CelleXty Saga escrita por Basco Khassan


Capítulo 22
O caçador da dupla estação




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Dezenas de pessoas subiam as escadarias do metrô na Vila Olímpia em direção as ruas após a grande máquina quase descarrilhar nos túneis do centro da cidade. A Guarda Municipal Metropolitana orientava os civis da melhor maneira possível para que todos conseguissem deixar a estação em segurança. Não muito longe da multidão, Basco e Gregory ajudavam os passageiros ainda presentes em alguns vagões a deixarem o local. O interior dos túneis estava totalmente congelado. Grossas camadas de gelo conseguiram travar as rodas nos trilhos. Gregory aponta para os primeiros vagões. Basco observava com pesar que nem todos os passageiros conseguiram sair a tempo como acreditava. Seus corpos jazem congelados nos túmulos frios em que se tornaram os vagões. De repente o som de passos pesados e metálicos podia ser ouvido atrás da dupla. O mais novo adversário dos mutantes surgia à frente de Basco e Gregory: era o francês chamado La’Vern. O estranho era o responsável por congelar os trilhos da estação do metrô, na Vila Olímpia, criando um imenso bloco de gelo pelos túneis. La’Vern era alto e com porte físico de um exímio guerreiro que lembrava os antigos deuses nórdicos das lendas norueguesas. Sua barba escondia as cicatrizes da experiência em batalhas e aparentava pouco mais de 35 anos. O estranho revela que estava sob as ordens de um ser misterioso o qual chamou de Raziel, o antigo. O francês procurava por Lucius e isso acabou levando-o até Basco e Gregory. La’Vern relata a dupla, que tinha uma vingança pessoal contra Inquisidor e o acusava do assassinato de sua noiva, Angelique, ainda na França, o que deixou Basco intrigado já que Lucius jamais mencionou que visitou o país europeu. Culpando Lucius pela morte da mulher que amava, La’Vern chegou ao Brasil sedento por vingança, após reconhecer Inquisidor nos noticiários em meio as batalhas na Praça da Sé. O francês demonstrou a dupla de mutantes à sua frente que também é um indivíduo com poderes extraordinários: com o braço direito ele cria uma espada de gelo e com o direito um escudo de chamas. La’Vern deu um ultimato aos CelleXtys: Lucius deveria comparecer nas coordenadas que o francês deixou gravadas à fogo nas paredes da estação de metrô, caso contrário, transformaria São Paulo em um esquife de gelo e cinzas. Dito isto, o novo adversário toca sua espada em seu escudo criando uma verdadeira cortina de fumaça, fazendo a dupla de heróis alguns metros à frente perde-lo de vista. Quando a camuflagem se dissipou, La’Vern também havia desaparecido. Após a ameaça súbita do novo adversário, Basco decide visitar Lucius no Mosteiro de São Bento e contar-lhe sobre o ocorrido, enquanto Gregory deveria seguir rumo ao Mascarade.

 

Inquisidor tentava manter uma aparência de naturalidade. Apenas um irmão da Ordem dos Beneditinos sabia sobre a sua mutação. Lucius estava ciente de que muitos membros da Ordem viam os mutantes como aberrações demoníacas e excomungavam qualquer irmão do Mosteiro de São Bento, caso este possuísse o Fator X. O CelleXty já havia presenciado a excomunhão de um mutante há alguns anos. O rito, segundo sua percepção, era cruel e insano. Se isso não bastasse, havia um temor interno de que uma ordem secreta e misteriosa dentro do mosteiro, “desaparecia” com beneditinos mutantes. Lucius tentava apurar, de maneira discreta, se tal fato tinha veracidade e denunciar os atos cruéis as autoridades eclesiásticas. Mesmo não aceitando as injustiças cometidas por alguns de seus irmãos de ordem, inquisidor tinha seus próprios temores para lidar. O fato de nem todos os CelleXtys apresentarem a mesma devoção que ele, por exemplo. Pensativo, Lucius, sentado à frente de sua escrivaninha, mal levantou a cabeça quando Basco adentrou seus aposentos.

— É silencioso ao extremo por aqui. Nem parece que estamos no centro da cidade!— Indagou Basco

— Isso me ajuda a meditar!— Respondeu Lucius

Basco senta-se na beirada da cama de madeira simples, porém, ricamente adornada de sinos e anjos esculpida em sua cabeceira.

Faz mesmo algum tempo que eu estava querendo falar com você! Parece que você se distanciou. Fiz alguma coisa que o aborreceu?

— Impressão sua. Apenas ando muito ocupado! — Responde Lucius, sem olhar para o colega de equipe

— Só isso mesmo!? Não.....é que...sei lá... Eu lembro da primeira vez que vim ao Mosteiro. Você não apenas me acolheu como me ensinou muito sobre os domos antigos. Sinto sua falta amigo!

Lucius respira fundo, cessa suas anotações, fecha o seu livro de anotações e vira-se para o colega— Basco...eu apenas....acho que nossos mundos são bem diferentes. Não me leve a mal. Você é um bom amigo, é corajoso e leal à nossa equipe. Fico feliz que você se encontrou nos CelleXtys, mas nossas crenças são bem diferentes.

— Do que você está falando? — Pergunta Basco

Lucius se levanta e aproxima-se da janela que tinha vista para o pátio central do mosteiro! Poucos monges transitavam pelo pátio naquele horário. — Alex pediu para você não utilizar mais seus truques arcanos e mesmo assim você voltou a usá-los várias vezes.

— Primeiro: não são truques! Segundo: se não fosse pelos portais de teleporte talvez Igon tivesse vencido as últimas batalhas e Gregory ainda seria um vampiro. – Argumentou Basco

— Você não sabe disso. Eu andei pesquisando, Basco! Eu sei o que esse reino infernal fez para a “bruxinha”...a sua colega encapetada dos EUA! — Afirmou Lucius em um tom mais severo e áspero

— A “bruxinha” tem nome: Illyana Rasputin! É melhor pararmos por aqui! Antes que você acabe falando alguma besteira maior — Respondeu Basco, demonstrando desconforto com as insinuações do amigo

— Falei alguma coisa errada? — Indagou Lucius mostrando-se aborrecido— Enquanto você não se livrar dessa...magia...sua alma estará sempre dividida. Um pouco entre nós...um pouco na escuridão!

— Nossa...sinceramente...não esperava isso de alguém que se diz servo de, como é mesmo o nome?... Khyrie? — Respondeu Khassan com sarcasmo

— Esta insinuando o quê, Basco?

— Gregory e eu fomos atacados há cerca de duas horas quando estávamos indo para o Mascarade e...

— Está vendo!? É disso que eu falo. Metade de você está conosco e metade compactua com a Geração Vamp

— Estávamos indo ao Mascarade pois o local pode ter pistas do paradeiro de uma amiga de Gregory! Fomos atacados por um cara que está na sua cola, Lucius. O nome La’Vern te diz alguma coisa? Pessoas morreram hoje, Lucius e esse cara foi o responsável!

Ao ouvir o nome, finalmente, Lucius volta sua total atenção para Basco...

O amigo de Basco senta-se em uma cadeira no canto do quarto e fica em silêncio por alguns segundos. Lucius relata sobre sua breve visita à França há alguns meses juntamente com um pequeno grupo de beneditinos em um trabalho de intercâmbio religioso. A visita foi breve e o clérigo manteve a viagem em segredo até mesmo dos amigos mutantes. No entanto, um incidente envolvendo terroristas políticos acabou cruzando o caminho de Inquisidor em Paris. Lucius relata que tentou salvar uma moça chamada Angelique, mas ela foi assassinada. Inquisidor descobriu que o pai da jovem, um político influente chamado Raziel, era o mandante do crime! Ele lutou contra Raziel que revelou ter poderes. Lucius deduziu que o homem seria um mutante! No confronto o clérigo desfigurou o rosto de Raziel que jurou vingança. O adversário divulgou imagens de Inquisidor por toda a capital francesa alegando que ele foi o culpado pela morte da filha. Inquisidor conseguiu voltar para o Brasil, porém, não imaginou que estava sendo caçado. Lucius revela que conhecia o nome apenas por boatos. La’Vern seria um tipo de caçador de recompensas e agia conforme o gosto do cliente...e o preço certo. Caçava, ladrões, assassinos, políticos corruptos e até outros mutantes. Raziel deveria ter lhe pagado bem para vir até o Brasil em seu encalço, pensou.  

No cair da tarde, La’Vern começa a trazer o caos no bairro da Consolação, região central de São Paulo, conseguindo chamar a atenção dos CelleXty. Com seus poderes sobre o calor e o frio intenso, o francês transformou grandes edifícios ora em sepulcros de gelo, ora em imensos troncos de concreto em chamas...um pequeno chamariz, ponderou. Lucius decide encontrar La’Vern cara a cara. Nevoeiro o acompanhava. O palco da batalha: o Cemitério da Consolação

O Cemitério da Consolação é a mais antiga necrópole em funcionamento no município de São Paulo. Quando foi criado em meados do século XIX, recebia sepultamentos de pessoas das mais diversas classes sociais, inclusive de escravos. Com a prosperidade proveniente do café e de uma pequena e seleta burguesia paulista que aflorava, trouxe status de um portal de descanso final que atraia requinte, sofisticação e os mais renomados escultores que viam na arte sepulcral um mercado em expansão. Hoje o cemitério ganhou ares de museu a céu aberto, com belíssimas esculturas e grandes personalidade brasileiras em seu repouso eterno. Era comum encontrar membros da Geração Vamp nas madrugadas do Consolação. Alguns o usavam até mesmo como morada. Contudo, não toleravam intrusos no cair da aurora. Roqueiros e “góticos de fim de semana” não eram bem-vindos ao local após o pôr-do-sol. Contudo, o homem peculiar sentado à beira de um dos túmulos conseguiu trazer o terror aos vampiros locais apenas com o seu olhar em chamas. La’Vern não se intimidou pelos vampiros brasileiros. Não eram o seu alvo no momento e se fossem espertos continuariam na escuridão

Inquisidor e Nevoeiro chegam às proximidades do cemitério. Basco transformasse em um denso nevoeiro e atravessa as grades dos grandes portões frontais sem problemas. Já Lucius prefere adentrar pelos fundos do Consolação para não chamar a atenção de possíveis transeuntes. Ambos se encontram em uma das ruas centrais. Observam a temperatura cair abruptamente a ponto de pequenas baforadas de ar quente evidenciarem suas respirações mais aceleradas.

— Eu cheguei a duvidar que você viesse, já que fugiu feito um covarde e veio se esconder nessa cidade!— A voz ecoava pelos corredores sombrios e dentre as catacumbas. La’Vern surgia entre um dos túmulos erguendo uma espada, agora de gelo!

O olho direito de inquisidor começa a brilhar bem como o seu braço esquerdo. Nevoeiro também se posiciona de maneira firme. A ideia era sair vivo daquele entrave, mas será que conseguiriam?


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