Contrato de Casamento escrita por Emmy Alden


Capítulo 70
Sessenta e Cinco


Notas iniciais do capítulo

preparados?



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"Is it killing you like it's killing me? Yeah

I don't know what to say since the twist of fate

When it all broke down

And the story of us looks a lot like a tragedy now

Next chapter"

(The Story of Us)

 

SEBASTIAN

uma semana depois do casamento

Eu estava atrasado.

Que ótimo!

Meu primeiro dia em um novo cargo e eu estava dando um nó na minha gravata dentro do elevador.

Seria bem mais fácil se eu mostrasse que era um péssimo profissional de uma vez, afinal, nunca daria conta daquele serviço sozinho. Principalmente dada as circunstâncias.

Hunter estava dormindo no meu apartamento só para garantir que eu estava lembrando de comer e beber água.

Me empurrando para dentro do chuveiro.

Desligando a televisão quando tudo o que eu mais queria era um escape.

Fazia uma semana desde que Olivia havia saído da salinha onde discutimos e desapareceu da minha vida.

Não era exagero.

Não havia mensagens, nem ligações...nem mesmo vi quando ela foi embora da cidade.

Lembrava que apenas fiquei parado lá como um idiota, até Pedro Sartori aparecer e me perguntar o que tinha acontecido.

Era uma boa pergunta.

Uma ótima pergunta.

Eu só não tinha uma resposta ainda.

Desde então eu havia ignorado qualquer interação humana ao máximo.

Meus pais recebiam tratamento monossilábico, Hunter era a única pessoa que conseguia ouvir mais do que cinco palavras por hora saindo da minha boca

Claro, ele e a caixa postal de Olivia.

Deixei recados até começar a ouvir a mensagem de que aquela caixa postal estava cheia.

Nem a voz dela dizendo que era Olivia Sartori e que eu poderia deixar um recado, eu tinha o direito de ouvir mais.

Na quarta-feira depois do ocorrido, quando os Sartori, ainda sem jeito, nos ajudaram a preparar as coisas para irem embora, recebi uma mensagem do RH da B&T dizendo que o meu chefe queria conversar referente ao novo cargo de supervisor. Dois dias depois, ele anunciou numa chamada que, depois de muita deliberação, o cargo iria para mim.

Mas eu só fui perceber o quão estranho aquilo aconteceu, depois que minha cabeça desanuviou da confusão e da dor do meu coração partido.

Após dias repetindo na mente cada palavra dolorosa e afiada de Olivia na nossa última conversa — e após Hunter aparecer no meu apartamento, insistindo em fazer uma intervenção. — comecei repetir tudo que tinha acontecido antes. Tudo o que Olivia tinha me dito até às vésperas do casamento.

Entre essas coisas havia o: Faria qualquer coisa por você, Ferrante.

Eu lembrava do seu tom, da sua inflexão, o modo como me olhou, a sinceridade e a emoção em seus olhos.

Coisas que não estavam ali enquanto ela dizia que não sentia nada por mim.

Não, enquanto acabava tudo entre nós, seus olhos não tinham pena, nem deboche, nem raiva.

Não havia nada ali.

Por que não havia nada ali?

Esperei a porta do elevador abrir e encontrar pessoas resmungando da segunda-feira de manhã ou batendo o maior papo sobre o recesso.

No lugar, me deparei com todos sentados em seus devidos lugares e um burburinho suave entre colegas de mesas adjacentes.

Dei bom dia normalmente para as meninas da recepção do andar e um mais alto para todo o pessoal lá dentro, que me observava com atenção.

Quem será que eles tinham dito que seria o novo chefe deles e...

Ela estava no fim do corredor.

De costas para mim.

A camisa social azul clara estava por dentro da saia preta, os cabelos soltos caindo até a sua cintura.

Parei de andar e tenho quase certeza que boa parte das pessoas também pararam o que estavam fazendo para observar a cena quando Olivia se virou e me viu.

 

OLIVIA

dia do casamento

Não sei como eu tive forças para fazer com que minhas pernas funcionassem direito. Nem lembro exatamente como foi que me afastei do salão pelos fundos e caminhei de volta em direção à casa dos meus pais.

Minha vista estava embaçada de lágrimas não derramadas.

Esperei que Sebastian viesse atrás de mim. Que corresse ao meu encontro e me mostrasse que tudo aquilo era um pesadelo. Que eu ainda estava dormindo e nosso casamento seria na tarde seguinte.

Mas no fundo eu sabia que aquela era minha realidade, e por isso rezei para que ele não viesse.

Precisava sair dali. Precisava ficar inacessível ou não aguentaria.

— Olivia, espere um pouco. — Uma voz me chamou enquanto eu levantava a barra do meu vestido.

— Acho melhor você preparar o carro, Santiago. — comentei por cima do ombro. — O mínimo que você pode fazer depois de destruir a minha vida é me dar uma carona para casa.

— Olivia, você sabe que eu não...

— Eric, agora não, por favor. — falei, caminhando para a porta dos fundos. Pude ouvir que o advogado não me seguia mais.

Passei pela soleira e respirei fundo, permitindo meu corpo tremer de verdade pela primeira vez desde que conversei com Sebastian.

Ele te odeia agora, parabéns. Era exatamente o que você queria. Agora é só seguir em frente. Um passo de cada vez.

Um passo de cada vez.

Um soluço escapou da minha boca e eu me apoiei na parede.

Não teria de seguir em frente depois daquilo.

Como eu poderia dar as costas ao homem que me fez sentir como se eu fosse a única que importava, apenas para quebrar seu coração daquela forma, e ainda seguir em frente?

— Quem é aquele cara lá fora?

Pelo amor de Deus.

Me virei para encontrar meu irmão mais velho e Rebecca.

— Ninguém, Pedro.

Ele caminhou em minha direção e segurou meu queixo com cuidado como se quisesse ver se eu estava ferida.

Eu estava dilacerada, mas ele não seria capaz de ver o estrago com os olhos.

Dei um passo para longe do seu toque e encarei Rebecca que tentava assimilar o meu estado.

Ela abriu a boca algumas vezes, — certamente para perguntar porque eu estava ali e não no meu próprio casamento — mas desistiu.

— Se quiser sair daqui logo, arrume suas coisas e Judith. Saíremos daqui em no máximo meia-hora. — falei sem emoção.

Rebecca não era exatamente a pessoa que eu precisava do meu lado naquele momento, mas não era como se eu não tivesse dito que a ajudaria.

— Como assim meia hora? — PJ veio atrás de mim enquanto eu subia as escadas.

— Você me pediu para ajudá-la, não foi? Essa é ajuda. — Minha voz saiu extremamente ríspida, mas então no último minuto ela vacilou. — Eu só preciso sair daqui, Pê. Tudo isso é culpa minha, não vou conseguir encará-lo de novo.

Meu irmão passou os braços em volta de mim e me abraçou apertado, beijando o topo da minha cabeça.

— Não é o fim do mundo, Liv.

Mas era.

O fim do meu mundo.

Rebecca se arrumou em tempo recorde.

Enquanto eu lutava para enfiar minhas coisas de qualquer jeito na minha mala e vigiava toda a comoção no salão onde a cerimônia deveria estar acontecendo, ela conseguiu juntar tudo que achava essencial, pegar Judith e me encontrar na estrada que raramente era usada atrás do terreno dos meus pais.

Se eu conhecia bem todos ali, o salão estava uma aglomeração que interceptava Sebastian para entender o que estava acontecendo.

Meu celular estava travando com mensagens de meu pai, minha mãe, Patricia e todo o restante do pessoal, mas nenhuma de Ferrante.

Quando encontrei Santiago, falei apenas:

— Se importa de dar uma carona a elas? — apontei para Rebecca e a menininha que brincava com os cabelos da mãe. — Vão ficar comigo.

Eric assentiu com a cabeça e enquanto Rebecca entrava no veículo, ele segurou levemente meu braço.

— Sei que o senhor Boscher disse para cortar os laços da forma mais dura possível, mas não acha que deve uma explicação melhor para Sebastian.

Abaixei meu tom de voz para um sussurro.

— Primeiro, não deve mencionar nada disso enquanto Rebecca estiver no carro. Segundo, — Dei uma risada sem humor e soltei os braços do lado do corpo. — O que você quer que eu faça, doutor? Honestamente, não te dei um show o suficiente para convencer o seu chefe que eu e Sebastian não estaremos mais juntos?

— Olivia... Não estou mais feliz do que você com o rumo que as coisas tomaram, mas o que você gostaria que eu fizesse. Se fosse um rumor, poderia tentar dar um jeito, mas o homem tem um contrato com a assinatura de vocês dois. Nenhum de nós estava em posição de barganhar.

Ele estava certo e eu sabia.

Sabia que só estava descontando minha raiva nele porque ele estava mais perto e representava a empresa.

Era injusto que eu atacasse Santiago daquela forma quando sabia que quando precisei, ele e sua esposa sempre me deram suporte.

Foi então que tudo veio à superfície e eu não tinha mais forças para segurar.

Senti meu corpo querer se partir ao meio, todas aquelas semanas voltando na minha mente em flashes e principalmente os momentos que tinham acabado de acontecer.

Todas as inverdades que disse a Sebastian, todos os olhares que ele me lançou, a expressão sofrida em seu rosto...

Se algum dia eu tivesse merecido experimentar a felicidade genuína depois daquele dia, nunca mais teria a oportunidade.

Como se estivesse extremamente surpreso, Eric falou:

— É verdade, então? Você realmente o ama?

Era irônico que só naquele dia eu já tivesse dito duas vezes — com aquela — que eu amava Sebastian e nenhuma delas foi para a pessoa que merecia de fato ouvir.

 

SEBASTIAN

agora

Ela primeiro paralisou. Então deu um passo hesitante na minha direção, seus olhos cheio de uma emoção que eu não era capaz de decifrar, mas então ela percebeu onde estávamos, quem nos observava e, o principal, o que aconteceu entre nós. Olivia piscou e seu rosto voltou à naturalidade imperturbável.

E minha teoria se confirmava cada vez mais...

Dei os passos que nos separavam, mas ela foi a primeira a dizer:

— Olá, Ferrante.

— Olá, Sartori.

Ela me observou dos pés à cabeça, evitando parar nos meus olhos.

— Senhorita Sartori, — Mia, sua assistente, apareceu por trás dela, segurando uma caixa. — Terminei com essa. Posso levar para a garagem? Ah, oi, senhor Ferrante.

Acenei de volta para Mia que parecia extremamente triste por sua superior estar indo embora. Eu ainda tentava assimilar aquele fato.

— Hm, claro, Mia, eu só vou beber água e vou encher as outras. Pode ir levando, sim. Acho que não tem mais muita coisa. — E se virando para mim, ela disse: — Com licença.

Ela passou por mim e esperei o cheiro do seu perfume me atingir, mas...nada. Ela ainda não usava um.

Mia me encarava como se quisesse me dizer alguma coisa, mas no fim apressou o passo para levar a caixa de Olivia.

Eu, por minha vez, me apressei em deixar minhas coisas na sala e ir em direção ao filtro.

— Preciso falar com você. — anunciei enquanto ela virava o copo de água.

— Não acho que seja uma boa ideia.

Soltei uma risada irônica.

— Não acha que seja uma boa ideia? Por que, Olivia? Não acha que depois de tudo que aconteceu semana passada e você simplesmente desapareceu, eu não mereço uma explicação?

Ela jogou o copo no lixo e se virou para mim.

— Não tenho outra explicação para te dar além de tudo o que já falei, Sebastian, e...— Olivia se calou quando duas funcionárias passaram por nós, os olhares e os ouvidos bem atentos.

— Vou te esperar na sua sala.

 

OLIVIA

dia do casamento

Eu estava sentada na pequena mureta na frente do hotel onde tínhamos parado para passar a noite — Santiago já estava em seu quarto dormindo desde que terminou a ligação com a esposa, explicando que chegaria em casa no dia seguinte — quando ouvi a porta do quarto que eu estava dividindo com Rebecca e Judith se abrir.

Ajeitando o casaco em volta do corpo, Rebecca se sentou ao meu lado após jogar uma coberta em meus ombros.

— Está frio e duvido que essa regata esteja fazendo algum efeito. — Não me dignei a responder. Eu não sentia o vento frio, não sentia absolutamente nada. Não conseguia nem reparar com detalhes o movimento dos carros na estrada. A cena gravada em minha mente ainda era Sebastian no momento em que dei a entender que não o amava. — Seu celular não parou de vibrar desde que você saiu do quarto. Acho que você deveria atender.

— Meu irmão pediu para ajudá-la, Rebecca, e eu concordei. — falei lentamente, minha voz soando rouca nos meus ouvidos. — Mas não pense que estou fazendo isso só porque foi ele que pediu ou por você. Faria isso por qualquer pessoa na sua situação. Faço isso para que sua filha não cresça achando que é normal crescer em um ambiente como o que você cresceu. Então não pense que esse é algum tipo de abertura que estou dando para que se aproxime de mim. Um dia, te disse que não queria lembrar que você existia...esse desejo ainda permanece.

Rebecca ficou em silêncio por alguns minutos.

— Eu sei e...eu lembro. Não tenho esperanças nenhuma que você me perdoe sendo que também não consigo me perdoar por tudo o que aconteceu, mas não posso deixar de ser grata pelo que está fazendo por mim e por minha filha. Mil anos podem se passar e eu continuarei grata.

Suspirei e olhei diretamente para ela pela primeira vez desde que saímos da nossa cidade:

— Você precisa de alguma coisa? Passar num médico ou algo do tipo? Está machucada?

Ela olhou para as mãos sobre o colo antes de negar com a cabeça:

— Foi um tapa...e um empurrão. Nada demais.

Dei uma risada forçada.

— Você ainda tem a mania de diminuir a importância de momentos sérios. Não foi nada demais. Você deveria denunciá-lo.

— E fazer minha filha visitar o pai na prisão?

— Melhor do que ela ter que ir visitar a mãe num hospital sabendo que o pai a colocou lá. — rebati, furiosa. — Olha, eu não sei nada sobre o seu relacionamento com Max e nem tenho interesse em saber. Você e Judith vão ficar comigo no apartamento porque não tive tempo de procurar um lugar para vocês duas e...

— E você não planejava estar sozinha hoje. — ela completou baixinho. Quando engoli em seco, Rebecca perguntou: — O que houve, Olivia? Por que continua tentando carregar o mundo sozinha quando tem alguém para dividir a dor com você? Por que continua desistindo de tudo que é importante para você em prol do suposto bem maior?

Encarei Rebecca sentindo meus olhos arderem por lágrimas que eu não derramaria novamente na frente dela.

— Não sou egoísta, Rebecca. — falei, me levantando. — E se me lembro bem da última vez que achei que poderia dividir minha dor com alguém, ela estava me traindo com o meu noivo pelas minhas costas.

Ela não se abalou. Não duvidava que Max já havia usado aquele mesmo argumento contra ela diversas vezes.

— Há uma diferença entre ser altruísta e ser tola. Espero que um dia você pare de realizar as vontades dos outros às custas da sua própria felicidade.

— Boa noite, Rebecca.

— Boa noite, Olivia.

 

SEBASTIAN

agora

Olivia entrou na sala e fechou a porta atrás de si.

A sala dela sempre havia sido extremamente organizada, e eu gostava de chamar de impessoal, mas agora sem poucas coisas que ela deixava ali, eu conseguia sentir falta de cada mínimo detalhe.

— Eu não tenho muito tempo. Querem que eu libere aqui para começarem a fazer os ajustes na sua sala. — Franzi a testa e ela inclinou a cabeça. — O quê? Vão juntar as duas salas. Com alguma sorte, você finalmente terá espaço suficiente para arrumar aquela bagunça.

Ela sorriu e meu coração parou por um segundo.

— Então é isso? Mal voltamos e você já está indo embora? E os relatórios? Os balanços do semestre?

— Me chamou aqui para falar de trabalho? Isso é novidade. As responsabilidades já estão...

Eu a interrompi:

— É por esse caminho mesmo que você quer seguir, Sartori? — Seu sorriso ficou forçado.

— Não é como se você esperasse alguma...consideração minha. — ela rebateu.

Me desencostei da sua mesa e caminhei em sua direção. Seu peito começou a subir e descer mais rápido.

— Estou te dando a oportunidade de parar com tudo isso. A oportunidade de ser honesta comigo. — Olivia ficou quieta, então eu prossegui. — Da última vez que nos vimos, você me disse que não sentia nada por mim além de pura atração física. "Coisa de corpo", se eu me lembro bem. Naquele dia fez sentido na minha cabeça. Afinal, sendo sincero, uma parte bem pequena de mim esperava mesmo que você desse para trás. Porque eu não achava que era suficiente.

— Sebastian...

— É verdade. Parte de mim ainda não acha. Mas ao não atender minhas ligações, nem responder minhas mensagens, você me deu um presente. — Ela arqueou uma sobrancelha. — Sim, um presente. Pude passar minha semana inteira refletindo sobre tudo o que disse e tudo que fizemos no último mês. Pude me lembrar que passei os últimos cinco anos observando cada detalhe seu, cada expressão, cada gesto.

Parei a uma boa distância de onde ela estava:

— Lembrei que você fala muito mais com os olhos do que com as palavras. Aliás era uma das maneiras que eu mais me divertia enchendo seu saco durante o horário comercial. Você fazia de tudo para não mostrar que estava incomodada ou irritada, mas seus olhos...seu aperto de lábios...os movimentos dos seus dedos te entregavam e eu sabia que tinha alcançado meu objetivo.

— Não entendo onde quer chegar.

Suspirei, girando nos calcanhares e ficando de costas para ela como se estivesse analisando a sala.

— O que estou tentando dizer é que: há uma semana, você falou que não poderia deixar que eu me casasse com alguém que não me amava. Que por isso não poderia casar comigo. — Fiz uma pausa deixando as palavras se acomodarem no espaço. — Lembro bem porque eu estava lá, mas eu também estava presente enquanto você me beijava ou segurava minha mão. Enquanto sorria para mim ou me observava achando que eu não percebia. Eu estava lá quando vi o terror em seus olhos quando pensou que eu havia te esquecido para sempre. Quando vi a verdade ao prometer que me entregaria cada pedaço de você. Senti o carinho enquanto acariciava meu rosto quando achava que eu estava dormindo. Vi a dor nos seus olhos segundos antes de começar a falar que tudo aquilo era uma farsa para você. — Me virei para olhá-la novamente e vi como sua mandíbula estava tensa por mais que ela tentasse manter uma expressão plácida no rosto. Continuei: — E o mais importante, eu estava lá quando vi seus olhos responderem de volta no momento em que disse pela primeira vez que te amava.

Olivia soltou o ar pelo nariz, mas era um gesto inseguro que implorava que eu acreditasse que tudo aquilo era coisa da minha cabeça.

— Você pode ser uma ótima atriz para o resto do mundo, Lili, mas eu sempre vou conseguir lê-la melhor do que qualquer outra pessoa porque você é mais importante para mim do que qualquer outra pessoa. Do que qualquer outra coisa.

Ela encarava qualquer outro canto da sala que não fosse o meu rosto.

— Está vendo o que quer ver, Sebastian.

— Pensei sobre isso também. — Levantei as mãos para o alto. — Talvez fosse mesmo um mau julgamento meu, talvez eu não te conhecesse de verdade, mas duas coisas me fizeram reavaliar. A primeira foi receber a notícia de que o cargo que você tanto queria seria meu, sem concorrência. Tão de repente. Todo nosso desespero para cumprir aquele edital idiota apenas sumindo no ar. Quer dizer, se eu perdesse essa vaga ou pelo menos tivesse que passar por algum processo seletivo, tudo seria mais convincente.

— Então quer dizer que você ganhar uma promoção significa que eu estava mentindo? — ela questionou.

— Significa que você já sabia que esse cargo seria meu quando anunciasse que não teria mais casamento.

Olivia cruzou as mãos na frente do corpo.

— E qual foi a segunda coisa?

— Já vi muitas mulheres atraídas por mim, Sartori. Muitas mesmo — Ela riu, mas tinha algo a mais por trás. — A tal "coisa de corpo". — Me aproximei até ficarmos a um passo de distância e inclinei meu corpo para que nossos rostos ficassem lado a lado. — Mas elas não perdiam noites só porque não conseguiam esquecer meu corpo. Não perdiam peso só porque eu disse que não tinha mais interesse. — Passei uma mão por sua cintura e Olivia respirou fundo. — Não ficavam com ciúmes só de lembrar de outras garotas do meu passado. Era só...corpo.

Deslizei minha bochecha contra a sua, suavemente:

— Mas você sabe que a gente é muito mais do que isso. Sabe que embora eu seja capaz de te deixar ofegante mesmo estando do outro lado dessa sala, também sou eu que não te deixa fechar os olhos à noite. Sabe que embora eu seja capaz de fazer suas mãos suarem, também faço seu coração doer quando você lembra dos momentos que passamos juntos. E sabe que embora eu consiga fazer seu corpo estremecer só com o som da minha voz, também sou a primeira coisa em que você pensa quando acorda e a última antes de dormir.

Olivia virou a cabeça, nossos lábios a poucos centímetros de distância enquanto eu esperava que ela dissesse que eu estava errado.

Contudo, a voz de Mia do outro lado da porta fez com que ela lembrasse onde estava e Sartori rapidamente se afastou de mim, verificando se as cortinas estavam no lugar ou se alguém poderia ver o que tinha acabado de acontecer.

É, tinha algo muito errado naquela situação.

— Senhorita Sartori, eu...

— Preciso de um café, Mia. — interrompi e Mia apenas me encarou. — O que foi? Você é minha assistente agora, não é? E Olivia não empacotou mais nada, tenho certeza de que quando você voltar vai encontrá-la aqui.

A menina olhou para Sartori, como se buscasse aprovação e Olivia assentiu de leve.

— Não precisa ser ríspido com ela. Mia é uma ótima assistente e uma ótima pessoa. — ela comentou quando ficamos sozinhos novamente e então pegou uma caixa do chão para começar a arrumar.

— Me pergunto porque não está levando ela com você. Aliás, qual é o nome da empresa para que você vai mesmo? — provoquei.

— Chega de show por hoje, Ferrante. — Olivia disse, cansada e usando o tom que costumava usar comigo meses atrás. — Fui honesta ao dizer que me sentia atraída por você, mas não tem o direito de usar isso contra mim. Não sei o que espera que eu revele além de que fiz o que era preciso para alcançar meus objetivos. Sinto muito por toda dor de cabeça que isso te deu ou por qualquer sentimento não correspondido que levei você a ter. Faça um favor a si mesmo e desista de cultivar qualquer outra ilusão.

— Pode ter desistido de nós, Olivia, por qualquer que seja o motivo e eu vou descobrir qual foi. Só queria que você confiasse em mim o suficiente para nós passarmos por isso juntos.

Olivia olhou por cima do ombro enquanto eu passava pela porta.

— Minha confiança em você nunca foi o problema, Sebastian.

Respirei fundo saindo da sala.

Havia muito trabalho a fazer, mas nenhum deles tinha a ver com aquela empresa.

Pelo menos, era o que eu achava naquele momento.

✥✥✥


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Notas finais do capítulo

Heeyyy, meus amores!

SEBASTIAN VAI COMEÇAR A TRABALHAR, QUERIDOS!

não me matem não me matem faltam só 11 capítulos para o nosso final!!!!

me contem o que acharam do cap!!

Não se esqueçam de comentar o que estão achando (pf sou escritora independente preciso receber validação a todo momento rs), deixar aquele favebásico e compartilhar a história com os amigos ♥


A gnt se vê já já!!

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