Afunde-se na terra devastada por baixo escrita por SrtaCass


Capítulo 1
Agora eu começo a entender




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“Não podemos mudar o que o destino nos reserva, mas não temos de o enfrentar sozinhos.”Caitryn, Arcane

 

 

 

Que dia tranquilo para se tirar um cochilo! Pensou Dante. 

Sem Lady e Trish aparecendo em uma visita surpresa e tentando arrancar dinheiro que nem tem ou Vergil ordenando uma faxina a cada cinco minutos enquanto olhava para Dante com desgosto e decepção. O garoto até está com bom humor já que não tentou chutar a minha bunda com aquela cara de puto dele. 

"Trim-Trim!" 

Isso era o que Dante pensava nessa calmaria, deitado na sua velha poltrona e relaxando as pernas na mesa de carvalho em seu escritório com uma revista de modelos semi nus no rosto. Bem, seria uma calmaria ignorando os barulhos de briga que vinham do quintal de trás do lugar, mas isso é mais um dia normal. 

"Trim-Trim!" 

Ou era, até que o telefone começou a tocar. 

Deixando tocar para ver se parava e o permitia voltar a dormir, na quinta ligação o caçador desiste, abaixando as pernas e a revista do rosto. 

— E pensar que hoje não teria trabalho pelo resto do dia. — Disse Dante exasperado. Como dizem, o trabalho não descansa. 

Tirando o telefone do gancho e atendendo com sua favorita voz carismática e com um rosto animada, o lendário caçador de demônios olha de relance para a porta dos fundos. 

— Devil May Cry, no que podemos ajudar? 

— Vejo que hoje vocês não tiveram trabalhos em cheque para conseguir atender pessoalmente. 

— Morrison, achei que você só ligaria para Lady ou Trish se tivesse algum trabalho envolvido. 

— Certamente. Liguei para elas mais cedo mas ainda não tive retorno. — Respondeu Morrison. 

— Você sabe como elas operam; Quando não estão tentando arrancar dinheiro que não tenho para cobrir despesas, elas estão caçando. — Disse Dante. 

E pensar que o próximo pagamento estaria indo para pagar o conserto das ruas que foram destruídas no último confronto entre ele e Vergil. Ainda terei que ter uma conversa com aquela mula orgulhosa sobre danos de patrimônio e hora certa para uma luta 'amigável'. 

Só de pensar tentar ter uma conversa descente com seu irmão já desanima o lendário caçador vermelho por completo. 

— Não as culpo. Afinal, está tendo muitos ataques de demônios na fronteira Leste. E como também não tive retorno do Nero, acredito que vocês estariam disponíveis para o trabalho...? — Mencionou Morrison. 

— Tudo bem, nos envie o endereço. Iremos para lá hoje mesmo. — Suspirou o caçador vermelho voltando a atenção para a conversa. 

— Ah, Dante, só avisando antes que eu esqueça, teve transeuntes que informaram as autoridades que viram demônios saindo de 'rachaduras' e pelo que entendi da ligação, tem um vilarejo por lá que os demônios evitam como uma praga. Parece que estão se locomovendo e atacando as cidades próximas dele. — Explicou Morrison. 

— Talvez não seja nada, mas não custa checar. — Comentou Dante balançando a caneta entre os dedos.  

Após anotar a informação e terminar a ligação, Dante se levantou e caminhou para a porta no final do escritório que levava para o quintal de trás. Abrindo a porta e batendo-a na parede com sua força, ele se vira alegremente para os ocupantes no quintal. 

— Tenho boas e más notícias. Qual vocês querem ouvir primeiro? — Perguntou Dante alegremente enquanto encostava seu corpo com os braços cruzados ao lado do batente da porta e ignorava o caos em sua frente. 

No quintal, estava duas formas azuis se batendo com força um nos outros enquanto faíscas voavam ao redor deles com o impacto das espadas no combate. Nero e Vergil estavam tão concentrados para encontrar uma abertura na luta um contra o outro que nem se viraram para ver o caçador vermelho, mesmo tendo sentido a aproximação pela aura irradiando do demônio interior dele. 

Não era todo dia que via esses dois lutando um contra o outro, ou como Nero e Vergil pensam, uma 'confraternização familiar'. Como se essa família fosse normal. Dante sabe que todos eles tem muito caminho para percorrer para ser uma família, mas ele está feliz com o que conseguiu até  aqui. Mesmo depois do fiasco do Qliphoth¹ o relacionamento de Vergil e Nero já começou uma merda e nem culpo ninguém, as circunstâncias estavam fora de mãos de qualquer forma. 

Ainda era incrível como essa família cresceu num piscar de olhos. Depois da ordem da espada foi dissolvida após o ataque de Sanctus² e toda a corrupção sendo tratada pelo governo em Fortuna, Nero e Kyrie mantiveram o orfanato funcionando juntos, adotando três garotos para ajudar e assim aumentando a família com Nico ao reboque para ajudar nos negócios da Família. 

Nero sendo o garoto incrível que é, depois de arrastar e finalmente ter uma conversa intensa – que está mais para uma ameaça – com seu pai sem que o Sr. 'isso-é-demais-para-o-meu-orgulho' não tentaria fugir dessa conversa como nas outras vezes, o garoto finalmente apresentou o pai para a sua noiva Kyrie sem esquecer de lembrar da ameaça de castrar Vergil se ele dissesse algo rude para sua preciosa garota. 

Mas como disse antes, o garoto era bom demais e merecia uma família e um pai presente. Só poderia esperar que Vergil não os decepcionem novamente e manteria a família que ele conseguiu por agora. 

Voltando ao presente, vendo que o combate não terminaria tão cedo, pai e filho se contentam com um empate por agora enquanto estavam tendo uma conversa silenciosa olhando um para o outro e finalmente dando atenção ao caçador recém chegado. 

— Aposto que a má notícia é que a sua pizza acabou e precisa de um pau mandado para pagar o próximo pedido. — Argumentou Nero olhando sem surpresa para Dante. 

— Certamente, você poderia usar seu tempo de inatividade para fazer uma faxina nesse buraco de lixo que você chama de casa. — Reclamou Vergil com desgosto enquanto olhava para as migalhas da última pizza comida presa na roupa do caçador vermelho. 

— Bem, essas questões vou deixar pra outra hora. Temos uma missão e pelo nível dela durará uma semana. A má notícia é que foi vista uma horta de grande escala de demônios na fronteira Oeste e Nico não poderá nos levar já que ela acompanhou Lady e Trish para a missão envolvendo a fronteira Leste então o que nos deixa com a boa notícia. — Explicou Dante coçando a barba por fazer. 

Vergil e Nero se entreolharam antes de olhar exasperados para Dante. 

— E a boa notícia é...? — Suspirou Nero esperando o caçador mais velho terminar a explicação. 

— Como iriamos demorar dias para chegarmos na fronteira de carro, iremos pelo jeito mais rápido e fácil, pelo portal dimensional feito pelo meu amado irmão! — Disse Dante com um sorriso malicioso e olhando para os dois presentes. — Vamos todos juntos para essa missão como uma boa família tendo uma confraternização familiar! 

— Eu não lembro de ter dito em algum momento que iria ser seu novo táxi, Dante. — Disse Vergil dando as costas e se dirigindo ao canto do quintal no qual deixou a bainha da Yamato repousando verticalmente. 

— Como vocês dois discutem por qualquer coisa, eu ficaria surpreso se algo bom sair disso tudo. — Reclamou Nero enquanto pega seu casado perto da porta. 

— Ah! qual é caras! Será uma boa oportunidade de treinar e conhecer outros lugares e sem contar que o pagamento é muito bom! — Disse Dante animado. 

— Bem, por mim tudo bem contanto que nenhum de vocês se matem. Irei informar a Kyrie que estarei fora alguns dias. — Disse Nero entrando para dentro para fazer a ligação. 

Vendo que já teria Nero no trabalho, não demoraria para Vergil aceitar também. 

— Espero que você use esse dinheiro sabiamente antes que te faço se arrepender por me ignorar. — Ameaçou Vergil enquanto terminava de guardar a Yamato na bainha e se virava para Dante com seu famoso rosto sério. 

Às vezes, Dante se pergunta como ele ainda não possuía linhas ou pés de galinha de tanto que ele gosta de ficar constantemente franzindo aquela cara idêntica dele. Abençoe o sangue demoníaco naquelas veias, então. 

— Tudo bem, tudo bem! Quando voltarmos irei comprar um novo kit de limpeza e arrumaremos todo esse lugar. — Prometeu Dante. 

Se olhares matassem, com certeza Dante já teria virado cinzas pelo jeito que Vergil o fuzilava com os olhos. 

Sem outra resposta para evitar perder mais tempo, Vergil passou pelo irmão na porta e entrou para se preparar para a missão. 

Suspirando por não ter começado uma briga por agora, Dante entrou e comentou uma última coisa que esqueceu de dizer para eles.

— E mais uma coisa; houve especulações de alguns transeuntes que conseguiram informar as autoridades. Disseram que 'viram demônios saírem de uma rachadura'. Infelizmente, teremos que fazer um pequeno desvio primeiro. Passaremos numa vila que está ilesa de demônios só para checar se está tudo normal por lá e em seguida iremos para as cidades vizinhas destruir os portais abertos e os demônios que sobrarem. — Explicou Dante enquanto pensava. — Matar o mal pela raiz, como nos velhos tempos." 

Parando abruptamente a conversa que estava tendo no telefone, Nero virou para ele com uma careta. 

— Portais para o inferno não aparece aleatório, Velho. — Disse Nero olhando para Dante. 

— Teoricamente, mas você sabe que existem demônios poderosos por aí que possui esse tipo de poder. — Meditou Dante. — Seu pai é um exemplo disso. 

Os dois se entreolharam antes de virarem para encarar Vergil com suspeita aparente. 

Vergil que permanecia sentado no balcão da cozinha lendo um livro de poesia enquanto esperava seu irmão e filho para ir, fechou o livro e se virou ao sentir olhos sobre si pelas costas. 

— Se estão achando que me rebaixei ao ponto de para abrir portais aleatórios desnecessariamente, vocês estão enganados. — Reclamou Vergil. 

— Bem, eu não sei se você percebeu, mas você possui um histórico bem longo de abrir portais e tentativas de destruir o mundo. Esqueceu a Qliphoth¹? — Rebateu Nero, antes de ouvir alguém falando do outro lado da linha e voltar a falar no telefone com Kyrie. 

— Nero. — Repreendeu Dante. 

— Deixe ele Dante, ele tem um ponto. — Suspirou Vergil olhando para longe. 

— Tudo bem então. Com essa questão de lado, você saberia me dizer como um portal pode ser aberto a não ser de modo aleatório? — Perguntou Dante. 

Não tem outro especialista na criação de portais que não seja Vergil. Afinal, ele gastou a juventude dele estudando e analisando portais nessa busca obsessiva de poder, no qual se tornou sua queda no passado. Dante ainda se arrepia com desconforto ao lembrar do passado. 

Colocando o livro em cima do balcão, Vergil se levanta e ajeita seu sobretudo azul antes de responder seu irmão. 

— Um portal pode ser criado de algumas formas. Como mencionado antes, pode ser criado por um demônio poderoso, ou por um objeto místico ou por uma bruxa. — Explicou Vergil virando e dando seu irmão um olhar sério. — Só iremos confirmar quando chegarmos ao local e descobrirmos por nós mesmos.

— Parece que não é só por aqui que está acontecendo isso. — Disse Nero se aproximando depois de terminar a ligação. — Kyrie me informou que começou a aparecer mais demônios que o normal por lá. Por agora está tudo sobre controle com os caçadores residentes de Fortuna subjugando todos os demônios, mas se as coisas saírem do controle estarei pegando o primeiro portal de volta pra casa. — Avisou Nero. 

— Calma garoto, vai ficar tudo bem. — Acalmou Dante indo pegar suas queridas armas. — Deve ser a horta de demônios da nossa missão indo para as cidades ao redor, teremos que ir agora se quisermos terminar isso o quanto antes. 

— Então não devemos perder mais tempo. — Finalizou Vergil ao liberar Yamato e cortar o espaço, criando um portão. 

Mal sabiam o que os aguardavam nessa missão.


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