Aurora Boreal - Twilight escrita por Julie Álvares


Capítulo 9
Lembranças


Notas iniciais do capítulo

Não desistam de nós!
~ de mim e dessa história! ~



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Edward me puxava pelo corredor para comer, havia me esquecido que ele tinha saído para buscar minha refeição e pelo cheiro que eu sentia quando chegava à cozinha é que se tratava de carne.

Não sei exatamente de que carne era, mas era carne e o cheiro me embrulhou o estômago, eu não comia carne desde o final do segundo ano.

Isso é: muuuuitos e muitos anos.

Como eu diria isso á ele agora? Seja lá onde ele tenha ido pegar essa comida, certamente lhe dera algum trabalho e eu mesma era péssima para lembrar de qualquer coisa em sua presença.

Era hambúrguer, eu podia sentir, o cheiro de carne bovina.

E algo mais.

— Eu trouxe seu prato favorito no segundo ano. Você sempre comia isso com Charlie, achei que seria uma boa ideia. – Sorriu.

Eita.

Como eu não disse nada ele continuou:

— Talvez eu devesse ter trazido algo mais… Sofisticado. Mas era coisa mais rápida que poderia trazer, não queria ficar longe de você. Por muito tempo mais...

Meu coração se derreteu. Eu estava olhando em seus olhos que pouco a pouco escureciam mais e mais.

Mas eu precisava lhe contar que minha dieta era vegana agora.

— Edward… Bem, eu não te contei e lamento que eu tenha me esquecido assim de uma informação tão importante, uma vez que você foi buscar comida… – Sorri sem graça e ele pareceu confuso. – Eu sou vegana, hoje em dia e deveria ter mencionado, mas se nesse pacote tiver fritas, isso já vai ser mais do que o suficiente.

Sorri para tentar aliviar qualquer clima de tensão que pudesse se instalar entre nós, mas ele pareceu pensar um pouco sobre aquilo antes de proferir:

— Alice perdeu isso também, entre vários outros detalhes que eu pensei que não fariam falta. – ele balançou a cabeça triste. – Desculpe por isso, Bella, por sorte tem sim bastante batata frita e posso buscar algo mais… – Ele me olhou. – Tudo isso vai ser mais difícil do que eu imaginava…

Balançou a cabeça consigo mesmo, com seus próprios pensamentos.

— O que vai ser mais difícil, Edward? – Arrisquei a pergunta não sabendo se gostaria de ouvir a resposta tanto assim…

— Lembra que combinamos que não falaríamos sobre “isso” hoje, seja lá o que isso signifique, isso está incluso.

Ele não precisava respirar, mas respirou fundo agora.

Então eu fui até o pacote onde estava minha comida e vi as fritas, e coloquei uma na boca, tinha um refrigerante em lata, de limão, que abri e tomei feliz, meu corpo se sentindo bem com algo entrando, não importava muito o que fosse.

Eu nem sabia que estava tão faminta, não sabia quanto tempo eu estava ali, ou quanto tempo ficaria, ele puxou a cadeira pra que eu me sentasse a mesa, e foi isso que eu fiz, eu me sentei e esperei que ele se sentasse também.

E foi o que ele fez. Não sei como, ou porque, já que na ultima vez que o vira ele não tinha nada nas mãos, agora ele segurava uma câmera, uma Nikon, e tirou uma foto minha.

Sorri. E então ele tirou outra.

— Por que esta me fotografando? – Perguntei sorrindo ainda mais.

— Poque que eu quero guardar muitas fotos suas, exatamente como está agora e falarei sobre como esses anos procurando imagens suas através das visões de Alice me deixaram louco. Porque eu sempre via através dos seus olhos e você sempre esta prestando atenção em qualquer outra coisa menos em você. Então quando Alice via você e não através de você eu ficava exultante, feliz o mês inteiro só pelo motivo de ter visto seu rosto.

Suspirei apaixonada, mesmo não sabendo do que isso se tratava, aquilo deveria ser estranho, e deveria bombardeá-lo com perguntas sobre as tais visões de sua irmã… E porque ela me via? O que ela via? Diabos, ela via o futuro?

Tudo isso deveria ser muito interessante pra mim, mas naquele dia eu não queria mais fazer perguntas difíceis, perguntas que me fariam pensar, eu só queria me concentrar na pessoa na minha frente e se possível sem mais nenhuma conversa mais.

Eu queria que ele me pudesse ler minha mente agora, o que ele disse? Era só eu me distrair, meu Deus, como que se distrai com todos esses pensamentos libidinosos e muito concentrados que eu estou tendo agorinha mesmo com o corpo desse homem?

Eu estava em apuros, enquanto eu comia as batatas analisei o seu pescoço bonito e o formato de sua boca perfeita, aquilo me fez engolir em seco.

Era pra eu estar lá fora, saindo em disparada com medo do que ele era, do que essa coisa poderia fazer comigo, essa coisa, que eu não poderia dizer que era humana, nem por um minuto sequer.

Era sem sombras de dúvidas a coisa mais perfeita que eu já vira em toda a minha vida.

Mas precisava fazer a conversa andar...

E se eu seguisse por perguntas bobas e sem sentido sobre por exemplo… Quantos anos ele tinha?

— Quantos anos você tem? – Perguntei sorrindo da forma mais sexy que consegui, eu seduziria aquele homem; Naquela noite.

Ele sorriu daquele jeito em retorno. O meu sorriso torto.

— Mais de 100… Mas não mais do que 150.

Era tudo.

Ele não me contaria exatamente quantos anos, ou porque não sabia, ou porque não queria que aquilo levasse a mais perguntas e aquilo abrisse as portas pra conversa difícil que estávamos evitando.

Eu estava pensando na próxima pergunta que eu faria quando ele disse:

— Vamos pra lareira? Quero ficar abraçado com você. – Ele sorriu olhando para as batatas que restavam. – A não ser que ainda queira comer, ai eu vou ficar bem aqui olhando, é fascinante.

Eu ri. Eu queria saber o que havia de tão fascinante, mas de repente, eu não estava mais interessada no que havia de fascinante em me ver comendo, eu só queria estar em seus braços de novo.

De repente eu me lembrei da sensação de estar em seus braços fortes… Era a coisa mais incrível que eu já havia sentido, e essa memória não era recente, era uma lembrança antiga, e ela nem era uma imagem…

Ela era apenas uma sensação.

Pura e fluída em minhas veias. Eu senti meu rosto corar, quente demais. Eu só queria estar abraçada com ele na lareira e não dizer mais nada.

Então sem mais nem menos eu me levantei e andei de volta para sala pelo corredor que eu havia chego, eu estava na sala de novo, não esperei por Edward, mas sabia que ele estava bem atrás de mim, rápido e silencioso demais para ser notado por meus pobres e falhos ouvidos.

Respirei fundo mais uma vez antes de me sentar no tapete felpudo em frente a lareira, cuja as chamas altas conversava comigo, eu sentia-me aquecida de um jeito que nunca me senti na vida e quando Edward sentou-se atrás de mim, senti o calor que dominou todo o meu corpo e que vinha de minha alma, porque nada daquilo poderia fazer algum sentido.

Eu o amava?

Eu o amava todo esse tempo, era por isso os sonhos diários com ele… Era por isso que eu nunca pude esquecer seu rosto?

Aquilo me deixou trêmula, esses meus pensamentos eram muito assustadores e doentios, eu estava ficando louca, Edward era o responsável, ele podia mexer com minha cabeça daquela forma?

Tirei meus coturnos e fiquei vestida em minhas meias grossas e me deitei, ele se deitou atrás de mim e então as luzes da sala se apagaram, ficamos ali, iluminados pelo fogo crepitante, ele me cobriu com uma manta quentinha.

Onde e como ele havia pego aquilo sem que eu não percebesse? Algum dia eu me acostumaria com aquilo?

Nós estaríamos juntos por tempo suficiente pra que eu me acostumasse?

Um milhão de perguntas em meio aquela sensação:

A sensação de quando Edward me puxou para perto dele e colocou seu braço em baixo da minha cabeça e colou seu corpo no meu, e respirava em meu pescoço.

A respiração era quente, e acho que ela era proposital, ele estava morto e não precisava respirar, mas ele fazia questão, aquilo era…

Sedução.

Pura.

Crua.

Firme.

Ele me abraçou forte, senti seu corpo ao meu o bastante para sentir o frio atravessar suas roupas e chegar até mim, mas aquilo não me incomodou.

Eu estava começando a ficar com calor graças a lareira de chamas altas a minha frente.

Então eu me virei pra ele, eu estava pronta. Colei meus lábios aos seus e senti algo tão profundo, que quase chorei…

Nossas bocas não se mexeram por algum tempo e então começaram a se desesperar de paixão, uma pela outra, eu estava beijando Edward Cullen como se minha vida fosse acabar se não fizesse, e ele parecia igualmente apaixonado e desesperado por mim, e eu sentia que estava sonhando e que aquilo era a única coisa certa em minha vida, como se cada segundo vivido, cada decisão, cada coisa que eu tenha feito naqueles anos tenha me levado até esse momento em que o beijo mais gostoso que já havia sentido estava acontecendo sem que a gente ainda tivesse começado a tirar as roupas e quando pensei em começar a fazer isso, Edward afastou nossas bocas, me olhando de forma profunda e apaixonada, eu estava derretendo naquele momento, derretendo de uma paixão louca por ele.

O que estava havendo comigo?

Ele beijou minha testa, ele estava beijando minha testa e meu rosto, distribuindo beijos por minhas bochechas e descendo por meu pescoço; Se demorando ali, o suficiente pra me fazer estremecer de prazer, ele arranhou meu pescoço com os dentes e me deixou trêmula, trẽmula de um prazer lancinante, eu não tinha medo.

Eu não conseguia ter medo, eu estava em casa.

À vontade.

Entregue a ele.

Eu era dele; Como sempre seria.

E antes que eu pudesse entender o que acontecia com meu corpo com todo aquele prazer, minha mente foi dominada por uma lembrança, uma lembrança que me paralisou naquele momento, o suficiente para Edward perceber.

O suficiente pra me fazer fechar os olhos com o poder daquelas imagens que dominavam a minha cabeça:

Era Edrward naquela imagem, eu voltei para aquele dia e de repente não era mais uma memória, era como se eu estivesse lá, naquele momento no passado.

Edward me olhava com pesar, os olhos muito escuros, pretos e profundos e eu sabia, sabia, que era por que ele não se alimentava a dias, preocupado com a visão de Alice, pensando que eles podiam ter sentido o meu cheiro, mesmo que tenhamos fugido rápido o suficiente.

Ele estava com outra pessoa em meu quarto e ele me dizia:

— Bella, se eu pudesse chorar nesse momento, eu estaria em prantos, eu estaria despedaçado em sua frente, eu não conseguiria segurar, Bella… Eu estou destruído por dentro. Eu não sei como fazer pra viver sem você. – Naquele momento eu estava desesperada também, mas ao contrário dele, eu chorava, os soluços dentro de mim, ecoavam pelo quarto, eu tentava chorar baixo, eu não queria chorar, mas eu tinha que me despedir naquele momento, daquele jeito, o homem frio atrás dele, me olhava, implacável, com expressão fria me deixando ainda mais triste.

Então acabaria daquele jeito.

Eu quase podia sentir raiva dele, raiva da pessoa que eu amava mais do que a mim mesma, que grande erro eu havia cometido, então devagar eu parava de chorar, devagar eu reunia forças para simplesmente permitir que eles fizessem aquilo comigo, seja lá o que significava.

Eu só queria manter as informações comigo, eu chorava pra que eu mantivesse as lembranças, mesmo que ele fosse embora, eu não queria viver em um mundo ou em uma realidade da qual nós nunca tivéssemos nos beijado e nos amado, e eu podia distinguir aqueles sentimentos, meu choro não era para que Edward ficasse como ele estava interpretando, era mágoa, em parte claro, em parte por sua partida, mas em grande parte porque ele estava indo embora e não confiava em mim para manter as lembranças de sua existência, ele disse as palavras:

— Vai ser como se eu nunca tivesse existido, Bella. – ele beijou minha testa antes que a pessoa que faria algo que eu não entendia me fizesse dormir.

Eu não consegui dizer o quanto sua falta de confiança me atingiu, eu me senti ferida, como se ele tivesse enfiado uma estaca em meu coração enquanto me beijava, aquela frase… Será que eu me lembraria daquela frase?

Me fiz aquela pergunta naquele momento da lembrança, eu havia parado de chorar de implorar que ele me deixasse as lembranças certas, para que eu pudesse me lembrar do amor, eu havia nascido para amar Edward Cullen e ele me deixaria para salvar minha vida.

Ele estava salvando minha vida ou me condenando a passar uma vida sem ele.

Então dali, do presente, sentindo os olhos de Edward Cullen nos meus enquanto as lembranças invadiam minha mente, eu sabia que estava fadada a viver aqueles momentos com ele.

Que eu estava irremediavelmente apaixonada por ele.

Eu não podia me lembrar de tudo, mas me lembrava de algo muito importante: Eu estava louca por ele e estava disposta a fazer qualquer coisa pra ficar a seu lado e que não tê-lo mais comigo estava me matando e mesmo que eu tivesse que mostrar alguma dignidade, ela se esvaiu, mas não no ultimo momento, quando eu tinha mais um milhão de coisas pra lhe dizer, mas dei apenas o silêncio como resposta frente ao sofrimento que eu já havia demonstrado até aquele momento…

Lhe implorado pra que ele fosse se quisesse, mas que não me deixasse sem as lembranças da melhor coisa que me havia acontecido.

Eu havia lhe dito isso entre outras coisas, que era apenas ecos do que acontecera. Eu não sabia como. Eu não sabia porquê.

Mas então meu corpo foi dominado por uma tristeza que eu não sabia como expressar e comecei a chorar, chorei por estar entre seus lábios e por mais uma vez me sentir um pouco humilhada por estar mais uma vez liberando minhas emoções na frente dele.

Eu me levantei, Edward não disse nada, ele apenas me olhava assustado, tentando ultrapassar a barreira na minha mente que agora eu podia sentir como nunca.

Eu limpei as lágrimas e tentei parecer composta.

— Pode me levar pra casa? – Eu respirei fundo, tentando ao máximo não chorar de novo, mas pelo que eu chorava naquele momento? Eu não sabia exatamente, mas é como se meu corpo soubesse, minha alma se lembrava de tudo o que eu não entendia.

Eu o abracei então, quando ele se levantou rápido e se pôs na minha frente, eu o abracei sentindo seu cheiro, e a dor da saudade que eu sentia me golpeou no coração, fazendo algumas lágrimas escaparem de novo.

Eu não o via fazia 6 anos. Seis longos anos sem que eu pudesse me lembrar de que o amei, de que o amei mais do que a qualquer pessoa no mundo, e de que havia visto seu coração e sua alma, e que lhe conhecia como era.

Eu havia visto ele. E ele a mim.

E então cada coisa no mundo, com os meus 17 anos haviam feito sentido. E o que mais eu perdera? Meu pobre coração machucado podia se lembrar daquele sentimento que agora me matava por dentro.

O amor era como morrer, eu podia sentir.

Edward me abraçava forte, era como se entendesse o que estava acontecendo, como se esperasse por isso. Ele esperava por esse momento.

— Preciso ir. – Disse mais uma vez secando as lágrimas.

Ele me afastou e me olhou nos olhos, se abaixou para alinhar um pouco seu olhar.

— Fique comigo. – sussurrou. – Fique comigo essa noite, por favor, não fuja de mim, Bella, eu não consigo mais sentir tanto a sua falta e se você for pra casa eu ficarei no seu quarto assim que você pegar no sono. Por favor, fique.

Eu respirei fundo antes de dizer:

— Terá de respeitar minha decisão de ficar longe essa noite, Edward. – Desviei o olhar de seu rosto bonito demais para não perder a coragem de ficar sozinha pensando no que tudo aquilo queria dizer.

E mesmo que minha saudade fosse maior que tudo, minha mágoa assolava meus pensamentos e meu coração e eu precisava lidar com isso.

Longe.

Então ele estava chateado quando disse:

— Te espero no carro.

E sumiu com uma névoa, me deixando ali para colocar os coturnos e antes que eu pudesse alcançar a porta, o carro já estava ligado, pronto para sair.

Entrei no carro e não disse mais nenhuma palavra.

Não dissemos mais nada um pra o outro até que estivesse na porta de Charlie e ele disse:

— Até amanhã. – Sussurrou para mim.

Eu estava magoada, meu coração pesado queria gritar com ele, então disse:

— Até.

E sai do carro andando em direção a porta, as lágrimas chegando aos meus olhos, estava a beira de um precipício de emoções quando entrei e fechei a porta atrás de mim, me jogando na mais pura tristeza.

Eu me lembro de dizer naquele dia:

“Por favor, por favor, não faça isso comigo, por favor, por favor…”

Eu estava pedindo pra que aquilo não acontecesse. Não tinha motivos ou razões. Eu estava magoada e sabia que tinha boas razões pra isso e procurava por elas, eu procurava as razões pelas quais meu coração sangrava,

Mas ainda não vinham. E tudo o que eu encontrava era um quarto vazio. O quarto vazio na minha mente que deveria conter milhões de memórias assim que eu abrisse a porta.

Mas nada.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por tudo! Até logo!



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