CelleXty Saga escrita por Basco Khassan


Capítulo 17
O Brilho da Lua




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Outono de 1999.

Caio e Lira partem para o Salão do Automóvel, uma exposição de carros do Centro de Convenções do Anhembi. Com dezenas de jornalistas e canais de televisão cobrindo o evento, era um prato cheio para um banho de sangue ganhar ares de entretenimento! Não demorou muito para que os CelleXtys ficassem sabendo do massacre que foi televisionado ao vivo! Carcará rapidamente envia Tornado, Madalena e Inquisidor para conter os inimigos que não se intimidavam perante as câmeras! Enquanto Folkhen ainda se recuperava dos ferimentos do último encontro com a Gangue Fantasma, Basco, Gregory e Isabelle são enviados ao Arsenal de Guerra para colher mais informações sobre a fuga de Sphinx.

Ao chegarem ao Anhembi, o trio CelleXty presencia um verdadeiro massacre! Havia dezenas de corpos que mais pareciam cascas vazias espalhados pelo pavilhão! Subitamente, um rosnado feroz é ouvido entre os veículos em exposição! Surgindo por detrás de um Chevy Impala 1967, dezenas de criaturas cadavéricas atacam ferozmente Madalena. Ivan manifesta as suas correntes de energia psiônicas enquanto o olho e o braço de Lucius começam a brilhar. Gemidos e lamentos são ouvidos em um bizarro coral fúnebre e, para o espanto do trio, os cadáveres ressequidos dos visitantes do Salão do Automóvel erguem-se e rastejam na direção do clérigo. Inquisidor disparava os raios psíquicos de seu olho e do seu braço contra os mortos, porém, parece não surtir grande efeito. Ivan se coloca entre as bestas grotescas e Madalena, porém, suas correntes os atravessavam sem efeito!

Subitamente, a vampira Lira, com grande velocidade, surge das sombras e ataca Madalena pelas costas com suas unhas afiadas, levando a jovem mutante ao chão. O mesmo ataque é sentido por Ivan segundos depois, que tem suas correntes "apagadas" com o choque! A integrante do clã Giovanni, agora parada em frente a Lucius, o olhava fixamente enquanto este definhava rapidamente ao ter a sua energia vital drenada pela jovem de sangue frio. Aquele não foi o fim de Lucius, graças à rápida ação de Ivan, que conseguiu, mesmo ferido, atacar Lira com suas correntes novamente em atividade e defender seu amigo, fazendo a vilã se afastar alguns metros! Mesmo assim, o trio agora se encontrava muito ferido. Neste momento, as ilusões fantasmagóricas desaparecem, revelando apenas os mortos pelos corredores do pavilhão e o jovem vampiro Caio, de pé, sobre os corpos. Madalena, no chão, cuspia um pouco de sangue e mal conseguia desembainhar o seu espadim. Ivan ainda conseguia se colocar de pé e Lucius perdera massa muscular e sentia-se muito fraco, sem conseguir usar os seus poderes.

— Quem são vocês? — perguntou Ivan.

— Gangue Fantasma na área. Eu sou Caio, e essa é minha parceira, Lira! Estávamos ansiosos por conhecer vocês!

— Soubemos que vocês têm sido uma cruz nas costas de Althy e dos nossos colegas. Queríamos nos apresentar à altura. — completou Lira.

— A Geração Vamp se unindo aos mutantes? Isso é novidade. — respondeu Lucius.

— O plano de saúde é melhor! — ironizou Lira.

— Além disso, eles não precisam se curvar a velhos mestres e tradições ultrapassadas. — A voz grave, mas jovial, vinha de um dos corredores e já era conhecida de todos. Não foi surpresa para Ivan e os demais quando Sphinx surgiu de um dos estandes sorrindo, em um ar de vitória e superioridade.

 

 

 

 

 

 

 

 

Enquanto isso, no município de Barueri, Basco, Isabelle e Gregory chegam ao Quartel Militar do Arsenal de Guerra. Eles são levados até o alto comando, que lhes mostram os registros dos vídeos das câmeras de segurança; contudo, Khassan percebe que os vídeos foram editados. Eles conseguem visualizar alguns borrões libertando Sphinx e os corpos, já sem vida e mutilados, na entrada do quartel, mas nada muito além disso. As Forças Armadas pareciam não estarem dispostas a colaborar. Basco tentou argumentar que a fuga de Sphinx era um perigo para toda a sociedade, mas o comandante responsável deixou claro que a prioridade no momento era avisar aos familiares das 32 vítimas que foram assassinadas nas dependências do quartel, bem como uma investigação interna, pois, segundo o comandante, os militares tinham a sua própria visão, maneira e estratégia de lidar com a situação. Ficou claro para Basco que os militares não iriam auxiliar de maneira mais eficaz, e o acordo com os CelleXtys, de apoio mútuo, não passava de uma mera formalização teórica entre cavalheiros. Assim que deixam o local, o trio é surpreendido pelo irmão de Khassan, Igon, que os aguardava a alguns metros na avenida principal.

— Parece que você adotou um novo irmão! — disse Igon, olhando para Gregory, que seguia ao lado de Basco.

— Igon!... Parabéns! Conseguiram libertar o seu cupincha?! — respondeu Basco.

— Ciúmes não combina com você, mano! — Igon faz um aceno para que Basco e ele conversem em particular. Khassan desconfiava que aquilo poderia ser uma armadilha, mas era a primeira vez que poderia ficar frente a frente com o irmão sem uma luta. O rapaz concorda e pede para que Isabelle e Gregory o aguardem no carro. Apesar de relutantes, obedecem ao pedido do amigo. — Se tentar alguma gracinha, vai vegetar numa cama pro resto da vida! — Adverte Isabelle enquanto Gregory e ela se afastam! Igon ignora a jovem e sua ameaça e olha firme para Basco. Ambos caminham juntos pela primeira vez desde que Scariotis havia retornado. — Eles são amigos leais. Coisa rara hoje em dia!... – Basco... Éramos tão pequenos quando o pai e eu nos perdemos naquela mata fechada – Vocês...chegaram a nos procurar?

— A polícia procurou você e o nosso pai por semanas. Depois, quando eles cessaram as buscas, nossa mãe foi pessoalmente mata adentro diversas vezes. Ela não permitia que eu a acompanhasse. Os dias viraram semanas...as semanas, meses. Ela nunca mais foi a mesma depois que vocês desapareceram. — Respondeu Khassan com um semblante de pesar.

— Hummmm... Em outra realidade, talvez as coisas poderiam ter sido diferentes. — Respondeu Igon enquanto ambos se aproximavam do viaduto que dava acesso ao centro de Barueri.

— Igon, por que se uniu a Althy? Essa mulher só trouxe desgraça e destruição por onde passou!

— Althy me acolheu, protegeu e me ensinou tudo o que eu deveria saber. Ela me mostrou o vislumbre de possíveis futuros para a nossa raça. Althy mais do que qualquer um de nós sabe que não existe essa ideia de convivência pacífica entre humanos e mutantes.

— Isso não é verdade! É possível sim um diálogo e uma convivência de paz!

— Convivência de paz? Você deve estar a par do que está acontecendo nos EUA. Chamam de Operação Tolerância Zero. Humanos normais estão sendo voluntários para transformar os seus corpos em Novos Sentinelas. Foi aberta a temporada de caça aos mutantes por lá. Quanto tempo você acha que irá demorar até que algo similar seja implementado por aqui?

— E mesmo assim ainda existem humanos que apoiam e defendem os mutantes! — Responde Basco, tentando não aparentar surpresa sobre os fatos narrados pelo irmão e que ele desconhecia.

— Sphinx nos contou o que viveu durante esses meses, preso nesse quartel. Torturas... agressões psicológicas de todos os tipos. Temos tido relatos de mutantes sendo perseguidos, excluídos e assassinados por todo o país.

— E suas ações com a Gangue Fantasma ajudam em que a situação? — Pergunta Basco.

— Nós mostramos aos mutantes que não precisam mais ficar escondidos e sendo oprimidos pelos humanos. Vocês CelleXtys querem apenas nos enfiar dentro de um buraco com a desculpa de nos proteger... (Basco tentou não aparentar a preocupação. Será que Igon sabia sobre a EBX, pensou?)... — Althy nos deu a chance de revidar. Quando estivemos em Sorocaba.... O mutante que a telepata de vocês detectou... nós o encontramos cerca de 3 dias depois. Foi morto e o seu corpo desovado em uma via férrea abandonada. Soubemos que até alguns policiais tiveram participação na execução. Encontramos outros mutantes na cidade, mas, ao invés de pressioná-los a nos seguir, como vocês fazem, lhes demos a chance de escolherem. Eles optaram por deixar a cidade.

— Igon, nós....eu...não sabia nada disso. Achávamos que o mutante que Isabelle havia detectado fosse, na verdade, uma armadilha de vocês para nos encurralar!

— Aham....tô sabendo! O fato é que os mutantes só conseguirão o devido respeito à base de ferro e fogo. Então, Basco, ou vocês estão do nosso lado...ou estão contra nós.

Enquanto Basco e Igon conversavam, Isabelle tem um "flash" mental. Ela sente o pedido de socorro vindo do Centro de Convenções do Anhembi!

— Nevoeiro....precisamos ir...agora! — Diz Isabelle de maneira enérgica. Mentalmente, ela mostra a Basco o porquê!

— Eu sinceramente gostaria que nos entendêssemos, meu irmão. Nunca foi minha intenção brigar com você! — Afirma Khassan.

— Da próxima vez que nos encontrarmos, Basco, será para vê-lo de joelhos! — Respondeu Igon. — Mande um abraço meu ao resto da equipe. — Ironizou.

Enquanto isso, no Anhembi, Sphinx desembainha um punhal dourado ao se aproximar de Lucius! Caio volta a sua atenção para Madalenna e começa um ataque direto. Lira não se intimida pelas correntes de brilho azul de Tornado e consegue, com extrema agilidade, se aproximar do rapaz. Ela segura o rosto de Tornado, e seus olhos penetram no corpo e na alma do mutante. O que não conseguiu fazer com Lucius, ela estava prestes a concretizar com Ivan, drenando sua força e fôlego de vida. O corpo do CelleXty começava a tomar uma forma cadavérica. Madalenna se viu cercada pelas ilusões fantasmagóricas de Caio. Não percebendo que os fantasmas não passavam de ilusões, se deixou levar pelo pavor. A ansiedade a leva à exaustão, e a jovem acaba desmaiando. Lucius estende o seu braço contra Sphinx na tentativa desesperada de disparar uma fração que fosse do seu poder psíquico, mas ainda estava muito fraco. Ao olhar para o lado, percebe que Ivan estava indo para o mesmo fim. É quando algo inexplicável acontece...

 

O corpo de Madalenna é banhado pela luz da lua, que provinha de um grande buraco aberto no teto do pavilhão. A jovem abre os olhos e ergue-se no ar imediatamente, em uma espécie de transe. Uma explosão de luz lunar inunda o Centro de Convenções por várias direções ao mesmo tempo, cegando por alguns segundos os inimigos e trazendo a Madalenna a completa libertação da influência maligna da ilusão fantasmagórica de Caio e dos poderes maléficos de Lira! A luz era tão forte quanto o próprio sol e deixou queimaduras extremas em Caio, Lira e Sphinx, forçando-os a abandonarem o local! Ivan precisava de cuidados médicos com urgência. Lucius não entendia de onde veio tamanho poder até observar o corpo de Madalenna, tomado por uma aura branca. Aquela jovem possuía poderes interligados à Lua e que Lucius ainda não conseguia compreender. Com delicadeza, Madalenna pousa suavemente no solo e caminha em direção a Lucius e Ivan. Ao tocá-los, suas forças são restauradas imediatamente!

Os sons de sirenes e veículos do lado de fora do grande pavilhão denunciavam que os CelleXtys também deveriam deixar o local imediatamente antes que fossem eles os acusados pelo massacre. Subitamente, um portal abre-se próximo ao trio. Basco atravessa meio corpo e pede para que os companheiros atravessem o pórtico!

 


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