Blindwood escrita por Taigo Leão


Capítulo 12
O outro lado I




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Elaine saiu apressadamente daquela casa e Maria veio logo atrás, tentando acompanhar com seus pequenos passos. Já era noite e a neblina era forte. Elaine levava as mãos à cabeça e processava tudo que lhe foi revelado e que assim como a maioria das coisas que lhe contaram até agora neste lugar, era difícil acreditar. Outra dimensão. Propósito. Morte. Suicídio. E o pior, uma criança sabendo de tudo isso e escutando com uma feição não apenas de extrema curiosidade, mas como alguém que realmente se agrada com o que está escutando.
— Maria! O que você está fazendo aqui? Como você, uma criança, continua a par de tudo isso? Você não pode...
— O que você quer dizer com isso? Eu não sou uma criança. Eu te trouxe para cá!
— Maria, você claramente é uma criança. Onde estão seus pais?
— Eu não sou criança!
— Maria! Me responda logo: onde estão os seus pais?!
Maria ficou furiosa e encarou Elaine antes de virar as costas.
— Se eu sou uma criança e você uma adulta, dê um jeito de voltar. Você não precisa de mim.
Maria desapareceu na neblina.
Elaine se encontrou sozinha naquele lugar cercada por toda aquela neblina e se lembrou que estava na outra dimensão. Ela não queria voltar para a casa e não tinha outra escolha, então começou a trilhar o caminho contrário ao que fez para chegar ali, voltando assim para o Chariotte. Ela caminhava com passos apressados e a respiração pesada sem escutar nenhum som à sua volta. Ela tentava olhar para as casas que haviam por ali mas não tinha a certeza se já havia visto elas antes ou não.
Quando Elaine teve a certeza de estar próxima ao Parque Blindwood ela escutou uma espécie de chiado. Ela apressou novamente seu passo após a tentativa falha de encontrar a origem do barulho. A forte neblina e a falta de luz da noite não lhe ajudavam em nada para encontrar a origem deste som desconhecido que estava longe, mas a cada passo dado parecia que ele ia se aproximando.
O som foi ficando mais próximo, era como se a cercasse. Ele vinha ao seu ouvido esquerdo e após passar pelo direito, estava nos dois lados como se cercasse Elaine. Novamente ela sentiu medo e agora ela não apenas apressava seu passo; ela estava correndo.
Não havia ninguém ali para ajudá-la, ela estava sozinha.
Elaine chegou a uma encruzilhada parecida com a que dava na rua do Chariotte, mas não tinha certeza se estava no local certo ou não; a neblina estava muito densa. Ela se aproximou de um poste que havia em uma das esquinas e a luz do mesmo estava piscando. Agora o chiado havia cessado, mas ela escutava algo diferente. Era como se algo se aproximasse lentamente; como se se arrastasse. Era isso que acontecia; Elaine conseguiu ver algo se arrastando em sua direção. Era algo de um tom acizentado que se arrastava pelo chão e se movia usando as próprias e pequenas mãos; esticando as mesmas para frente e se puxando até aquele ponto, então o ciclo começava novamente. Era um caminho árduo e de uma grande dificuldade para se movimentar, mas aquilo continuava insistindo, indo na direção de Elaine. Elaine notou que aquilo tinha a forma de um humano, mas não estava completo e era pequeno. Não havia cabelo e aquilo se arrastava de barriga para baixo, arrastando assim o próprio rosto no chão. Elaine percebeu que aquele ser era feito de brasas e estava incompleto; de seu torso para baixo não havia quase nada e conforme se arrastava, era como se seu corpo, formado por brasas acesas, ia se desfazendo no meio do caminho. Ela sentiu nojo ao ver aquilo.
Elaine se deu conta de que estava do outro lado de Blindwood e não podia voltar atrás agora já que a casa de Elisabeth Lee estava distante. Além disso, não queria encontrar a origem daquele chiado.
Aquele ser pequeno continuava se aproximando e Elaine ia se apavorando, dando passos para trás para tentar fugir daquilo sutilmente até que algo em suas costas pegou em seu pé. Era outro daquele ser, completamente igual o primeiro. Ela moveu seu pé rapidamente como em um chute para aquilo soltá-la e obteve êxito no movimento; a mão daquilo também era feita por brasas que se desfizeram com o movimento violento. Aquele ser levantou sua cabeça do chão um pouco. Não o bastante para Elaine conseguir ver seu rosto, mas o bastante para mover sua boca, então ele deu um grito rouco que fez Elaine sentir um pavor que se juntava ao medo que ela já estava sentindo. Ela estava tremendo e seu chute forçado claramente deixava isso à mostra. Ela estava assustada. Ela correu dali tentando fugir, indo na direção de onde imaginava estar o Chariotte e deu graças aos céus quando viu o hotel ali.
Por dentro, o silêncio era tudo no hotel como de costume, mas as janelas estavam fechadas com tábuas de madeiras e as luzes estavam apagadas. Elaine sentiu uma grande vontade de vomitar ao lembrar de tudo aquilo e se apoiou no balcão enquanto tossia, mas o vômito não veio. Quando se recuperou, ela notou que tudo estava limpo, mas Elaine sentia que não estava no mesmo lugar de sempre.
"Duas casas iguais nos mesmos lugares", foi o que passou em sua mente. Ela se lembrou das palavras da mãe de Elisabeth Lee: sala e cozinha no mesmo lugar, mas entradas em lugares diferentes. Ela precisava achar a entrada, ou melhor, a saída daquele lugar, e voltar para a casa de Elisabeth Lee não fazia sentido agora. Haviam monstros lá fora e a saída poderia não estar lá.
Elaine se sentou em uma poltrona que havia no saguão principal para recuperar seu fôlego e se recompor do que acabou de presenciar. Seu coração ainda batia rapidamente. Ela pegou seu pequeno diário em seu casaco e enquanto usava a luz de seu celular com uma mão, com a outra fazia anotações sobre os últimos acontecimentos. Sua letra estava trêmula. Este foi um pequeno descanso aproveitando a paz que teve naquele lugar; ela não sabia quando teria isso novamente e queria aproveitar enquanto as informações estavam frescas em sua mente.
Quando se levantou seus olhos já haviam se acostumado com a escuridão e ela já estava familiarizada com aquele saguão, então caminhar até o elevador não foi um problema para ela. Elaine apertou o botão mas como a porta não se abria ela deduziu que as luzes não estavam apenas apagadas; o prédio estava sem luz. Ela teria que utilizar as escadas de emergência.
Após atravessar o saguão e ir até a porta que havia do outro lado do mesmo, ela chegou em um pequeno corredor com 5 portas, duas em seu lado esquerdo e duas em seu lado direito, além de uma na sua frente, ao final do corredor. A primeira da direita era a porta do cômodo onde havia o quadro de avisos; Elaine entrou ali usando seu celular como lanterna para auxiliar em sua visão.
Naquele grande cômodo só havia uma simples mesa de ferro e três cadeiras; enquanto duas estavam próximas da mesa, a última estava caída no chão. A mesa estava suja. O quadro de avisos estava torto e não havia nenhum panfleto nele, mas havia algo que fora riscado usando algo pontiagudo; era uma palavra: "Medo". As janelas também estavam fechadas com tábuas de madeira. Elaine pensou que isso era para que aquelas coisas que a perseguiram não entrassem naquele lugar, mas mesmo assim ela não se sentia segura.
Elaine saiu e tentou entrar na porta ao lado desta e também na que havia na frente desta, mas as duas estavam trancadas. A única aberta era a que havia na diagonal dessa, que dava em uma pequena dispensa que não tinha nada de interessante ou de útil. Elaine foi até a porta no final do corredor e percebeu que aquela era a porta da escada de emergência. Ela poderia ir até o terceiro andar.
Não havia nada no primeiro ou segundo que chamassem a atenção de Elaine, então ela foi diretamente até o terceiro. A escada estava diferente do que do outro lado; o mofo não era presente. Pelo contrário, era algo completamente limpo e calmo. Parecia um lugar abandonado que ironicamente não foi abandonado para a sujeira e poeira; tudo estava limpo.
Quando chegou no terceiro andar, a porta de entrada não estava trancada. O corredor do andar estava com o papel de parede desgastado e solto em algumas partes, mas assim como as escadas, o mofo não era presente ali como no mundo normal.
O lugar continuava sem luz e Elaine tateou um pouco as paredes enquanto se movia lentamente até seus olhos se acostumarem com o breu que havia ali. Estava frio e ela estava sozinha.
Elaine caminhou lentamente até chegar até o quarto de Luque. No caminho ela não viu ninguém entre as portas entreabertas ou completamente escancaradas e nem ao menos se importou em parar nestes quartos. Tudo que lhe importava era o quarto de Luque. Quando ficou frente à porta, Elaine logo entrou no quarto sem pestanejar; estava muito escuro nos corredores.
Como o resto do hotel, o quarto não estava iluminado. Usando a lanterna de seu celular, Elaine conseguiu ver uma pequena mesa redonda de ferro e uma cadeira solitária próxima a esta. Em cima da mesa havia um pequeno vaso azul escuro com uma flor murcha nele. Próximo a janela que estava fechada com tábuas havia uma cama muito parecida com a que Elaine havia visto do outro lado e havia um pequeno guarda-roupa que estava com as portas abertas e estava vazio. Elaine também viu um quadro. Era uma única árvore no meio do mesmo e um céu azul escuro ao fundo. A árvore estava completamente sozinha perante aquela vastidão que era o céu azul. Ela estava sozinha.
Elaine atravessou a porta que havia na lateral do quarto e viu que dava em uma minúscula cozinha com armários, uma pia e uma pequena geladeira, mas tudo aquilo parecia enferrujado e os armários estavam vazios.
Do outro lado do quarto, próximo ao guarda-roupa estava a porta do banheiro. Seu espelho estava quebrado ao ponto de Elaine não conseguir ver seu próprio reflexo. A privada estava sem tampa e a banheira estava suja. Dentro da mesma Elaine viu algo que só reconheceu quando pegou com suas próprias mãos. Era um pequeno canivete sujo que ela guardou em seu bolso.
Finalmente ela havia conseguido ver o quarto inteiro de Luque, mas não encontrou o principal: a pessoa que aparentemente vivia ali.
Quando voltou para o corredor, Elaine caminhou lentamente, passo por passo, com medo de fazer barulho e atrair o que quer que tivesse por aqueles lados. Ela não viu ou escutou alguém, o que lhe decepcionou um pouco, mas embora estivesse amedrontada por estar ali, se sentia bem por não haver mais nada com ela.
Quando Elaine chegou na virada do primeiro corredor ela viu a sombra de alguém ali, imóvel próximo a porta no fim do corredor. Aquela silhueta estava tremendo de uma forma bizarra e contínua, como se estivesse assustada. Elaine pensou que devia ser mais uma pessoa presa naquele mundo, então ela se aproximou lentamente perguntando quem era aquela pessoa e falando para a pessoa ter calma, pois Elaine não era uma inimiga. Quando ela chegou perto o bastante, conseguiu iluminar aquilo com a luz de seu celular e tremeu de medo pelo que viu. Aquilo era como um humano. Seu corpo era de um humano mas seu rosto era completamente liso: não havia uma face. Aquele ser usava roupas comuns como uma calça jeans e uma blusa simples, mas essas peças estavam sujas e rasgadas em algumas pequenas partes. As pernas daquilo estavam dobradas para dentro como se estivessem quebradas e quando Elaine chegou perto o bastante para iluminar, percebeu que apenas um dos braços daquilo possuía uma mão. O outro era liso como um manequim. Aquilo esticou sua mão suja na tentativa de alcançar a mulher desconhecida. A criatura conseguiu pegar no ombro de Elaine mas não emitia som algum além de seus passos. Quando encostou em Elaine, a mulher empurrou aquilo para trás e correu dali, se afastando um pouco. No começo aquele ser perseguiu Elaine até o fim do corredor, mas quando a jornalista abaixou seu celular, tirando assim a luz daquele ser, ele parou de se mover em sua direção e se virou para os lados tentando escutar algo, quando não obteve sucesso, aquilo novamente se aproximou da parede e ficou ali, tremendo. Elaine observou tudo isso em um completo silêncio a exatos oito passos de distância daquele ser e se esforçava ao máximo para não fazer mais barulho do que o necessário para respirar. Ela tremia muito, amedrontada.
Passo por passo, ela saiu daquele corredor rapidamente e foi em direção ao último corredor, no qual ficava o quarto 328 mas para sua surpresa, o mesmo estava trancado.
Enquanto lamentava a situação e tentava abrir a porta novamente, Elaine sentiu algo em seu ombro. Era aquele monstro sem rosto novamente. Dessa vez, tomada pelo susto, Elaine deu um curto grito e correu dali, fazendo com que o monstro, atraído pelo som, a seguisse até o final do corredor. Ali Elaine encostou na parede e parou, grudada na mesma; o ser estava a três passos de distância e olhava para os lados da mesma forma que antes, como que procurando por algo, já que Elaine escondia a luz do seu celular novamente. Elaine estava respirando ofegante e pesadamente e o ser percebeu isso, mas logo ele escutou passos e caminhou para o lado esquerdo, indo para o corredor em que Elaine estava antes; ali ele encontrou o primeiro ser que Elaine viu; eles eram dois. Os seres pararam um frente o outro e mesmo sem terem uma face, Elaine jurava que os dois estavam se encarando no escuro. Os dois então se tocaram e se puxaram contra si, como que em um abraço violento enquanto tremiam, mas também em uma possível tentativa de sentir aquele que estava em sua frente já que o tato, junto da audição, parecia ser o único sentido que eles possuíam. Elaine aproveitou a situação para sair daquele lugar, voltando para às escadas de emergência.
Após fechar a porta ela encostou na parede e deslizou suas costas na mesma até ficar sentada ali, ainda respirando ofegante. Ela levava as mãos ao rosto e não acreditava no que havia acabado de ver. Era um monstro. Sim, era isso. Um monstro sem rosto que Elaine não conseguia nem imaginar o que faria se ela não tivesse fugido dali. O que é essa dimensão?
Enquanto subia para o quarto andar, Elaine foi surpreendida por outro destes monstros naquela escada escura. Ela deu um grito de terror e o empurrou escada abaixo. O ser caiu de costas e Elaine não conseguia dizer o que havia acontecido com ele, mas escutou um barulho estranho, como se tivesse mais daqueles naquele lugar, um pouco mais abaixo.
Apavorada, ela subiu rapidamente até o quarto andar.
Assim como o terceiro, este estava sem luz, mas o papel da parede não estava tão velho e não havia monstros ali. O lugar estava pacífico.
Elaine foi direto para o seu quarto que obviamente estava fechado, mas graças aos céus a chave que Elaine carregava consigo também funcionou nesta dimensão. Ela entrou no quarto.
Seu quarto estava basicamente igual ao do outro lado, tirando sua mala com suas roupas e o casaco jogado em cima do divã. Haviam alguns papéis irreconhecíveis na mesa de centro e a cozinha estava completamente limpa. O quarto todo estava.
Elaine se sentou no divã, mesmo estando escuro, e ficou ali por um tempo. Mesmo sendo outra dimensão, seu quarto lhe passava certa segurança.
Ela se levantou e saiu dali após não encontrar nada que lhe fosse útil. Elaine caminhou até o quarto de Annabel Clambert e a porta estava entreaberta, como no mundo normal. Quando estava para abrir a porta, Elaine escutou uma porta no corredor a esquina se abrindo e logo escutou vozes no corredor. Era uma conversa. Ela entrou no quarto rapidamente para se esconder e ficou atrás da porta que estava entreaberta.
— O tio de Marco está morto.– a primeira voz, que era feminina, anunciou.
— Sim, eu soube. Agora faltam menos ainda.
— Você sabe quantos são?
— Não. Se aquilo não tivesse acontecido...
— Mas aconteceu. Agora precisamos apenas seguir as ordens. Conseguimos persuadir Marco. Sua cabeça deve estar uma loucura agora.
— Nada fora do comum então.
As vozes foram em direção ao elevador de serviço e logo desapareceram com o barulho do próprio. Elaine saiu do quarto rapidamente mas não havia mais ninguém ali. As duas pessoas haviam pego o elevador e ido para outro andar, mas como, se o lugar está sem energia?
Elaine não pôde deixar de pensar no que acabou de ver no olho mágico, que só lhe confirmara sobre a voz que escutou. A mulher que falava era Agatha. A outra coisa que ela não tirava da cabeça era a notícia que recebeu desta forma. O tio de Marco está morto. O que havia acontecido com ele, como Marco está agora e por quê Agatha está ali eram dúvidas que passavam pela cabeça de Elaine. Mais do que nunca ela precisava sair dali. Ela precisava encontrar Marco.
Ela tentou chamar o elevador, já que não queria voltar para a escada e encarar aqueles monstros novamente, mas não obteve sucesso, pois era necessário uma chave mestra para fazê-lo funcionar. Ao que parecia, havia um pequeno gerador de luz no mesmo que impedia que ele parasse de funcionar.
Como não tinha nada como isso em mãos, Elaine voltou para o quarto de Annabel e finalmente entrou no mesmo.
Na poltrona que a velha costumava ficar, próxima à janela, que deste lado estava fechada por tábuas, estava uma silhueta que Elaine só conseguiu identificar chegando bem próxima da mesma. Era Annabel, mas havia algo estranho. Ela estava ali e olhava pela janela fechada com um olhar triste, mas da mesma forma era como se não estivesse naquele lugar. Elaine passou a mão na frente do rosto da velha e de nada isso adiantou. Nem chamar pela mulher adiantou, Elaine não entendeu o que estava acontecendo. Era como se seu corpo estivesse fisicamente ali, mas sua mente estivesse em outro lugar, ou o contrário disso.
Elaine aproveitou a situação para pegar aquela caixa onde encontrou o diário de Annabel da última vez em que esteve neste quarto. Se sentindo culpada por mexer em coisas que não lhe pertenciam, Elaine pensou que apenas assim poderia ter uma chance de sair daquele lugar, afinal a mulher poderia ser a pessoa que está a mais tempo no hotel, sendo assim, possivelmente ela teria a chave que Elaine procurava.
Quando a encontrou, Elaine agradeceu aos céus. Ela poderia sair dali.


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Notas finais do capítulo

Essa outra dimensão me deu um trabalhinho, mas espero que vocês gostem!



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