The Hurting. The Healing. The Loving. escrita por Minerva Lestrange


Capítulo 4
Capítulo 3




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— Okay... Nós precisamos comprar comida. 

Sam decretou próximo da hora do almoço, quando teve de fazer macarrão novamente, mas dessa vez com um tipo de molho diferente. Resignadamente se voltou ao homem, parado na cozinha enquanto mexia sem parar algo numa panela e mantinha um pano sobre o ombro. Franzindo o cenho pela atipicidade da situação, se levantou para ir até a mesa e abaixar o tom.

— Não está dizendo isso porque quer sair para conseguir sinal de internet, não é? Isso seria... Desleal. – Sam apenas o encarou contrariado. 

— Não quero comer macarrão pelos próximos cinco dias, se é o que quer saber. Isso é tudo o que Wanda tem na dispensa. – Ele fez uma careta. – Ouça, gosto de um bom macarrão com queijo, mas estou enjoando só de pensar.  

Deu de ombros, pois a dieta de Wanda nas últimas semanas seria a última coisa com que se preocuparia em um dia normal, embora isso explicasse porque ela parecia tão magra. 

— Você deveria chamá-la para ir até a cidade. – Sugeriu mantendo o tom trivial. – É impossível que Wanda tenha ficado aqui por todo esse tempo sem depender de mantimentos, então... Talvez, ela se mostre suscetível a se abrir fora desse lugar. 

Olhou ao redor da casa, incomodado. Se perguntava se Sam sentia a mesma energia invisível como que cercando-os e vigiando cada movimento seu, desde que estava ali. Além disso, também não se via confortável para discutir isso com Wanda estando há apenas alguns metros de distância, trancada em seu quarto desde a hora que voltara da caminhada. 

— Não podemos ficar aqui sem uma rota rápida de saída, sabe disso, certo? – O Falcão avisou ainda mais baixo, parando de mexer a panela. – Depois do que aconteceu em Westview, com o Hex... Qualquer um pode estar atrás dela. 

Bucky respirou fundo, meneando a cabeça. Esse também havia sido um dos fatores a levá-los até ali, chegar antes que alguém indesejado o fizesse. Tanto quanto Sam, teve acesso às imagens na íntegra do que aconteceu dentro do Hex a partir de Monica Rambeau, qualquer um poderia ter conseguido um arquivo como aquele ao cobrar um favor. Por algum motivo, a S.W.O.R.D não conseguiu manter o acontecido em segredo por muito tempo e, logo, o episódio com a Vingadora Imigrante já era conhecido entre as agências de segurança do país.  

Tanto quanto Wanda era uma ameaça perigosa pela falta de autocontrole que ainda administrava, também podia ser valiosa demais para mentes perturbadas e mal intencionadas, o que o preocupava de maneira muito mais particular do que qualquer outra coisa. Ela já era inteiramente traumatizada, não precisava passar por testes e experimentos capazes de torná-la outra coisa - mais arma e mais bruxa, do que humana. Especialmente porque via muita humanidade na vulnerabilidade latente que enxergava sempre que colocava os olhos nela. 

— Okay... Vamos até a cidade, fazemos o reconhecimento e pensamos em como poderemos sair daqui sem um avião, caso seja necessário. 

Isso frustrava seus planos de investigar melhor a cabana sem a presença de Wanda, mas ainda encontraria uma oportunidade. Distraidamente brincou com o caule de uma das flores que ela mantinha num vaso comprido de vidro sobre a mesa. O arranjo precisava ser trocado por um novo, mas pelo menos isso significava que não era magia.

— Vou chamá-la para almoçar, arruma a mesa.

Bucky apenas levantou os olhos para acompanhá-lo tomar o caminho do corredor. Por um momento, duvidou que Wanda fosse meramente atender, mas segundos depois de Sam bater e chamá-la, ouviu o trinco girar e a porta ser destrancada. Eles discutiram algo num tom baixo, que o levou a franzir o cenho, mas logo Sam voltou com o semblante satisfeito. 

— Ela vai sair do quarto?

— É claro! Duvidou do papai?

Apenas o olhou em estranhamento por um instante e foi buscar os pratos e talheres. A ruiva surgiu poucos minutos depois, ainda no conjunto de pijama claro, pés descalços e cabelos presos no alto, sem nada a dizer, apenas se sentando ao lado do Falcão e se servindo. Estavam incomodando sua rotina e ela deixava isso claro, fazendo o possível para ignorá-los. E embora Sam pudesse ser insuportavelmente insistente, também conseguia ganhar as pessoas quando do jeito certo.

O ruído dos talheres foi o único a ser ouvido por vários momentos, até que Sam tomou um gole de água e lhe levantou a sobrancelha como que dizendo que deveria preencher o eco silencioso que a cabana fazia. Porém, quando apenas deu de ombros da maneira mais discreta possível, o outro revirou os olhos e se voltou a garota ao seu lado.

— Então, Wanda... – Alongou as sílabas num tom mais descontraído. – Você disse que ainda está aprendendo sobre seus poderes. Como criou este campo ao redor dessa área? 

Ela ainda mastigou por um instante, antes de encarar o arranjo entre eles. De maneira despretensiosa, seus dedos se movimentaram produzindo uma onda de energia escarlate que atingiu o vaso e se fixou ao redor dele, tremulando como que em uma nuvem nebulosa. 

— Assim. – Respondeu com simplicidade, voltando a comer. Pelo menos parecia ter gostado da comida de Sam, que se remexeu desconfortável na cadeira. – Só que maior. 

— Mas você precisa colocar energia para mantê-lo. Certo? – O Falcão insistiu, ganhando um suspiro.

— Depois de um tempo fica mais fácil, quase mecânico. – Percebeu o sotaque mais acentuado nos momentos em que se contrariava mais, como vinha sendo desde o dia anterior quando os mandou embora pela primeira vez, ao passo que o campo ao redor do vaso sumia. – Foi assim com o Hex. 

— Pelo menos conseguimos pousar em segurança.

— Você realmente acha que fez aquele pouso sozinho? – Ela perguntou alcançando um copo d’água enquanto olhava Sam de lado, deixando-o confuso. – Intrusos não são permitidos. Apenas percebi que havia... Uma energia conhecida e achei, por bem, melhor ajudar o avião a fazer o pouso de emergência depois de ser desestabilizado pelo campo. Até saber do que realmente se tratava.

— Bem... Uma ajuda é sempre bem-vinda. 

Sam respondeu irônico, levantando as sobrancelhas de forma mais bem humorada. O fato de Wanda tê-los identificado em certo nível era bom, demonstrava, ao menos, alguma abertura. Em nome do passado, em nome de Steve. Porém, não sabia se ela enxergava assim a julgar pelo cenho franzido, os braços cruzados e os olhos concentrados no tampo de madeira da mesa à frente. 

— Eu só... – Ela apertou os lábios e fechou os dedos ao redor do próprio braço. – Não queria causar outra tragédia.  

Entendeu que ela poderia ter, literalmente, terminado de explodir o avião ainda no ar se quisesse. Talvez, fosse seu primeiro instinto. Não sabia quais escrúpulos ela tinha inicialmente, frente a um ataque. Porém, a forma baixa que dissera, como que se encolhendo em si mesma, era... Lastimável, no mínimo. 

— Ei... Wanda. – Sam realmente se voltou a ela, estendendo a mão para apertar seu ombro com carinho. – Você passou por muito nos últimos dias, não estamos te julgando, só... Tentando te entender. 

A viu apenas assentir após pensar por um instante, percorrendo todo o rosto do amigo com os olhos. Ela o lia, notou, e Sam deixou que o fizesse controlando o visível incômodo sob os olhos, tão transparentes em emoção ao mesmo tempo em que pareciam esconder tanto. Porém, não havia nada que ele pudesse fazer a respeito, apenas confiar em Wanda e fazê-la confiar de volta, em seu interior.

Então, talvez satisfeita, a mulher se levantou num arrastar de cadeira e tomou o caminho de volta para o quarto, mas já na altura do corredor pareceu ter se lembrado de algo e se voltou a ambos.  

— Vou até a cidade com vocês. Preciso comprar algumas coisas. 

Wanda simplesmente sumiu pelo corredor. A última coisa que ouviu foi a porta sendo fechada de maneira discreta e, logo em seguida, o arrastar baixo da cadeira de Sam, que se virava para Bucky abismado.

— Okay... Como ela sabia disso?! 

Bucky apenas o encarou, quase tão chocado quanto. Tiveram o mínimo cuidado de manter a conversa em tom baixo, mas não sabiam exatamente a extensão dos poderes de Maximoff e só seriam capazes de descobrir isso com o tempo. 

— Eu não tenho ideia.


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Notas finais do capítulo

Ei!
Mais um capítulo pra vocês com a eterna contrariedade de Wanda sobre eles ali, mas dando mais um passo. Agora, cidade!

Espero que tenham gostado e, caso esteja acompanhando, deixe um comentário pra eu saber suas opiniões. É muito importante pra nós, autoras! ♥

Até breve!



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