CelleXty Saga escrita por Basco Khassan


Capítulo 11
Ecos do passado




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PRIMEIRO SEMESTRE DE 1983.

 

Desde que a família Markel se instalou na pequena cidade paulista de Cipó-Guaçu, o sentimento de perigos e ameaças parecia ter dado uma trégua. Edher conseguiu trabalho em uma marcenaria local e Thamine cuidava da casa, do jovem Igon e do segundo filho do casal, o pequeno Basco. Edher tentava ao máximo esconder seus poderes mutantes e torcia que tanto Igon quanto Basco jamais manifestassem qualquer tipo de dom mutante. Quando sozinho, o pai dos meninos não conseguia esconder as lembranças, ora felizes, ora amargas que o levaram a deixar o país Basco, cruzar os mares em direção ao Oriente Médio e lá, encontrar o amor através dos braços da libanesa Thamine. A vida de guerrilheiro do E.T.A. havia ficado para traz e hoje não passava de uma lembrança distante. Contudo, os anos de perseguição e de guerras deixaram marcas que lhe corriam a alma. Pesadelos, descontrole momentâneo de seus poderes e um constante sentimento de perseguição eram alguns dos fatores que traziam conflitos para dentro de seu lar. Thamine, por sua vez, era sempre amável e compreensível aos traumas do marido. Jamais se arrependeu de ter se apaixonado por Edher. A jovem libanesa, mesmo diante das adversidades, jamais permitiu que isso abalasse o amor que sentia pelo rapaz. Igon e Basco, os frutos daquele amor repleto de conflitos externos, eram os exemplos vivos que ela sempre estaria ao lado do marido seja qual fosse a circunstância.

Thamine observava da porta dos fundos da casa, Igon e Basco brincando no quintal enquanto a água para o café fervia no fogão. Ela ficava impressionada como Igon possuía um espírito protetor para com Basco. Mesmo sendo tão jovem, o menino estava sempre por perto. Ajudava Basco se ele caísse ou se machucasse. Edher toca o seu ombro e abraça com força e carinho.

Olha amor!— Indaga Thamine. — Olha como eles se dão tão bem! Às vezes eu desejo que eles nunca crescessem.

— Desde que Basco nasceu, Igon tem sido mais que um irmão!— Responde Edher. – Eles serão a base um do outro. Nossos filhos terão que ser fortes para o que poderá vir!

— Edher...

— Não podemos negar, meu amor. Você tem visto o noticiário. Os horrores que os mutantes nos EUA estão passando. O presidente Reagan, parecia ter bom senso, mas faz vista grossa para os caçadores de mutantes no país. – Alerta Edher enquanto vai até o fogão coar o café

— Você não pode afirmar que nossos filhos serão mutantes! Ninguém pode! São muito pequenos. Muito menos que serão perseguidos aqui, no Brasil!

— Mas e se forem!? – Perguntou Edher enquanto servia duas xícaras de café. — Eu mais do que ninguém desejo que sejam apenas...crianças, mas precisamos encarar a realidade e começar a treiná-los para o que poderão encontrar no futuro. Além do mais....o presidente Figueiredo apoia mesmo que nas entrelinhas as perseguições de mutantes tanto quanto Reagan. Eu mesmo não era muito mais velho que o Igon quando comecei meus treinamentos.

— Edher...não! Era diferente. Seu país estava em guerra constante. O Brasil não é assim. Não quero que os nossos filhos vivam em um círculo de perseguições por conta de suas suposições.

— Quer esperar até o próximo caçador de mutantes nos achar? Também fizemos muitos inimigos quando estávamos entre os 99 de Allah. Quanto tempo irá demorar até um deles nos encontrar?

— Edher...já chega! — Interrompe Thamine de maneira brusca. – Eu não quero que os nossos filhos vivam com medo! Acabamos essa conversa por aqui. — Responde Thamine visivelmente irritada, deixando Edher sozinho!

Edher compreendia a tensão e as preocupações de Thamine. Contudo, em seu íntimo, ele ainda acreditava que as crianças precisavam saber se defender, mesmo que o Fator X jamais se manifestasse em ambos. Pensando nisso, Edher começou a levar Igon para acampar no interior da cidade. Dizia a Thamine que era uma atividade de pai e filho e que Basco ainda era novo demais para uma aventura na mata. Contudo, seu real objetivo era treinar o menino. Edher construiu uma pequena cabana na floresta, próximo a um riacho. Ao redor, também criou diversas atividades e ambientes que, para Igon soava apenas como brincadeira, mas na verdade era uma maneira lúdica de treinamento. A cada exercício, Edher estimulava as habilidades motoras, neurais e emocionais do filho. Eram trilhas pela floresta, aspectos de caçada, fuga e camuflagem. Igon ficava fascinado a cada vez que o pai manifestava seus poderes. Em certa ocasião, Edher jurou ter visto os olhos de Igon brilharem e temia que o filho finalmente manifestasse algum dom, mas nas semanas que se seguiram, o fato não se reprisou. Num fim de tarde de domingo, ao retornarem para casa, Thamine questionou Edher sobre a frequência dos acampamentos pai e filho. Ela notou que Igon parecia mais forte, mais ágil e habilidoso.

— Ele tem apenas 8 anos, Edher!

As brigas entre o casal se tornaram constantes. A cada desavença, Edher ia para a sua cabana na mata. Na última contenda, Igon insistiu para ir com o pai, porém, Thamine o proibiu. O filho, porém, fugiu e seguiu o pai. Horas depois, Edher ligou para Thamine. Pediu desculpas pelo comportamento e a avisou que Igon estava com ele na cabana. Aquela foi a última vez que Thamine ouviu a voz do marido ou viu o seu filho. O desaparecimento de Edher e Igon foi um mistério que a atormentou até o fim. Por vezes Basco encontrou sua mãe em lágrimas pela casa. Thamine se culpava. Se perguntava o quão Edher poderia estar certo. Se algum inimigo do passado não os havia encontrado. A jovem libanesa nunca mais fora a mesma.

 

 Outono de 1998.

 

Basco segurava uma antiga foto de família. Na imagem, Thamine abraçava Igon enquanto Edher levantava o pequeno Basco nos ombros. Pareciam felizes e sem o peso do passado nas costas. A descoberta de Nevoeiro sobre Scariotis ser Igon, o seu irmão desaparecido quando ainda eram crianças, trouxe um ar de surpresa a todos na EBX. Basco ao interagir com a mente de Scariotis relembrou o passado obscuro da sua família! Ele olha para todos os seus amigos enquanto relatava o que viu na mente de Scariotis:

 

— Meu pai era mutante. A nossa família fugiu do Oriente Médio no final dos anos 1970, após muita perseguição de inimigos humanos e mutantes. Igon era meu irmão. Em 1983, Ele tinha apenas 8 anos quando... meu pai foi acampar na mata fechada no interior de São Paulo com ele e... ambos desapareceram. Minha mãe nunca se perdoou. Sentia-se culpada e achava que o desaparecimento foi obra de mutantes ou humanos anti-mutantes que meu pai sempre defendia que um dia nos achariam!

— Tem certeza disso, Basco?— Pergunta Isabelle

— Sim, Isabelle. Quando Testament revelou que Scariotis era o meu irmão, no meio daquela confusão no Mascarade, não acreditei de início, mas ao fundir a mente dele com a minha no nevoeiro, trocamos um elo psíquico.

 

Basco não podia imaginar que seu irmão estaria vivo e pior, queria destruí-lo. Em sua mente imaginava se Edher, seu pai, também estaria vivo. Alex sabia o quanto o Mascarade estava incomodando alguns políticos da cidade e moradores locais. Era óbvio que mais cedo ou mais tarde alguém iria querer fazer uma limpeza na casa noturna, mas saber que o líder do ataque terrorista era o irmão de Basco era coincidência demais.

Algumas semanas depois, Alex, marcou um encontro, a sós, com a proprietária do Mascarade, Verônica. Precisava investigar o que a Gangue Fantasma fazia em São Paulo. Através de informações fornecidas por Verônica, descobriu que Scariotis era uma espécie de caçador de recompensas! Vagava por toda a América do Sul massacrando qualquer foco da Geração Vamp que encontrasse, além de ser o líder da Gangue Fantasma! Os vampiros que estavam sob o controle de Testament voltaram ao normal, se é que suas condições possuem alguma normalidade, porém, nesta batalha os CelleXtys tiveram duas baixas: Quarentena e Hardcore! Verônica levou os corpos para dentro do Mascarade para despistar a polícia militar que começou a rondar o bairro do Morumbi com frequência após os ataques. Agora, Verônica entregava os corpos à Alex. O líder CelleXty prometeu fazer um enterro descente para a jovem Raquel! Já João Victor permanecia como uma estátua de prata. Ficou neste estado após a manifestação primária dos poderes mutantes do garoto vampiro chamado Gregory! Sobre Gregory, Alex afirmou que ele estava sendo bem cuidado, mas que ainda parecia estar num estado de hibernação após a manifestação dos poderes mutantes. Verônica então, faz um pedido pessoal ao líder dos CelleXtys:

 

— Proteja o garoto, Alex! Ele pode ser um vampiro, mas sendo um mutante, é perigoso demais para ficar no meio de nós. Não podemos resguardá-lo. Quando os 13 clãs souberem do ataque proibiram definitivamente que o Mascarade dê salvo conduto para mutantes. Agora que sabem que o garoto é um mutante-vampírico, provavelmente irão caçá-lo! Ele estará mais seguro com vocês!

 

Alex aceita o pedido da vampira. Geralmente vampiros e mutantes mantinham certa distância uns dos outros, mas o líder dos CelleXtys suspeitava que Gregory, talvez trouxesse uma possível mudança de ares no futuro. Quanto a Scariotis, o Líder dos CelleXtys estava apreensivo que Basco pudesse ser emocionalmente comprometido e isso afetasse a equipe. Será que Nevoeiro colocaria seus amigos em perigo para tentar salvar a alma do seu irmão?— Alex se perguntava....


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