Idiota (Rakan x Xayah) escrita por Sra Amontillado


Capítulo 2
Parte 2 - Eu vou te beijar como um idiota beija




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Me despedi do mais velho e corri atrás da minha parceira revoltosa, entrando na tenda e começando a arrumar minha mochila, enquanto Xayah parecia olhar um mapa. Terminei de guardar minhas coisas às pressas e fiquei em pé ao lado dela, tentando espiar o mapa por cima de seu ombro.

— Para onde vamos agora? – Perguntei, animado.

— Para a cidade vizinha. Humana. Iremos dormir em uma taverna à beira da floresta e tentar passar despercebidos. – Respondeu Xayah, séria e com um pouquinho de raiva ainda.

— Eu adoro tavernas! Sempre tão animadas! – Sorri, já imaginando as músicas que eu entoaria durante a noite toda!

— Qual parte do “tentar passar despercebidos” você não entendeu?! – Perguntou com um olhar irônico e já estressada.

— Você sabe que é impossível eu, o incrível Rakan, passar despercebido em qualquer lugar de Iônia! – Resmunguei, estupefato.

Ela só ignorou minhas palavras enquanto dobrava o mapa e guardava em sua mochila, que colocou em suas costas antes de sair da barraca. Terminei de arrumar minhas coisas e fiz o mesmo, enquanto cantarolava baixo, animado com a ideia de passar mais um tempo a sós com minha garota.

Nos despedimos do pessoal da tribo, prometendo voltar em breve para nos certificarmos que estariam bem. Logo depois fomos seguindo uma trilha quase invisível, por longas 3 horas. O sol já havia se despedido e a lua brilhava no céu, convidando lobos a uivarem e corujas a piarem.

— Você viu o céu hoje? – Comentei, para tentar cortar o clima tenso que tinha ficado depois de Xayah brigar comigo por cantar alto demais.

Ela parou por um instante e olhou para cima. Estávamos em uma clareira, onde as estrelas brilhavam fortes e a lua tratava de iluminar o local. Fiquei observando seu rosto sob a luz da lua, sua pele parecia brilhar, enquanto seus olhos queimavam constantemente. Xayah sorriu, um sorriso lindo e sincero, singelo e sutil... Pelos deuses! Eu quero casar com essa mulher!

— É lindo! – Suspirou ela, fechando os olhos por um instante e sentindo a brisa leve passar por suas orelhas felpudas.

— Não tanto quanto você... – Sorri, vendo-a enrubescer levemente com meu comentário.

Ela balançou a cabeça negativamente, como se tentasse espantar algum pensamento ruim ou errado. Ri leve com a cena e fiz um carinho em sua bochecha. Ela aceitou meio relutante, mas logo pegou minha mão e tirou dali, mas sem soltá-la.

— Vamos nos apressar, precisamos chegar logo à taverna se quiser beber alguma coisa. – Disse ela, apertando minha mão firme e soltando um sorriso discreto.

— Para já, miela! – Respondi, sorrindo e beijando o dorso de sua mão, de modo galante.

Ela riu, revirando os olhos, e me puxou para andarmos mais depressa.

Levamos mais ou menos uma hora e meia para terminar o trajeto, chegando em uma taverna à beira da floresta. Antes de entrar, Xayah fez com que eu me certificasse de que estava bem disfarçado, com a capa cobrindo minhas plumas e as orelhas se mesclando ao cabelo. Enquanto ela colocava seu capuz e tentava encolher suas próprias orelhas.

Adentramos no lugar que parecia relativamente calmo, considerando estar cheio de humanos. Sentamos em uma mesa ao canto e decidimos que eu iria falar com a taverneira para reservar um quarto e pedir o jantar. Enquanto eu estava lá, negociando a forma de pagamento (ainda tinha uns trocados, mas pagar com minhas músicas seria uma ideia bem mais divertida), percebi que Xayah estava ligeiramente incomodada com um grupo de brutamontes da mesa ao lado.

— As músicas pagam o jantar, mas para a estadia eu preciso de moedas, Senhor Rakan. – Disse a taverneira.

— Negócio fechado, minha senhora! – Respondi, sorrindo, enquanto estendia algumas moedas de cobre que pagariam o quarto.

— Bom, o palco é todo seu. – Disse ela, apontando para o canto oposto onde miela estava.

Eu assenti, dizendo à mulher que iria apenas jantar algo antes de começar a cantar. Ela concordou e então peguei duas refeições humanas para levar até Xayah e comermos juntos. Sentei-me à mesa e sorri, estendendo-lhe o prato com comida.

— Obrigada. – Disse ela, puxando a refeição e começando a comer.

Eu apenas assenti, comendo minha comida, animado. Fazia um tempo que não via comida humana, e ela não era nada ruim. Acho que se tem algo que os humanos sabem fazer bem é comida! Aquela coisa doce... CHOCOLATE! Seria muito bom ter chocolate agora...

— Você ainda quer ficar aqui embaixo depois de comer? – Perguntou Xayah, me tirando do transe.

— Ah... Sim, sim. Combinei de pagar nosso jantar cantando algumas músicas. Tudo bem por você, miela? – Perguntei, sem saber o motivo da pergunta.

— Só curiosidade mesmo... – Disse, de cara fechada.

— Xayah... Tem algum problema? – Perguntei, vendo como seu rosto se contorcia minimamente em momentos aleatórios.

— Nada com que precise se preocupar, Rakan. Já está pagando a conta por nós dois, é o suficiente para mim. – Me respondeu, bebendo um gole de seu copo de vinho logo depois.

Obviamente, fiquei preocupado. Mas confio em minha garota, ela consegue lidar com tudo e um pouco mais!

Afaguei de leve sua bochecha antes de me levantar para ir até o palco. Então dei um beijo em sua testa e corri até o outro lado da taverna, assumindo meu lugar acima do tablado de madeira e me apresentando para o público. Logo eu estava cantando músicas animadas, da época em que minha tribo dançava como fogo sobre as montanhas.

Músicas sobre a magia selvagem que habita estas terras, músicas sobre liberdade e sobre a vida feliz do povo vastaya. De longe, eu conseguia ver Xayah me observando, ela sorria de modo motivado e inspirado... Seu sorriso tão lindo...

Me perdi na letra da música que estava cantando, então comecei a entoar qualquer outra coisa que vinha na minha cabeça. O pessoal da taverna não percebeu, estavam bêbados, cansados ou distraídos demais para qualquer coisa. Mas ela percebeu, dando uma risadinha baixa de longe, me deixando cada vez mais apaixonado...

Então comecei a entoar uma serenata... Cantando sobre amor... Sobre o meu amor! Sobre a beldade violeta selvagem, com olhos dourados que incendiavam florestas e um sorriso que apunhalava meu peito como uma adaga. Sobre plumas macias e suaves, em tons escuros e rubros, que eu queria tocar com meus beijos.

Cantei sobre meu amor por ela e sobre como esse amor mudaria o mundo. Como esse amor salvaria todo o futuro. Sobre a incerteza do amanhã e a paixão do hoje. Fechei meus olhos e cantei a plenos pulmões, sorrindo com cada palavra que saía do meu coração, diretamente direcionadas a miela.

Quando abri os olhos, fiz uma reverência e ergui o rosto para olhar minha Xayah. Me assustei ao ver os brutamontes da mesa ao lado cercando minha garota, então era isso que estava deixando-a aflita...

Saltei por cima das mesas, começando a entoar uma canção animada. E fui pulando de mesa em mesa até chegar perto de onde ela estava.

— Algum problema por aqui, cavalheiros? – Perguntei, cantarolando entredentes.

— Chispa daqui logo, cantorzinho. A conversa tá reta entre nós e a passarinha aqui! – Disse um deles, sorrindo de lado com malícia.

— Podemos vender as penas e nos aproveitar do que sobrar, né Bill. – Gargalhou um outro cara.

Xayah estava ligeiramente tensa, mas já havia puxado três de suas plumadagas e lançado ao chão, enquanto segurava outras três na mão direita. Ela estava apenas aguardando o momento certo para finalizar com aqueles três, mantinha tudo sob controle. Em contrapartida, eu só queria terminar logo com isso para poder ficar junto com minha garota.

— Vocês realmente estão cogitando encostar um dedo na minha garota? – Perguntei, não aguentando e rindo.

— E o que vai fazer quanto a isso, filhote de urubu? – Perguntou o primeiro brutamontes, Bill, eu acho.

— Ei, calma aí! Eu não vou matar ninguém por aqui... Ela vai. – Respondi, dando uma piscadela para Xayah. – Diz oi, amor!

Xayah entendeu meu sinal, puxando as plumas que estavam no chão para que elas cortassem a lateral da barriga de cada um dos caras que a cercava.

— Oi. – Ela sorriu de lado, dando um salto para cima da mesa, onde eu estava.

A partir daí o caos se instalou no local. Eu cantarolava enquanto distraía os brutamontes que tentavam vir para cima de Xayah, enquanto ela arremessava suas penas, marcando os pontos estratégicos onde poderia puxá-las de volta depois.

Aquilo havia virado uma dança, onde eu e ela rodopiávamos e atacávamos os três, nos defendendo de socos e outros ataques. No meio disso trocávamos olhares íntimos e cheios de significado. O êxtase da luta era o que nos mantinha conectados, animados e vivos!

— Últimas palavras? – Perguntou minha garota, sorridente, ao deixar os três cansados, que achavam tê-la encurralado no canto.

— Te pegamos, sua putinha idiota. – Riu um deles.

— Não! – Sorriu ela, puxando suas plumas que estavam no chão, fazendo com que várias plumas atravessassem cada um dos três brutamontes.

Enquanto isso eu saltei para o lado dela, conjurando um escudo de proteção assim que ela terminou de puxar as penas, para o caso de alguém arremessar algo em nós, ou um dos brutamontes ainda estar de pé.

Olhei fundo nos olhos de Xayah e ela nos meus. Naquele momento, não havia mais nada além de nós dois... Nossas respirações estavam ofegantes, as pupilas dilatadas e os corações batendo a mil. Ela tocou meu rosto de leve, sorrindo agitada, e eu coloquei minhas mãos em sua cintura, abraçando-a e puxando-a para mim.

Não pude resistir e selei nossos lábios, em um beijo trôpego e ansioso.

Ela correspondeu.

E ali foi como se fogo vivo corresse em minhas veias, senti todo desejo, toda paixão e todo amor fluindo entre nós dois. Toda magia dela e toda minha magia, se unindo conforme nossas línguas dançavam entre si. Ela mordeu de leve meu lábio, e eu gostei. Então apertei-a mais forte contra o meu corpo, ambos estávamos sorrindo durante o beijo.

Só paramos e nos soltamos pelo ar que faltou, e pela taverneira gritando ao fundo, teve isso também.

— Vocês dois! Vão já para um quarto! E amanhã cedo quero que limpem essa bagunça toda! – Esbravejou a mulher humana.

Xayah não respondeu, apenas continuava com os olhos fixos nos meus. Eu não queria sair do lado dela nunca mais!

— Pode deixar, senhora! – Sorri, desviando o olhar para a taverneira e erguendo o polegar em aprovação.

Segurei firme a mão da minha vastaya, peguei nossas mochilas ao pé da mesa e fomos até o quarto. A chave estava do lado de fora da porta, então eu não precisaria falar com mais ninguém além de Xayah hoje. Entramos, joguei as mochilas em um canto e tratei de manter a porta trancada.

Enquanto isso, miela abriu a janela para sentir o vento em seu rosto. Ela jogou a capa e o capuz no chão, ao lado da cama, assim como soltou o cabelo, que balançava levemente com o vento soprando. Ela estava linda...

Miela... – Comecei, meio hesitante, com medo dela brigar comigo.

— Diga, mieli... – Respondeu ela, levemente corada, me deixando surpreso pelo modo com o qual me chamou.

— Está tudo bem? Eles não encostaram em você, certo? – Perguntei, tocando levemente seus ombros.

Ela virou-se para mim e balançou a cabeça negativamente. Sorri em alívio, relaxando os ombros, ainda sem tirar minhas mãos dela. Ela riu baixinho, me olhando de cima a baixo, parando em meus lábios e hesitando para falar.

— Sabe... Acho que devíamos tomar um banho agora... Você topa, Rakan? – Perguntou ela, um pouco corada.

Parei por um instante.

Ela estava dizendo o que eu achava que ela estava dizendo?

— Hã... Eu e você? Juntos? – Perguntei, corando também com a ideia.

Ela assentiu, indo até o banheiro do quarto e terminando de se despir por lá. Enquanto eu continuava boquiaberto do lado de fora. Xayah estava mesmo me chamando para ficar com ela?! Isso não é um sonho?!

— Você vem ou não vem? – Ouvi ela perguntar, me chamando.

Chacoalhei a cabeça, tentando me recompor. Aproveitei para tirar minha roupa ali e ir até o banheiro de encontro a minha garota...

Hoje eu não durmo!


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