuzuka lhe explicou sobre a passagem submersa e as consequências dela permanecer assim por vários meses, pacientemente, Hana continuou respondendo suas perguntas sobre resgate aéreo e suas implicações.

  — Creio que as equipes de salvamento tenham considerado o uso de aeronaves no seu resgate, todavia, embora estejamos nas montanhas, é muito arriscado chegar à nossa aldeia pelo ar.

— Droga! — Ino ficou irada. — Por quanto tempo ainda continuarei nesse fim de mundo? Quando essa maldita passagem se abrirá novamente? Tenho um cronograma a cumprir na planície.

 — Sinto muito. Não posso responder a nenhuma das suas perguntas.

 — Inferno! Eu me formo daqui ao quê? — Ino pensou por alguns segundos e em seguida completou: — Um mês ou dois? Maldição! — Ela blasfemou outra vez. — Como irei apresentar meus trabalhos de conclusão de curso? Como irei terminar meu projeto de... Aliás, onde estão minha mochila, celular e meu notebook? — Furiosa, a Alpha tentou andar, mas quase foi ao chão. Quando a Beta tentou ajudar, Ino rejeitou sua ajuda e bateu com a bengala no chão, então, Hana prendeu a respiração, passando a respirar com visível dificuldade. 

Nesse instante Ino caiu em si. Em seu descontrole, ela havia expandido tanto sua presença que estranhava a outra não ter sucumbido a tamanha opressão. A Yamanaka procurou no cômodo, mas o garoto Ômega não estava mais ali, tampouco o cão branco que sempre o acompanhava. No entanto, era possível sentir todo o pavor que ele transmitia através das grossas paredes de madeira.

— Eu imagino que precise de tempo para processar tudo que lhe aconteceu. Quanto a seus pertences, quando encontramos você aos pés da cachoeira da morte, só havia uma bicicleta contigo. Ela está muito bem guardada e assim que a passagem se abrir poderá a usar para ir embora.

Hana fez uma pausa e ergueu o rosto para olhar em seus olhos, entretanto, não havia a costumeira cumplicidade que encontrou nas primeiras trocas de olhares entre as duas.

— Eu entendo que esteja frustrada… — A voz de Hana não apresentava a docilidade que a encantou nas primeiras vezes que ela a ouviu. — Compreendo que este lugar não era onde gostaria de estar agora, no entanto, este fim de mundo onde você se encontra agora é o que eu e meu povo chamamos de lar. Peço que o respeite. 

— Eu…

Ela não deixou que Ino completasse a frase, e para falar a verdade Ino nem sabia o que pretendia dizer.

— Sendo assim, para que sua estadia por aqui não gere maiores contratempos, preciso que saiba de algo: não temos muitos Alphas e até mesmo Ômegas em nossa aldeia, então, não preciso lhe dizer como as castas mais frágeis reagem ao poderio de um shifter dominante, um exemplo disso foi o que aconteceu com meu otouto.

 A dureza na voz da Beta revelava todo o carinho e cuidado que ela tinha em relação ao irmão mais novo e também sua disposição a ir contra qualquer um que lhe fizesse mal. Ino não conhecia a história deles, mas a julgar pela ausência das figuras materna e paterna na residência, não precisava de muito para que ela formulasse um contexto.

— Por esse motivo…

— Me perdoe… — Certa do que precisava fazer para tranquilizar a outra, dessa vez foi Ino quem impediu a mais velha de falar. Ela recolheu totalmente sua presença e viu quando a respiração da Beta foi retornando a frequência normal. — Como está seu irmão?

— Ele ficará bem. — Hana preparou-se para deixar o cômodo, mas, Ino segurou em seu braço com força desnecessária, pois a outra olhou para sua destra e depois encarou-a de modo ameaçador.  

— Você não precisa se preocupar. — Ino soltou seu braço. — Prometo que enquanto estiver em sua casa, farei jus a sua hospitalidade.

Hana movimentou a cabeça mostrando haver entendido e antes de deixá-la sozinha no cômodo, disse:

— Eu tenho que ver meu irmão.

 

 ****** 

 

— Amanhã você tenta outra vez! — Ino exclamou confiante, em seguida ergueu a cabeça. De nada adiantava remoer o acontecido, mais tarde descobriria uma forma de se redimir com os seus anfitriões. — Agora você precisa começar o dia.

  Devagar e desanimada, Ino caminhou até a porta por onde Kiba saiu. Como vinha acontecendo desde seu descontrole, havia sido deixada sozinha na residência. Antes de abrir a porta por onde o garoto saiu, a Alpha conferiu se tinha deixado tudo em seus devidos lugares.

Todos os dias quando acordava, Ino encontrava roupas limpas aos pés do seu futon e na mesa da sala havia sempre um café da manhã reforçado. Apesar de ser péssima com os afazeres domésticos, pois seus pais nunca a deixavam fazer nada, a Alpha procurava manter tudo em ordem, imitando o costume que adquiriu no dormitório da faculdade quando iniciou os estudos na instituição.   Era o mínimo que poderia fazer para agradecer a hospitalidade e ajudar os donos da casa, pois como pôde perceber desde que despertou do sono profundo, ambos tinham muitas responsabilidades na aldeia.

— Olá! –Ino não ficou surpresa ao constatar que um dos cachorros de Hana estava à sua espera na varanda. — Sua dona te mandou me fazer companhia de novo? — O cão de pelagem cinzenta não era tão simpático quanto Akamaru, mas ela e o peludo estavam se entendendo bem.

Algumas crianças que a seguiram na manhã do dia anterior lhe contaram que o animal era o mais velho de três dos trigêmeos Haimaru, os gigantes de aparência lupina que eram parceiros da dona da casa. Essas mesmas crianças, além de muito curiosas, eram oportunamente faladoras.  Os pequenos sanaram muitas curiosidades que Ino possuía sobre à Hana.

A mulher dos seus sonhos cuidava dos ninkens e de outros animaizinhos que as crianças levavam no seu consultório. Outra informação que suscitou muita admiração era que Hana antes estudava na escola que formava doutores de bichinhos em Konoha, mas quando sua okaasan ficou mais dodói e foi morar junto com Okuri-inu, Hananee voltou para casa para cuidar de Kiba-kun, porque o traste Alpha que era o pai dele meteu o pé deixando ele sozinho à própria sorte.

Toda aquela história, passada naturalmente e num dialeto infantil, revelava o que os miúdos ouviam falar a respeito da Beta e do seu irmão mais novo. Conhecer um pouco do passado de Hana a fazia vislumbrar o quanto a jovem era altruísta. Sentimento que não conhecia e muito menos poderia mensurar.

— Opa! — Ino despertou devido à movimentação do animal à sua esquerda se colocando em prontidão.

  Diariamente, o grandão aparecia naquele mesmo horário. Rapidamente ela viu que a intenção dele era fazer com que ela se exercitasse, pois, sempre que chegava a seu limite, o cachorro a fazia retornar a residência onde estava hospedada.

— Tá certo! Não vai falar? — Ela implicou antes de seguir de perto o animal. — Ok quer que eu te siga? — A Alpha estava curiosa para onde ele a levaria dessa vez, já que nos dias anteriores ele a levou na escolinha onde Kiba ajudava a cuidar das crianças menores. No local, ocultando sua presença, ela pôde ver de longe o quanto o Ômega era amado pelos pequeninos. Isso a fez sentir-se mais chateada por ser tão impulsiva.

O ninken também a levou para conhecer a exuberante plantação de bastão do imperador, onde os adultos trabalhavam no cultivo e colheita das flores, as quais, duas ou três vezes por ano, segundo alguns trabalhadores, eram comercializadas nas aldeias vizinhas. A flor era usada na decoração de muitos templos e seu caule era muito utilizado na culinária em grande parte das cinco nações shifters. De fato, Hana não havia mentido sobre a quantidade de Alphas e Ômega no local serem mínimas.  Durante sua andança, Ino não cruzou com nenhum irmão de casta e viu somente um Ômegas de meia-idade.

  No dia anterior, em um momento de cansaço, a Yamanaka se sentou ao lado de um idoso que contou um pouco sobre o clã. O homem falou sobre os Inuzukas serem exímios caçadores e produzir tudo que necessitavam para sua sobrevivência nas montanhas. De início, sendo ela uma estudante de engenharia, julgou impossível qualquer tipo de produção agrícola naquela região montanhosa, mas ficou surpresa ao descobrir que eles possuíam um sistema de terraços em forma de degraus e sustentados por paredes de pedras que se estendiam por boa parte da encosta íngreme. Uma tecnologia avançadíssima para um povo que vivia isolado há anos. A aldeia também contava com um avançado e impressionante sistema de canalização de água da chuva e tratamento de esgoto.

Ino não duvidava que todas as construções do local fossem capazes de aguentar tempestades e em temperaturas extremas, apesar de aparentar ser simples construções de madeira. Como estudante de engenharia, que tinha como conceito primordial oferecer soluções práticas para problemas concretos, aquele lugar era um achado fascinante.

Voltando a atenção para o cão, que começava a andar devagar, Ino passou a segui-lo.

— Não irá mesmo divulgar qual será nosso roteiro de turismo, né? É sério? Nem um latidinho?

Ino apoiou-se na bengala e os dois caminharam por algumas paisagens conhecidas, mas em dado momento do caminho o cão desviou para uma área que ainda era novidade para ela.

  

******

  

— Estamos falando de uma experiência muito perigosa, no entanto…

— No entanto? — Shino e Kankuro perguntaram em simultâneo.

Embora usasse uma máscara que cobria parte do rosto, qualquer um podia ver através do brilho no olhar de Hatake Kakashi o quanto o Alpha estava animado com aquela proposta.

— É uma experiência inegavelmente radical!  

— Ops! Agora tu falaste a minha língua, cara! Se não for para ser radical, nem conta comigo para voar por sobre aquela pirambeira!

     Incrédulo, Shino meneou a cabeça assim que os dois Alphas sentados à sua frente fizeram um high five. Os dois aparentavam se conhecer há anos, devido à empolgação e sintonia que compartilhavam naquele cumprimento.

Em suas incessantes buscas por um meio de chegar até às terras Inuzukas, Shino descobriu a possibilidade de chegar pelo ar, isso é claro, se encontrassem um piloto louco o suficiente para levá-los até lá. Kakashi havia sido indicação do capitão Yamato, após ele avisar sobre a probabilidade de mais de 99,9% das chances da empreitada na região da divisa dar errado.

— Garoto da areia, gostei de você, sei que faremos uma dupla insana!

Hatake Kakashi e Sabaku no Kankuro gargalharam a ponto de quase caírem de suas respectivas cadeiras.

      O Alpha era adestrador de cães de busca e salvamento e estava lotado no grupamento do capitão Yamato, mas havia sido afastado há alguns meses por insubordinação. Shino não especulou os motivos e isso também não importava se o outro fosse corajoso, ou louco o suficiente, para levá-los para onde pretendia ir.

Localizada na divisa entre Kirigakure e Iwagakure, local extremamente propício a tempestades inesperadas, correntes aéreas e intensos nevoeiros, fenômenos naturais que impediam a visibilidade junto às encostas e dificultava a circulação de aeronaves na região. Os antepassados dos Inuzukas escolheram aquelas terras justamente por ser uma fortaleza natural contra invasores, mas tal engodo era uma faca de dois gumes, pois em situações inusitadas como a atual impedia as equipes de resgates de chegarem ao local e também os aldeões de sair se locomover além da cachoeira.

     — Se a vossa garota estiver nas montanhas, a gente traz ela para baixo naquela belezinha que vocês dois viram lá fora.

— Aquela coisa no seu quintal ainda consegue sair do chão? — Kankuro não parecia tão animado naquele momento e Shino, embora não tenha dito, pensou o mesmo sobre o monomotor que viu quando chegou à chácara do militar.

— É claro! Vocês acham que resgatei aquela belezinha do descarte do grupamento atoa? — Kakashi pareceu ofendido, mas não perdeu o bom humor. — Além disso, meu rapaz! Tenho experiência com aquela bendita cordilheira. O Alpha ergueu o polegar direito num gesto de concordância, fazendo Shino e Kankuro se entreolharam.

  De fato aquilo era verdade.

Shino havia pesquisado sobre Kakashi antes de ligar para ele, afinal, os pais de Ino estavam investindo uma pequena fortuna naquela missão. O Alpha diante dele havia sido o único homem corajoso o suficiente para encarar o espaço aéreo da cachoeira e retornar com vida, entretanto, tal façanha tinha acontecido há mais de vinte anos, quando o militar estava ingressando no grupamento. Uma atitude impensada que quase o fez perder a carreira e a vida.

O capitão Yamato lhe contou toda história:

O melhor amigo de Kakashi, filho mais novo de um promissor empresário de Konohagakure, decidiu percorrer O caminho após a morte de seu grande amor. Durante o percurso entre o templo budista do fogo e o santuário xintoísta da Vila oculta da lua, o Alpha, que se encontrava emocionalmente instável, desapareceu próximo a queda d’agua, quando coincidentemente a passagem também havia se fechado. As equipes de salvamento encerraram as buscas poucos dias depois, julgando que o rapaz tinha cometido suicídio devido à depressão. O militar, que não suportava mais dividir a dor com os familiares do amigo, que em sua opinião jamais atentaria contra a própria vida, confiscou uma aeronave do grupamento e realizou ele mesmo o resgate, ou melhor, tentou…

— Para falar a verdade, já estava passando da hora de voltar para aquela ‘morreba, afinal, fiz preciosos amigos naquele lugar. - Kakashi estava saudoso. — Além disso, quero saber como anda aquele desgraçado que deixou a vida difícil de garoto rico na planície para encarar a vida mansa de menino selvagem da montanha!

 Enquanto Kakashi ria alto, Shino olhou para a janela de onde podia ver claramente o pico da cordilheira. Se tudo desse certo, dali dois ou três dias, o trio pousaria de monomotor na pedra gigante. O estudante não era alguém ansioso ou estressado, contudo, desde que iniciou suas pesquisas sobre aquele clã, uma crescente e inexplicável inquietude se instalou em seu peito, a ponto de desestabilizar os kikaichuus sob sua pele.

— Kankuro, vamos arrumar nossas coisas e comunicar aos tios que em breve iremos partir.

Shino não sabia se Ino estava bem e se o saldo daquela empreitada seria bom ou ruim para ele, mas sempre que pensava nisso, seus insetos lhe diziam que tudo ficaria bem.

 

*******

 

— Ops! — Ino tropeçou no cão, que parou de súbito diante de um pequeno santuário onde alguns anciãos faziam orações diante da imagem de um imponente lobo. Ela jurava que viu o Haimaru fazer um ojigi para a estátua antes de continuar sua caminhada tendo-a em seu encalço. Que loucura! — Você quer que eu entre aí?

Ino perguntou depois que o ninken parou diante de uma cabana simples e esparramou-se sobre a engawa. Como a porta da residência estava escancarada, encaminhou-se para o seu interior. Na pequena habitação, a Alpha Ino retirou as sandálias no genkan e calçou os surippas à sua disposição. Assim que completou a ação, sentiu-se estranha, talvez fosse a saudade, mas era como se sentisse o chakra do seu pai, ao procurar a fonte daquela energia, viu um Alpha de longos cabelos loiros sentado em posição de lótus diante de um Kamidama.

 — Seja bem-vinda, Ino-chan. — O Alpha lhe saudou, mas continuou concentrado no altar doméstico, um segundo após o cumprimento íntimo e informal, o homem proferiu algumas palavras indecifráveis, que supôs ser a conclusão de uma oração.

— Obrigada? — Ino não sabia o que responder por isso agradeceu.

Após ouvi-la, calmamente o homem ficou pé e após se inclinar para o kamidama, virou-se para ela, a deixando perplexa. O shifter, que para a surpresa da Yamanaka tinha o símbolo dos Inuzukas desenhado nas bochechas, mas não possuía olhos selvagens e sim azuis como os seus e de Inoichi, aliás, a semelhança física daquele homem e a de seu pai, era impressionante demais para ela ignorar. !

O Alpha sorriu largo e enigmático antes de concluir:

— Eu estava ansioso para revê-la: moça dos cabelos cor de sol que encantou Okuri-inu.

 

 



   

 


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Notas finais do capítulo

Perdoem-me os erros e espero que tenham gostado.



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