Capítulo 6 – Acabou

“Isso é errado mas eu não posso evitar

Senão me sentir como se não tivesse nada mais certo,

e eu não posso evitar desejar que eu pudesse ver seu rosto

E eu soube desde a primeira vez

Que eu estaria quebrando todas as minhas regras pra ver você

Seu sorriso, aquele sorriso lindo

Eu não sou ninguém especial, somente outra garota de olhos abertos

Que está desesperadamente apaixonada por você

E eu soube quando eu vi seu rosto

Que eu estaria contando os caminhos pra ver você

Seu sorriso, aquele sorriso lindo”

Acordei no hospital e logo me lembrei de tudo que tinha acontecido antes de eu desmaiar. Minha cabeça estava doendo muito, e então eu vi Carlisle mexendo na aparelhagem médica. Ele olhou pra mim e sorriu o ver que eu acordei.

- Como está se sentindo? – Ele perguntou gentilmente, sem desviar a atenção do que estava fazendo.

- Péssima... Minha cabeça está doendo. – Eu disse com uma voz parecendo ressaca.

- Mas é claro, você abriu um corte enorme na cabeça, você perdeu muito sangue, tivemos que fazer uma transfusão. – Ele sorriu de novo e se virou para mim. – Assim que se sentir melhor pode ir pra casa. – Ele disse e eu me senti até melhor.

- Meu amigo ainda está lá? – Eu estava meio desorientada, provavelmente por causa dos vários remédios que eles deviam ter injetado em mim.

- Sim, ele foi buscar roupas limpas para você, mas já voltou... Vou chamá-lo.

 – Ele saiu da sala me deixando sozinha e eu não pude evitar pensar uma coisa.

Como eu queria que Jacob estivesse aqui segurando minha mão... Em todos os momentos que eu precisei, ele esteve do meu lado, mas agora, não vejo nem sinal dele. Ele desapareceu da minha vida rápido demais para que eu pudesse simplesmente acreditar. Eu daria mais uma semana, e se tudo não voltasse ao normal, eu ia ter que fazer algo.

Eu estava sentindo tanta dor. E não era a minha cabeça em decomposição (Tá, exagerei só um pouquinho) que doía, era meu coração. Jacob tinha aberto de novo aquela ferida antiga que não sarava, e acabava fazendo-me provocar vários acidentes em mim, como aconteceu hoje.

Interrompendo minha margem de pensamento, Quil entrou na sala junto com Leah, que na verdade, não parecia nada bem. Era como se ela estivesse fazendo uma força enorme para não arrancar a cabeça de alguém, e eu achei isso muito estranho. Se bem que Leah não tinha nenhuma atitude normal desde que se juntou a gangue do Sam.

- Aqui, suas roupas... – Quil disse me entregando as roupas. – O Dr. Disse que você já pode ir embora, mas terá que ficar de repouso por uns dois dias e depois vai ter que vir aqui tirar esse faixa da cabeça. Ah! E não se preocupe, eles não cortaram seu cabelo. – Ele sorriu e eu me sentei na cama.

- Onde está o Dr. Carlisle? – Eu perguntei confusa. Afinal, porque Quil estava me dando a informação que o médico deveria dar.

- Ele teve que sair, ele estava de passagem aqui pelo hospital, ele e as famílias não moram mais aqui. Ele só veio pegar uma papelada, mas acabou te atendendo. – Ele sorriu e eu me levantei e fui até o banheiro.

- Ah ta. Eu vou até o banheiro trocar de roupas, me esperem aqui. – Eu disse entrando no banheiro.

Tirei aquela roupa suja e ensangüentada que eu estava vestindo e me limpei com um pouco de água. Vesti as roupas que Leah e Quil trouxeram pra mim, que por acaso era uma calça Jeans, um all star e uma blusa de Leah.  Vesti rápido e calcei o sapato, saindo apressada do banheiro.

- Pronto. - Peguei as roupas velhas e joguei no lixo, afinal, aquele sangue todo nunca ia sair das minhas roupas. – Vamos embora. – Eu saí do hospital acompanhado dos dois e entrei no carro sem nem olhar pros lados.

Quil foi dirigindo o carro e Leah foi atrás comigo. Fizemos o percurso até La Push calados, e Leah estava realmente estranha. Ela mal se mexia, e parecia estar muito incomodada com algo. Quando estávamos chegando a La Push, Leah pediu para que Quil parasse e desceu lá na praia mesmo.

- Depois eu vou pra sua casa. Eu pedi minha irmã para dormir lá, e mais tarde passo lá... Cuida-se. – O fato de Joanna ir dormir na minha casa me tranqüilizou um pouco, mas eu ainda estava tensa (N/A: Nesta fic Joanna é irmã da Leah e do Seth).

Quando Quil já ia saindo de lá com o carro eu vi porque Leah pediu para parar. Sam e os outros estavam lá e... Espera, havia alguém novo no grupo. Eu não conseguia reconhecer quem era, mas depois de um tempo ao olhar bem meus piores medos se confirmaram.

Jacob.

Eu olhei para Quil e ele concordou.

- Eu sei. Só não ligue muito. Agente vai dar um jeito depois que você sarar a cabeça. – Ele podia dizer o que quisesse, mas eu sabia que ele não ia “dar um jeito”.

- Para esse carro agora Quil, eu vou falar com ele. – Eu disse brava, e na hora ele parou desci correndo. – Jacob! – Eu gritei e ele olhou para trás, me vendo e parando. Eu fui até ele e ficamos parados, um olhando para o outro.

- O que você quer? – Ele disse num tom rude e eu me encolhi, como se ele tivesse me dado uma facada.

- O que aconteceu com você? Você cortou o cabelo? – Aqueles lindos cabelos que formavam uma cortina negra que emoldurava o rosto dele tinham sumido, dando lugar a um corte curto, que na verdade não era feio.

– Você fez uma tatuagem? – O braço direito dele tina ganhado uma tatuagem tribal. Ele estava sem camisa, e ele estava completamente diferente, cheio de músculos.Ele apenas me olhou com um rosto duro.

- Vai embora, por favor, Letícia. Não torne tudo mais difícil para mim. – Ele disse respirando fundo.

- O que isso quer dizer? Eu... Eu não entendo Jake. – Eu disse confusa, as lágrimas ameaçavam escorrer pelos meus olhos.

- Não podemos mais ser amigos. Simplesmente vá embora. Não podemos mais nos ver. – ele disse na mesmo postura rígida de ante, e aquelas palavras foram como uma bomba me atingindo. Minha mão foi para meu peito, que latejava incansavelmente.

- Jacob... Por favor... Eu preciso de você! O que ele fez com você? Foi o Sam não foi? – Eu disse sem impedir as lágrimas de caírem.

- Não é o que você pensa. Não é o que eu pensava... Eu não sabia de nada. – Ele tentava explicar com o rosto espelhado na dúvida. – Não culpe o Sam, ele está tentando me ajudar...

- Então o que aconteceu? Diga-me, por favor, porque eu não consigo entender!- Ele analisou bem o meu rosto, mas continuou com a mesma expressão de antes, a raiva nunca deixava completamente seus olhos.

- Não posso dizer. – Disse ele por fim.

- Pensei que fossemos amigos Jacob... Pensei que em amava! – Eu disse chorando ainda mais. Afinal, ele tinha prometido.

- Nós éramos amigos! E quem disse que eu não te amo mais? – Ele disse com uma fúria incansável no olhar.

- Você! Quando disse para eu ir embora. Você não precisa mais de amigos né? Você os tem... – Eu disse apontando para Sam e os outros. – Você tem a Bella não é? E ela é tudo que você precisa para ser feliz... Afinal, ela te ama tanto! – Eu ri sarcástica.

- Deixa a Bella fora disso e pare de culpar o Sam! Eu já disse, ele está me ajudando o máximo que pode, não era o que eu pensava... Não era o que nós pensávamos! – Ele tentava se explicar, mas acabava complicando tudo mais e me machucando mais ainda.

- Então, por favor, me conte o que aconteceu Jacob... Já pensou que talvez eu possa ajudar? – E se eu realmente pudesse ajudar? Quem sabe se ele me dissesse qual era o problema.

- Ninguém pode me ajudar agora. – As palavras foram um gemido baixo; sua voz falhou.

- O que ele fez com você? O que ele fez com nós? – Eu perguntei entre lágrimas e soluços e estendi a mão para tocar o braço dele, então ele se afastou, erguendo a mão na defensiva.

- Não toque em mim. – sussurrou ele.

-Por quê? Porque agora não posso nem encostar em você quando tantas vezes antes já fiz mais que isso Jacob? Só me responde, porque agora? – ele recuou, parecendo ofendido.

- Não vou discutir com você, Letícia, o estrago já está feito, Volte. – Suspirei e ele saiu andando.

- Você se lembra do Quil? Seu velho amigo Quil? Pois é, ele está apavorado. 

– Jacob virou para me encarar, sua expressão era de dor.

- Quil. – Foi só o que ele disse.

- Ele também está preocupado com você, está morto de medo. – Ele começou a se afastar de mim com os olhos desesperados e eu o provoquei mais. – Está com medo de ser o próximo E MAGOAR AS PESSOAS QUE AMA! – Eu gritei chorando e ele voltou até mim.

- Vai embora, não posso mais ver você. – Ele disse e a dor tola e inconseqüente oi muito forte. As lágrimas voltaram a encher meus olhos.

- Quer dizer que isso é o fim? De quase oito anos de amizade? – Eu disse com as pernas já bambas. – Jacob... Por quê? Sam não deixa você ter outros amigos? Por favor, Jake, você prometeu! Eu preciso de você! – O vazio completo de minha vida antes de Jacob me trazer de volta a razão... Despertou e me confrontou. A solidão sufocava minha garganta.

- Desculpe Letícia, eu prometi que nunca iria te machucar, mas é assim que estou tentando manter minha promessa; - ele pronunciou cada palavra numa voz fria que não parecia pertencer a ele.

Não acreditei que fosse aquilo que Jacob realmente queria falar. Parecia haver outra mensagem tentando ser dita por seus olhos furiosos, mas eu não entendia.

Talvez não se tratasse de Sam. Talvez ele só estivesse tentando sair de uma situação irremediável. Talvez eu devesse deixá-lo fazer isso, se era o melhor para ele. Eu devia deixar. Seria a atitude certa.

Mesmo pensando desse modo, ouvi escapar de mim um sussurro.

- Eu lamento não ter podido... Antes... Queria poder mudar o que sou Jacob. Se eu pudesse mudar, eu mudaria por você. – Eu estava desesperada, esforçando-me, esticando a verdade a tal ponto que ela se torcia quase na forma de uma mentira. – Sei que tenho sido estranha, lamentável e dependente nesse último ano, mas talvez... Se me der algum tempo. Posso ser a mesma de alguns anos atrás. Só não me deixe agora, Jake. Não posso suportar isso.

Seu rosto passou da raiva para a agonia para um segundo. A mão trêmula se estendeu para mim.

- Não, por favor. Não pense assim... Não se culpe, não pense que é culpa sua. O culpado de tudo sou eu. Eu juro, não tem nada a ver com você. Não é o que você se tornou ou o que você era, é o que eu sou. – Ele suspirou. – Adeus, essa é minha deixa. – Ele disse e saiu correndo em direção aos outros, me deixando gritando por seu nome.

Quil veio correndo da rua e me pegou antes que eu caísse no chão. Eu chorava compulsivamente e ele me ajudou a entrar no carro.

- Ele não... Ele também não... Por favor... – Eu repetia para mim mesma.

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Quando entrei na minha casa, corri para o quarto e me atirei na cama. Minha cabeça latejava, mas eu não ligava, pois dor nenhuma nesse mundo podia ser maior do que a que ele tinha me provocado.

A cada batida do meu coração, a dor e o vazio aumentavam dentro de mi. Olhei desnorteada para minha mão, e a fechei rapidamente com dor... Os espaços entre os meus dedos eram onde os dedos dele se encaixavam perfeitamente, e faltava ali a mão dele segurando a minha.

Naquele momento, nada importava mais... Porque eu daria minha vida para estar com ele mais uma vez. Não só porque eu estava apaixonada com ele, mas sim porque eu o amava, ele era como meu irmão mais velho.

Havia tanto tempo que ele conversou comigo... Quer dizer, o Jacob de antes, tinha tanto tempo que eu não o via ou conversava com ele. Depois da noite do cinema, ele nunca mais conversou comigo. Quando o vi depois daquilo, ele não era mais o mesmo, não era mais o meu Jacob. Ele tinha cortado o cabelo, tinha uma fisionomia mais adulta, seus traços infantis tinham dado lugar a um olhar duro e sofrido. Os músculos agora enormes estavam em toda parte, e ele tinha feito uma tatuagem. E o rosto dele... Aquela antiga expressão de alegria tinha dado lugar á uma que era uma estranha mistura de ódio, dor, agonia, e tristeza. Não havia nem sinal do antigo Jacob, do meu Jacob.

Entendi então que ele já não era mais aquele garoto que ficou me abraçando dois dias sem parar quando minha mãe morreu e eu pensava que era o fim. Ele tinha mudado... Agora ele andava com Sam, apesar de ter deixado claro o que achava dele... Lembro-me das palavras dele “Desculpe Letícia, eu prometi que nunca iria te machucar, mas é assim que estou tentando manter minha promessa”... Não entendi nada, ele estava fazendo o contrário do que prometeu: Machucando-me, e muito.

Ouvi um barulho e levante a cabeça para olhar, e vi um papel em cima da mesa. Peguei ele e comecei a ler.

“Você não sabe quem sou... Mais saiba que eu nunca, jamais te magoaria como ele fez... Porque eu te amo”

Me levantei de pressa quando vi aquele papel e corri até o banheiro para lavar o rosto. Coloquei o papel no bolso e corri para o banheiro.

Quando cheguei lá, outro papel estava na bancada da pia.

“Só tem uma coisa que precisa saber sobre mim antes... Eu sou um vampiro. Me aceita mesmo assim?”

Aquilo era ridículo, vampiros não existiam. Certo?

Joguei o papel no chão e saí de lá, achando que era alguma piadinha. Quando cheguei na cozinha vi mais um papel em cima da bancada.

“Quer vir comigo? Eu nunca irei te machucar, acredite.”

Eu soltei o papel e fiquei paralisada.

- Olá. – Uma voz veio por trás e eu me virei de repente, dando de encontro com uma figura que eu nunca tinha visto antes. Ele era muito pálido e usava um manto preto. Deus, ele estava na minha casa, como ele havia entrado? – Sou Alec... Alec Volturi.