Sonho Renascido escrita por Janus


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Esta fic é sobre um futuro de Konoha que descrevi levemente em duas shortfics: Sonho Morto e Hinata-mama. Estas duas fics fazem parte da mesma história mas são soltas por assim dizer. Esta daqui começa no mesmo dia dos eventos relatados em Sonho Morto. E para se situarem, a fic Hinata-mama teria ocorrido quatro anos antes.

Nota: Eu não separo capitulos por temas, apenas junto seis ou mais paginas de texto e publico.



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 Ela parecia estar contente. Sorria ocasionalmente e uma vez ou outra segurava uma risada. Quem a visse acharia que estava enlouquecida. Estava em seu quarto procurando um objeto especial quando acionou seu  byakugan para facilitar a busca do mesmo. Fazia mais de dez anos que o guardara e agora não imaginava onde estava.

 Mas acabou não resistindo a tentação e procurou pelo garoto que tinha se tornado um genin. O pai do mesmo ficaria orgulhoso, assim como ela estava. E ele tinha conseguido isso com seu próprio esforço e mérito. Claro que ela e outros andaram ajudando sutilmente, fazendo uma coisa ou outra para incentivá-lo a se aprimorar. Mas todos se contiveram o bastante para ele conseguir isso por si mesmo.

 Observava sentada na cama através de várias paredes e algumas casas da aldeia o garoto loiro correr desesperado com duas meninas atrás dele. Não pode deixar de sorrir com isso. Não conseguia pensar em nada que pudesse explicar àquela cena, mas tinha certeza que nenhuma das duas perseguidoras queria pegá-lo para alguma demonstração de carinho. Com certeza devia ter aprontado alguma com ambas e as mesmas queriam retribuir aumentando a resistência de sua caixa craniana.

 Ou como Naruto teria dito, iam enchê-lo de porrada, considerando como o rosto de ambas estava raivoso. E pensar que a existência daquele menino se devia ao seu egoísmo.

 Ou amor. Tinha sido há quatorze anos antes. A aldeia se preparava para um ataque eminente da Akatsuki. Sabia que Sasuke ia estar com eles, e sabia o que Naruto ia fazer. Tinham poucos dias para se prepararem. Quando soube daquilo, quando ela e os outros ninjas da aldeia receberam as ordens da hokage-sama, ela percebeu que tinha pouco tempo para tentar o impossível. Foi direto atrás de Naruto para conversar com ele.

 Ainda se lembrava das palavras em sua mente. De cada palavra dita naquele dia, de cada emoção que teve.

 - Naruto-kun, e-eu... preciso falar com você.

 - Hinata-chan?

 Ele estava surpreso ao vê-la. Não tinham conversado desde o ataque de Pain até o mesmo ficar desaparecido por algumas semanas. Mas então ele tinha voltado e, como esperava, não tido ido falar com ela.

 - Naruto-kun. Eu... eu sei o que você vai fazer.

 Ele ficou surpreso, mas não parecia propriamente incomodado.

 - HInata-chan – lembrava-se de como seu rosto estava meigo e acanhado naquele dia – se sabe o que farei, então também sabe que tenho que fazer isso.

 - Sei que não se lembra do que houve naquela vez em que Pain atacou a aldeia – tinha insistido ela antes que algo ocorresse que a deixasse sem forças -  por isso eu quero dizer de novo...

 - Que me ama?

 Essa era a cena que mais estava gravada a ferro e fogo em sua alma. Lembrava-se exatamente do seu coração parando ao ouvir aquilo, de seu maxilar fechando-se involuntariamente fazendo seus dentes baterem com força, de todos os seus músculos se contraindo ao mesmo tempo, da incrível sensação de tristeza que se abateu sobre ela.

 Ele se lembrava!

 - N-Naruto-kun...

 - Você deve achar que quando a raposa quase escapou, isso me afetou muito. É verdade, mas eu me lembro daquilo muito bem. Lembro-me do que disse, e de como o disse.

 Mesmo agora ela chorava ao lembrar-se das palavras. E da expressão de misericórdia em seu rosto, como se sentisse pena por não corresponder aos seus sentimentos.

 - Sei que você ama a Sakura-chan e...

 - Não! Já faz um bom tempo que isso mudou.

 Foi nesse instante que seu coração parou pela segunda vez. Ela moveu a sua mão direita para o peito e a pressionou firmemente contra si, deixando de observar o garoto que fugia das amigas – ou seriam naquele momento inimigas? – por alguns segundos.

 - Hinata-chan – ele segurou as suas mãos e apenas isso a deixou apavorada. Tinha medo de desmaiar como sempre fazia – eu me lembro de tudo o que você disse. Tudo mesmo – havia um sorriso em seu rosto, isto lhe dava forças – mas já naquela época eu tinha razões para não procurá-la - lembrava-se de como seus olhos ficaram abertos ao ele dizer aquilo – não porque não queria, mas porque não podia. Logo depois da luta contra Pain, a vovó hokage ficou em coma, e fiquei sabendo que iam colocar a cabeça de Sasuke a prêmio. Eu tinha muita coisa para pensar antes de ousar tentar descobrir o que eu sentia por você depois daquilo. Queria realmente falar contigo, mas esperava que as coisas ficassem um pouco mais tranqüilas. Mas isso nunca aconteceu.

 As lágrimas tinham ficado paradas em seus olhos naquela época, e o mesmo acontecia agora.

 - Eu fui em uma missão por conta própria como sabe, para tentar convencer o kage da aldeia da Rocha para retirar a ordem. Eu não consegui. E logo em seguida Sakura-chan me encontrou, tentando me convencer a desistir de tentar trazer Sasuke de volta.Bom, você sabe que acabei enfrentando Sasuke depois, e Tobi estava lá também.

 - Naruto...  – tinha tentando falar algo. Não queria ouvir dele o que temia. Na época imaginava que ele estava apaixonado por Sakura e por isso temia ferir seus sentimentos falando isso. Mas quando ouviu tudo aquilo, quando ele começou a explicar os eventos que ocorreram, ela percebeu onde ele ia chegar. E não queria ouvir.

 - Apenas ouça, HInata-chan – ele tinha posto um dedo em seus lábios para que ficasse quieta. Lembrava-se de como ficou surpresa de não ter desmaiado ainda. E mesmo agora não conseguia imaginar que poder a permitiu ficar consciente durante tudo o que houve – Não quero começar algo que pode terminar de repente. Eu não sei se irei sobreviver ao Sasuke. Não sei se poderei trazê-lo de volta. Pensei muito nisso quando voltei, se devia ou não conversar contigo. Se devia descobrir o que poderia ocorrer conosco. Mas diante do que pode ocorrer...

 - É por isso que estou aqui! Não só para dizer que te amo, mas que tenho medo que morra. Tenho medo de perder você para sempre. Tenho medo... tenho.. eu..

Ela não sabia como dizer o que desejava. Mesmo agora, quatorze anos depois, acreditava que tinha sido um milagre conseguir o que queria quando foi procurá-lo.

 - Hinata-chan, por favor...

 - Você disse que não queria começar algo que pode terminar de repente. Mas eu não quero ficar o resto da vida sem saber como poderia ser. Sem uma resposta definitiva, e não aceito que me rejeite apenas para me proteger! Se for para me rejeitar, que seja porque não quer nada comigo, e não por piedade ou proteção. Mas o fato é que eu...

 - Em dois ou tres dias a Akatsuki deve nos atacar. Não acho que...

 - Você já sabe o que vai fazer, e eu sei o que vou fazer. Porque não podemos... porque você não pode... não poderia...

 Ela começou a chorar naquele instante. Não queria fazê-lo, mas não conseguiu se controlar.

 - Pensei muito sobre isso, Hinata-chan, e não seria justo eu tentar algo...

 - Injustiça seria nunca tentar – ela o interrompeu com determinação – esse é o seu jeito ninja de ser?

 Lembrava-se de como ele arregalou os olhos então. Tinha ficado surpreso com a determinação dela, e ela própria agora se lembrando das coisas também estava surpresa. Mas ela estava obcecada na época. Não queria apenas agradecer a tudo o que ele fez por ela apenas por ser ele mesmo, mas queria algo para se lembrar do loiro pelo resto da vida, caso sobrevivesse.

 - Meu jeito ninja...

 - Você não desiste, eu não vou desistir também. E ainda não me respondeu. Caso não houvesse essa ameaça e tudo estivesse em paz, o que iria fazer?

 Ele demorou para responder. Ficou observando-a nos olhos com uma expressão indefinida por um bom tempo. Tempo que mesmo agora ela podia contar os décimos de segundo enquanto aguardava uma resposta.

 - Eu ia tentar descobrir o que sinto por você – murmurou ele em voz baixa.

 - Hinata-sama?

 Ela gritou de susto ao ouvir o seu nome. Virou-se na direção da voz e viu Neiji olhando-a com curiosidade.

 - N-Neiji-san, você me assustou.

 - Perdoe-me Hinata-sama, mas sua presença é solicitada – ficou intrigado quando observou que ela estava usando o byakugan – há algo errado?

 Ele acionou o próprio byakugan para observar ao redor. Estava mesmo preocupado.

 - Não – respondeu ela – apenas procurava por uma coisa no meu quarto e usei o byakugan para facilitar a procura, mas ai acabei vendo o Minato-kun na aldeia e...

 Neiji procurou ao redor e logo em seguida um sorriso se formou em seu rosto. Um sorriso que parecia que ia se transformar em uma risada.

 - O que foi?

 - Devia ver isso – disse ele contendo os risos.

 Ela acionou seu byakugan e procurou por Minato novamente. Encontrou-o encurralado em um beco com as duas meninas se aproximando lentamente e aparentemente falando em voz alta, como podia deduzir pela forma que moviam os lábios. O que será que ele tinha aprontado com elas?

 Ele parecia apavorado, de costas para o muro e pensando em algo para escapar. Nisso ambas fizeram um jutsu e...

 Mas...

 Aquele não era o jutsu erótico de Knohamaru? Só que era a versão para as mulheres... nossa! Até ela ficaria distraída com aqueles rapazes nus fazendo pose para ela. Coitado do Minato, estava ajoelhado agora e implorando perdão para elas pelo visto.

 Mas pelo jeito elas não iam perdoá-lo. Os dois “rapazes” o agarraram e o beijaram na bochecha. Logo em seguida reverteram a transformação e elas ficaram observando com um sorriso de satisfação o corpo de Minato no chão se contorcendo de vergonha.

 - Parece que a variação do jutsu erótico que Knohamaru-san inventou tem certas... aplicações úteis para as meninas...

 - Coitado dele – disse ela contendo a risada – mas deve ter merecido. Contudo, se ele tivesse uma mãe ao seu lado o tempo todo, talvez não fizesse tanta travessura.

 - Hinata-sama – Neiji a olhou sério – por favor...

 - Eu sei Neiji-san – cortou ela – sei muito bem. Eu concordei com isso. Eu aceitei o fardo. Eu o carrego até hoje, mas isso não me obriga a gostar ou achá-lo justo.

 - É verdade, me desculpe.

 - Está tudo bem Neiji-san. Eu vou procurar o que quero mais tarde. Mas foi bom ver que o meu... que o Minato-kun é uma criança como qualquer outra. Fazendo e sofrendo travessuras.

 - Igual ao pai – murmurou Neiji a acompanhando para fora do quarto.

 -x-

 Está fazendo um bom trabalho, Sakura-chan.

 Sentia a cabeça pesada. Na verdade, sentia todo o seu corpo pesado. Quem estava falando com ela? Melhor ainda... onde ela estava? Não via nada, mas sentia o seu corpo. Tentou mover as mãos para esfregar os olhos, mas sentia como se as mesmas não quisessem se mover. Pareciam que estavam dormentes.

 Não precisa se preocupar. Tudo esta indo muito bem.

 Não se sentia presa, mas não conseguia se mover. Quem era? Naruto? Era ele? O jeito de falar parecia ser dele, mas não reconhecia a voz. Nem mesmo sabia se era uma voz. Ainda tentava se mover quando um brilho avermelhado a assaltou com violência, fazendo-a gritar – ou tentar gritar – de surpresa e susto.

 Piscou os olhos feridos com a claridade que os iluminava. Poucos instantes foram necessários para verificar que estava na sua cama e que tinha sido um sonho. Ou pensava que tinha sido um.

 - Naruto... – murmurou ela ao lembrar-se dos poucos fragmentos do que tinha sonhado. Ninguém mais a chamava de Sakura-chan atualmente.

 - Bom dia, hokage-sama – disse uma voz ao seu lado.

 Ela virou o rosto em direção a janela de seu quarto. Shizume estava ali. Tinha sido ela quem tinha aberto a janela deixando a luz entrar, a acordando com isso. Uma rotina a qual se mantinha fiel desde que tinha assumindo como sucessora de Tusunade, quando esta faleceu e lhe deixou a batata quente nas mãos.

 Uma batata quente que teria abandonado não fosse a ultima vontade de sua mestra em testamento e o apoio que teve dos anciões da vila.

 - Ainda fico encabulada desse tratamento para comigo, Shizume-sempai – ela sorriu.

 - Você é a hokage – comentou ela sorrindo – é assim que me acostumei a chamar a hokage. Alem disso, chamá-la de hokage-chan não teria o mesmo efeito. E daria abertura a um certo shinobe a chamá-la de vovó.

 - Ele morre se fizer isso – respondeu de cara fechada. Logo em seguida as duas riram descontraídas.

 Ela tinha vinte e quatro anos na época. A vila tinha se recuperado totalmente da quarta guerra ninja e já tinha parado de lamentar pelos mortos. Alguns destes eram venerados como lendas então. Especialmente Naruto, que tinha lutado contra Sasuke e em seguida contra Tobi, salvando a vila e sacrificando-se no processo.

 Seu temor tinha se realizado. Sasuke e Naruto lutaram, e como Naruto prometeu, ambos morreram. Ela ainda levava flores para seus túmulos no cemitério, embora alguns ainda a criticassem por fazer isso também para Sasuke, o traidor. Verdade que sua lapide não mais era chutada ou  sofria vandalismos, mas isso era mais em respeito a lápide de Naruto que ficava ao lado do que da ordem de sua antecessora para tanto.

 Ela foi a única sobrevivente do time sete naquela luta. Era a única testemunha viva do que realmente ocorreu. Também era a única a  conhecer o paradeiro da raposa de nove caudas. E principalmente todos os que conheciam o fato de que Naruto teve um filho eram de confiança suficiente para ter certeza que manteriam o segredo, não importasse a que custo.

 Tudo isso estava resolvido e a vida seguia tranqüila quando sua mestra morreu em um ataque totalmente inesperado ao escritório da hokage. Os atacantes foram mortos, e entre o luto e o pesar pela morte de uma das melhores líderes que a vila tinha tido, veio a surpresa de que ela a indicara como sucessora em seu testamento.

 - Ficou muito quieta. E não creio que seja por ficar preocupada de alguém a chamá-la de vovó.

 - Nada disso – ela olhou para o teto do quarto - apenas lembrando dos últimos anos. Eu nunca me imaginaria sendo a hokage desta aldeia, muito menos sendo tão jovem. E não me compare com Gaara! Ele teve isso como objetivo de vida, e se esforçou para atingir esta meta.

 - Mas ficou sendo preparada por Tsunade-sama para isso.

 - É nisso que estava pensando – ela jogou o cobertor para o lado e espreguiçou-se antes de se levantar – desde o fim da guerra ela ficou me preparando para isso, embora eu não imaginasse tal coisa na época. Colocou-me para auxiliá-la em serviços burocráticos, as vezes como representante da aldeia em visitas importantes... pensando nisso agora, ela parecia saber o que ia acontecer. Aposto que até fez a cabeça dos anciões para aceitar isso.

 - Não duvido – Shizume se aproximou e começou a arrumar a cama dela – mas você não foi a única. Havia uma outra opção.

 - Eu sei que havia. Nossa! Estou horrível!

 - Vai melhorar agora, hokage-sama. O pior já passou. Não há muita coisa pendente, exceto selecionar os senseis para os novos gennins.

 Ela se olhava diante do espelho do quarto e fazia caretas observando seus cabelos emaranhados e a borda de seus olhos com uma mancha negra fraca. Uma seqüela das varias noites mal dormidas que tivera na ultima semana. Olhou para a sua testa, imaginando se o treinamento que fazia ia ter efeito algum dia. Pessoalmente não fazia questão daquilo, mas tinha sido o ultimo pedido de sua mestra. Ela queria que fosse a sua herdeira. Por fim abaixou a cabeça e foi ao banheiro cuidar da higiene matinal.

 Sua mestra ficou nos últimos anos de sua vida agindo como se soubesse que seu fim estava próximo. Talvez não fosse em um assassinato, mas ainda assim ela sabia. Tinha um testamento feito para a eventualidade, tinha-a preparado devagar e de forma oculta da mesma para isso. Foi um choque saber que era indicada para hokage. E diante dos anciões queria desistir disso. Sabia que era uma traição ao desejo de sua mestra, mas não se sentia segura para tanto. Mas a forma como lhe convenceram do contrário ainda a incomodava. Ou ela aceitava e seria a mais jovem hokage da aldeia, ou Shikamaru seria indicado e teriam o hokage mais preguiçoso da história. E ela teria que ser a auxiliar dele.

 Pior que foi Shikamaru quem disse isso.

 Espere... o que foi que Shizume tinha dito?

 - Como assim selecionar? – ela colocou a cabeça para fora do banheiro ainda com o rosto molhado e os cabelos meio penteados – pensei que ia ter uma equipe para isso e eu apenas daria o aval.

 - Bom – ela ficou corada – Minato-kun é um dos novos genins, e você sabe que há uma certa competição para quererem ser o sensei dele...

 - Eu tinha esquecido – murmurou com uma expressão de desespero no rosto – vai ser um dia daqueles...

 Após dizer isso, ela apertou os lábios e fechou os olhos, articulando um “não me enche!” com os lábios. Mas shizume não reparou nisso.

 Uma hora depois ela estava sentada em uma mesa em forma de meia lua junto a outros senseis avaliando as fichas dos shinobis dispostos a serem os líderes dos times dos novos genins. Havia umas fichas separadas diante dela as quais ia folheando observando os nomes: Knohamaru, Kiba, Ino... todos os que sabiam quem era o filho de Naruto. Até o de...

 - Shizumi?! – exclamou ela ao ver o nome dela ali.

 - Sim? – disse ela que estava sentada a sua direita – algum problema, hokage-sama?

 Ela olhou para a sua sempai, amiga e assistente – uma confusa marca de atribuições – e mantinha a boca meio aberta formando uma quase careta.

 - Eu não falei nada porque não queria influenciá-la, mas... – ela estava ficando vermelha – eu tenho pensado nisso desde que ele foi para a academia.

 Deu um sorriso amarelo e voltou as fichas, imaginando o que fazer a respeito. Os nomes ali não eram surpresa – tirando Shizume - mas o que a incomodava era um nome que não estava ali.

 Hinata!

 Hinata tinha conversado com ela na véspera sobre um assunto do clã, e tinham aproveitado e trocaram fofocas sobre algumas diabruras que o filho de Naruto.tinha aprontado no orfanato. Apesar dela não demonstrar, foi fácil perceber como se sentia por precisar ficar em uma posição de amiga do garoto, talvez de irmã mais velha, mas era obvio o que ela queria. E já fazia algum tempo.

 - Todas as fichas estão aqui? – perguntou ela olhando as outras pessoas da mesa.

 - Sim, hokage-sama – respondeu um deles.

 - E onde esta a de Hinata-chan?

 - Ela não se candidatou a sensei – respondeu Shizume.

 - Não? – Sakura estava chocada com a informação.

 Shizume olhou para baixo antes de responder.

 - Eu a lembrei da formação dos novos genins alguns dias atrás, comentando de que não tinha feito o pedido. E ela foi taxativa ao dizer que não o faria. Mas... – olhou para os outros na sala – não explicou o motivo.

 Ela apertou os lábios de deixou as fichas na mesa, ponderando a respeito. Os times estavam formados. Oito novos times de genins, dando vaga a oito candidatos a serem sensei. Primeiro pensou em deixar aquela decisão para o final. Mas agora mais e mais pensava que apenas o fato de ter ouvido os pedidos dos amigos para serem o sensei daquele garoto tinha sido um erro. Ele não podia ter predileção. Seu pai não gostaria disso, nem mesmo a mãe.

 Talvez por isso Hinata se absteve.

 Ela empurrou as fichas para o lado e pegou as fichas dos times, localizando onde o garoto tinha ficado.

 Time seis.

 Pegou-se sendo saudosista. Ela gostaria que tivesse caído no time sete. Visto que ela era a única sobrevivente viva daquele time, seria bom o único descendente de um de seus membros formar o time sucessor. Mas o acaso não gostava de ser generoso.

 - Na minha opinião – começou ela falando em voz alta para ninguém em especial – não acho ser certo alguém querer ser sensei objetivando apenas uma pessoa deste time. Shikamaru reconheceu isso e foi claro quando disse que após a academia, o filho de Asuma-san não teria predileções. No entanto... conheço apenas uma pessoa que irá treinar o garoto como... – hesitou. Não podia fizer que seria como o pai gostaria. Havia pessoas ali que nada sabiam daquilo, e não queria dar nenhuma pista a respeito – ele deve ser treinado.

 Pegou uma das fichas dos candidatos a sensei e a colocou junto com as fichas dos três genins.

 - Imaginei que seria ele – disse Shizume a observando – uma boa escolha.

 Sakura a encarou com os olhos semi-cerrados. Uma expressão que aprendera a imitar de sua mestra, quando desconfiava de algo ou quando alguém fazia algo que a desagradara. E nesse caso fora Shizume por ficar bisbilhotando sua escolha.

 - D-desculpe hokage-sama!

 - Bom, agora que esse assunto especial está resolvido – olhou para os outros na mesa – vamos decidir os outros senseis.


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Notas finais do capítulo

Bem, criei coragem e resolvi escrever a fic completa que tinha dado apenas migalhas antes. Sobre a Hinata, não se preocupem. Ainda tem muito flashback pela frente, e não só dela. Afinal eu preciso explicar como as coisas chegaram onde estão atualmente.