As semanas se passaram com as aulas correndo normalmente, apesar de serem bem mais puxadas do que as do ano anterior, por ser o último ano antes deles se formarem. Os professores também os pressionavam bem mais, e o Uchiha logo notou a diferença dali para o seu colégio anterior, vendo que Konoha era mesmo uma escola bem mais rígido com suas regras e rotina de estudos.

Em relação aos colegas em geral, ele não tinha muito a dizer inicialmente. Por todo esse tempo, Sasuke não fez questão de interagir com ninguém. Porém, isso não significa que os alguns poucos não tentaram interagir com ele...

O primeiro (corajoso) que falou com ele, foi um loiro irritante, que parecia tentar a todo custo fazer uma nova amizade. Ele disse que se chamava alguma-coisa-Uzumaki. Sasuke não fez questão de decorar seu primeiro nome. O Uchiha não entendeu a insistência do mesmo para serem amigos, pois ele podia ver muito bem que o garoto extrovertido parecia se dar bem com o restante da classe.

“Talvez fosse apenas um idiota...”, pensou, revirando os olhos.

Sua teoria foi confirmada depois que Sasuke o ignorou pela milésima vez naquele dia, o que fez o loiro passou a chamá-lo de “teme” sem parar. O Uchiha logo tratou de retribuir as provocações, o chamando de “usuratonkachi”, afinal, paciência nem sempre era o seu forte, por mais apático que parecesse.

Fora o Uzumaki, Sasuke acabou reparando em alguns de seus colegas. Não muitos, afinal era uma sala grande, mas os que mais o chamaram a atenção fora um tal de Hyuuga, que parecia um CDF muito sério, que adorava ser o primeiro a responder as perguntas dos professores. Ele lhe lançou um olhar não muito amigável, que o Uchiha fez toda a questão de retribuir.

Havia também cara com um rabo de cavalo espetado, que parecia mais entediado que si durante as aulas. Um sobrancelhudo que ficava rabiscando um canto da mesa e uma garota muito pálida de longos cabelos escuros, com algumas mechas azuladas, que não parava de olhar para o loiro irritante com o canto dos olhos, achando que ninguém estava percebendo.

E tinha ela.

Ela.

A garota de cabelos longos e tingidos de um tom de rosa claro.

Sakura Haruno.

É... o nome dela ele fez questão de decorar.

Como o moreno descreveria a garota? Teria mesmo uma maneira correta de descrever alguém tão complexa?

Sasuke não sabia ao certo, mas conseguia sempre pensar em uma palavra:

Irritante.

Logo no primeiro de aula, aquela garota estranha se aproximou dele se apresentou sorrindo de orelha a orelha. Mencionou que era a líder da turma, e como ele era um aluno novo, ela se ofereceu para apresentar a escola para ele. Além de se oferecer também para inseri-lo algum clube estudantil, como os de esportes ou teatro.

Ele recusou ambas as ofertas, é claro.

O sorriso dela desapareceu na hora, o que fez Sasuke pensar que tinha conseguido se livrar da rosada, mas logo ela voltou a sorrir, dizendo que caso ele precisasse de algo, poderia chamá-la.

E desde então, ela não o deixou em paz...

A líder da turma parecia totalmente disposta a tirá-lo do sério, quando tudo que ele queria era apenas ficar em seu canto sossegado.

Mas não.

A primeira coisa que o Uchiha aprendeu sobre ela era que a Haruno era uma garota terrivelmente teimosa.

Sakura queria falar com ele e era isso que ela fazia. Todo santo dia. Aproveitando cada deixa que tivesse para isso.

Mesmo ele não respondendo mais do que algumas palavras, sempre em tom seco, ela não parecia desistir. Sakura parecia sempre ter algo novo para dizer. Parecia ter sempre um novo sorriso para esbanjar.

Agora ele estava ali, com uma pilha de livros debaixo do braço, enquanto caminhava em direção ao seu armário, quando ouviu uma voz que ele conhecia muito bem o chamar:

— Sasuke-kun!

O Uchiha sentiu seus cabelos da nuca arrepiarem. Não sabia se pelo susto ou por estar ouvindo, mais uma vez a voz dela chamando o seu nome.

Ah... aquela voz... Sempre o chamando daquele jeito alegre.

 Sasuke não parou de andar, apenas lhe lançou um olhar por cima do ombro, vendo a garota carregando em um dos ombros uma mochila do mesmo tom dos cabelos, lotada de bottons com estampa de flores e cerejas. Seus cabelos longos e rosas, balançavam no rabo de cavalo desleixado que ela usava.

E é claro, ela estava sorrindo.

 Ela sempre parecia tão genuinamente feliz apenas por vê-lo...

Por que ela era assim com ele?

Por que ela tinha que ser daquela forma?

 Por que ela tinha que ser aquela coisinha irritantemente rosa, que sempre conseguia encontrá-lo pelos corredores quando ele menos esperava?

— Sasuke-kun, espere! — ela gritou, novamente, como se acreditasse genuinamente que ele não parou de andar, por não ouvi-la.

E lá vamos nós de novo....

Por que ela não podia deixá-lo em paz?

Se rendendo, o Uchiha finalmente parou de andar, e se virou para olhá-la, e só podia agradecer a si mesmo por ter feito isso, por que só assim pode ver o momento que a Haruno tropeçou nos próprios pés, e caiu de joelhos no chão.

Sasuke arregalou os olhos, surpreso, mas nada se comparava com a cara dela, que ficou tão vermelha que parecia um pimentão entrando em combustão.

— Ehh... — balbuciou, nervosa.

Ao mesmo tempo que ela parecia constrangida pela situação, pode ver as sobrancelhas dela franzirem, resmungando algo para si mesma. Ela parecia estar se xingando mentalmente, enquanto se levantava.

Quando enfim ela voltou a erguer os olhos verdes para ele, a rosada fez uma expressão adoravelmente confiante, parecendo acreditar ter recuperado a dignidade depois do tombo.

Nesse momento, o moreno simplesmente não aguentou, soltando um pequeno riso soprado. A expressão da Haruno mudou rapidamente, lhe lançando um olhar emburrado, que só o fez rir mais

— Do que pensa que está rindo?! — ela o questionou, apertando os punhos.

Ele não a respondeu, apenas continuou rindo. Sakura franziu as sobrancelhas com raiva e empinou o nariz já naturalmente arrebitado, antes de dar as costas para ele, marchando para longe.

Sasuke fez uma negativa com a cabeça, enquanto se virava continuando a seguir o seu caminho em direção ao seu armário.

É... Aquela foi a primeira vez que ela o fez rir.

E a partir daquele momento, a maneira que ele a via mudou.

Sakura Haruno podia ser irritante, mas conseguia ser engraçada quando ficava brava...

“Interessante...”, pensou o Uchiha com um pequeno sorriso, enquanto guardava seus livros no armário.

Sasuke ainda não sabia na época, mas seu coração estava destinado a ser tomado, por aquela cujo o nome significava: Flor de Cerejeira.