Aurora Boreal - Twilight escrita por Julie Álvares


Capítulo 6
Leah


Notas iniciais do capítulo

Eu vou ficar aqui esperando que você me diga o que achou do capítulo! Lembrem-se: é um grande incentivo e uma alegria sem fim pra mim! Um abraço apertado!



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Edward me deixou em minha pickup perto da clareira, onde eu até me esquecia que tinha deixado.

Parecia triste todo o caminho, ele na verdade parecia intrigado, ele não se virou em minha direção nem sequer uma vez, mas sabia que ele estava me observado, e era insano sentir essas coisas em relação a alguém.

Sentir que ele podia contar as batidas do meu coração, sentir que ele podia sentir as batidas do meu coração, sentir que ele podia ouvir os movimentos dos meus pulmões enquanto eu respirava, o sangue fluindo em minhas veias… Edward era a pessoa mais estranha que eu conhecera em minha vida. Mas sem dúvida a mais bonita também.

O olhei uma última vez antes de sair do carro. Do maravilhoso, elétrico e caro carro de Edward Cullen.

Nós nos veríamos de novo? Não dissemos nada nessa despedida, apenas nos olhamos, ele com aqueles olhos profundos e dourados, eu podia jurar que ele podia ver minha alma, eu sentia algo agora além do desejo: medo.

Por algum motivo que eu não entendia, sabia que tinha que ficar longe de Edward Cullen, eu precisava ficar longe dele para sempre.

Entrei em minha pickup, e percebi que eu estava tremendo, eu estava envolvida de novo por aquele mistério intoxicante que era Edward Cullen e da última vez não tinha sido a coisa certa a fazer, as coisas não tinham ido a lugar algum e de algum jeito meu coração havia se partido.

Respirei fundo em busca de acalmar meu corpo e minha mente, fechei os olhos por alguns momentos antes de colocar chave na ignição e dar a partida.

Leah precisava de mim e eu faria qualquer coisa para ajudá-la a melhorar.

Enquanto corria para o território de Jacob Black, o mais rápido que podia, nos mais velozes 70km/h que minha gentil e velha pickup ainda alcançava apesar de sua idade muito avançada.

Ao virar a esquina da casa de Sue, uma charmosa construção de madeira, muito aberta e ampla, iluminada e charmosa, a casa era muito aconchegante, com seu formato clássico de cabana, bati na porta aguardando uma resposta, Charlie abriu aliviado, eu ouvi um grito desesperado de Leah, que me deixou arrepiada de horror.

Ela dizia que não queria ver Sam. Aquilo me atingiu como uma bala. Ao que parecia, Leah jamais superaria o que aconteceu. E já fazia tempo demais para qualquer pessoa normal superar um grande amor, tantos e tantos anos e por mais que Seth me explicasse eu nunca fui capaz de entender, e se eu não entendia, era incapaz de julgar também, quem me dera ser capaz de sentir algo assim tão profundo por alguém.

— SAAAM, SAIA DAQUI! - Gritava ela do quarto, ainda bem que o vizinho mais próximo era muito distante daqui e ninguém poderia ouvir aquilo para contar para ele. A não ser que Sue contasse, o que as vezes ela fazia em busca de algum apoio de Sam.

E eu sabia disso graças a Charlie, que sempre lamentava disso em seus e-mails.

Bati a porta de seu quarto, e disse em voz alta o bastante para que ela ouvisse:

— Leah, sou eu, Bella. Desculpe não ter vindo mais cedo para vê-la, peço perdão pela minha falha minha falha, minha irmã, podemos nos falar agora?

Eu podia ouvir seu choro descontrolado de onde eu estava, mesmo através da porta, Leah estava sofrendo muito mais do que eu me lembrava, como se o tempo, um anestesiador natural, não funcionava com ela.

— Bella, por favor saia daqui! – ela disse entre soluços. – Por Favor, eu não estou bem.

— Se não abrir a porta eu terei que pedir a chave mestra e entrar assim mesmo, Leah, nós não vamos respeitar sua privacidade, entendeu?

Sue segurava a chave, eu peguei a chave e a girei.

Quando me viu mais uma vez começou a gritar para que eu saísse e se debater em sua cama, corri para segura-la e a agarrei pelos braços e abracei, ela me arranhava e gritava para que eu a soltasse, eu não tinha nada que pudesse tranquilizá-la, naquele momento, eu gritei para Sue fazer um chá de camomila, a única coisa que eu sabia que Sue tinha em casa enquanto murmurava palavras de carinho e calma para Leah.

Charlie veio ao nosso encontro segurando seus braços, para que ela parasse assim de me arranhar, então aos poucos foi parando de gritar e se debater, até que seu choro era baixo mas ao mesmo tempo profundo, ela dizia alguma coisa sobre Sam, eu entendi entre os soluços baixos que ele se casaria, e me compadeci mais uma vez de sua dor.

Quando Leah chegou com o chá eu a dei devagar, esperando ela beber em seu próprio ritmo, ela estava cansada demais para protestar, olhava pra mim e vi gratidão em seus olhos, antes que ela caísse em um sono profundo.

Eu me virei para Charlie que ainda se encontrava na poltrona atrás de mim, saímos do quarto em silêncio e fomos até a cozinha onde Sue chorava baixinho.

— Sue. – eu disse abraçando-a, ela murmurava coisas incompreensíveis em meio ao choro, Charlie estava atrás de mim também tentando entendê-la.

Mas nós entendíamos, era a dor de uma mãe que não podia mais ver sua filha sofrer. Seja lá o que acontecia a Leah, aquela era a coisa mais injusta que eu já vira acontecer com alguém.

Leah estava feliz com Sam, estava feliz quando supostamente tudo acabou entre eles… E ele a deixou por sua melhor amiga, dando uma desculpa terrível e sem sentido. Que até hoje assombra Seth sobre se envolver com alguém, o coitado acha que acontecerá com ele, e não quer fazer ninguém sofrer como sua pobre irmã Leah sofria sem descanso por um homem que jamais a amou de verdade.

A verdade é que as pessoas na Reserva tinham sentimentos muito profundos, muito intensos em relação ao amor, em NY eu podia ver minhas amigas trocando de namorado como trocavam de calcinha. Bom, as poucas amigas que tinha, a própria Liza (minha melhor amiga no mundo todo) sempre estava apaixonada por alguém, de tempos em tempos se decepcionando, enquanto Leah estava sofrendo por Sam a tantos anos.

Sete? Oito anos? Eu não teria como contar, mas Sue sabia, eu podia jurar que ela sabia quantas horas e segundos haviam se passado desde o dia em que sua filha descobrira tudo sobre Sam e sua melhor amiga Emily. Bom… Agora ex melhor amiga.

Nós nos sentamos a mesa naquela noite, segurando um café quentinho, nenhum de nós queria comer, apenas estávamos pensando, acho que Sue entendia naquele momento a necessidade de sua filha procurar um tratamento, não era tarde demais para isso, Charlie entendeu que ele teria que assumir as rédeas da situação, uma vez que sua esposa estava fragilizada demais com o que estava acontecendo, e eu dedicaria minhas férias a resolver isso com meu pai, dedicaria meu tempo a ajudar Leah como eu pudesse ajudar.

Seth abriu a porta da sala e todos olhamos, ele também estava triste, beijou o topo de nossas cabeças e puxou uma cadeira para se sentar, seja lá o que ele estava prestes a dizer, esperávamos por aquilo, naquele tempo que passamos em silêncio, inconscientemente esperávamos pela chegada dele para que juntos montássemos o plano para ajudar e proteger Leah, dela ou de seus sentimentos.

— Nós vamos interná-la. – Ele olhou para mim, para sua mãe, que de repente chorava mais e mais com o que ele disse. – Bella, eu sei que você não consegue opinar sobre isso direito, mas minha mãe sabe que não há outra forma.

Sue chorava em resposta.

— Seth, eu… – Olhei para o desespero genuíno de Sue e para a tristeza nos olhos do meu velho pai. – Eu vou tentar ajudá-la. Vamos fazer consultas, eu posso levá-la a um bom especialista em Port Angeles, vamos juntos procurar um, eu posso entrar em contato com os meus professores, médicos renomados que possam indicar um médico bom, um psiquiatra renomado para cuidar de Leah e mantê-la aqui com Sue.

Eu respirei fundo.

Seth balançou a cabeça triste.

— Nós tentamos tudo, Bella. - ele olhou para Sue. – Os surtos só estão mais frequentes, e agora que Sam vai se casar, tudo pode piorar, ir de mal a pior. Eu não posso mais ver minha mãe sofrer, Bella, nós já perdemos Leah. Essa é a mais dura verdade.

Charlie não disse nada e aquilo me chamou a atenção. Ele sempre defendeu Leah nessas discussões, sempre defendeu seu sofrimento como verdadeiro e o quanto deveríamos respeitar, mas dessa vez ele estava calado, ele entendeu finalmente que aquilo não teria uma melhora e que o sofrimento de Leah estava levando Sue pra o seu buraco de dor e levar Sue era mais do que o coitado de Charlie poderia aguentar.

E eu o entendia. Mas eu tentaria de tudo para fazer Leah melhorar, de tudo, a levaria para morar comigo em Nova York, eu faria qualquer coisa para vê-la bem.

Por ela, minha irmã instável e cabeça oca.

Por Sue, minha madrasta doce, meiga e carinhosa.

Eu era muito sortuda por ter essa família, era mais do que muitas pessoas tinham, era mais do que Liza tinha por exemplo, a coitada só tinha a mim e a mãe. Pensei nisso enquanto segurava a mão de Sue e lhe fazia uma promessa silenciosa de que ajudaria Leah de qualquer maneira.

Ela não iria colocar seus pés em um senatório, ela talvez nunca voltasse o que era antes, isso nem eu poderia exigir ou esperar, mas ela despertaria dessa tormento em que se afundou ao longo de todos esses anos.

Então eu comecei a falar sobre as minhas tentivas, sobre o tempo que eu passaria com ela, sobre levá-la para Nova York, talvez se ela se inscrevesse num curso, um curso de algo que realmente gostasse, talvez tudo pudesse mudar, talvez com o tempo as coisas finalmente pudesse se reverter, talvez la sempre amasse Sam com os sentimentos de hoje, mas ela aprenderia a lidar com eles, ela não se lembraria para sempre, mas precisava se ausentar daquele lugar.

Ela ficaria bem e eu começaria levando ela a Port Angeles tão logo eu pudesse convencê-la a ir. Eu estava disposta a fazer tudo o que estivesse ao meu alcance para convencê-la então ela não teria muitas opções se não concordar com absolutamente tudo o que eu estava disposta a fazer ela concordar.

Quando terminei de falar sobre todos os planos que eu fiz enquanto estávamos calados antes de Seth chegar Charlie foi o primeiro a perguntar

— Vai levar Leah para seu apartamento em Nova York? - Perguntou curioso. Uma curiosidade esperançosa e isso aqueceu meu coração.

— Vou Charlie, se ela quiser ir comigo, e se não quiser, eu vou tentar convencê-la de qualquer jeito, eu vou ser tão chata que talvez ela aceite só para eu parar de falar.

Sue sorriu e então tudo fez sentido, eu estava no caminho certo, Sue deu um meio sorriso, um meio sorriso muito esperançoso.

Todos nós concordávamos que Leah precisava sair do centro de onde tudo aquilo estava acontecendo, parra se fortificar e para viver outras realidades: ela precisava ver outras coisas, outras pessoas, ela precisava superar, e pra superar ela precisava esquecer de como era a cara do safado de Sam.

Ao fim daquela conversa, Seth foi para o banho, Sue arrumou o sofá que virava uma cama quente e confortável em frente a uma lareira linda só para mim, pegou cobertores limpinhos e cheirosos em azul claro para que eu pudesse me aconchegar por aquela noite e me trouxe também um de seus pijamas, já era madrugada quando eu tomei o banho e me arrumei para dormir.

Então me deitei e me aninhei ao travesseiros e aos cobertores sentindo cheiro de casa, de lar. Era assim que me sentia na casa de Sue, finalmente em casa.

Dormindo na sala no sofá cama em frente a lareira.

Meu celular vibrou na mesa atrás de mim.

Eu iria mesmo me levantar para pegar o celular? E se fosse Liza me dizendo algo importante, afinal eu era um de seus poucos contatos de emergência, um dos dois únicos contatos.

Respirei fundo, por que inconscientemente eu desejei que fosse Edward Cullen e pedi aos céus para que meu coração idiota não fizesse isso comigo de novo. Edward provavelmente acordaria amanhã lamentando ter me encontrado esta noite.

Levantei mesmo assim, meu coração acelerado com a expectativa.

Na tela a notificação era de uma mensagem de Edward:

“Eu queria que você se lembrasse ou que descobrisse de novo, mas sinto que não temos tempo para isso, eu vou acabar contando de qualquer jeito. Bella, eu estava com tanta saudade, parece que você ter amadurecido pode ter dificultado um pouco as coisas pra mim, eu preciso de te ver amanhã.”

Então digitei:

Pode ser amanhã a noite? Eu vou passar o dia inteiro com minha irmã. Me paga na casa de Charlie com seu carro ultra veloz? Posso dirigir?

E a resposta veio logo depois:

Sim, sim e não.

Eu ri.

Isso é a maior mancada Edward Cullen, sabia que eu quase não dirijo em NY? Sinto falta, você deveria ser legal comigo.

E tudo o que você disse não faz qualquer sentido, do que exatamente você sentiu saudades? De quando você me desprezou no segundo ano? Você é estranho.

E aguardei a resposta.

E ela demorou uns bons 20 minutos. Até que surgiu na tela sem mais nem menos quando eu já não tinha esperanças de que ela viesse:

Eu senti falta até do jeito que você respira, do brilho dos seus olhos e do cheiro de pêssego do seu cabelo, senti falta do jeito que você fica nervosa na minha presença e isso mudou, você não se sente mais assim… O quanto mais eu perdi nesses anos, Bella? Eu me sinto perdido agora, eu não a conheço mais e isso está me perturbando. O quanto eu perdi, Bella? Será que é tarde demais para nós? Bem, não responda agora, nós vamos descobrir. Ansioso pra te ver amanha, às 19h?

Aquela mensagem me arrepiou dos pés a cabeça. Não foi um bom arrepio. Foi medo.

Respondi apenas:

Ed, fique tranquilo. Eu sou a mesma. Mas estou confusa. Nunca houve um ‘nós’, bom… Não que eu saiba e olha, se tivesse havido um ‘nós’ eu com certeza me lembraria, então não me assuste…

Às 19h está bom. Boa noite.

E coloquei o celular o mais longe que eu pude no sofá e comecei a pensar naquelas mensagens e no passado, repassando as cenas, pra ver se eu havia perdido algo.

O que foi que eu perdi, Edward?

Eu cai no sono antes que minha mente pudesse formular qualquer resposta.


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Notas finais do capítulo

Eeei, mocinha, não vai embora não! Me diz se gostou! xx ♥



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