Batman - Morcegos escrita por Herock


Capítulo 1
Capítulo 1 - Todos os Pecados




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Era noite, nem um pouco diferente de qualquer outra, na cidade que nunca dorme, Gotham City, cada dia mais caída aos pedaços e sendo tomada e liderada pelas facções, pelos mafiosos, grandes ladrões - a segurança é mínima. Ninguém mais se sente seguro andando nas ruas, nem mesmo de dia, a qualquer instante um cidadão comum poderia ser abordado e virar refém da criminalidade.

O prefeito, David Hull, um homem de meia idade, careca e baixo, mas com forte presença e uma lábia que enganou os cidadãos durante três mandatos consecutivos, agora discute com o maior empresário da cidade, Thomas Wayne.

Wayne já vinha de uma família tradicional riquíssima de Gotham, mas quando se casou com Martha Kane, uniu-se a outra das mais antigas e abastadas famílias da cidade, tornando o que antes era um grande império das indústrias no maior conglomerado de empresas que a cidade de Gotham já havia visto até então, muitos diziam até que os Wayne tinham mais poder e influência sobre a cidade do que o próprio prefeito Hull.

— Eu não vim discutir a minha candidatura, Hull - disse Wayne, já depois de algumas horas de conversa com o então prefeito - eu vim aqui, como seu amigo, apenas lhe comunicar que estarei me candidatando a prefeito da cidade.

— Thomas... - Disse Hull, cabisbaixo, havia passado as últimas duas horas tentando convencer Wayne de que o poder que o seu amigo tinha era maior do que o dele próprio, que sendo prefeito, não há a liberdade que ser puramente um empresário oferece, nem sempre como empresário você tem que cumprir as leis para alcançar os seus objetivos, mas como prefeito, isso é extremamente necessário, embora o próprio Hull não acreditasse nisso, já que muitas vezes driblava a lei a fim de alcançar os seus objetivos - Você tem certeza de que isso é para você? Quer dizer... Você é poderoso, mas como prefeito, você vai ser visado, as pessoas vão querer coisas de você, e nem sempre, como prefeito, você vai poder negar, se você já não é o homem mais poderoso dessa cidade, vai se tornar, e isso vai te tornar um alvo

— O que você está querendo dizer com "alvo", Hull? - Perguntou Wayne, irritado, como se aquilo tivesse lhe soado como uma ameaça.

— Você sabe bem o que quero dizer, Wayne. Hoje você está no lado de fora, os criminosos estão contra o governo, mas quando você for o governo...

— Chega, Hull. Tentei ser razoável com você, porque estudamos juntos e sempre te considerei um amigo, mas agora sinto que é o momento de tomarmos caminhos diferentes.

— Fico triste que tenhamos chegado a isso, Thomas.

E então Wayne, possesso, saiu da sala, deixando um infeliz Hull, sentado em sua cadeira, sem muitas visões do seu futuro.

 

Alguns minutos depois, Thomas chega em casa, uma enorme mansão que fica cerca de dez quilômetros fora da cidade.

— Boa noite, Alfred

— Boa noite, patrão Wayne - respondeu o mordomo, mas que para Wayne era mais um amigo que um funcionário.

— Martha e Bruce?

— O patrão Bruce chegou da escola há pouco tempo, está lá em cima, no seu quarto, estudando, imagino. Já a senhora Martha ainda não voltou do jantar com sua amiga.

— Tudo bem, Alfred, acho que vou ler um livro, pode preparar um copo de Whisky para mim?

— Posso sim, senhor.

Então, enquanto Alfred preparava a sua bebida, Thomas foi ao quarto do seu filho, que estava deitado em sua cama, lendo um livro, aparentemente Alfred se enganara, e o garoto, então com oito anos não estava estudando, mas sim lendo algum livro infantil, no conforto de seu quarto. Thomas não quis interromper o garoto, apenas se virou e desceu novamente as escadas.

Chegando no térreo, encontrou-se com Alfred, que lhe trazia o seu copo, agradeceu o amigo e foi até a sala principal da casa.

A sala continha uma enorme lareira, que havia sido acesa por Alfred, minutos antes, algumas poltronas dispostas ao redor de um grande tapete persa. Nas paredes haviam belíssimas obras de artes e retratos de família, dos dois lados da lareira haviam belas janelas góticas que davam para a floresta que fazia parte da propriedade, à esquerda havia um antigo relógio, que todos os dias badalava ao meio dia e às seis horas da tarde.

Thomas ficou por alguns instantes observando pela janela o seu "quintal", contemplando tudo o que lhe pertencia, pensando no que viria a lhe pertencer em seguida. Então, quando o seu copo estava na metade, virou-se e foi até a biblioteca da casa.

Lá passou alguns minutos olhando as paredes, faziam meses, ou até mesmo anos, que não lia um livro, estava muito ocupado aumentando o seu império e educando o seu filho. Pegou então um livro de capa dura qualquer e voltou à sala.

Tomou mais um gole do seu Whisky, então se dirigiu até o relógio antigo, alinhou os ponteiros com as sete horas e trinta e cinco minutos, e aos poucos o relógio foi, sozinho, deslizando para o lado, até que restava apenas uma passagem grande o suficiente para um homem adulto passar.

Thomas então pegou o seu copo e seu livro e desceu as escadas que era reveladas pela passagem. Assim que atravessou, apertou um botão na parede e a passagem se fechou atrás dele.

A escada, depois de uma longa e escura descida, dava para uma enorme caverna que, por acaso, Thomas havia descoberto que havia embaixo da casa. Lá podia ter paz depois de dias estressantes no comando das indústrias Wayne.

A caverna era enorme, e muito mal iluminada, no chão havia apenas uma velha poltrona com um abajur antigo ao lado, o lugar favorito de Thomas em toda aquela enorme e luxuosa propriedade.

Abriu o livro enquanto dava o gole final no seu Whisky e lá ficou.

 

Duas horas depois, após passar um curto tempo lendo o livro e o resto refletindo sobre a sua campanha, Wayne voltou para a sala. A casa estava muito silenciosa. Não havia o menor sinal de Alfred.

Thomas então imaginou que todos estivessem dormindo, decidiu que iria ver Bruce, dar-lhe boa noite e depois partiria para o seu quarto.

"Esse é o problema de viver numa casa grande" pensou, enquanto subia as escadas. "Parece tão vazia o tempo todo"

Ao se aproximar do quarto de Bruce, pôde ver que a porta estava entreaberta. "Martha deve ter esquecido de fechar depois que foi ver a criança", então entrou, fazendo o maior silêncio possível.

Mas Martha não havia esquecido de fechar a porta, lá estava Martha, de joelhos ao lado da cama de Bruce, encarando-o enquanto dormia. Embora estivesse escuro, a luz da lua iluminava o quarto o suficiente para que Thomas conseguisse ver que ela não havia notado a sua presença, nem mesmo quando ele atravessou o quarto e parou ao seu lado.

— Lindo, não é? - cochichou ele.

Martha parecia ter acordado de um transe, piscou os seus olhos como se não estivesse ali até o instante em que Thomas havia falado com ela.

— Como é? - perguntou.

— Nosso garoto, Martha... - Então foi surpreendido com a sua esposa caindo no chão - O que é isso, Martha?

— Nada - disse ela, enquanto se levantava - Só que eu bebi um pouco hoje com a Louise e não estou me sentindo muito bem. Amanhã conversamos melhor, certo?

— Tudo bem, querida.

E então Martha levantou-se e foi em direção a porta, enquanto Thomas se mantinha ao lado da cama, ainda observando o filho dormindo tranquilamente.

— E não se esqueça, Thomas. - Disse ela, se virando, já quase na porta - que amanhã ficamos de ir ao teatro, você lembra, não é?

— Sim, querida, não esqueceria isso por nada.

 

Enquanto isso, em Chicago, o jovem, recém ingressado na Polícia, James Gordon, caminhava a noite pelas ruas da cidade. Não estava trabalhando, mas gostava disso, de caminhar, averiguar se estava tudo em conforme.

Ajeitou o óculos que escorregava pelo seu nariz. Estava vestido com um moletom da Universidade de Gotham, cidade na qual havia crescido e começado a estudar direito, antes de largar para tornar-se policial, o seu verdadeiro sonho, mas Gotham não era para ele, a cidade era muito violenta, a polícia era muito corrupta, e ele não queria colaborar com esse sistema já completamente destruído, por dentro e por fora.

Eis então que, em uma rua sem saída, observou dois rapazes tentando roubar a bolsa de uma senhora. O seu senso de justiceiro falou mais alto. Gordon foi para cima, sabia que seria bem dificil, lutar contra dois brutamontes, mas ele conseguiria, acreditava que sim.

Então já chegou dando um soco na cabeça de um, que puxava a bolsa da mulher, o outro então, vendo que o seu amigo fora derrubado, partiu para cima de James, que desviou-se bem na hora que iria levar um soco, aplicando um murro na barriga do agressor.

A senhora, assustada, correu para a rua e sumiu bem ao fundo, enquanto Gordon chutava o segundo homem que havia derrubado.

No entanto, enquanto se ocupava do segundo, o primeiro se levantou e lhe deu um soco na orelha. Um zombido fortíssimo tomou conta de sua audição e ele ficou um pouco desequilibrado, mas conseguiu se virar e acertar um soco bem no queixo do homem.

O rapaz então caiu no chão. E vendo-se triunfante, com os seus dois adversários no chão, Gordon então começou a caminhar de volta a rua principal, mas ele não contava que o segundo rapaz iria se levantar, sacar um canivete do bolso e correr em sua direção.

Quando viu, o rapaz já estava perto demais dele, e James não tinha muito o que fazer, recebeu uma forte estocada na barriga, que lhe fez cair no chão, urrando de dor.

O esfaqueador, provavelmente algum adolescente idiota, ficou desesperado, achou que havia matado o homem, e junto ao seu amigo começaram a correr na direção contrária.

E lá permaneceu Gordon, e permaneceria ainda por algumas horas, só viria a ser socorrido quando o dia já estivesse claro, por um médico que por sorte passaria ali.

E durante toda a noite, enquanto sangrava, observava o céu escuro, iluminado por poucos pontinhos brancos que formavam desenhos no céu.

Quando já estava quase de manhã, observou uma pequena criatura, primeiro achou que fosse um pássaro, mas não era. Era um pequeno morcego, e ele parecia lhe olhar, parecia sentir pena dele.

E então o socorro chegou.


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