Shinku no Kogoro - Season 3 escrita por NortheastOtome1087


Capítulo 12
Alguém para quem confiar




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[Cenário: Casa dos Kamiya, quarto do Ikuto.]

[Ikuto está arrumando o seu quarto. Kaito aparece e vê o irmão limpando.]

Kaito: Oi nii-san.

Ikuto: Oi Kaito.

Kaito: Papai disse pra nós descermos para a sala de estar.

Ikuto: Diga a ele que só vou voltar quando eu...

Kaito: Isso não foi um pedido.

Ikuto: O quê?

Kaito: Ele não está muito bem da cabeça, então melhor você não piorar as coisas.

Ikuto: Certo...

[Kaito e Ikuto descem as escadas.]

[Cenário: Casa dos Kamiya, sala de estar.]

[Os quatro membros da família Kamiya estão reunidos.]

Pai do Ikuto: O motivo porque eu reuni vocês todos é que eu tenho uma notícia para contar. E uma que é muito importante.

Mãe do Ikuto: O que você quer dizer com isso?

Pai do Ikuto: Eu fui convidado para participar de um programa dentro da empresa e todas elas serão em Sapporo. Isso quer dizer que eu vou passar uns dias longe de Tóquio até que o programa acabe.

Kaito: E como será o programa?

Pai do Ikuto: Vai ser apenas uma viagem a Sapporo e vou passar uma semana lá trabalhando.

Ikuto: Papai... Você pretende levar a gente junto?

Pai do Ikuto: Infelizmente não vai dar pra levar todos vocês, até porque vocês dois, principalmente o Kaito, tem aula no colégio, e o estudo é essencial.

Mãe do Ikuto: Felizmente, vocês ainda tem a mim para cuidar de vocês dois.

Kaito: De que horas você pretende sair da capital?

Pai do Ikuto: 16:00. Quem vai me levar pra lá é o meu colega Yamashiro. Até lá, eu quero que vocês três se comportem e evitem confusões.

Ikuto: Vamos nos comportar como se fossemos anjos.

Kaito: Nada vai dar errado enquanto você estiver fora.

Mãe do Ikuto: Vou garantir que meus dois filhos estejam na linha, do jeito que você quer.

Pai do Ikuto: Excelente. Eu confio em você para que mantenha os dois sob controle.

[A mãe do Ikuto se curva para seu marido.]

Pai do Ikuto: Até lá... Eu espero que vocês dois não causem nenhum problema para a mãe de vocês, entendido?

Kaito e Ikuto: Entendemos.

Pai do Ikuto: Ótimo. Eu vou arrumar as malas.

[O pai de Kaito e Ikuto sai.]

Mãe do Ikuto: Não vou impedir que vocês dois sejam felizes, mas é bom que vocês não tentem provocar a ira de seu pai. Ele irá para uma reunião importante, e qualquer erro que vocês façam pode queimar sua reputação.

Kaito: Não se preocupe mamãe. Vamos fazer nosso melhor.

Ikuto: Ainda que ele seja um mandão.

Mãe do Ikuto: Não falem com ele deste jeito. O pai de vocês não é mandão... Só superpreocupado em manter as coisas sob controle. Ele deseja o melhor de todos nós, então temos que colaborar.

Kaito: É... Bem, eu vou para o meu quarto ver TV.

Ikuto: Vou arrumar meu quarto.

[Kaito e Ikuto vão subir as escadas.]

Mãe do Ikuto: Anata... Saudade dos velhos tempos em que fomos unidos...

[Cenário: Bairro de Akihabara, Tóquio]

[Várias pessoas estão caminhando no bairro, conversando e observando a paisagem.]

[Cenário: Uma sorveteria no bairro de Akihabara, Tóquio]

[Reiji e seus amigos estão na sorveteria tomando sorvetes de diferentes sabores. Eles estão discutindo as coisas do dia-a-dia, desde o colégio Hyouki até assuntos mais pessoais.]

Issei: Acredita que eu recebi chocolates de uma garota? E não eram chocolates qualquer, aqueles chocolates é da marca LaRouche, uma marca caríssima até na Europa!

[Satoshi tira uma com a cara do Issei.]

Satoshi: Ahahahahaha! Você ganhou é uma namorada, isso sim!

Issei: Ei, nós não estamos namorando... É apenas um encontro compensado. Somos amigos com benefícios.

Satoshi: Amigos com benefícios, hein? Saquei...

Reiji: Hmph.

Kazuki: Meu pai vai fazer uma longa viagem para Sapporo. Acontece que na empresa dele ele foi convidado para um programa no qual ele deve ficar uma semana dentro da cidade. Ele e a mamãe vão me deixar na casa da minha prima Akira por um tempo. 

Issei: Uma longa viagem? E não vão te levar não?

Kazuki: Eu, matando aula em Sapporo? Se eles soubessem disso eles iriam me matar antes que eu explicasse tudo. Além disso, minha prima Akira é boa nos negócios, inclusive ela é uma empreendedora talentosa.

Tatsuma: Empreendedora? E o que ela faz?

Kazuki: Chocolates. Ela começou a entrar no ramo do empreendedorismo após ganhar seu diploma de gastronomia. O problema é ela tentar fazer chocolates que não prejudiquem a saúde de seus clientes.

Satoshi: Será que os chocolates dela serão tão famosos quanto aqueles da marca Lelouch?

Issei: Isso não teve graça!

Tatsuma: E aí Reiji, o que você pretende fazer estes dias?

Reiji: Bem, é difícil dizer. Não tenho nada planejado até agora.

Satoshi: Mas e a Ayane?

Reiji: Vou esperar que ela marque um encontro. Até lá eu vou me focar em assuntos mais pessoais.

Tatsuma: Pessoais? Como assim?

Issei: Vai, conta!

Reiji: Não sei bem o que dizer sobre isso, mas é meio que estou fazendo um projeto de resgate.

Satoshi: Missão de resgate? Pera, eu ouvi direito? Você pretende resgatar alguém?

Reiji: Não é exatamente um resgate, mas estou ajudando um garoto a viver uma vida mais maleável e cheia de problemas.

Kazuki: Sério? E quem é este garoto?

[Hibiki, um dos amigos de Reiji, chega a sorveteria.]

Hibiki: Tadaima.

[Hibiki se senta em um dos bancos.]

Issei: E aí, como vai?

Hibiki: Tava fazendo os exercícios de inglês. Os assuntos eram Future Tense, False Cognates e Passive Voice, tudo isso no mesmo dia.

Satoshi: Sério, você não cansa disso não?

Hibiki: Quando você está estudando para conseguir um diploma em uma grande faculdade, estudar nunca é o bastante. Idiomas é uma das minhas matérias favoritas.

Kazuki: Sério? Achei que gostava de física.

Hibiki: Eu não gosto. Eu adoro. Aprender sobre teorias de como o mundo funciona é uma das coisas mais incríveis na vida humana.

Satoshi: Física? Argh.

[O dono da sorveteria chega e vê Hibiki.]

Dono da sorveteria: Ora, mais um cliente. O que você quer?

Hibiki: Vou querer baunilha com cobertura de chocolate e amendoim.

Dono da sorveteria: Ótimo, espere aqui que eu volto daqui a cinco minutos.

[O dono da sorveteria vai até uma máquina preparar o sorvete para Hibiki.]

Kazuki: Aliás, Reiji... Você disse que estava ajudando um garoto a viver melhor, certo?

Reiji: Sim.

Issei: Aliás, qual o nome dele?

Reiji: Ikuto Kamiya.

Kazuki: Kamiya?

Tatsuma: Ele estuda em alguma escola?

Reiji: Botan. Colégio Botan.

Issei: Botan? Ouvi falar que aquele colégio é um colégio de elite!

Satoshi: Esse tal Ikuto parece ter uma vida boa. Porque você quer alterá-la?

Reiji: A família dele é doente. Mais precisamente, o pai dele é abusivo.

Kazuki: O pai do Kamiya é...

Hibiki: Credo! Que jeito horrível de falar assim do pai de outra pessoa!

Reiji: Infelizmente isso é verdade. Ikuto tem um pai extremamente severo que exige que seus filhos sejam pessoas competentes e respeitáveis.

Satoshi: Isso não me soa abusivo...

Issei: Pera, filhos?

Reiji: Ikuto tem um irmão mais velho, o Kaito, que é visto pelo pai como um bom exemplo... Enquanto ele despreza o outro e o bota pra baixo.

Tatsuma: Coitado... Ikuto não merece uma vida como essa.

Kazuki: Kamiya... Kamiya... Aliás, como vai seu projeto?

Reiji: Até agora tudo bem. Eu até falei com um dos amigos dele para me ajudar. Foram eles que me falaram tudo sobre a vida de Ikuto.

Hibiki: Ikuto tem amigos?

Reiji: Raita e Raiya Kaminari.

Satoshi: Raiya... Você quer dizer?

Reiji: Sim, uma das alunas da Hyouki.

Tatsuma: Então pelo visto você tá cobrindo todos os lados.

Issei: E então, qual é o plano?

Reiji: A ideia é tentar proteger Ikuto e livrá-lo de todas as influências negativas da família dele. Vou trata-lo como se fosse meu irmão mais novo.

Satoshi: Mas como?

Reiji: Fazendo o que qualquer um faria com ele. Mas é bom que guardem segredo, tudo bem?

Tatsuma: Está certo.

Issei: Ótimo.

Hibiki: Nenhum problema.

Satoshi: Seu segredo será guardado a sete chaves.

Kazuki: (Kamiya... Eu já ouvi esse nome antes...)

[O dono da sorveteria chega e traz a Ikuto o sorvete de baunilha com cobertura de chocolate e amendoim.]

Dono da sorveteria: Seu sorvete está aqui, senhor.

Hibiki: Muito obrigado e de nada!

[Hibiki dá 4000 ienes ao dono da sorveteria.]

Hibiki: Agora que todo mundo já comeu seus sorvetes, agora é a minha vez. Itadakimasu!

[Hibiki toma seu sorvete, e a cada colherada ele admira a sobremesa.]

Reiji: Realmente, ele tem um dente doce.

Tatsuma: E põe doce nisso...

[Cenário: Bairro de Akihabara, Tóquio.]

[Depois de passar um tempo tomando sorvete com seus amigos, Reiji está nas ruas de Tóquio relaxando. Seu smartphone toca e vai atender.]

Reiji: Alô?

????: Aqui é a Raiya. Reiji está?

Reiji: Sim. Como vai você?

Raiya: Tudo ótimo. Reiji, eu tenho uma notícia pra você.

Reiji: Pode falar.

Raiya: O pai do Ikuto, o Mitsuhito, vai fazer uma viagem em Sapporo durante uma semana.

Reiji: Quer dizer que...

Raiya: Sim, e essa é a oportunidade perfeita para salvá-lo.

Reiji: Ótimo. Mas como vou fazer isso?

Raiya: Tá com o celular na mão? Então anote o número. Telhado azul, parede alaranjada, número 144.

[Reiji escreve em seu bloco de notas virtual o que Raiya disse – Telhado azul, parede alaranjada, 144.]

Reiji: Tem certeza que este é o lugar?

Raiya: Sim, meu irmão foi lá várias vezes.

Reiji: Valeu pela dica.

Raiya: Não tem de quê. Lembre-se, a saúde mental do Ikuto depende de você. Conto contigo para ajuda-lo.

Reiji: Mas e se não der certo?

Raiya: Vai dar certo. Mitsuhito está em Sapporo, e ele só vai voltar daqui a uma semana. A questão é que você deve convencer o resto da família a levar o Ikuto para a nossa casa.

Reiji: Está bem.

Raiya: Lembre-se. Telhado azul, parede alaranjada, número 144.

Reiji: Ótimo. Tudo anotado.

Raiya: Certo, eu conto com você.

Reiji: Antes de desligar, eu queria contar uma coisa.

Raiya: Sim.

Reiji: Porque você mesma não vai resolver esse problema?

Raiya: Bem, como diz o velho ditado, caras maus fazem o trabalho sujo. Além disso, eu tô fazendo meu dever de casa. Mas boa sorte com sua missão. Beijos.

[Raiya desliga o smartphone.]

Reiji: (Caras maus fazem o trabalho sujo? Pensei que eu tava ajudando uma criança abusada!)

[Cenário: Ruas de Tóquio]

[Minutos mais tarde, Reiji caminha pelas ruas de Tóquio observando o que tá escrito em seu smartphone.]

Reiji: (Este deve ser o caminho que irá me levar a casa do Ikuto. Só espero que eu esteja no caminho certo ou a operação vai dar errado...)

[Reiji então caminha até chegar a uma casa de telhados alaranjados e paredes azuis. Ele observa o número 144, que é o mesmo escrito no smartphone.]

Reiji: (Então está e a casa onde Ikuto mora... Por fora é bem bonita. Paredes azuis. Bem, está na hora de entrar e reencontrar um velho conhecido.)

[Reiji se aproxima da casa do Ikuto, mas está relutante em abrir a porta.]

Reiji: (Mas e se eles não me aceitarem?)

[Reiji tem um flashback de que quando ele foi pela primeira vez a casa de Raiya visitar o irmão dela, ele foi quase expulso da casa pelo pai da garota.]

Pai de Raiya: Você... O maldito bancho da Hyouki que jogou a escola abaixo naquele incidente... Reiji Takahashi!

[O pai de Raiya dá vários socos em Reiji, mas o bancho desvia.]

Pai de Raiya: Não vou deixar que continue influenciando minha filha!

[O flashback acaba]

Reiji: Não. Não é a minha posição de bancho que vai me impedir de salvar o Ikuto. De fato, é a posição de bancho que irá guia-lo para uma vida melhor. Mesmo que me odeiem... Quero provar o quanto sou confiável ao Ikuto, e o quanto eu devo a ele!

[Reiji bate à porta várias vezes.]

????: Quem está aí?

Reiji: Essa é a casa de Ikuto Kamiya? É um amigo dele.

????: Amigo?

Reiji: Sim. Ele precisa de ajuda, e estou aqui para atende-lo.

????: Mas ele não disse que...

Reiji: Por favor...

????: Está certo...

[A porta da casa é aberta, e quem abre é a mãe de Kaito e Ikuto.]

Mãe de Kaito: Então você deve ser um dos amigos dele, certo?

Reiji: Reiji Takahashi. É um prazer conhece-la...

Mãe de Kaito: Hikaru. Hikaru Kamiya. Sou a mãe do Ikuto e de seu irmão Kaito.

Reiji: Que seja. Eu posso entrar na sua casa?

Hikaru: Infelizmente eu não sei se posso te deixar... É que eu sou muito apegada aos detalhes desta casa.

Reiji: Entendo, mas preciso entrar na sua casa para ver o Ikuto.

Hikaru: Tá, mas não faça muita bagunça.

[Reiji consegue entrar na casa de Ikuto.]

[Cenário: Casa dos Kamiya, corredores.]

[Hikaru e Reiji caminham pelos corredores.]

Hikaru: Vou leva-lo para a cozinha. Quer alguma coisa?

Reiji: Não não. Eu tô sem fome.

[Cenário: Casa dos Kamiya, cozinha.]

[Reiji e Hikaru vão sentar nas cadeiras.]

Reiji: Algum problema?

Hikaru: Nada não. Porque está aqui?

Reiji: É que eu... Queria poder ver o Ikuto.

Hikaru: Vou chamá-lo. Ikuto! Um amigo está aqui e quer te ver. É um tal de Reiji Takahashi!

[Hikaru olha pra Reiji.]

Hikaru: Ele já está vindo.

Reiji: Então... Você queria falar alguma coisa?

[Hikaru balança a cabeça pra esquerda e pra direita dizendo que não, mas ela também fica triste e Reiji nota a tristeza dela.]

Reiji: (Tenho a impressão que a mãe do Ikuto não está feliz com alguma coisa, mas ela não quer me contar. O que será?)

[Reiji observa o rosto triste de Hikaru.]

Reiji: Kamiya-san, você tem certeza de que está bem? Se quer falar alguma coisa pra mim, fale. Eu sou todo ouvidos.

Hikaru: Eu estava pensando no meu marido e como ele mudou naquele dia...

Reiji: Fala de Mitsuhito Kamiya? Eu soube que seu marido é abusivo com um de seus filhos. Isso é verdade?

Hikaru: Co-Como você?

Reiji: Não adianta mentir... Você também é vítima de seu marido, não é?

[Hikaru não diz nada, mas faz uma expressão de tristeza e eventualmente ela balança a cabeça pra cima e pra baixo dizendo que sim.]

Hikaru: Foi há muito tempo. Não foi escolha minha casar com ele.

Reiji: O que aconteceu com você e seu marido?

Hikaru: 20 anos atrás, eu vivi uma vida que os japoneses consideram luxuosa. Eu tinha tudo do bom e do melhor, e minha família, dona de uma grande casa de entretenimento, não precisava se preocupar com nada. O tempo passou e eu cresci, e minha família decidiu que eu teria que me casar. Na época, eu estava apaixonada por um homem de classe média, mas a minha família já escolheu um pretendente.

Reiji: Mitsuhito, estou certo?

Hikaru: Na época, Mitsuhito Akamatsu. A família Akamatsu era uma família tão rica e poderosa quanto os Kamiya, sendo donos de um dos maiores bancos do Japão, e eles de prontidão escolheram Mitsuhito para ser meu marido. Eu nunca quis me casar com ele, mas eu não queria deixar minha família triste. Era tudo uma questão de honra pra eles.

Reiji: Aí vocês se casaram e tiveram o Kaito e o Ikuto, certo?

Hikaru: Quando Mitsuhito se casou comigo, a família Akamatsu se tornou parte da família Kamiya. Minha vida financeira melhorou, mas eu ainda não estava feliz com o casamento. Meses depois do casamento, eu tive o Kaito. Meu pai tinha altas expectativas pra meu primeiro filho, para que ele tivesse um bom futuro. Anos depois, eu recebi a notícia de que estava grávida de novo, muito para a alegria do meu marido. Infelizmente, foi neste momento em que as coisas começaram a piorar.

Reiji: Piorar, como assim?

Hikaru: Os Kamiya estavam em uma crise financeira terrível. A casa de entretenimento estava perdendo visitantes e um errinho qualquer pode derrubar a família para sempre. E minha segunda gravidez deixou tudo a perder. Vários dos meus servos estavam divididos em guardar o dinheiro e me ajudar na gravidez. Não é preciso mais dizer o que aconteceu depois...

Reiji: Ikuto... O nascimento dele foi a razão de sua família ter falido.

Hikaru: Infelizmente sim. No dia em Ikuto nasceu, a casa Kamiya deixou de ser rica. O banco sofreu uma queda enorme, a casa de entretenimento declarou falência e fomos forçados a vender tudo o que tínhamos. Mitsuhito culpou a minha família, principalmente Ikuto, por todas as coisas ruins que aconteceram com a gente.

Reiji: Mas claro... Não é a toa que seu marido odeia o Ikuto! Ele vê o filho mais novo como o motivo de sua queda!

Hikaru: Me desculpe por eu não ter contado... É que eu não me sinto bem contando meus problemas para estranhos... Especialmente uma que tem que viver com um marido abusivo...

[Kaito e Ikuto descem as escadas e chegam até a cozinha.]

Kaito: Chegamos mamãe.

Ikuto: Nos chamou?

Hikaru: Este é Reiji Takahashi. Ele queria falar com o Ikuto.

Ikuto: Reiji...

Kaito: (Este rosto... Não pode ser ele...)

Reiji: Com licença, mas eu vou conversar com o Ikuto. Você sabe onde fica o quarto dele?

Ikuto: Não se preocupe. Eu vou leva-lo pra lá. Me acompanhe.

[Reiji segue Ikuto e os dois sobem as escadas.]

Kaito: Mãe, o que significa isso?

Hikaru: Este garoto diz ser amigo de seu irmão.

Kaito: Amigo?

[Cenário: Casa dos Kamiya, quarto do Ikuto.]

[Reiji e Ikuto chegam até o quarto.]

Reiji: Então este é o seu quarto? Ele é bem bonito.

Ikuto: Valeu. É a única coisa que ficou de nossa casa.

Reiji: Oh... Já soube disso.

Ikuto: Soube?

Reiji: Sim. Do verdadeiro motivo porque seu pai te odeia.

Ikuto: Quando meu pai não está zangado comigo quando eu faço algo de errado, ele me culpa por tudo de ruim que acontece nesta casa. Um errinho qualquer e fico de castigo.

Reiji: Sei...

Ikuto: Enquanto isso, meu irmão é admirado e idolatrado como se fosse a última bolacha do pacote. Meu pai até chama ele de “A última esperança dos Kamiya”, tanto que dedica todo o seu salário para apoiá-lo.

Reiji: Entendo...

Ikuto: E mesmo que o meu irmão me console várias vezes, eu sinto que ele só faz isso por pena de mim.

Reiji: Ikuto... Eu tenho uma coisa pra te contar.

Ikuto: Você tem?

Reiji: Sim. A família Kaminari pretende te levar para a casa deles.

Ikuto: Sério?

Reiji: Sim. Raiya disse que se quiser você pode ficar na casa dos Kaminari até que seu pai volte.

Ikuto: Essa seria a coisa mais legal de todas... Mas infelizmente o resto da minha família não vai deixar. Eles são leais ao meu pai e me deixarem com outra família, mesmo os Kaminari, seria como trair a confiança dele.

Reiji: Quer ser feliz ou continuar sofrendo?

Ikuto: O quê?

Reiji: Olha, eu tô te dando uma escolha. Fique com os Kaminari e seja feliz... Ainda que você sofra com a ira de seu pai. Mas se você quer continuar com sua família, você irá ficar mais exposto as toxinas a ponto de se autodestruir. Eu tô te dando uma escolha... E esta é a escolha que irá mudar sua vida para sempre.

Ikuto: Reiji-nii-san...

Reiji: Vejo você em baixo.

[Reiji desce as escadas, o que deixa Ikuto em um grande conflito – Ele deve continuar com sua família controlada pelo seu pai abusivo, ou passar um tempo com uma família de bom coração, e sofrer por isso?]

Ikuto: (Ficar com minha família ou com os Kaminari?)

[Ikuto dá uma olhada em seu quarto e pensa no assunto.]

[Cenário: Casa dos Kamiya, cozinha]

[Reiji está conversando com Hikaru e Kaito]

Kaito: Então você está planejando...

Reiji: Sim. A ideia é fazer com que Ikuto experimente uma vida de liberdade pela primeira vez, longe das rédeas de seu pai.

Kaito: Mas leva-lo para a casa dos Kaminari?

Hikaru: Olha, por mais que eu queira que meu filho seja feliz, eu me recuso a desobedecer as ordens do meu marido. Ele pode ser abusivo, mas se não fosse por ele, não estaria vivendo uma vida boa.

Kaito: Goste ou não, nós dependemos dele para viver. O papai é a única pessoa capaz de manter esta casa forte.

Reiji: Então é assim? Querem continuar com esse louco controlador?

Kaito: Se é para continuarmos assim, nossa resposta é sim.

Reiji: Vocês são claramente uns imprestáveis... Até os delinquentes que me visitam são mas honrados que você. Ficar a mercê de um homem abusivo...

Hikaru: Eu não tive outra escolha... Era ou me casar ou ser deserdada... E se eu me divorciar, eu e meus filhos vamos perder tudo.

Kaito: Meu pai me vê apenas como um troféu. Decepcioná-lo significaria que eu traí a confiança dele.

Reiji: (Pelo visto convencê-los não vai ser fácil. Apesar do abuso, eles ainda se mantém leais ao pai... É Síndrome de Estocolmo que chamam?)

[Reiji vê Hikaru e Kaito. Apesar deles não gostarem do Mitsuhito, eles precisam dele para continuarem sua vida “luxuosa”.]

Kaito: Mãe, o que podemos fazer? Não podemos deixar Kaito em uma casa abusiva!

Hikaru: Mas também não podemos deixar que ele continue sofrendo...

[Kaito e Hikaru pensam no assunto, mas o que eles poderiam fazer? Eles chegam a uma conclusão, quando Ikuto desce as escadas.]

Ikuto: Mamãe, Onii-chan, eu tenho uma coisa a falar, eu...

Hikaru: Nós já sabemos.

Kaito: Você vai para a casa dos Kaminari.

Ikuto: O quê?

Hikaru: Nós pensamos no assunto com o Reiji, e concluímos que levar você para a casa dos Kaminari é a melhor opção.

Kaito: Você está sofrendo. Precisa de cuidados. É por isso que aceitamos a oferta dele...

Ikuto: Mas...

Hikaru: Olha, não estamos te obrigando a nada, mas se você deseja tanto ser livre das rédeas de seu pai, você deve ficar na casa dos Kaminari até que ele volte.

Kaito: Nii-san... Meu grande desejo é que você se torne uma pessoa melhor. Ficar com os Kaminari irão te ajudar bastante.

Ikuto: Mamãe... Nii-san...

[Ikuto corre para abraçar a sua mãe, chorando.]

Hikaru: Não se preocupe filho... Vamos te visitar algumas vezes pra ver se você tá bem.

Kaito: Além disso, vamos continuar estudando nas mesma escola e com isso podemos nos encontrar várias vezes.

Ikuto: Mamãe... Nii-san...

Hikaru: Vamos. Está na hora de arrumar suas coisas.

Ikuto: Vamos!

[Ikuto vai para o seu quarto.]

Hikaru: Reiji... Obrigada por ter nos dado a oportunidade de decidir o melhor para nosso filho.

Reiji: O importante é que Ikuto tem alguém para cuidar dele. Alguém de confiança.

Kaito: Bem, pelo visto eles vão ter uma boca a mais para alimentar, não é?

Hikaru: Menos, Kaito.

Reiji: E vocês vão ter uma a menos.

[Kaito começa a rir.]

Hikaru: Suas piadas juvenis são tão engraçadas que esqueci de rir.

[Cenário: Casa dos Kamiya, fachada]

[Reiji e Ikuto vão caminhando para a casa dos Kaminari, enquanto Hikaru e Kaito observam o filho e o delinquente caminhando juntos.]

Kaito: Ikuto... Você acha que ele vai conseguir ficar um bom tempo lá?

Hikaru: Eu não sei... Mas estou certa de que Ikuto pode finalmente se livrar das correntes que o prenderam, ainda que temporariamente.

Kaito: Tomara que ele consiga se sentir mais tranquilo...

Hikaru: Eu também.

[Hikaru fecha os olhos e faz uma pose de oração.]

Hikaru: (Que os céus protejam o meu fiho...)

[Cenário: Ruas de Tóquio.]

[O capítulo acaba com Reiji e Ikuto caminhando pelas ruas de Tóquio.]


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Notas finais do capítulo

Glossário:

Nii-san: Irmão em japonês
Anata: Querido em japonês
Future Tense: Futuro Tenso
False Cognates: Falso Cognato
Passive Voice: Voz Passiva



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