Sonho Renascido escrita por Janus


Capítulo 43
Capítulo 43




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Ainda era muito cedo, mas ela estava ansiosa desde a noite anterior. Sua mochila nunca esteve tão cheia de equipamentos, ou melhor, cheia apenas com equipamentos, pois eles tinham concordado que era melhor caçar a própria comida durante o trajeto para terem mais espaço para levarem o que poderiam vir a precisar.

E de tudo o que estava levando, a maior parte mesmo eram armas. Haruka iria levar os equipamentos para acampar, ou melhor, Shiromaru iria levar isso. Como teriam um pequeno quarto para ficarem por lá, iriam selecionar suas necessidades de acordo com o que iriam fazer, mas precisavam garantir que teriam tudo o que poderia ser útil.

Até mesmo equipamento para orientação estava incluso desta vez, como mapas atualizados do pais do Raio, bússolas, sextantes e até mesmo pássaros selados que quando libertos iriam direto para Konoha. Baseado na direção que iam seguir, poderiam se orientar em uma emergência.

Também estava levando equipamentos menos convencionais, como pergaminhos com armas – que ela pegou no arsenal – e outros com alguns jutsus prontos – não foi fácil convencer o armeiro a selar alguns rasengans neles, mas acreditava que iriam ser muito úteis uma vez que diferente de Minato não podia fazê-los apenas com uma mão - bem como uma grande quantidade de tarjas explosivas.

Olhou para a janela e ainda estava tudo escuro apesar de o horizonte já estar um pouco avermelhado. Iriam sair só depois do almoço, e a titulo de treinamento inicial, o sensei iria apenas acompanhá-los. Eles é quem teriam que acertar o caminho. Claro que se estivessem se desviando muito ele iria dar um aviso. Infelizmente ele avisou que daria o aviso quando estivessem um dia atrasados pelo cronograma.

Tinham dois dias para chegar lá.

Não tinha mais o que fazer agora. Tudo estava já embalado na véspera, e ela meramente cochilou durante a noite, acordando constantemente a cada vinte ou quarenta minutos. Estava mesmo excitada em participar do exame.

Mas estava sentindo uma outra excitação também... a de que teria um namorado quando esse exame terminasse. Sendo ele chuunin ou não! Não podia negar seu interesse no loiro agora, e não tinha mesmo nenhuma desculpa para fazê-lo. Até mesmo estava mais interessada agora em fazer Ringo e Haruka se declararem mutuamente, mas isso podia esperar. Ela só queria mesmo garantir que Minato não perdesse o interesse nela.

Olhou para o seu apartamento que sem a presença de Haruka acabou ficando só para ela. O quarto que seria de Haruka ela transformou em uma sala de jantar e cozinha. Já tinha uma geladeira decente além de um fogão e uma boa mesa que podia acomodar visitas – e até que ela teve muitas visitas naqueles meses, muitas de seus colegas do orfanato que vinham ver como ela estava se saindo, bem como de paqueras antigas que ficaram subtamente interessadas em reconquistá-la.

Sorriu levemente ao pensar nisso e em como Minato ficava enciumado quando ficava sabendo.

Bom, ela não tinha o que fazer agora, e não sentia mesmo nenhum interesse em dormir. Assim decidiu limpar todo o seu apartamento, já que iria se ausentar por muitos dias, talvez até um mês segundo o seu sensei. O que tinha nesse exame que demorava tanto? Lembrava-se de um exame destes que tinha ocorrido em Konoha quando ela ainda estava na academia. Só tinha presenciado mesmo a parte final, quando os classificados lutavam entre si. As fases anteriores eram consideradas como confidenciais e ninguém dizia os detalhes destas.

Suspirou um pouco e foi para o banheiro tomar uma ducha fria para ficar bem desperta. Quando terminou vestiu uma roupa surrada que ela reservava para uso na limpeza doméstica e passou as próximas horas limpando aquele apartamento como nunca o tinha feito antes. Ao final ele ficou brilhando.

Satisfeita, olhou no relógio e quase deu um grito! Faltava meia hora para ir ao local que tinham combinado de se encontrar para o almoço. Foi correndo tomar um bom banho e saiu de casa com apenas cinco minutos de folga com a pesada mochila nas costas – bem mais pesada que o usual, mas todos tinham consciência disto – e disparou para a casa de Haruka. Tsume intimou eles a fazerem a ultima refeição antes de partirem ali.

Foi pulando usando suas habilidades ninja pelos telhados e até de poste em poste, conseguindo chegar lá com poucos segundos de folga – e derrubou pelo menos duas lâmpadas de postes de luz no caminho, tão desesperada que estava em não se atrasar. Foi um milagre não ter tropeçado e ter tido uma longa queda até o chão.

Bateu na porta e esta se abriu mostrando uma pessoa que ela não conhecia. Será que estava na casa certa?

- Hã... – começou ela – a Tsume está?

- Você deve ser Ayame, não? – ele sorriu para ela – estávamos te esperando. Você é bem pontual, seu colega preferiu chegar bem cedo.

Ela ficou um pouco encabulada e entrou na casa. Na sala de estar havia um cão que ela não conhecia. Era malhado e um pouco maior que Shiromaru. Ele latiu para ela de forma alta e a farejou um pouco, a lambendo em seguida de forma animada.

- Chega Aomaru! – disse a pessoa que ainda lhe era desconhecida – ela é colega da prima.

Prima? Olhou para ele de forma curiosa e este sorriu um pouco sem jeito.

- Meu nome é Atomi – disse ele – sou sobrinho de Tsume e estou aqui porque vou com a família assistir ao exame. Ao menos, a parte que vão permitir que eu veja.

- Prazer em conhecê-lo – disse ela ainda um pouco confusa. Aquele “prima” que ele tinha dito seria referente a Haruka? Será que ela acabou sendo adotada na véspera e nem teve tempo de falar sobre isso?

- Pode deixar seu equipamento aqui, e espero que tenha vindo com fome! A tia fez um monte de comida.

Ela fez o que ele pediu e ambos, ou melhor, os três se encaminharam para a sala de jantar da casa. Desta vez havia um porco inteiro assado deitado na mesa de pedra aquecida por baixo, rodeado de frutas e temperos. Haruka e Minato já estavam lá, bem como seu sensei. Kiba e a namorada deste também, e notou eles de mãos dadas. Será que ela devia fazer o mesmo com Minato?

Não precisou pedir licença para se sentar, pois havia um espaço já reservado para ela ali, bem do lado de Minato – que conveniente! – ambos a cumprimentaram e ela se sentou com as pernas cruzadas se mantendo em silencio. Não esperava algo assim tão grandioso naquele almoço.

- Mãe! – chamou Kiba – Ayame chegou.

- Acha que ela não sabe disso? – disse Haruka olhando para ele com uma cara de malandra – posso não poder aumentar minha audição, mas Shiromaru já tinha me avisado que Ayame-chan estava na porta.

Como que para confirmar, Shiromaru deu um ganido e deitou sua cabeça no colo de Ayame, que se prontificou a acariciá-la.

- Ela deve estar fazendo hora para mostrar seu vestido – disse Nayuko de forma zombeteira.

- Quer ir para a aldeia da Nuvem movida a pontapés? – ouviram uma voz forte gritando de algum canto da casa.

- Depende – retrucou ela em voz normal abrindo a mão e observando suas unhas – quer chegar lá apenas com farrapos, sogrinha?

Assim que ela disse aquilo, as unhas delas cresceram e se tornaram garras, e Ayame – e todos na sala – ouviram um suave rosnado, quase um tipo de ronronar. Era comum esquecerem que ela teve um treinamento ninja inicial e que pertencia a um clã que a própria desconhecia, mas todos imaginavam que a exemplo do clã Inuzuka que era um clã relacionado a cães, ela devia ser de um com alguma relação com felinos. Haruka mesma tinha comentado uma vez que ela tinha uma absurda capacidade de se esquivar.

Ayame olhou para Atomi e este apenas riu em voz baixa, já Kiba tinha ficado branco novamente. Quando Nayuko e Tsume discutiam de verdade, ninguém ficava por perto. Isso porque tudo ao redor delas ficava destroçado! Ayame não sabia bem como isso tinha começado, mas achava que tinha sido depois que Kiba pediu Nayuko em namoro.

- Você não vai estragar meu dia! – disse Tsume entrando no cômodo usando um belo vestido  - coisa absurdamente rara – ou melhor, o dia da minha lobinha.

Ayame olhou para Haruka e esta ficou vermelha. Era a primeira vez que ouvia ela se referir a Haruka daquela forma.

- A senhora está linda – tinha comentado Minato ao seu lado.

- Obrigada – disse ela ficando um pouco encabulada – outra coisa rara – bem, podem atacar! – só que assim que ela disse isso, moveu uma grande faca que bateu nas garras ainda compridas de Nayuko – e use a faca para cortar desta vez!

Ela apenas mostrou a língua para ela e recolheu suas garras. Não entendeu muito bem o porque disto.

- Da primeira vez que Nayuko veio aqui, ela fatiou toda a comida com as garras – cochichou Haruka para ela e Minato.

- Sinceramente, adianta cochichar alguma coisa aqui? – Inquiriu Minato no mesmo tom de voz. Haruka olhou ao redor e ficou bem mais vermelha que antes, pois tanto Tsume como Nayuko a olhavam com um sorriso meio zombeteiro.

Apesar da aparente tensão, foi um bom almoço no qual Ayame literalmente ganhou alguns quilos temporariamente de tanto que comeu. Mesmo Tsume e Nayuko não fizerem nenhuma ameaça mutua – e provavelmente não o fariam. Apesar de saber que parecia que aquelas duas não se bicavam, havia uma certa aprovação de Tsume pela namorada de Kiba, talvez por ambas terem um lado um tanto selvagem, apesar de Nayuko mostrar isso apenas quando estava naquela casa. No seu trabalho de enfermeira no hospital, ela era sempre um doce de pessoa.

Houve muitos comentários sobre o exame, e Tsume e Kiba falaram de como sofreram quando fizeram isso – Kiba tinha feito três vezes – mas não deram pormenores, apenas indicaram que parte do exame era algo no sentido de simular uma missão. Isso já sabiam desde a academia. Apesar de querer perguntar para Haruka sobre aquele Inuzuka que tinha aparecido lá e que nunca tinha visto antes, Ayame ficou quieta. Teria tempo para isso de sobra durante a viagem. Eles levariam alguns dias para chegar, já os outros iriam de meios mais normais, de carroça mesmo, e iriam partir bem depois deles. Apenas a hokage e sua escolta iriam partir naquele dia também, e provavelmente iriam chegar lá até antes. Mas o caminho que iam seguir era considerado secreto.

Quase uma hora e meia depois, o sensei deles avisou que era hora de partirem. Tsume deu um abraço muito forte em Haruka e até mesmo os cães dali ganiram como que desejando sorte. Ayame ajudou Haruka a prender a pequena mochila nas costas de Shiromaru onde estava o material para acampamento deles, e depois de mais uma pequena despedida, eles partiram.

Foram um pouco devagar no começo, pois ainda estavam digerindo o almoço muito reforçado que tiveram, mas depois de algumas horas apressaram o passo. As vezes paravam para confirmar a direção que seguiam, pois não queriam surpresas. Aquela era uma tarefa que desde o começo o sensei deles queria deixar para eles tomarem todas as decisões, porque ia ser assim durante o exame.

Foi só quando estava próximo do anoitecer que Ayame decidiu esclarecer sua curiosidade.

- Haru-chan – começou ela após se aproximar da mesma e equiparar seu ritmo pulando entre as árvores – quem era aquele rapaz que estava almoçando conosco?

- Ele é o Atomi. Ele as vezes vinha me ajudar a treinar e a tentar descobrir quais os jutsus que eu posso fazer com Shiromaru.

- Ele a chamou de prima...

Haruka demorou um pouco para responder, e parecia até mesmo acanhada.

- É típico dele. Me chama de prima desde que o conheci. Vive dizendo que já sou uma Inuzuka.

- E o que você diz?

- Você sabe como me sinto – respondeu ela mais séria agora – por mais que tenham me acolhido, me considero como uma invasora ali. Mas não nego que andei pensando muito sobre aceitar ser adotada.

- E...?

- Ainda não sei. Não sei mesmo. Me sinto ainda insegura. As vezes Tsume me chama de lobinha, e outras vezes de poderosa kunoichi. Fico encantada quando ouço isso mas ainda tenho o receio de causar alguma desilusão neles.

- Se quer saber, acho que eles vão ficar desiludidos se você continuar pensando assim. Estão indo ver você neste exame, e parece mesmo que te consideram membro da família.

Haruka ficou quieta, sem sentir vontade de responder.

- Bom, é com você. Mas acho que está se preocupando muito com isso.

Prosseguiram por mais algumas horas até decidirem fazer um acampamento. Ayame fez clones para caçar algo para comerem enquanto preparavam o fogo. O sensei deles por sua vez nada falou durante a viagem, apenas jogou conversa fora durante o jantar, confirmando que daquela vez era praticamente um companheiro de viagem, nada mais do que isso.

-x-

A cena a sua frente era típica de um campo de guerra. Na verdade era pior ainda, pois tinha sido – até o dia anterior – uma imponente construção de pedra sólida do segundo mais importante nobre do país da Terra.

Agora, diante dos olhos do aposentado tsuchikage estavam apenas destroços, mal sendo possível reconhecer algum móvel ou cômodo, quanto mais os pedaços de corpos espalhados por toda parte. Olhou para o seu jovem sucessor e viu como ele estava impressionado, bem como demonstrava uma raiva incontida. Era um gennin na época da quarta guerra, mas viu muitos amigos e colegas morrerem, o que endureceu e muito sua personalidade. Acabou ficando bem habilidoso em resposta ao desejo interno de não permitir que outra guerra daquelas ocorresse. Quando ouviu que um jinchuuriki tinha atacado o segundo nobre mais poderoso e influente do pais – perdendo apenas para o senhor feudal – foi imediatamente atrás dele e de sua experiência para enfrentar algo assim.

Mas era evidente que ele não imaginava que tamanha destruição podia ser feita por apenas uma criatura. Ainda não sabiam se o lorde Tashima estava vivo ou não – e pelo jeito iria demorar muito, mas muito mesmo para examinar todos os cadáveres, ou melhor, os pedaços de cadáveres – e não estava mais importando.

O que realmente importava foi que um jinchuuriki tinha feito aquilo, não um bijuu. Devia ter sido criado provavelmente logo depois da guerra para o hospedeiro ter tido o tempo de maturação necessário para controlar seu bijuu, ou melhor, a hospedeira.

Não fosse o cozinheiro ter sobrevivido, talvez imaginassem que tinha sido o trabalho de um pequeno exercito rebelde ou até de um bijuu isolado. Seu testemunho foi fundamental para saberem o que estavam enfrentando.

Infelizmente isso não ajudava a decidirem o que fazer. Um bijuu teriam idéia de como caçar, já um jinchuuriki não. Ela podia estar em qualquer lugar agora, talvez até se preparando para atacar a sua aldeia.

- Apenas uma mulher fez tudo isso? – perguntou seu jovem sucessor andando pelos escombros do que antes devia ter sido um exuberante jardim e desviando respeitosamente de alguns restos mortais.

- Uma jinchuuriki, não uma mulher – respondeu ele o acompanhando – mas me incomoda que isso foi algo planejado, não ao acaso.

- Porque diz isso?

- Isso é simples – ficou um pouco sem paciência por ele estar se permitindo ficar impressionado com o que via – porque atacar logo aqui? Acha que ela queria dinheiro ou jóias? Não... alguém queria não apenas que Tashima-sama fosse morto mas que soubéssemos quem tinha feito isso, ou melhor, o que tinha feito isso.

- Tem tanta certeza da morte dele?

O velho tsuchikage apenas riu levemente antes de responder.

- Saberemos disto mais cedo ou mais tarde, mas considerando o estado de tudo aqui, acho muito difícil tamanha carnificina apenas para seqüestrar alguém.

Eles já tinham entrado no castelo antes e viram o estado do interior, tendo saído de lá apenas para pegar um pouco de ar puro, já que lá dentro o odor de sangue ainda era muito forte.

- E porque motivo alguém poderia querê-lo morto? Apenas desestabilizar nosso país?

- Política é sempre algo estranho e misterioso – eles deram meia volta e se direcionaram as portas arrombadas da entrada – pode ter sido até para mostrar que podiam fazer. De qualquer forma Tashima-sama era considerado um comerciante muito inescrupuloso, e sem duvida fez muitos inimigos durante seu enriquecimento. Mas causar tamanha quantidade de mortos não faz sentido.

- A menos que não quisessem testemunhas...

Era uma boa possibilidade, ele tinha que admitir. Tampou o seu nariz quando entraram novamente para se proteger o odor que imperava ali.

- Se era isso, foi bom ao menos um ter escapado. Embora eu ache estranho apenas um ter conseguido isso, e ainda uma pessoa que testemunhou a mulher agindo, ou melhor, as duas mulheres.

- O que me leva a uma pergunta... seria a outra também uma jinchuuriki?

- Pelo que ele disse, não podemos ter certeza. Apenas uma delas estava com aquele manto característico dos bijuus.

Ele virou a cabeça para uma porta aberta e seguiu por ela, sendo seguido pelo atual tsuchikage.

- Talvez isso responda sua pergunta. Porque um jinchuuriki usaria uma kunai?

Ambos observavam um jovem menino com uma kunai cravada no pescoço, do seu lado direito. Era fácil imaginar que ele foi surpreendido – ou ameaçado – e ao se virar foi atingido pela arma. A única resposta a sua pergunta foi apenas um manear de cabeça concordando com a sua opinião.

- O que planeja fazer?

Ele hesitou para responder, e não podia culpá-lo. Mesmo ele não tinha idéia do que fazer a respeito. No seu tempo ele tinha uma opção: Usar o seu jinchuuriki para ir atrás deste que tinha atacado, mas agora nenhuma aldeia – ao menos que ele sabia – tinha essa opção. Por todos aqueles anos eles temeram que os bijuus desaparecidos estavam selados em novos hospedeiros, e agora parecia que estes temores estavam se concretizando.

- Não posso mandar times isolados capturá-la, não teriam chance. Acho que o melhor a fazer é enviar patrulhas para a localizar e depois enviar um grande esquadrão confrontá-la.

Olhou para ele interrogativamente.

- Capturá-la?

- O bijuu seria uma boa aquisição e grande demonstração de nossa capacidade. Claro que não planejo criar meu próprio jinchuuriki, as outras nações sem duvida nos atacariam se o fizesse. Mas antes de eliminar essa mulher eu quero respostas. Teria alguma outra sugestão?

- Avise as outras nações – disse ele ficando mais sério – caso não tenha percebido, isso pode ser encarado como se tivéssemos criado nosso próprio jinchuuriki e este como muitos outros antes fugiu ao controle.

- Farei isso mas não agora – ele suspirou - tenho certeza que o senhor feudal vai querer respostas sobre tudo isso. E eu mesmo não as tenho.

-x-

Era noite alta quando ele rendeu seu colega e ficou de vigília no seu posto observando os arredores da aldeia. Mesmo sendo incrivelmente raro algo ocorrer – como o incidente de duas semanas atrás – aquela tarefa era sempre delegada aos mais experientes e bem treinados membros da ANBU. Era preciso ser experiente para identificar alguma ameaça em potencial, e ter um extensivo treinamento para não se deixar abater pelo tédio ou considerar o a situação como rotina. Assim eles ficavam atentos a qualquer movimento, mesmo os que eram feitos pelos amimais. Verdade que a rede sensora que cercava a aldeia sempre dava um alarme antes deles, mas a função dos mesmos era serem os primeiros a chegar ao local da invasão ou ameaça.

O céu estava encoberto e parecia que talvez chovesse em algumas horas. Era uma péssima noticia, pois a chuva reduzia seus sentidos e teria de mover-se muito por ali na sua área a ser vigiada. Ao menos a hokage já tinha partido para presenciar o exame – muitos consideraram isto um fato muito curioso, já que era a primeira vez que ela fazia isso – bem como a líder do clã Hyuuga – outro evento curioso, já que os que iam apenas assistir saiam uma semana depois – o que tranqüilizava um pouco os respectivos shinobis que teriam como tarefa secundaria a de protegê-las.

Mas o mais curioso mesmo foi que Shikamaru também foi presenciar o exame. Não era sua função pensar nisto, mas não havia duvidas que algo diferente estava ocorrendo desta vez. E se ele podia pensar em tal coisa, outros sem duvida iriam pensar também, e estes outros não seriam propriamente aliados da aldeia.

Decidiu por não permitir estes pensamentos o distraírem de sua tarefa e concentrou-se em fazer sua ronda, investigando movimentos e sons que captava e confirmando se tratar apenas de animais ou mero farfalhar de folhas. Prosseguiu com sua tarefa pelas horas seguintes até começar a ocorrer algumas trovoadas anunciando a chuva que se aproximava. Alguns minutos depois disto ele ouviu outro tipo de som, como o de passos distantes. Ele estava próximo da estrada que levava a aldeia, portanto só podia vir de lá, uma vez que o solo da floresta era fofo demais para este tipo de som.

E se ele podia ouvir – e fosse algum invasor – os sensores que mantinham o escudo já deviam ter percebido. Seja como for ele estava ali bem próximo e tinha como dever investigar. Começou a saltar pelas arvores enquanto tentava planejar como agir.

Outro incidente tão cedo era perturbador, mas sem demonstrar hesitação ele foi em direção ao som, chegando a origem deste em poucos minutos. Eram duas pessoas correndo pela estrada, e pareciam ter muita pressa. Além disso, pelo tamanho dos seus cabelos imaginou que eram duas mulheres.

Ambas corriam dando grandes e rápidos passos, quase que em pânico. Também olhavam constantemente por sobre os ombros, como se procurassem por algo ou alguém as perseguindo. Ao ver isso pensou na semelhança que tinha com a caravana que tinha sido atacada, mas não conseguia ouvir nada além de seus passos ecoando e de alguns trovões distantes. Sendo assim era melhor interceptá-las e descobrir o que faziam ali.

Um relâmpago mais próximo junto de uma trovoada que reverberou pela região ocultou o seu salto dando a impressão para ambas que ele tinha aparecido do nada. Ele ficou em posição de defesa e com a mão em uma kunai, pronto para usá-la imediatamente e sem misericórdia. Ambas estacaram diante dele e o observaram com os olhos arregalados. Podia notar agora vários hematomas nelas, e alguns cortes em suas roupas – que por sinal, não eram roupas comuns de viajantes ou mesmo de donas de casa. Eram pretas e parecia haver um capuz em suas costas para cobrir a cabeça. Notou que uma delas tinha uma bainha na cintura, porém sem espada, já a outra tinha uma faca presa nesta.

- Por favor, não! – gritou uma delas se ajoelhando em seguida, ato imitado imediatamente pela outra.

- Quem são vocês? – ele não as conhecia, mas era mais do que evidente que estavam apavoradas e fugindo de algo, considerando que olhavam para trás constantemente. Mas ele não percebia nada se aproximando.

- Apenas... apenas nos prenda! – disse a outra, o que o deixou totalmente confuso.

Foi a primeira vez que ele hesitou. Aquelas duas estavam correndo pela estrada querendo ser presas? Na verdade... porque iriam pedir para um estranho fazer isso? Ele não estava vestido como um soldado, muito menos existia qualquer tipo de autoridade no país que usasse mascaras. Só podiam pedir isso se soubessem o que ele era.

- Por favor! Ou eles vão nos matar!

- Quem? – inquiriu ele já percebendo movimento atrás de si. Muito provavelmente eram outros ANBUs vindo investigar uma nova invasão de perímetro, mas ele não ia se arriscar e continuou em guarda. Caso fossem esses ninjas que elas mencionaram, era melhor se precaver. Pegou uma tarja explosiva com sua outra mão e apenas a deixou enrolada nesta.

- Dois ninjas! – disse a primeira que tinha falado – Nos obrigaram a matar todos de uma caravana e agora querem que nos entreguemos ou irão nos matar!

O som de passos atrás de si estava mais forte, e uma rápida olhada confirmou que eram outros ANBUs. Mas isso não diminuiu sua surpresa sobre o que tinha ouvido. Elas mataram as pessoas daquela caravana?

- Vocês foram obrigadas a fazer isso?

Via que elas tremiam agora. Uma delas pegou a faca da cintura e a arremessou longe.

- Sim, por favor! – ela ofegava muito, e estava já chorando – apenas nos prenda logo antes que eles cheguem.

De tudo o que ele já tinha visto em sua vida – e não foi pouco – aquilo tinha sido totalmente inusitado. Duas mulheres vestidas de forma a ficarem ocultas a noite – talvez duas ladras – correndo em direção a aldeia e pedindo para o primeiro que viam na estrada para prendê-las?

- Porque estavam indo nesta direção?

- Para chegar em Konoha, onde devíamos nos entregar. Você não é de lá? Nos disseram que mascarados iam nos parar na estrada, e se fosse isso para nos entregarmos para eles.

Os recém chegados ANBUs se entreolharam, totalmente confusos com a situação como ele estava. Dois deles imediatamente correram adiante pela estrada, para tentar localizar quem seriam estes ninjas que tinham apavorado tanto estas mulheres que elas insistiam constantemente em serem presas. Começou a imaginar que torturas tinham sido submetidas para estarem neste estado.

Apesar de questioná-las para tentar entender o que realmente estava acontecendo, ambas apenas insistiam que estavam ali para se entregar, e  estavam quase que desesperadas para isso. Ao fim de meia hora, os ANBUs decidiram amarrá-las bem e levá-las sob pesada segurança para a aldeia, onde teriam meios melhores de descobrir o que aquilo significava. Isso as acalmou, e ambas seguiram calmamente com eles, não se incomodando nem um pouco de estarem bem presas.

Um grande grupo de ninjas foi enviado em seguida para examinar todos os arredores, mas não encontraram nenhum, sinal dos ninjas aos quais as mulheres se referiam. Iria demorar algum tempo, mas em poucos dias finalmente seria revelada toda a trama que Etsu tinha feito, e isto iria impressionar e muito os shinobis de Konoha, especialmente o chefe da divisão de inteligência desta.

Ainda assim, eles demorariam mais um pouco para descobrirem o motivo pelo qual toda aquela trama tinha sido feita.


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Notas finais do capítulo

bom, eles partiram para o exame chuunin e tanto a trama de Kabuto como a de Etsu estão caminhando conforme os respecitivos arquitetos planejaram. No caso de Etsu voces já sabem o que ela quer, já Kabuto.... bem, quando Etsu voltar para ele, talvez surja alguma outra pista de seus objetivos.



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