Witch's Grimoire escrita por NortheastOtome1087


Capítulo 12
A cartada final




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Vila Igraine

Arlecchina estava em seu auge. Livre de sua prisão e com todos os seus poderes intactos, ela realmente faz jus a infâmia de ser a bruxa mais forte de toda a Midgardia. Não conseguia ver nada exceto destruição e morte em Igraine. As pessoas estavam em desespero, correndo por suas vidas.

Cheguei até Arlecchina e eu a encontrei no centro da vila, que agora não é nada exceto ruínas. Ela estava rindo e ao me ver, ela diz que meus amigos, nesse caso os meus clientes, não foram capazes de vencê-la. Apesar da minha tranquilidade, eu fiquei zangado com o que ela disse, já que não apenas ela conseguiu destruir uma vila, como também teve o prazer de falar mal dos meus clientes.

— Realmente, você é desprezível. Você não apenas gosta de destruir tudo o que vê, como também carrega um ódio mortal pela raça humana.

— Quem é você para me julgar, homenzinho?

Arlecchina tem um ponto. Eu sou um mercenário. O que um mercenário pode fazer é ser contratado, fazer missões e ganhar dinheiro. Não importa qual tipo de missão seja, um mercenário deve cumprir sua missão pra receber o pagamento. Isso pode até incluir destruir uma cidade e matar pessoas.

Mas ainda assim, eu tinha meu foco. Não podia deixar que Arlecchina destrua toda a vila de Igraine. Tinha que fazer alguma coisa, então escolhi a opção mais simples: Lutar. Lutar até o fim. Com minha Black Buster em mãos, eu posso ser capaz de vencer a feiticeira. No entanto, mesmo eu tendo uma relativa experiência com armas de corte decente, Arlecchina ainda era forte demais pra mim.

Por mais que eu tentasse atacá-la, eu não era capaz de vencê-la. Um mercenário como eu, por mais experiente que seja, nunca seria capaz de enfrentar uma bruxa.

Nem mesmo os membros da Mantícora Cobalto foram capazes de vencê-la. Mesmo com suas melhores magias, os magos da guilda não podiam contra uma feiticeira capaz de usar todo tipo de magia. Estava no fundo do poço, esperando desesperadamente por uma luz no fim do túnel.

Mas eu não desistia. Eu continuava a lutar bravamente, mesmo equipado com apenas uma espada não tendo magia. Arlecchina continuava usando suas magias sem dó nem piedade, exatamente como uma bruxa age com todos aqueles que ela odeia. Mas eu não importo. Para um mercenário conseguir o seu pagamento, ele deve cumprir o seu dever.

Nenhum obstáculo é páreo para mim. Não vai ser uma bruxa que vai me impedir de conseguir o que eu quero. Mesmo que ela tenha quase destruído o mundo. Mesmo que ela tenha poderes o suficiente pra causar um apocalipse. Mesmo que ela seja forte demais.

Lutei, lutei e lutei. Minutos mais tarde, os membros da Mantícora Cobalto chegaram até a vila e olharam pra mim enfrentando Arlecchina sem medo, sem olhar pra trás. A guilda via que, apesar de eu não ser um usuário de magia, eu continuava lutando e lutando. Não parava nunca. Fazia de tudo para atingir Arlecchina, mesmo que ela não receba nenhum dano.

— Seu tolo! Um humano sem magia como você não pode me deter! Então desista!

— Desistir? Me recuso. Eu vim aqui para uma missão muito especial. Inicialmente eu estava disposto a trazer um livro e apenas isso. No entanto... Descobrir a verdade sobre ele me motivou a acabar com você.

— Hmph. Outro que se atreve a me deter? Pois saiba que eu já deixei Midgardia no chão 700 anos atrás!

— Eu não me importo.

Lutei contra a minha oponente até o fim. Os membros mais jovens da Mantícora Cobalto observaram minha luta e influenciados por ela, começaram a tomar uma atitude. Michel, em particular, usou uma magia de cura para recuperar a energia dos membros da guilda. Masari consegue criar uma bola de fogo bem grande que foi capaz de atingir Arlecchina.

— Quem fez isso?

Michel e seus amigos atacaram Arlecchina com suas magias várias e várias vezes. Mesmo que elas não sejam fortes, era o suficiente para irritar a bruxa. Enquanto isso eu a atacava com minha espada. Ainda não era muito, mas já era um bom recomeço.

Arlecchina ainda não desistia. Ela também lançava vários golpes contra mim e os membros da Mantícora Cobalto. Mas desta vez eu era mais esperto. Precisava tirar vantagem de todos os ataques da bruxa até que ela não tenha muita energia. O clima tava tenso, e não acho que Arlecchina vá cair tão cedo.

Quando as coisas não estavam para melhorar a este ponto, um grande portal surgiu no céu, e estavá aumentando de tamanho. Do portal sai uma espada de coloração verde que eventualmente faz uma grande rachadura no chão. Todos ficam surpresos com a espada misteriosa que caiu. Eu também ouvi uma voz bem familiar...

— Tony, use essa espada contra Arlecchina! É o único jeito de vencê-la!

O portal desaparece, então eu fui pegar a espada. Também acabei tendo uma conversa com alguns dos membros da Mantícora Cobalto.

— Tem certeza disso?

— A voz no portal disse que essa espada é a única coisa capaz de deter Arlecchina.

— Então essa espada é...

Eu peguei a espada de cor verde e a tirei do chão. Arlecchina me observa e continua rindo de mim, zombando que eu não sou capaz de vencer uma feiticeira. Não falei nada, mas apontei a espada para Arlecchina, deixando bem claro que ela já está com as horas contadas.

Eu parti pra cima dela e a bruxa começou a soltar suas magias. Usei minha espada para me defender dos golpes e percebi que ela é capaz de neutralizar magia. Todos da Mantícora Cobalto ficaram surpresos.

— A espada... Não pode ser...

— Ela conseguiu neutralizar uma das magias de Arlecchina!

— Será que ela...

Arlecchina começa a ficar genuinamente enfurecida ao ver suas magias sendo reduzidas a nada.

— Seu maldito! Como você ousa neutralizar minhas magias!?

— Não me pergunte como. Pergunte a espada. Foi ela que fez o milagre.

— Seu grande palerma!

Eu continuei seguindo a luta contra Arlecchina. Todas as magias dela não são páreas contra a minha nova espada que cancela magia sem nada. Eventualmente eu consegui chegar perto dela e usei a arma para cortar os dois braços da feiticeira.

— Não! Meus braços! Seu bastardo! Você cortou os meus braços!

— É com eles que você solta suas magias? Bem apropriado. Vamos terminar com isso logo.

Eu então dei vários golpes em Arlecchina até enfim conseguir perfurar o coração dela. Todas as pessoas ficaram surpresas com o fato de que eu consegui deter uma bruxa apenas com uma espada anti-magia. Fui então que ouvi as últimas palavras de Arlecchina.

— Seu maldito... Quem é você?

— Ninguém em especial. Apenas um mercenário em busca de seu pagamento.

— Como você ousa... Você pode até achar que tudo isso pode ter acabado aqui, mas saiba que um dia virá outros feiticeiros com a motivação de colocar Midgardia abaixo. Esteja ciente disso!

Depois de ouvir o que Arlecchina disse, tirei a espada do corpo dela. Da sua ferida sai uma cachoeira de sangue vermelho, e a bruxa começa a apodrecer. Sua pele, que antes era bonita, começava a ficar mais e mais cinzenta, sua estrutura começou a ficar mais frágil até o ponto em que a bruxa cai do chão inconsciente.

Arlecchina estava morta. Para sempre.

Todos os cidadãos de Igraine aplaudiram a mim por terem derrotado a bruxa que devastou Midgardia por um longo período. Nunca pensei que eu iria ser aplaudido por um monte de pessoas. Pessoas essas que me viram como o herói que matou a bruxa, do que o mercenário que fazia trabalhos sujos em troca de pagamento.

Os membros da Mantícora Cobalto me agradeceram por eu ter conseguido destruir Arlecchina. Eu mostrei para os membros da guilda a espada que recebi.

— Espere um instante, mas está é a...

— Witch's Bane.

O portal surge novamente, no qual Lefia aparece. Fiquei surpreso ao ver a fada novamente.

— Lefia... Mas como?

— Eu consegui fazer uma réplica exata da Witch's Bane com todos os ingredientes necessários. Depois disso, eu tentei mandar a espada para um lugar mais próximo de você e várias tentativas depois, consegui levá-la ao lugar certo.

Enquanto eu estava confrontando Arlecchina, Lefia conseguiu recriar a Witch's Bane. Se não fosse por esta fada, eu não teria derrotado meu oponente. Lefia observa o cadáver de Arlecchina, e a fada fica surpresa ao ver que a bruxa está morta.

— Você... Você...

— Veja pelo lado bom... Pelo menos não vamos mais ter nenhuma bruxa para nós incomodar.

— Não pense nisso... Quem sabe daqui a 20 ou 30 anos podemos ter uma bruxa muito mais forte do que Arlecchina.

— Você acha mesmo?

— Sim. Qualquer pessoa que pode ser capaz de usar magia e ter um coração escuro tem a capacidade de se tornar um feiticeiro. Não se esqueça disso.

Depois da conversa Lefia cria outro portal e entra nele. Eu me senti um pouco melhor ao conseguir derrotar Arlecchina. No entanto, percebi que de todos os membros da Mantícora Cobalto presentes, apenas Michel não estava sorrindo. Mas tinha um motivo: Arlecchina foi finalmente derrotada, mas a que custo?

Por mais que eu tenha conseguido vencer Arlecchina, eu não consegui salvar Jane. A perca dela pelas mãos da bruxa foi muito mais dolorosa do que sua traição. Enquanto Michel estava triste, James estava enfurecido, pois Jane era a filha que ele gostaria muito de ter e perdê-la seria como tirar uma parte do coração dele.

Meu trabalho já estava terminado. Não tinha mais nenhum motivo para ficar em Igraine... Exceto... Acompanhar os meus clientes no enterro de Jane.

Em algum lugar fora de Igraine, todos os membros da Mantícora Cobalto estavam reunidos para o enterro de Jane. Sim. Mesmo com Jane traindo a guilda por uma vingança mesquinha, ainda que justificada, todos lamentaram a morte dela, dizendo que ela foi uma pessoa muito especial pra eles.

Michel estava triste com o fato de que Jane morreu, ainda que ela tenha traído a Mantícora Cobalto em busca de poder. Quando eu tentei dizer a ele que Jane traiu a guilda, Luke aponta que Jane tinha uma infância difícil nas mãos de Brent, infância essa que não conseguiu superar.

Pensando bem por um momento, eu e Jane temos uma coisa em comum. Nós temos um passado difícil, cheio de problemas na infância e que fomos incapazes de superar. Porém, a diferença é que por ser um mercenário, eu me mantive leal aos meus clientes, mesmo que alguns deles sejam ingratos.

Agora Jane... Mesmo que ela tenha tido amigos de verdade dentro da Mantícora Cobalto, seu desejo de querer se vingar daqueles que a fizeram mal no passado era muito mais forte do que seu dever como membro da guilda. Ela nunca superou isso, e como prova Jane esperou o momento certo para poder assassinar Brent e consequentemente, me culpar de seus crimes.

Agora que eu penso nisso, eu passei a realmente sentir pena dela. Não que eu queira demonstrar isso a ninguém mas... Todas as pessoas, mesmo as mas ruins, tenham um lado humano, ainda que existam alguns que descartaram sua humanidade. Se Jane não tivesse sofrido maus tratos no passado, ela podia ter sido uma pessoa bem diferente.

Com tudo isso, Gaes começou o seu discurso, e todos os membros da guilda falaram tudo o que gostariam de dizer sobre Jane. Eu não disse nada não porque eu não sou da Mantícora Cobalto, mas porque eu não gostaria de expressar minhas emoções mesmo nesta situação.

Me senti abalado pela morte de Jane. Eu tive bons momentos com ela me acompanhando durante minha jornada em busca do Grimório da Bruxa. Sem ela, a Mantícora Cobalto não será mais a mesma. Os membros mais jovens da guilda tem uma amiga a menos. Mas tudo tem um lado bom... Arlecchina não será mais um problema para as pessoas de Midgardia.

Com todas as coisas resolvidas, todos nós voltamos para a Biblioteca Igraine.
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