Uma fagulha de esperança escrita por AndyWBlackstorn


Capítulo 12
Capítulo 12




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Selina observou o orfanato assim que chegou até o local, dava para ver os ônibus lotados de crianças que chegavam ali. Os pequenos descendo com olhos desconfiados, hesitantes, esperando para o que estava por vir. A sra. Wayne, por sua vez, não sabia por onde começar. Uma coisa era certa, ela queria assegurar a cada uma delas de que tudo ficaria bem, mas nem ela mesma tinha essa certeza, esperava que poderia assegurar um futuro melhor para elas.

Selina acabou deduzindo que, se estava ali para uma visita, deveria avisar na recepção. Foi exatamente pra lá que ela foi diretamente. Secretamente, ficou feliz pela recepcionista ter uma cara de simpática. Apesar de simpática, a moça notou a barriga dela de 7 meses, logo associaria que aquele bebê era filho de Bruce Wayne. Suspirando levemente, Selina tentou ignorar isso.

—Bom dia, o que posso fazer por você? - ofereceu a recepcionista.

—Oi, bom dia, eu queria só fazer uma visita ao orfanato, ver como as coisas estão indo, principalmente as crianças - Selina respondeu, dizendo o motivo de estar ali.

—Ah claro, ainda não estamos abertos para o processo de adoção, mas uma visita inicial seria bom - a funcionária compreendeu - preciso do seu nome por uma questão de formalidade.

—Ah sim, claro, é Wayne - Selina sentiu a garganta raspando ao dizer o sobrenome, ainda se acostumando com a mudança - Selina Wayne.

—Wayne? Então, você é a esposa do Bruce Wayne? - a moça se sobressaltou um pouco - eu... é, vou agilizar sua visita o mais rápido possível, só um segundo.

Selina apenas assentiu e esperou pacientemente, a recepcionista fez uma ligação rápida, contando que ela estava ali. Momentos depois, ela reencontrou o diretor que viu algumas noites anteriores, que a reconheceu imediatamente.

—Sra. Wayne, que prazer revê-la - o homem apertou a mão dela, olhando de relance para sua barriga, o segundo que ela notou que percebeu sua adiantada gravidez - não esperávamos sua visita, mas fique à vontade.

—Muito obrigada, diretor...? - ela ainda não sabia o nome dele.

—Sanchez, pode me chamar de Sanchez - ele esclareceu - vou te mostrar as acomodações e te apresentar as crianças.

—Obrigada - ela agradeceu com um sorriso e o seguiu.

Selina então entrou no quarto junto com o diretor. Seu instinto foi inspecionar o lugar, ver se as condições ali estavam realmente conforme o que se foi prometido, e realmente, tudo parecia limpo, arejado, espaçoso, dentro dos conformes. Ela viu as crianças carregando poucos pertences, alguns brinquedos, livros, cadernos, algo que os fizesse lembrar de algo bom, mesmo no meio daquelas condições difíceis. Selina associava essa sensação aos primeiros gatos que adotou, ter a companhia deles a deixava grata, sentir que era querida por alguma criatura existente. Lembrou-se dos gatos que tinha agora, todos são e salvos num abrigo na Torre Wayne, algo que ela fez questão de exigir de Bruce, o que acabou conseguindo. Queria fazer por aquelas crianças muito mais do que conseguia fazer por seus gatos. Naquele momento, uma garotinha com alguma dificuldade em segurar seus pertences chamou atenção dela.

Era claro como precisava de ajuda e, mesmo lembrando mentalmente dos avisos de Bruce que ela não estava em condições de pegar muito peso, ela se aproximou para ajudar.

—Eu posso carregar isso pra você se quiser - se voluntariou Selina.

A menina a olhou com grandes olhos curiosos, tentando compreender quem era aquela adulta diferente falando com ela.

—Não quero incomodar - a menina achou que era seria a melhor resposta para a situação.

—Está tudo bem, não se preocupe - a sra. Wayne a assegurou.

A menina conseguiu confiar o suficiente nela para lhe entregar seus pertences. Selina logo compreendeu que ali deveria o que ela tinha de mais precioso no mundo, por isso, com toda razão, ela estava tão ressabiada. A caixa então, foi depositada delicadamente em cima de uma das camas.

—Obrigada, moça - ela disse à adulta bondosa, porém desconhecida - como eu posso chamá-la?

—Ah claro, eu nem me apresentei - ela confessou, se dando conta disso - meu nome é Selina, e o seu?

—Joan - disse a menininha, um tanto tímida.

—Joan, nome muito bonito, como de uma moça corajosa - respondeu a sra. Wayne - tenho certeza que você também é.

—Ah eu não sei - confessou Joan - mas estou tentando ser.

—Sério? Me conta mais sobre isso - Selina disse de forma convidativa, sentando-se ali na cama, o que Joan fez a seguir, ao lado dela.

—É que... eu me mudei de casa algumas vezes e agora me disseram que eu vou ficar aqui, e eu não conheço esse lugar, será que vai ser um lugar bom pra mim? - Joan foi bem sincera com a adulta simpática.

—Sabe... - a sra. Wayne fez uma pausa antes de prosseguir, refletindo sobre si mesma um pouco - eu conheço uma pessoa que pensava igual você, ela precisou se mudar de casa, ela foi parar numa casa diferente, onde as coisas meio que assustavam ela, mas depois ela percebeu que as coisas ali eram muito boas para ela.

—Essa pessoa é você? Onde você mora? - a menina era realmente esperta, como Selina tinha deduzido.

—É, sou eu, eu moro numa torre, como acho que a Rapunzel morava, não é isso? - ela fez uma brincadeira com o conto de fadas.

—Bom, a torre era ruim pra Rapunzel, ela vivia presa lá, mas você disse que a sua torre é boa - Joan ponderou - ela tinha um príncipe, tem um príncipe na sua torre também?

—É, pode se dizer que sim - Selina acabou rindo um pouco - ele pode não parecer um príncipe a maior parte do tempo, mas eu gosto dele mesmo assim.

—E quem é ele? - Joan quis saber.

—É o meu marido, o nome dele é Bruce - Selina contou.

—Parece que já ouvi falar esse nome em algum lugar - refletiu Joan, mas deixou a questão para lá - Selina, será que você poderia vir outras vezes? Eu gostei muito de conversar com você.

—Ah sim, claro, eu... - a pergunta a pegou de surpresa, mas traduziu perfeitamente seu sentimento - claro que eu volto, também gostei de falar com você, Joan.

Era algo completamente novo para Selina, conversar sinceramente com uma criança, sem artifícios ou enganações. Se surpreendeu em como tudo foi tão fácil e leve. Se sentiu aliviada porque viu que era capaz de ter esse vínculo de afeto tão querido e doce com sua filha que estava por vir. Seria um prazer retornar ao orfanato e conhecer outras crianças também. Era uma tarefa que certamente a havia deixado feliz.

 


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