Tudo estava bem... escrita por Wizard Apprentice


Capítulo 26
Capítulo 26 - 3o ano.


Notas iniciais do capítulo

Capítulo fresquinho! Perdoem a demora, a rotina de estudos está insana para os NIEMS.
Como disse antes, não pretendo abandonar a fic, mas às vezes demoro um pouco pra postar.
Espero que gostem!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/805949/chapter/26

O verão na casa dos Dursley estava indo bem. Harry quase não ficava em casa, aproveitava os dias longos e confortavelmente quentes para passear pelo bairro. 

As vezes conjurava seu patrono apenas para não se sentir tão sozinho, e aquele belo cervo, brilhante, aquecia um pouco mais a sua alma tão apertada. 

Por que aquilo estava acontecendo com ele? Por que ele não podia simplesmente ter um final feliz? Ter uma família e levar uma vida normal?

A cada dia que se passava, ele se sentia mais distante daquela vida tão boa. Era como se, apesar de muito nítidas e muito vivas na memória, ele sentisse que não conseguiria mais alcança-las.

Alguém - Voldemort - arrancara dele quem ele mais amava, de novo. E não havia nada que pudesse ser feito. Se Dumbledore não podia ajudar, ninguém nem nada no mundo poderia.

Hermione morava em Londres, e depois de um mês inteiro, decidiu marcar alguns passeios com ela pela cidade.

Como nunca pensara nisso antes? As férias nos Dursley sempre foram horríveis, mas ele não precisava ficar em casa. Parecia tão óbvio. Dumbledore havia pedido para que ele não saísse, mas ficar tanto tempo dentro de casa sem fazer nada e sem magia estava deixando o garoto completamente doido. 

Os jornais bruxos e trouxas divulgavam ostensivamente que um perigoso bruxo das trevas, foragido a mais de um ano, fora avistado pelo país. Sirius Black estampava todas as manchetes, de todos os jornais. 

Harry explicou para Hermione que Sirius era seu padrinho. Que ele era inocente, e etc. A amiga sequer se deu o trabalho de duvidar dele. 

De noite, para voltar pra casa, Harry esperou pelo nightbus, o ônibus bruxo de três andares, que circulava pelas ruas da cidade e subúrbios durante as madrugadas.

Hermione ficou perplexa, sabia que o ônibus existia, mas nunca imaginara ele assim.

Se despediram, e as férias de verão continuaram sem graça, como sempre.

"Ela não tocou no assunto", pensou ele. Por quê, sendo que eu sei que ela sabe? E talvez ela saiba que eu sei? Só se ela aínda não tiver certeza... 

Uma semana antes do início do novo ano letivo, a irmã de Valter Dursley apareceu para passar alguns dias com a família. Harry a detestava. Antes que pudesse se dar conta, estava empacotando suas coisas para ir embora dali - passaria o resto da semana no caldeirão furado. Não ia ficar ali aguentando desaforo daquela mulher escrota, que não lhe dizia respeito nenhum. Seus tios não questionaram a decisão, e ele se foi. 

Hermione foi visitá-lo na manhã seguinte. A amiga percebia que Harry estava mais tristonho do que o normal, mas tinha um pouco de medo de abordar o assunto. Ela temia confirmar algo que já sabia, não porque deixaria de gostar do amigo, mas porque seria tão estranho... E o ano letivo em Hogwarts estava prestes a começar, e seria um ano difícil, com muitas matérias para estudar... Ela não saberia como ajudar o amigo, ainda que ele confessasse tudo pra ela.

Ela queria saber a verdade, mas também não queria... Mas também não podia deixar o amigo na mão, sucumbindo aos devaneios e confusões da propria mente.

—Harry... Você parece chateado, vamos dar uma volta?  Àquela altura, o garoto já tinha se esquecido completamente do pedido feito por Dumbledore no final do ano letivo. Saira de casa várias vezes, e sequer pensara novamente na orientação dada. Não seria agora que pararia de ignorar as regras.

Harry perguntou se poderiam passear fora do beco diagonal, fora do mundo bruxo, de preferência em algum lugar onde não poderiam ser vistos ou ouvidos. A amiga entendeu que aquele era o sinal que faltava - ele precisava contar a verdade.

— Hermione... Chega. Eu sei que você sabe, e eu preciso que você saiba, porque esse fingimento todo está me incomodando. 

— Eu sei algumas coisas. - Ela assentiu, e abaixou o tom de voz, começou a sussurrar - outras ainda são um pouco bagunçadas na minha cabeça. Por exemplo, por que você está aqui? Digo, é óbvio que você não tem a nossa idade, mas ao mesmo tempo, é óbvio que nos conhece, digo, a mim, ao Ron... Claro que nós somos amigos no seu tempo também. 

Ela fez uma pausa.

— no começo, eu achei estranho, principalmente porque você fazia algumas coisas meio maldosas sem remorso nenhum, fiquei preocupada de estar próxima de alguém perigoso, talvez alguém disfarçado. Ano passado, estudando a poção polissuco, e outras formas de se disfarçar, eu entendi que seria impossível... Mas o que me fez confiar mesmo em você foram as dicas que você me deu sobre o monstro ser um basilisco e os pedidos insuportáveis para os meninos me protegerem. Eles não me deixaram em paz o ano inteiro.

— Eu tentei ser discreto - ele riu - e não precisa sussurrar, eu lancei um feitiço abafador, ninguém vai entender uma palavra do que dissermos.

— Brilhante! Digo, bem, é, eu sei. Eu percebi que tinha alguma coisa diferente em você, mas eu não entendia muito bem o que poderia ser. Então comecei a te seguir até a biblioteca, e a ler tudo o que você alugava. Ficou bem fácil depois disso. Viagens no tempo, objetos indestrutíveis, maldições imperdoáveis. É incrível! 

— Não é tão legal assim, acredite.

— Quantos anos você tem? 

— Quase 13. 

— Falando sério, Harry.

— Quase 40. 

— Então é por isso que você consegue fazer qualquer feitiço! Você é velho!

— Ouch. Calma lá. 

— Desculpa, Harry. Foi difícil me acostumar com o segundo lugar em praticamente todas as matérias. Só que agora, parando pra pensar, por que você está em Hogwarts? Aliás, melhor começar a explicar tudo do zero, porque nada faz o menor sentido.

E ele contou. As partes técnicas, pelo menos. As partes mais sensíveis, como o fato de que era casado com Gina, tinha três filhos com ela, que coincidentemente eram amigos dos filhos de Hermione e Ron, ele jurara para Dumbledore que não contaria sob hipótese nenhuma. 

Contou o que aconteceu, contou o quão grave era aquilo tudo, e quão perigoso era a missão que tinha pela frente. 

— Eu confio em você, Hermione, você sabe disso. Mas eu jamais me perdoaria se alguma coisa acontecesse com você ou Ron. Quando éramos todos jovens, era diferente. Hoje eu sou um velho auror, eu não posso levar os meus amigos de 13 anos para uma guerra. Os bruxos das trevas são poderosos, maus, não ligam se matam um adulto ou uma criança. 

— Harry, você sabe que eu e o Ron não vamos te deixar sozinho, não adianta pedir isso. Até porque logo mais você vai se tornar um jovem normal, como você mesmo explicou, e vai ser como nós. É questão de tempo. Um pouco mais talentoso do que o normal, é claro, nas como nós. E eu e o Ron estaremos aqui com você, igual a como sempre estivemos. 

— É, vou me esquecer de tudo, pelo que Dumbledore explicou... - Harry pareceu sombrio, ignorando todo o resto do que fora dito.

— Harry... - Ela segurou sua mão - Você não vai se esquecer. Você vai viver de novo, com outros olhos. Talvez tenha a chance de viver até mesmo melhor. 

— Você não entende, Hermione... É impossível ter uma vida melhor do que a que eu tinha antes de voltar pra cá. 

Hermione se emocionou, e deixou escorrer uma lágrima. Soltou a mão do amigo, e olhou para o horizonte. Sentia muito que ele tivesse que viver de novo tanta dor - e ela sabia que havia muita dor. 

— Mione... Não conta nada disso pro Ron, tá bom? Pelo menos não ainda. 

Ela concordou, um pouco contrariada. 

 

Enquanto caminhavam de volta ao caldeirão furado, Harry sentiu que tirara um peso enorme do coração. A amiga sabia, e saber disso não mudaria em nada a relação deles.

Então, a bela tarde de verão subitamente se tornou fria e cinzenta. Um gelo cortante atravessou o coração dos dois garotos, e Harry rapidamente entendeu o que estava acontecendo. Seu coração outrora pacificado se revoltou novamente. Sentiu desespero e desesperança, como quem jamais seria feliz novamente. Puxou a varinha para lutar, mas estava quase sem forças. 

Nunca mais veria seus filhos, aquelas três versões deles...

Um dementador estava perto, muito perto... Escutou um grito agudo... Não de Lilian, mas de Ginny, chamando por ele.

E então Harry desmaiou. 

Quando abriu os olhos novamente, estava num quarto, no caldeirão furado, deitado na cama, coberto, sendo observado por Molly, Ron e Hermione. Muito curiosos. 

— o que aconteceu? 

— você desmaiou - explicou Hermione. - caiu e bateu a cabeça, bem, não sei se nessa ordem. 

— E o dementador? C-como...

— Eu afugentei ele, Harry. 

— É, você ensinou pra gente como conjurar nossos patronos no ano passado, esqueceu? - perguntou Ron. - sorte a sua Hermione estar lá com você. 

— O que um dementador estava fazendo em Londres, afinal? - Harry perguntou bravo.

— Sirius Black. Os idiotas do... - desculpa mãe - o ministério acha que ele é perigoso e está atrás de você.

— Eu... Eu preciso ficar um pouco sozinho.

Os três se levantaram, e Hermione lançou um olhar preocupado ao amigo. 

Que raios fora aquilo? 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Gostaram? Até a próxima!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Tudo estava bem..." morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.