Orgulho e Preconceito - Perdida no século XVIII escrita por Aline Lupin


Capítulo 15
Capítulo 15




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/806879/chapter/15

A semana se passou de forma intensa para Lizzy. Cuidar de duas crianças se mostrava cansativo. E sua folga tão esperada chegou. Ela convidou Jane para sair e caminhar, mas Jane alegou que precisava escrever cartas para seus parentes e disse que a veria na hora do chá. Ela e Jane conversavam normalmente, mas Lizzy nunca mais tocou no assunto sobre Bingley. Afinal, não queria aborrecer Jane.

Lizzy saiu então e pegou uma carruagem para ir até a residência dos Darcy. Queria a ajuda de Georgiana para visitar Bingley. Desejava ajuda-lo a conquistar seu amor. Ela não sabia o que a motivava, mas era algo mais forte que ela mesma. Ela foi recebida pelo senhor Dawson no portão de entrada, que fez questão que ela entrasse, mesmo sobre o olhar critico do mordomo. Ela ficou aguardando na sala de estar, receosa. Não sabia como seria recebida. Já fazia duas semanas que não via Georgiana ou Darcy. Esperava que eles ainda a considerassem uma amiga.

Georgiana entrou na sala, entusiasmada pela presença de Lizzy. Ela correu para abraça-la e Lizzy retribuiu mesmo hesitante. Sentir o abraço de alguém de forma tão genuína deixava Lizzy com os olhos aguados. E naquele abraço ela soube o quanto sentia falta de Georgiana.

— Lizzie, é uma prazer ver você de novo. – Georgiana disse, se afastando dela e a olhando – Você está vestindo um vestido austero demais. Onde esta os vestidos coloridos que ganhou?

Lizzy riu.

— Eu estou usando uma roupa adequada para uma governanta. Cinza até que me cai bem, não acha? – Lizzy brincou, olhando para as mangas cumpridas do vestido.

— Bom, eu ainda acho que você deveria se portar como uma dama. Pois, você é uma, Lizzie – Georgiana insistiu, colocando a mão no queixo, pensativa – Ainda acredito que você faria um bom par com meu irmão.

Ouvir isso deixou Lizzy corada de vergonha.

— Eu não acho que poderíamos dar certo, Georgie. Lembre-se, minha condição social iria interferir muito nesse casamento. Aliás, eu não o conheço direito para me casar, não acha?

Georgiana mordeu os lábios, contrariada.

— Mas, não é o que parece. Vi os olhares que vocês dois trocaram. E vocês não me enganam facilmente.

Lizzy engasgou com aquela constatação. Desde quando ela havia trocado olhares, de qualquer natureza com Darcy? E desde quando ele teria qualquer interesse nela? Ela deu uma risadinha nervosa, de repente.

— Muito engraçado, Georgie – Lizzy disse, tentando desviar a atenção da jovem. Mas, Georgiana a encarava com olhos perspicazes. E Lizzy percebeu que era o mesmo olhar que Darcy lhe dava – Hum...bem, eu não vim aqui para discutir sobre isso, sabe? Eu preciso muito da sua ajuda.

— Qualquer coisa que pedir, eu farei – Georgiana disse, demonstrando sua lealdade.

— Preciso explicar primeiro o que pretendendo fazer. Vamos sentar.

Lizzy explicou a situação de Bingley e de Jane. Georgiana ouvia atentamente e fazia sugestões. Ela havia adorado a ideia de junta-los. Elas discutiam os planos e de como fariam para conversar com Bingley, sem serem interrompidos por Caroline. Então, Georgiana teve a ideia de enviar uma mensagem para Bingley, convidando-o para o chá da tarde. Pediria para o senhor Dawson entregar a carta nas mãos de Bingley e pediria uma resposta dele, de forma imediata.

O plano fora executado e as duas aguardavam na sala a volta do senhor Dawson. E não haviam percebido que Darcy passou no corredor e parou imediatamente ao ver a cabeleira castanha de Lizzy. Os cabelos dela estavam presos em um coque severo. O coração dele disparou, de repente. Fazia dias que não a via. E imaginou que não sentiria nada por ela, mas o mais estranho era sonhar com aquela jovem. Ele custava a admitir, mas ela o havia envolvido. E ele admirava muito por ela ser tão forte e destemida. Sua recusa em se casar com ele demonstrava sua força de caráter e o quanto ela era diferente das outras damas.

Darcy pensou que poderia entrar e conversar com ela. Ele queria apenas ver seu rosto de novo. Comprovar que o sentia era uma amizade e apreço por ela. Foi o que fez. Quando ele a viu, sentada ao lado de Georgiana, rindo de alguma coisa que ele não sabia o que era, sentiu seu coração bater mais forte. Ela era adorável quando ria. Seu rosto se iluminava. Suas covinhas nas bochechas apareciam. Ela era toda luz naquele momento. E ele queria chegar mais perto e toca-la.

— Senhor Darcy – Lizzy disse, sobressaltada, mas lhe ofereceu um sorriso amável – Que bom ver o senhor.

— Eu posso lhe dizer o mesmo, senhorita. – ele disse, sincero. Pois, de fato, estava muito feliz de vê-la de novo. De repente, a irritação que o acompanhara a semana inteira, se dissipara.

— Realmente, William estava sentindo sua falta – Georgiana disse, de forma deliberada.

Darcy corou e Lizzy desviou o olhar para as mãos sobre o colo.

— Aposto que foi melhor sem mim. Eu deveria dar muito trabalho. Mas, sou muito grata a vocês, sabe – Lizzy disse, tentando não ficar envergonhada pela insinuação de Georgiana. E isso a fez se lembrar de que eles quase se beijaram, no baile dos Harris. E como desejou sentir os lábios dele. Corou violentamente, ao pensar nisso.

— A senhorita com certeza não deu qualquer trabalho, não é, William? – Georgiana frisou.

— De fato, não foi um trabalho – Darcy respondeu – Sua companhia é reconfortante para nós.

Lizzy sorriu para os irmãos Darcy, feliz por ver que era querida por eles. Quase se arrependia de desejar ir para casa, pois estar com eles era algo bom. Deixou-a feliz, no final das contas. E ao mesmo tempo, a fez perceber o quanto necessitava de uma família. Jane era sua família, mas elas nunca tinham tempo uma para a outra. Era normal isso, devido a tantas coisas que precisavam fazer para viver. O trabalho, os estudos, a rotina diária, tudo isso as afastava. Mas, ali, naquele mundo em que a tecnologia ainda não era avançada, parecia que tudo havia se reduzido. Uma marcha lenta, se ela poderia dizer assim. Porque, ali, ela poderia aproveitar com mais calma para conhecer as pessoas, conversar e fazer coisas que não fazia há anos. Como caminhar em parque, ler um livro, conversar assuntos banais e poder até mesmo tomar um banho de forma relaxada, sem a pressa para chegar a algum lugar. Até mesmo desfrutar de um chá, de um almoço ou jantar era um grande evento e ela teria que se preocupar com as horas. Até mesmo notou que não olhava mais para o relógio. Mal sentia falta do seu celular ou notebook.

— E de vocês também é – Lizzy disse, sorrindo com o coração, pois passou duas semanas maravilhosas com os Darcy, mesmo discutindo com certo Darcy. Contudo, era divertido entrar em embate com ele. Adorava tira-lo do sério.

Darcy a fitou com um olhar intenso, o que deixou desconsertada. Mas, ela manteve o olhar dessa vez, se deslumbrando mais uma vez com seu porte. Ele era o homem mais bonito que conhecera naquele tempo. Seu rosto parecia ter sido esculpido. Tinha o queixo quadrado e marcante. Seus cabelos negros faziam jus ao pelo rosto e suas sobrancelhas negras lhe davam um ar de constante seriedade, mas não lhe tirava o charme. E quem olhasse naqueles olhos azuis, se perderia para sempre, envolvido pelo magnetismo que ele exercia sobre a pessoa. Pelo menos, ela se sentia assim, envolvida, puxada para ele, como se ele fosse a própria maré, a puxando de volta para o mar.

O transe em que os dois estavam mergulhados se dissipou devido à entrada do senhor Dawson. Ele trazia resposta de Bingley, que disse estar encantado pelo convite e viria em breve. Lizzy e Georgiana se encararam em expectativa. Darcy observou as duas, tentando desvendar o motivo para elas estarem tão felizes pela presença de Bingley. E não pode deixar se sentir ciúmes.

— Por que as duas estão tão animadas? – ele questionou.

— Não é nada. É apenas pela visita de um amigo, William – Georgiana respondeu, de forma evasiva.

Isso não o convenceu.

— Senhorita Elizabeth, por que sinto que vocês duas estão me escondendo algo? – Darcy perguntou.

Lizzy engasgou com as palavras dele.

— Er...hum... – ela respirou fundo – Se quer a verdade, bom...Eu vou dizer uma coisa ao senhor Bingley. E não importa sua opinião. Pois, ele merece saber a verdade quanto a Jane Bennet.

Darcy assentiu, sem protestar.

— Não vai dizer nada? Não vai dizer que ela é inadequada? – Lizzy alfinetou.

— Não, não direi – Darcy negou – Mas, ela não o ama, senhorita. Isso não seria magoa-lo ainda mais, renovando as esperanças dele?

— Ela o ama. Eu confirmei isso – Lizzy disse veemente, se levantado do seu lugar, pois não conseguia mais ficar sentada, pois estava exaltada – Ela ainda pensa nele com carinho. Eu percebi isso. Infelizmente, ela esta com uma ideia absurda de se casar com o senhor Collins, o primo dela, para salvar sua casa e a família de ser despejada com o senhor Bennet morrer.

Darcy não parecia surpreso ao ouvir isso. Mas, Lizzy não notou. Caminhava de um lado a outro do cômodo.

— E o que pretendem fazer? – ele olhou para ela e para Georgiana, que estava sentada no sofá.

— Bom, nós vamos contar a verdade para ele, William – sua irmã respondeu – Vamos dizer que tudo foi um plano de Caroline, afinal, eu estava lá quando a ouvi alegar que os separou de proposito. Além do mais, ela havia dito que Jane Bennet não retribuía os sentimentos do senhor Bingley. E você, irmão, disse a mesma coisa. Acaso não pensou que estava os atrapalhando?

— Eu não percebi nenhum sentimento dela para com ele, infelizmente – Darcy tentou se justificar – Mas, eu não o forcei a ir embora de Netherfield. Ele tomou a decisão, sozinho. Mas, é justo que os ajudemos.

— Que bom, porque se não, eu teria que brigar com o senhor – Lizzy disse séria.

Darcy acabou sorrindo diante da insolência dela.

— A senhorita é muito corajosa de brigar comigo – ele provocou.

Lizzy deu um olhar mortal para ele.

— Eu não tenho medo do senhor, sabe disso – ela cruzou os braços sobre o peito – E o senhor é culpado disso tudo, também. Mesmo não fazendo tudo de forma deliberada. Eu sei que o senhor pensou no seu amigo, mas se tentasse nos parar, eu iria brigar mesmo com o senhor.

Ele sorriu ainda mais para ela.

— Admiro sua coragem, senhorita – Darcy disse, com um olhar intenso para ela.

Lizzy percebeu seu olhar e ficou admirando ele, esquecendo que Georgiana estava na sala de estar. Então, sem que os dois percebessem, a jovem dama saiu.

— O senhor não está nem pouco bravo com minha franqueza? – ela alfinetou, deixando um sorriso escapar.

— Eu deveria estar, mas a senhorita está tentando ajudar um grande amigo meu. É justo que lute pelo que acha certo, também. Eu apenas não compreendo por que quer ajuda-lo. Vocês mal se conhecem.

— Quando vi o senhor Bingley, senti muito simpatia por ela – ela justificou – E quando soube da injustiça que os dois sofreram, sentia que precisava intervir, mesmo mal conhecendo os dois.

Darcy assentiu, admirando aquela mulher. Admirando que ela se importasse com uma pessoa que mal conhecia.

— Eu admiro a senhorita – ele deixou escapar. Lizzy sentiu o coração bater mais forte ao ouvir isso – A senhorita tem meu respeito, ainda mais por ser tão corajosa e escolher o trabalho, ao invés do casamento. Poucas mulheres fariam como a senhorita. Gostaria...eu gostaria de ter a oportunidade de conhece-la, senhorita Elizabeth. Se me permite. E será sempre bem vinda aqui na minha casa, se quiser nos visitar. Eu gostaria também de poder visita-la, se for possível...eu...

Lizzy percebeu que ele estava envergonhado de fazer aquela proposta.

— Eu aceito sua amizade, senhor Darcy. Se for isso que quer me propor – ela o interrompeu.

Ele soltou o ar que prendia.

— Eu agradeço pela oportunidade, senhorita. Sei que começamos tudo de uma maneira estranha e nos desentendemos tanto...mas, sua amizade é algo que quero conservar. E ainda quero ajuda-la, se me permite. A voltar para casa.

Ela se comoveu diante da preocupação dele em leva-la para casa.

— Acredite senhor, se houvesse uma forma de voltar, eu lhe diria. Por enquanto, ainda não me é possível – ela tentou explicar da melhor maneira possível.

— Eu ainda queria entender isso, sendo sincero – ele disse – Afinal, não deve ser tão difícil voltar para sua casa.

— Acredite ou não, eu moro em um lugar de difícil acesso. Mas, não sei como explicar isso para o senhor.

— Por hora, sua resposta basta – ele disse, tentando não deixa-la ainda mais irritada, afinal, todas as vezes que a questionava, eles brigaram.

Então, silêncio tomou conta do ambiente. Mas, dessa vez, ela não estava constrangida com isso. E os dois apenas se encaravam. Ela gostava de olhar para ele. Se pudesse apenas ficaria ali, admirando seu rosto. Admirando seus olhos.

— Hum...como está o cachorro? – ela perguntou, tentando desviar o rumo dos seus pensamentos. Estava começando a gostar demais de Darcy e isso a assustava.

A pergunta pareceu desperta-lo.

— Ele está...bem – ele respondeu – Ele é bem mais agitado que o seu Boris e tem dado trabalho para todos. Mas, Georgiana o ama tanto, que fiquei com pena de me desfazer dele. Mas, preciso adestra-lo. Vou deixa-lo em Pemberley, pois ele não esta convivendo bem em uma casa tão pequena.

— Entendo. Não sei como Boris conseguiu viver comigo em apartamento tão pequeno – ela deixou escapar.

— E a senhorita morava sozinha? – ele perguntou, aproveitando o descuido dela.

— Ahn...sim, eu morava. Às vezes minha irmã Jane me visitava. Mas, moro sozinha há bom tempo – ela respondeu.

— Sem uma acompanhante, senhorita? Sem marido?

Lizzy pensou bem antes de responder.

— Eu tinha Meredith. Ela sempre estava comigo.

Ele pareceu relaxar diante da resposta dela. Georgiana voltou para sala naquele instante, interrompendo a conversação deles, o que de certo modo, era um alivio para Lizzy. Ela não conseguia pensar direito com ele ali. Ela estava com o coração disparado, as mãos suando. Ela sentia que algo estava mudando dentro de si. E não gostava disso. Não podia estar se apaixonando por ele. Não deveria. Seu maior desejo era voltar para casa e se voltasse, iria sofrer muito pela separação. Iria sentir muita falta de Darcy. Precisava cortar o mal pela raiz e ir se afastando dele.

Os três conversaram e Lizzy pediu para ver o cachorro. Georgiana deu o nome de Lucky. Ele era agitado e não parava de pular nas saias de Lizzy, pedindo colo. O que ela permitia, deixando que ele a lambasse. Darcy observava aquela cena, na sala de estar, admirando no quanto ela era desapagada aos costumes, as etiquetas e que não se enojava de ter contato com um cachorro. Normalmente, as damas ficariam horrorizadas. E isso o fez gostar ainda mais de Lizzy.

Logo chegou a hora do chá e Bingley havia chegado. Era hora de contar a verdade para ele, mas Lizzy não sabia o que fazer. Lucky foi tirado da sala por um criado para que eles pudessem conversar melhor.

— Senhor Bingley, que bom vê-lo novamente – Lizzy disse sentada ao lado de Georgiana.

— É um prazer revê-la, senhorita – ele fez uma leve reverência e se sentou ao lado de Darcy, no outro sofá, de frente para elas – Eu iria visita-la essa semana ainda. Como está o trabalho na casa dos Gardiner? Estão a tratando bem?

— Muitíssimo bem, obrigada – ela respondeu – Se não fosse pelo senhor, eu não sei se iria conseguir.

— A senhorita não deve me agradecer. Faço isso por seu amigo – Bingley garantiu.

— E agradeço pela sua amizade. E por me ter tanto em conta, eu preciso retribuir, senhor – Lizzy disse, tentando introduzir o assunto que desejava.

— Ora, mas não preciso de nenhum agradecimento – ele recusou, com amabilidade.

— Precisa sim, senhor – ela insistiu. Seus modos deixavam os três, Darcy, Bingley e Georgiana, desconsertados. Mas, os irmãos Darcy já estavam se acostumando com o lado impetuoso de Lizzy – Os Gardiner estão hospedando a senhorita Jane Bennet, sabia?

Bingley empalideceu.

— Verdade? – ele perguntou ansioso – Como ela está?

— Está bem, mas, sabe, eu notei certa tristeza vindo dela – Lizzy comentou, tentando instiga-lo a perguntar mais.

— Verdade? Mas, a senhorita sabe o que houve com ela? Ela lhe contou?

Estava sendo tudo conforme Lizzy planejou. Ela pensou que se contasse tudo a ele, sem instiga-lo, ele iria se fechar.

— Sim. Ela me contou algo muito curioso, sabe? – Bingley dessa vez prestava a atenção em Lizzy, atentamente. Até ficou mais na ponta do sofá. Darcy admirou a forma como ela conduzia a conversa – Ela me contou que esta de casamento marcado. Imagina só!

Bingley começou a tremer, de repente.

— Mas...com...quem é o homem? – ele tentou manter a calma, mas gaguejava.

— Ah, senhor Bingley, é um primo dela. O senhor Collins – ela respondeu e esperou uma reação dele. Mas, Bingley estava pasmo, muito pálido e as mãos tremiam. Ela decidiu que já o torturara demais – E sabe o que é mais estranho? Ela não o ama. Está fazendo isso para salvar sua família. Não recebeu qualquer proposta de casamento vantajosa. Esta fazendo isso apenas pelo dever.

— Pobre Jane...- ele sussurrou, passando a mão no rosto – Eu...não gostaria desse destino para ela.

— Não mesmo, senhor? O senhor sente algo por ela?

Ele assentiu.

— Não acha que deve interferir, ao menos? – ela instigou.

— Como eu poderia? Ela não me ama – ele disse, com a voz entrecortada – Ela não...

— Mas, tem certeza disso, senhor? Quando eu falei do senhor, os olhos dela se iluminaram. Precisava ver como ela ficou saudosa de lembrar-se do senhor.

— Tem certeza, senhorita? Tem certeza disso? Ela lhe disse algo? Disse-lhe o que sentia? – ele parecia desesperado para ter uma informação sobre a amada. Apertava as mãos, uma na outra, sobre o colo.

— Bom, ela deu a entender que gosta do senhor – Lizzy esclareceu – Mas, é uma pena, pois ela disse que não pode romper o compromisso com o senhor Collins. É por questão de honra. E também ela não faria isso, afinal o senhor nem tentou conversar com ela.

— Oh meu Deus – Bingley deixou escapar – Ela ainda continua aqui, senhorita? Será que ela me receberia? Preciso ao menos uma vez...Como fui tolo de não tentar conversar com ela...fiquei com medo...precisa entender senhorita que fui levado a acreditar que ela não retribuía meus sentimentos...

Lizzy encontrou o olhar de Darcy, que era carregado de pesar.

— Às vezes, precisamos apenas conversar, esclarecer. Vocês foram vitimas de um mal entendido. Mas, com certeza, quem lhe disse isso não fez por maldade. Apenas pensou no seu bem estar.

— A senhorita pode ter razão – ele assentiu e se levantou – Eu irei fazer uma visita a ela. A senhorita me acompanha?

Lizzy se levantou feliz pelo desfecho.

— Com certeza, senhor. Irei ajuda-lo – ela respondeu.

— Nós iremos juntos – Georgiana se levantou, animada.

— O senhor vem? – Lizzy perguntou a Darcy.

— Eu não sei...eu não sei se deveria estar junto – Darcy respondeu, constrangido – Afinal, é uma conversa particular.

— Ora, mas vamos, Darcy. Ele é seu amigo. Deve ajuda-lo – Lizzy insistiu.

Darcy se levantou induzido pelo argumento dela. E também, pelo fato de que não desejava se despedir de Lizzy. Estava de alguma forma, apegado a jovem.

— Então, o que estamos esperando? Vamos lá – Lizzy disse, indo para a porta de saída.

— Darcy, essa jovem é uma joia – Bingley comentou para o amigo, enquanto eles seguiam para fora da casa.

— Eu sei, ela é indomável e encantadora ao mesmo tempo – ele deixou escapar.

— Espero que não a deixe escapar – Bingley incentivou.

Darcy não sabia o que responder. Afinal, mal compreendia seus sentimentos. Mas, sabia que desde o momento que a viu, sentiu algo muito forte, como se fosse impelido para ela. Como se precisasse estar ao lado dela, não importasse as convenções sociais, nem o estado que a encontrou. Meditou sobre isso, dentro da carruagem, olhando para a janela. E tomou uma decisão que mudaria tudo para ele e para ela.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Orgulho e Preconceito - Perdida no século XVIII" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.