Doce Criada escrita por BlackCat69


Capítulo 26
Capítulo: Final


Notas iniciais do capítulo

Os leitores do Nyah, acreditam que há quem leia primeiro aqui para depois ler no spirit, deve ter quem só ler aqui e aqueles que ler em ambos os sites, seja qual tipo de leitor você for, agradeço-o profundamente do coração por ter acompanhado esse meu trabalho. Boa leitura.



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De manhã e de tarde, não se via um único pedaço azul no céu, estando ele branco, quando não se encontrava meio cinzento.

O natal passou.

À propriedade Uzumaki chegaram os presentes destinados a Kawaki e seus irmãos, entregues pelo cocheiro da família N. Uzumaki.

O criado repassou um recardo particular para Naruto.

— O Sr. Menma II evitou passar o natal longe dos pais, mas ele virá no ano novo.

Naruto compreendeu, seu irmão não pretendia elevar suspeitas.

Como pretendido pelo gêmeo mais novo, queria testemunhar a reação dos pais no fim de ano.

Sendo assim, o gêmeo mais velho para os filhos mais novos inventou qualquer desculpa pela ausência de Menma II.

Para Kawaki contou a verdade e o rapaz nutriu grande interesse em presenciar tal momento.

Os pequenos Uzumakis se amuaram temporariamente até a diversão retornar e eles se distraírem com seus brinquedos novos.

Miina ganhou uma boneca de pano, a boneca se tornou a esposa do seu coelho de pano.

Menma III ganhou um escudo, agora, acrescentando ao seu conjunto de cavalo e espada, passou a fingir ser um cavaleiro medieval.

Hinata arranjou tempo para dedicar à educação da irmã, que por algum motivo, andava estressada.

A Sra. Uzumaki resolveu treinar a paciência da irmã, submetendo-a ao tricô.

Hanabi não se opôs, mas tricotava de bruto modo.

Hinata analisava os resultados, se as peças saíssem mal feitas, tratava de desfazê-las e mandava Hanabi refazê-las.

E caso a Hyuuga reclamasse e se negasse, a decisão final seria ser mandada de volta à casa do pai.

A azulada desistira de tentar descobrir o comportamento negativo da irmã, não forçaria ela a dizer, precisava sair naturalmente, deixando-a a vontade.

A origem do estresse de Hanabi se dava por conta da ocupação de Kawaki.

Os negócios da família na época invernal passavam a ser tratados, exclusivamente, por meio de documentações.

O jovem Uzumaki se trancafiava em algum momento do dia, no escritório, e alternava os turnos com o pai, os dois evitavam que cada um se sobrecarregasse.

Fora do escritório, Kawaki dedicava atenção à Kurama, e à família.

Nos momentos de família do jovem Uzumaki, quando Hanabi poderia se aproximar dele, ela se via presa em suas obrigações com o tricô.

Por conta de seu estresse, a Hyuuga acumulava muitas metas e não podia sair do cômodo sem alcançá-las.

Assim, Hanabi pouco trocou palavras com o filho mais velho do cunhado.

Kawaki se juntou à mesa poucas vezes, pois antes das refeições ele fazia companhia à raposa e preferia comer do lado de fora da casa.

 

~NH~

Chegara o último dia do ano

~NH~

 

Antes das sete da manhã, Hinata se encontrava de pé.

E pelas nove horas, um nervosismo caía sobre a perolada feito uma tempestade de pedra.

Um mensageiro enviado pelos sogros repassou o aviso de que se atrasariam algumas horas.

Tratava-se do mesmo criado que repassara, secretamente, o recado de Menma II para Naruto no dia de natal.

Novamente, o criado compartilhou outro segredo com o Sr. Uzumaki:

— Enquanto meus patrões se arrumavam, o Sr. Menma II revelou sua pretensão de vir à propriedade Uzumaki e se estendeu em uma longa discussão com os pais. Antes de eu partir, a casa inteira estava em tenso silêncio, mas o Sr. Minato e a Sra. Kushina me pediram para confirmar que estarão a caminho.

Naruto assentiu, curvando os lábios em um pequeno sorriso, segurando-se para não estendê-lo muito.

O mensageiro de seus pais foi bem acolhido e foi conduzido à sala reservada aos criados mais próximos.

A governanta tratou de servi-lo uma refeição simples, depois disso, ele partiu antes do horário de almoço.

Entregar a mensagem ao Sr. Uzumaki era o único serviço do mensageiro naquele dia, ele estaria liberado para passar o resto do dia com a família, como prometido pelos patrões.

Hinata se atarefava tanto que pouco tempo entregou à irmã e às crianças.

Kawaki tratou de distrair os irmãos, percebendo que a perolada seguia sendo dominada pelo nervosismo.

Hanabi praticava alguns bordados, no interior de seu quarto. Ela poderia dar uma escapada e se juntar ao jovem Uzumaki e às crianças, sendo que a irmã quase não lhe apareceu naquele dia. Entretanto, a vontade não passou pela cabeça da Hyuuga, tendo o estresse dela reduzido.

Naquela manhã, seus bordados saíram mais belos.

Interessou-se em melhorá-los.

Em um momento da tarde, Naruto deixou seus filhos para ir ver o que a esposa fazia dentro do quarto conjugal, onde tanto demorava.

Entrando, observou sua esposa na frente do espelho, experimentando enfeites de cabelo, ela se encontrava em dúvida.

— Se está tentando impressioná-los com sua aparência, saiba que não precisa se esforçar.

A perolada manifestou pequeno sobressalto.

Ela despercebera o som da porta abrindo e fechando, estando tão imergida no que fazia.

Recostando-se contra a porta, o loiro cruzou os braços, complementando:

— Basta não usar uma roupa velha, o resto sua beleza e seus modos darão conta de impressioná-los.

Poderia ir até mais longe e afirmar que mesmo em uma roupa de pedinte, ela ficaria deslumbrante.

— Se vestir bem transmite confiança, Naruto.

Ela retornou a se fitar no espelho, pegou um enfeite de margarida.

— Não adianta se vestir bem e não esconder o quanto está agitada.

Ele tinha um ponto.

Ela desconversou:

— Eu não acredito que demorastes tanto para me avisar que seus pais desconheciam sobre o nosso casamento.

Ele a revelou apenas um dia antes.

— Faz diferença?

— Eu teria mais tempo para preparar o que dizer a eles... — O enfeite de flor que tentou encaixar na cabeça quase caiu no chão, conseguiu apará-lo a tempo. Apertou-o em seus dedos. — Ai... e se não tivermos assunto para conversar?

Imaginava vários momentos constrangedores.

— Não importa. Eles vêm apenas para ver os netos. Você pode conversar comigo, ficaremos juntos todo o tempo, lado a lado.

Ele se aproximou e colocou as mãos pelos lados da cintura da esposa.

Ela se recostou no peito dele, fitaram-se pelo reflexo.

O singelo brilho dos perolados agradecia à íris azulada.

Estenderam-se naquele momento.

Aquele corpo pequeno no calor daqueles braços longos e grossos.

Naquele silêncio preenchido pelo carinho entre os dois, Hinata se sentiu confortada.

Livrava-se do nervosismo originado por toda a pressa daquele dia.

Uma vez que os cabelos azulados se prendiam em um coque, o loiro não resistiu à vontade de abaixar o rosto e beijar a nuca da esposa.

Um involuntário gemido fugiu daqueles pequenos e macios beiços.

Corando, Hinata sentiu a mão direita masculina subir pela cintura e quase alcançar seu seio.

Ela se desvencilhou, indo para o lado e recuou dois passos em direção a porta.

Naruto crispou os lábios, emitindo um som curto e grosso pela garganta.

Uma mania que ele pegou, toda vez que ela lhe escapava.

Depois que saiu do período de repouso, o marido vinha investindo, tentando convencer a esposa a consumarem a relação.

Mesmo o Sr. Uzumaki andando bem, Hinata queria esperar mais algumas semanas, visto que ainda faltava cicatrizar uma pequena parte da marca do procedimento médico.

Naruto achava uma desculpa besta, pois a marca não o incomodava.

Comicamente, se antes era a Hyuuga que jazia louca e se insinuava toda para o maridão, a situação se inverteu.

Quando se encontravam sozinhos, o loiro tratava de provocá-la com inúmeros gestos.

Os momentos do banho eram os piores, ela até tentava tomar escondida dele, mas não adiantava.

— Naruto.

Ela recuou mais, atenta ao olhar predatório do esposo.

De voz imergida, em profunda rouquidão, ele perguntou:

— Quanto tempo mais, Hinata?

— Só... só mais uma semana...

Ele emitiu aquele som irritado pela garganta.

Como ela detestava aquilo!

— Respondestes isto da última vez que perguntei, Hinata.

— É que eu pensei que sua marca estaria toda cicatrizada... mas como não...

A azulada gelou, quando ele foi para cima dela, agarrando-a pela cintura, sustentando-a, nivelando suas alturas.

A virilha do loiro ardia, aquele rosto inocente o incendiava.

Seriamente, pediu-a:

— Dessa vez quero que jure, Hinata.

— Amor...

— Não, não use esta palavra.

Era mais poderosa que “marido”.

Por mais que ele se derretesse quando ela o chamava carinhosamente de amor, ele não se deixaria vencer.

— Ela não vai funcionar desta vez, então jure, Hinata.

— E-eu... não posso, amor, porque... porque se não cicatrizar tudo daqui a uma semana, vou esperar mais.

Ele soltou impaciente ar, achando exagero ela se preocupar tanto com algo que ele próprio não sentia ser um problema.

Sem soltá-la, o homenzarrão refletiu sob o olhar receoso da esposa.

Ela repousava delicadamente as mãos em cada antebraço do cônjuge.

Os dedos dos pés tão distantes do chão se contorciam dentro dos calçados de couro macio.

Naruto encontrou uma solução, e fez sua proposta:

— Faremos quando você decidir, mas eu farei o que quiser com você, na cama. Eu conduzirei tudo, entendido?

Hinata engoliu a seco.

Uma das mãos dele desceu, pressionando um glúteo da pequena.

A seguir, o corpo da azulada foi abaixado um pouco, promovendo-se assim o roçar dos quadris.

Hinata quase perdeu o ar, podendo sentir um volume sob a calça do cônjuge.

A região entre as pernas femininas se contraiu.

Sem condições de pronunciar uma única sílaba, a perolada balançou a cabeça em afirmativa, concordando por fim.

E enfim, Naruto a devolveu ao chão e a seguir acarinhou o lado direito da face da perolada, com o polegar, ele massageou a maçã do rosto feminino.

Abaixou a cabeça e depositou um beijo na testa dela.

— Perfeito.

Disse ele, afastando-se da esposa e rumando em direção da porta.

— Venha ficar um pouco com as crianças, estarei esperando.

Ele falou segurando a maçaneta, já do lado de fora do quarto.

Sabia Naruto que a pequena se recuperava.

Ao sair do quarto, ele traçou um sorriso, enquanto sua esposa sozinha no quarto ainda processava o que combinaram.

 

 

Uma sege se encaminhava à propriedade Uzumaki, quem a conduzia era o próprio Menma II, todo ansioso em rever seu irmão e sobrinhos.

Os passageiros eram seus pais, irritados pelo filho se submeter a fazer papel de cocheiro.

Menma II se despreocupava com possíveis boatos, pois usando capa e capuz ocultaria sua face caso alguém aparecesse no caminho.

E também, não precisava cruzar Bielog para chegar à casa do irmão, o risco de ser visto e reconhecido era diminuto.

No interior da sege de janelas fechadas e acobertadas por grossos acortinados, Kushina Uzumaki, exuberante ruiva, possuía apenas duas madeixas grisalhas, de cada lado da cabeça e cruzava as mãos no colo. 

As madeixas grisalhas se acomodavam no cabelo bem preso e penteado para trás.

As mangas alongadas do seu vestido aveludado cor de vinho, não ocultavam suas luvas marrons.

Entre ela e a janela da esquerda, havia um espaço no assento, no qual uma capa carmim com capuz se encontrava dobrado.

Do outro lado da mulher, o marido se acomodava, usando capa de capuz abaixado, o tecido exibia cor amarelada em tom pastel e cobria quase toda sua vestimenta preta.

A sege deu duas fortes balançadas.

— Foi mal, eu não vi o buraco!

Menma II exclamou, desculpando-se imediatamente.

— O que há com nosso filho, Minato?

Kushina questionou, mantendo-se desentendida quanto ao comportamento do Namikaze mais jovem.

Ela ainda se recuperava dos tensos momentos vividos com seu filho, antes de partirem em viagem.

Agora Menma II se comportava como se nada tivesse acontecido.

Preocupada, a ruiva considerou:

— Ele insistiu tanto para vir, será que ele bateu a cabeça e não se lembra do risco que corre se pisar na propriedade Uzumaki?

— Improvável, Kushina. Improvável. — Minato respondeu, esfregando o queixo com sua mão enluvada. — Impressiono-me mais pelo modo como ele nos encarou quando tentamos impedi-lo de vir conosco.

Tentaram impedir o filho a todo custo de partir com eles.

Ainda mais com aquela ideia absurda de ele dirigir a sege.

Nada adiantou.

A sege retornou a balançar, e novamente escutaram um pedido de desculpas do filho, dessa vez, Menma II disse ter passado por cima de uma poça de água.

Menma II fitou o céu invernal, e fechou as pálpebras por um momento, inspirando aquele ar gelado.

 

 

Chegaram à propriedade Uzumaki, como previsto, apenas perto do fim da tarde, e não pelo final da manhã, como nos anos anteriores.

Menma II desceu do lugar de cocheiro, e abriu a porta para sua mãe, oferecendo sua mão, ajudando-a descer.

De desconfiado olhar, a mulher aceitou ajuda de seu filho.

Minato desceu pelo outro lado.

Sai e Iruka disputaram uma corrida aos recém chegados.

O Diskin pusera o tornozelo na frente dos pés do Flynn, fazendo-o se estatelar contra a neve.

Rindo, Sai arrumou sua postura e formalmente cumprimentou os três recém chegados, oferecendo-se para conduzir a sege ao estábulo.

Minato entregou ao Diskin algumas moedas de ouro, as quais provocaram imenso cintilar nos orbes ônix do criado.

Daí o motivo de Sai sempre disputar com Iruka para receber os pais do patrão: a gorjeta generosa.

Menma II andava na frente, quase chegando à casa do irmão, quando a porta foi aberta pelo mordomo já revelando as crianças bem arrumadas.

— Tio Menma II!

Felizes, as crianças pularam ao encontro dele, ele carregou cada uma em um braço, e entrou mais na casa, rodando com eles, causando imensas risadas infantis.

— Puxa, perdi a queda do dentinho.

Menma II comentou, percebendo a janelinha na boca do loirinho.

Shizune não muito longe dali, mantinha-se vigilante sobre qualquer comportamento perigoso do tio em relação aos sobrinhos.

— Eu tirei apenas empurrando com a língua. — Menma III revelou.

— Que demais, acho que meus métodos estão ultrapassados.  — Divertido, dissera o adulto.

Um pouco de suavidade pousou sobre os rostos do casal N. Uzumaki ao reverem os netos.

Menma II mal devolveu os sobrinhos ao piso e os pequeninos correram para abraçar as pernas de seus avôs.

Minato carregou Miina, enquanto Kushina esfregou os aloirados fios do netinho.

Kawaki apareceu, passando ao lado da governanta, direcionou-se aos recém chegados.

O tio o cumprimentou primeiro, abrindo seus braços.

Sorriu abertamente ao ver que o rapaz não fugiu de seu contato.

Ao recuar um pouco seus troncos, analisou a face do jovem Uzumaki.

— Seu rosto melhorou muito. — Segurou o meio dos braços do sobrinho. — Sem ressentimentos?

— Claro. — Kawaki desviou o olhar para o lado. — Eu mereci aquele soco, agradeço.

Evitou comentar em voz alta, para seus avôs não elevarem perguntas.

— Então esqueceu aquela ideia estúpida de ir embora. — Menma II também falou diminuindo a voz. — Fico feliz, aproveite sua família.

— Já estou aproveitando.

Kawaki garantiu, a seguir, afastou-se do tio para cumprimentar os avôs.

Momentos depois, o jovem Uzumaki conduziu os recém chegados para uma das salas de lareira.

Os avôs se sentaram em poltronas.

Miina se acomodou no colo de Minato.

Menma III encimou os braços cruzados no braço da poltrona, na qual se acomodava a avó.

As crianças contavam sobre Kurama.

Kawaki em pé ao lado da lareira se mantinha vigilante ao que os irmãos diziam, pois a eles Naruto e Hinata pediram que não revelassem algumas coisas, aliás, que não revelassem várias coisas.

— O que estás a acontecer? — perguntou à ruiva após escutar os netinhos. — Primeiro Menma II querendo vir até aqui, e agora Naruto permite que as crianças brinquem com um animal selvagem? Não me parece o estilo dele.

— Não é bem brincar, meus irmãos apenas ficam perto da Kurama. — Kawaki argumentou. — Essas mudanças são boas, não são? Estamos felizes.

A avó não respondeu por que se ouviram passos do corredor.

Menma II sentado sozinho em uma poltrona larga, ansioso mirou a entrada, esperando que fosse a sua cunhada e irmão.

Menma III e Miina ficaram com sorrisinhos, ansiosos para que fossem seus pais, queriam ver a reação de seus avôs.

Aos pequenos, o casal Uzumaki dissera que ver Naruto casado seria uma surpresa aos avôs, por isso, as crianças se mantiveram caladinhas a respeito.

Somava-se à surpresa, o fato de Naruto se mostrar um homem tão saudável quanto Menma II.

A pouca diferença residia em seu olho direito, a marca em torno dele apresentava uma tonalidade escura.

O olho se mantinha meio fechado, entretanto, a superfície da região afetada perdia a rugosidade, tornando-se a cada semana, mais lisa, por causa de um tratamento realizado pela esposa, sob recomendações do Dr. Dittman.

Segurando a mão da esposa, o Sr. Uzumaki apareceu no marco da entrada.

Minato e Kushina fitaram aquela cena, sem reação, no primeiro instante.

— Sejam bem vindos.

Naruto pronunciou, massageando os dedos de sua mulher.

Hinata exercia domínio sobre seu nervosismo.

Os azulados cabelos se prendiam em uma coroa de trança dupla, enquanto suas madeixas laterais, como esperado, caíam uma de cada lado da face.

Seu vestido era branco, com bordas prateadas e decote circular.

A saia possuía uma pequena cauda que se arrastava pelo piso.

— O que... como...

Minato não conseguia dar a partida em seus questionamentos.

— Vovô essa é nossa mamãe. — Miina falou, saindo do colo do avô e correndo ao encontro da perolada. Abraçou a saia do vestido. — Ela não é bonita, vovô?

Hinata sorriu à menina, agradando-a pelos cabelos.

— Mamãe... — Kushina sussurrou, estando pasma.

— Senhor e senhora Namikaze Uzumaki. — Naruto retomou a palavra, andou alguns passos dentro do cômodo, de postura totalmente ereta. E ergueu a mão da esposa, na direção do casal. — Esta é Hinata Uzumaki, antes Hyuuga, minha esposa.

— Esposa?! — o casal N. Uzumaki questionaram em uníssono.

Naruto massageou mais forte a mão da esposa, lembrando-a que ele estava ali, ao lado dela.

Controlada, a azulada não se intimidou pela reação assustada daquele casal.

Arrependia-se de almejar a aprovação deles, ser boazinha demais podia ser prejudicial. Recordava-se da informação de como aquele casal criara seu marido, valorizando mais um filho que o outro. Pra quê se esforçar por um casal capaz disso? Não precisava da aprovação dos sogros, bastava uma boa convivência, por causa das crianças.

Educadamente, dissera-os:

— É um prazer, eu ajudei no preparo da refeição, espero que apreciem.

— Obrigado. — Minato a agradeceu, quase em tom de desespero. — Quando... quando...

Empacou de novo, não conseguindo assimilar com sucesso o que testemunhava.

Não sabia o que mais o surpreendia, Naruto andando corretamente outra vez ou agindo de modo educado com eles.

Inclusive, Naruto sequer ligava para a presença do irmão ao qual um dia tanto jurou odiar.

— Quando se casaram?

Kushina perguntou o que seu marido não conseguiu perguntar.

— Em outubro. — Respondeu o gêmeo mais velho. — Quanto aos detalhes podemos conversar à mesa. Vamos?

— Venha vó. — Menma III segurou a mão da ruiva, aguardando ela se levantar. — Vai gostar da sobremesa, mamãe fez um montão de biscoitos de diferentes sabores.

 

Acomodados à mesa, o choque do casal N. Uzumaki não indiciava sumir.

Cada vez que o tempo progredia e eles testemunhavam seus netos tão à vontade com Hinata, seria possível até alguém dizer que ela era a mãe biológica deles.

Também se faziam presentes à mesa, Hanabi e Hiashi, os dois aguardaram os visitantes na sala de jantar, a pedido de Naruto.

E o motivo era óbvio, evitar que a presença do sogro e cunhada não elevassem questionamentos de Minato e Kushina.

Não antes de aparecer com sua esposa na frente deles.

Hiashi se manteve indiferente após saber que fez parte de um plano.

Hanabi igualmente.

Os dois jaziam centrados em satisfazer seus estômagos.

— A comida está muito boa. — De olhar meio perdido, Minato elogiou.

— Agradeço. — Hinata dissera.

O Sr. N. Uzumaki observou o divertimento na expressividade de Menma II.

Àquela altura o casal N. Uzumaki entendia que o gêmeo mais novo sabia de tudo.

— Então — Kushina se manifestou, apertando a saia do vestido, sobre o colo — Sra. Hy... Uzumaki, como conseguistes se adaptar à nova condição de vida?

— Bem, não é complicado.

A Sra. Uzumaki respondeu, sorrindo um pouco.

Até o momento, nem o sogro ou a sogra a tratou com rudeza.

Então por ora, trataria sempre de respondê-los educadamente.

— É complicado sim. — O enteado mais velho da ex Hyuuga discordou dela. Mantendo seu olhar no prato, mexendo na comida com uma colher, revelou aos avôs: — A Sra. Hinata não para de se sobrecarregar. Mesmo meus irmãos a chamando de mãe, ela ainda age como uma criada.

Seu tom indicava não se tratar de uma crítica.

— Típico. — Hiashi interveio. E bem diferente do tom de Kawaki, a crítica se evidenciava em sua voz: — Eu já avisei que ela precisa mudar esses trejeitos.

— Meu pai. — Hinata o repreendeu.

— É a verdade, estou surpreso que Hanabi esteja se comportando sob sua orientação.

Hiashi fez um acréscimo, cortando uma imensa fatia de peru.

Ele chegara a acreditar que a filha mais velha não teria pulso firme para educar à irmã, e acabaria sendo liberal com a caçula.

— Meu pai, eu simplesmente amo o que faço, foi sempre fazendo o meu melhor que meus serviços eram bastante recomendados. E não sei por que devo parar com isso, se eu continuo conquistando coisas tão boas como este momento.

Hinata se satisfazia com sua rotina.

Naruto pousou sua grande mão sobre a mãozinha de sua mulher, em cima da mesa, estando elas à vista de todos.

Orgulhoso ele a fitava, se dependesse da vontade dele, ele a mimaria pelo resto da vida.

Todavia, se ela própria se sentia melhor fazendo o que sempre fez, ele a apoiaria.

 

 

Os criados estavam livres para festejarem nos cômodos da casa reservados para eles.

Eles não trabalhariam na manhã do dia seguinte, o que foi preparado de refeição no último dia do ano, seria apenas esquentado para a família Uzumaki e seus hóspedes.

Hiashi, Menma II e seus pais dormiriam na propriedade Uzumaki.

Na sala da lareira, com as chamas mais altas, as pessoas se espalhavam pelo espaço.

Sentadas no chão, sobre um manto, as crianças se divertiam com seus brinquedos.

Hinata se juntava a elas.

Naruto se acomodava em uma das poltronas, ainda comendo uma das sobremesas da esposa, enquanto assistia aos três.

Minato conseguiu se distrair em uma conversa com Hiashi, os dois conversavam de pé, em um canto da sala, cada um segurando uma taça de vinho.

Menma II escapuliu à cozinha, querendo beliscar alguma guloseima.

Hanabi e Kawaki se acomodavam sobre outro manto, mais próximos da lareira, a Hyuuga colocava um cachecol sobre o pescoço do jovem Uzumaki.

— Obrigado. — Ele agradeceu, e segurando uma extremidade da peça, avaliou-a, elogiando-a: — É muito bonito.

— Que bom que achou isso, Sr. Kawaki. Percebi que gosta de cores escuras, por isso escolhi esse tom.

— És talentosa, Sra. Hyuuga.

— Pode me chamar pelo meu primeiro nome. — Ela pediu, acanhada.

O olhar do jovem pousara sobre seu avô e seu pai, cada um segurava uma taça de vinho, enquanto dialogavam.

— Eles estão se dando bem. — Kawaki comentou.

A Hyuuga seguiu o olhar do jovem, e retornou a virar o rosto para ele, pousando as mãos sobre o colo, ela comentou:

— Não deves gostar de meu pai, correto?

— Eu reprovo alguns posicionamentos do Sr. Hyuuga. — Ele admitiu. — Mas não vou destratá-lo por isso, se ele se mantiver no espaço dele, também me manterei no meu, pela Sra. Hinata.

— Eu sinto muito por isso, Sr. Kawaki. Não nego o interesse de meu pai. Apesar disso, ele é de palavra, ele não se escorará na família Uzumaki.

— Não se a fábrica fizer sucesso.

Kawaki mencionou já informado sobre o Sr. Hyuuga retornar ao ramo de tecidos.

— Bem... — Hanabi espremeu a saia do vestido, não podia negar com firmeza — Vamos torcer para que a fábrica seja um sucesso, isso significa que meu dote de casamento aumentará, e se eu conseguir um bom partido.... compensarei meu cunhado pela ajuda financeira ao meu pai.

— Não se sinta em dívida pelas responsabilidades de seu pai, Sra. Hanabi.

— Por que não? Se as jovens se casam em prol da família?

Kawaki considerou.

— Ainda sim, não gostaria que a Sra. Hanabi queira recompensar algo pelo que o pai fez, se a fábrica for um sucesso ele mesmo tem condição de devolver a ajuda financeira que recebeu.

— Isso é verdade. — Hanabi meio corada, comentou: — Sabia que meu pai quis saber sua idade quando meu cunhado foi até a propriedade Hyuuga?

— Minha idade?

— Sim, pois meu pai almeja que meu pretendente além de dispor de boa condição financeira, seja jovem para aumentar a possibilidade de eu ter muitos filhos. Por isso, ele não cogitou em me oferecer ao seu pai, que é muito mais velho.

— Ah sim, fiquei sabendo que ele sugeriu que nós dois nos casássemos.

Kawaki pousou uma mão sobre o ombro da Hyuuga.

O coração da menor disparou.

— Pode parecer estranho, Sra. Hanabi, mas...

— Sim? — ela apertou as mãos na frente do peito, ansiosa a ouvi-lo.

— Tens quinze anos, certo?

— Sim.

— Bem, mesmo sendo muito mais nova que eu, eu...

Hanabi arregalou os olhos.

— Você? — ela o estimulou a prosseguir.

Ele levou a outra mão ao outro ombro dela.

O coração da Hyuuga quase saiu pela boca.

Seriamente, ele declarou:

— Eu vou tratá-la como trataria a uma tia de sangue, vou protegê-la se seu pai quiser empurrá-la para algum brutamonte, pois não importa a riqueza, ninguém vai tratá-la de modo ruim, enquanto eu estiver vivo.

Ele asseguraria que sua tia adotiva teria um bom pretendente, não somente a nível financeiro, como a nível de bom comportamento.

O sorriso da Hyuuga congelou, ela agradeceu de trincados dentes:

— Obrigada.

— De nada. — Ele recolheu os braços e pousou as mãos sobre o cachecol. — Dormirei com ele, é bem confortável, agradeço novamente.

— Aproveite-o bem. Dê-me licença Sr. Kawaki, eu irei à cozinha, antes que seu tio coma tudo, ele disse que ia beliscar alguma coisa, mas não voltou até agora. Também quero algo para beliscar.

Hanabi verbalizou, ensaiando uma risadinha no fim.

E se retirou da sala, ignorando os chamados de Miina que a convidava para se juntar à brincadeira.

A Hyuuga na verdade foi para seu quarto onde pegou seus materiais de tricotagem.

Sentou-se no chão mesmo, de pernas abertas.

Pretendia fazer uma máscara sem furos onde poderia enfiar toda sua cabeça.

 

 

Na sala, Kushina assistia seus netos e a nora que ainda se divertiam sobre o manto, em meios aos brinquedos.

Isolada dos outros, a ruiva segurava uma taça vazia de vinho.

Kawaki se aproximou da avó, perguntando-a se gostaria que ele enchesse novamente a taça.

Agradecida, ela aceitou.

O rapaz se retirou do cômodo, e poucos segundos depois, Naruto que terminou de comer o trouxera da sala de jantar, ergueu-se e vagou pela sala, sem chamar atenção dos demais.

Ele encimou a mão no encosto da poltrona e sem desviar sua vista de esposa e filhos, usou um volume de voz ao qual somente a ruiva pudesse escutá-lo:

— É tão ruim saber que me casei com alguém que não seja de sua classe?

Os dedos de Kushina se fecharam fervorosamente sobre os braços da poltrona, tentando esconder o leve tremor que os assolou. Respondeu-o: 

— Não tenho este direito, cortastes seu laço comigo e com teu pai. 

— Ainda bem que entendes. E caso façam algo contra minha esposa, estarei preparado para revidar. Repasse o meu recado ao Sr. Minato.

Naruto falou antes de avançar em direção de Hinata e das crianças.

 

 

 

Em um momento, Hinata se afastou da sala para se refrescar um pouco, precisava de água.

Menma II retornava da cozinha.

Depois de beliscar algumas coisas, ele foi fazer presença na festa dos criados.

Ao cruzar seu caminho com o da cunhada, deteve-a, perguntando-a se ele poderia ajudá-la em algo.

Educadamente, ela negou e seguiu seu rumo.

Depois de beber água, quando a perolada passava pela sala de refeição, deparou-se com Menma II.

O cunhado havia refeito seus passos, pretendendo abordar a azulada.

— Aconteceu algo, Sr. Menma II?

— Não agora.

— O que quer dizer?

O loiro caminhou à mesa e puxou uma cadeira.

Sentou-se, curvando-se e apoiando os antebraços sobre os fêmures.

Ela se preocupou com o silêncio procedido, questionou-o:

— Sr. Menma II?

— Eu não tenho mais sombra de dúvida que és importante para meu irmão. Por isso, preciso dizê-la algo importante.

Ela se aproximou, detendo-se na frente dele, repousando uma mão no peito.

— Sobre o que, Sr. Menma II?

— Sobre o que conversei com Sara, no dia que meu irmão nos flagrou.

O corpo da azulada se tencionou.

— Tenho ciência que se uma pessoa de fora daquela casa escutasse sobre o que Naruto testemunhou, quando entrou no quarto, acreditaria facilmente que existia algum caso entre Sara e eu.

Menma II suspirou, prosseguindo:

— Sara queria que ele se sentisse seguro de que ela nunca o abandonaria. Ela era muito sociável, e não queria deixar os eventos para trás, uma pena que Naruto nunca se sentia à vontade quando a acompanhava em alguma ocasião sociável. Ele ia apenas por causa dela, tudo por ela.

 

Apenas me ocorreu que antes mesmo do conflito com o Sr. Menma II, o Sr. Uzumaki receasse perder a Sra. Sara para uma vida mais interessante. O Sr. Uzumaki era um homem recluso e não tinha a mesma agilidade que a esposa em se manter em espaços sociáveis.

 

Recordou-se Hinata das palavras de Shizune.

— Eu imagino o quanto devia ser desconfortável para meu marido.

Menma II ergueu o queixo, fitando nos olhos de sua cunhada.

Revelou-a:

— Sara compartilhou comigo que temia que ele cometesse suicídio, quando ela não estivesse por perto.

Uma espremedura assolou o coração da Sra. Uzumaki. Doía-lhe imaginar tal possibilidade.

— Durante a gravidez, ela conviveu com o medo de perder Miina, por conta de suas emoções agitadas. E por causa da fase delicada que era o resguardo, esse medo persistiu.

Se o Sr. Uzumaki se culpou tanto por nunca se despedir da esposa, por nunca fazer as pazes com ela, Menma II não tivera coragem de revelá-lo sobre o sofrimento de Sara.

— Agradeço, por conseguir fazê-la sorrir. — Hinata dissera, suavemente. — Naruto disse que ela sorria, enquanto você segurava as mãos dela.

— Sim... eu queria que ela acreditasse em mim, entreguei-a palavras de conforto. Naruto suportava tudo por ela, ele jamais a deixaria. Quando a vi sorrir, animei-me, amenizar o sofrimento dela foi-me uma vitória.

Hinata repousou cada mão em um lado do rosto de Menma II.

Tendo pena pelo gêmeo mais novo ter guardado aquele segredo.

Compreendia o temor do cunhado, e a atitude de não compartilhar a verdade antes.

Caso contrário, poderia resultar que Naruto se sentisse mais culpado e aí sim cometesse o que Sara tanto temeu: suicídio.

— Não precisa mais temer, Sr. Menma II. Meu marido está seguro. Talvez se Sara revelasse o que guardava em seu coração, os dois trabalhariam juntos para conviverem melhor.

Ele assentiu, era uma possibilidade.

O gêmeo mais novo sentiu seus orbes arderem, e como imaginava, uma úmida sensação se apossou de seu rosto.

Lágrimas.

Uma leveza abraçara o imo de Menma II, por retirar de si um segredo que lhe pesou durante aqueles poucos anos.

— VOCÊ!

O grito de Naruto interrompeu aquele momento.

O interior do Uzumaki estremecia, visualizando as mãos da esposa na face do irmão e aquelas mãos masculinas nos antebraços dela.

— Querido.

Hinata recuou um passo, enquanto, imediatamente, Menma II a soltou, erguendo-se da cadeira e se posicionando para o irmão.

— NÃO ACREDITO QUE LHE DEI UMA CHANCE A MAIS, NÃO ACREDITO!

A pupila de Naruto se dilatou, e seus punhos de tão cerrados embranqueciam os nós de seus dedos.

A ex Hyuuga avançou contra o esposo, repousando as palmas contra o peito dele, exclamando-o:

— Não é o que estás pensando, querido!

— Eu confio em você Hinata, eu só não confio nele! — o loiro a segurou pelos ombros e a retirou de sua frente. Correu em direção do N. Uzumaki. — GRRRR! SAIA DA MINHA CASA!

Agarrou-o pela roupa, abaixo do pescoço.

— É um mal entendido! — gritou Menma II.

— APOSTO QUE QUANDO BEBE DIZ QUE VAI CONQUISTAR MINHA NOVA ESPOSA!

Um sabor amargo percorreu pelo Uzumaki, despertando as lembranças envolvendo Sara e Menma II.

As pessoas na sala, escutando a gritaria, aos poucos foram saindo de lá, rumando para a cozinha.

As crianças foram as primeiras a chegarem, e ficaram assustadas.

— Sra. Hinata, por favor, retire as crianças daqui.

Kawaki pediu, correndo para cima do pai, agarrando-o pelas costas, tentando retirá-lo de cima de Menma II.

A azulada assim o fez, enquanto assustados, os pequenos Uzumakis questionavam o que acontecia.

— Depois eu explico. — Hinata respondeu, de preocupado semblante. — Por favor, Menma III não saia de perto de sua irmã, fiquem perto da lareira, eu não demoro.

A ex Hyuuga retornou ao cômodo onde ocorria a confusão.

— Pai, por favor, controle-se!  — Kawaki gritava, era o mesmo que deter a fúria de um touro.

Minato também se meteu, segurando um dos braços de Naruto.

— Pai, não ajudará? — Hanabi questionou, segurando o braço de Hiashi.

— Ajudar como? Se eu fizer muito esforço sabe que meus pés incham.

— Pai, seus pés incham quando caminha demais, não precisa caminhar tanto para ajudar a...

— Eles conseguiram separá-los. — O Sr. Hiashi a interrompeu.

De fato, Kawaki e Minato conseguiram segurar Naruto.

Menma II tentando respirar já se encontrava do outro lado da sala, tendo a mesa o separando dos outros.

Hinata passando entre uma preocupada Kushina e os dois Hyuugas, acalmou-se ao ver que a briga se findara.

Ela retornou a se aproximar do marido, e segurou o rosto dele, fazendo-o parar de mirar o irmão.

— Amor, Menma II precisa lhe falar algo importante.

Descendo a mão ao peito do marido, Hinata se posicionou de lado para Naruto, enquanto seu rosto buscou fitar o cunhado.

Ofegante e pálido de medo, ao cruzar sua vista com a da cunhada, negou balançando a cabeça. 

A azulada assegurou:

— Está tudo bem, acalmarei meu marido primeiro. Vocês precisam ter esta conversa, será melhor.

Menma II passou a mão contra seus cílios, apertando a pele entre os olhos.

Hinata não permitiria que o cunhado partisse sem que ele conversasse com o irmão.

Ocultando seu incomodo, Hanabi pensou:

— “Ninguém vai revelar o motivo do barraco?

Se perguntasse verbalmente sabia que seria repreendida pelo pai e irmã.

 

 

Mais tarde, Hinata pusera as crianças para dormir, assegurando-as que tudo ficou bem entre Naruto e Menma II.

Os pequenos continuavam preocupados, mas por conta da exaustão, não permaceram acordados por mais tempo.

Era muito mais que meia noite.

Hinata retornou a sala da lareira, sentando-se sobre o manto perto do fogo.

Kawaki apareceu, levando um manto para pôr sobre os ombros da ex Hyuuga.

— Gostaria que eu lhe fizesse companhia, Sra. Hinata?

— Não, obrigada. Sr. Kawaki. Durma bem.

O rapaz assentiu, e a desejou boa noite.

Ele se retirou da sala.

Bem aquecida, diante à lareira, Hinata seguiu aguardando seu marido e o cunhado se retirarem da sala de refeição.

Os pais do marido já dormiam em um dos quartos de hóspedes.

Igualmente, Hiashi.

Estando a maior parte da casa silenciosa, Kurama vagou pelo interior dela.

Passou longe de onde os criados festejavam.

Chegou até a sala onde jazia Hinata, capturou algumas migalhas de biscoitos que encontrava pelo piso.

Sem sucesso em encontrar mais migalhas, acomodou-se ao lado da pequena mulher.

A perolada agradou os pelos vermelho-alaranjados do lindo animal que fechou os olhos.

Alguns minutos a mais, Hinata escutou e apertou as pontas do manto sobre o peito, levantando-se e se virando para a entrada, esperando que daquela vez fosse seu marido e o cunhado.

Naruto apareceu com um semblante impassível.

Após findar sua conversa com Menma II, sua mente se encontrava a deriva.

Automaticamente, rumou para aquela sala, pretendendo se arranjar na poltrona, perto do fogo.

Mas assim que sua visão bateu na esposa, impulsionou-se a ela.

Ele abaixou a cabeça para encaixar seu rosto no colo dela.

Hinata passou as mãos pelas costas do esposo, abraçando-o fortemente.

E não precisou verificar se ele chorava, sabia que sim, mesmo ele não emitindo som algum.

Menma II apareceu no marco da entrada, e se manteve ali.

Sorriu um pouco à cunhada, seus orbes lacrimejantes diziam tudo.

Naruto ouviu a verdade. 

Silencioso, Menma II sequer entrou na sala, rumou para um dos quartos de hóspedes.

O N. Uzumaki levava consigo a segurança de que seu irmão não faria nada trágico.

Naruto não se encontrava mais na escuridão.

 

~NH~

Duas semanas e três dias depois

~NH~

 

Chegara o dia.

A marca do procedimento médico do Sr. Uzumaki se encontrava completamente cicatrizada e ele não sentia nenhum incomodo vindo dela.

As crianças dormiam.

Hinata se despiu devorada pela timidez, parecendo que era a primeira vez que fazia aquilo na frente do marido.

Talvez por que soubesse que diferente das outras vezes, ela não se despia para trocar de roupa ou para se banhar.

Naruto sentado na cama, com as mãos sobre os joelhos separados, e os pés firmes no chão, trajado apenas de calça de pijama, sentia sua boca produzir mais saliva que o comum.

No fim, Hinata soltou os cabelos a caírem como um véu sobre suas costas e passou por cima de suas vestes no chão, caminhando na direção do marido.

As mãos dele agarraram a cintura dela.

Subindo e descendo sua visão, Naruto não sabia por onde começar.

Até que sua boca se dirigiu aquele par de seios, alternando entre eles.

Ao deixá-los embebidos com sua saliva, balançou a cabeça de um lado para o outro contra o busto da esposa, parecendo um animal pretendendo deixar seu cheiro naquele corpo, marcando território.

Ela colocou as mãos nos cabelos loiros que estavam maiores, espremeu-os em seus dedos.

Hinata cerrava as pálpebras e mantinha os lábios semiabertos, erguendo o queixo, tentando não gemer alto.

Ela se assustou, sendo repentinamente, lançada contra cama.

Agoniado, Naruto saiu da cama, e enquanto retirou a calça, sua vista mirou na região entre as pernas femininas.

As coxas bem torneadas jaziam entreabertas.

A calça se juntou às vestes da esposa, no chão.

Ele revelou sua região íntima a se demonstrar preparada para se unir ao corpo da pequena mulher.

Ele retornou à cama e se posicionou sobre a azulada, beijando-a nos lábios, aprofundando sua língua naquele sabor adocicado e ardente ao mesmo tempo.

Uma mão dele tratava de apertar um seio, com o mamilo entre o dedo indicador e o maior.

Descendo sua boca sedenta pelo pescoço feminino, ele questionou rouco:

— Assustada?

— Ansiosa.

Ela admitiu.

Ele poderia conduzir tudo, como combinaram.

Ele poderia fazer o que bem entendesse na cama.

Pois apesar do comportamento desesperado do marido, Hinata sabia que ele não a machucaria.

Confiava nele.

Ele sorriu, mordicando a pele branca e lisa.

Lá fora a tempestade de neve poderia cair o quanto quisesse.

No interior do quarto conjugal, a paixão com a qual o casal se amava fisicamente seria capaz de produzir chamas para derreter os pólos da Terra.

 

~NH~

 

A primavera retornou.

Antes de a primeira flor desabrochar, Kurama se encontrava na floresta.

No último mês que residiu na propriedade Uzumaki, a raposa passou a explorar cada vez mais longe ao redor da casa, até ultrapassar o baixo muro e enfim decidir não regressar à casa.

E foi assim, sem despedida.

As crianças quando perceberam que o animal não retornaria mais, entristeceram-se.

Menma III lagrimou escondido, mas tanto Hinata quanto Naruto sabiam que ele sofria.

Miina chorou escandalosa por um tempo.

Kawaki se comprometeria a deixar a casinha limpa, caso a raposa reaparecesse no próximo inverno em busca de algum abrigo contra o frio.

 

~NH~

5 de abril

Domingo

~NH~

 

Naruto junto de sua esposa e filhos, dentro da sege, rumava para Bielog.

O povo da cidade obviamente não tardou, a saber, que o próprio Sr. Uzumaki se encontrava no interior do transporte.

A família viajaria para um campo de girassóis, um pouco distante de Bielog.

Pretendiam realizar um piquenique.

Mas antes, Hinata passaria na propriedade Hyuuga, onde Hanabi a esperava, pois a irmã partiu mais cedo para ir à igreja.

Da igreja, Hanabi foi visitar o pai, e aguardaria sua irmã buscá-la para ir ao piquenique, adoraria andar em um campo de girassóis.

Sai Diskin foi quem levou a Hyuuga à igreja e depois teve que regressar para estar à disposição da família Uzumaki.

Kawaki se pendurava atrás da sege e saltou ao chão quando o transporte parou.

Desprovia-se da atenção aos olhares lhe lançados por moças a andarem em duplas. 

Naruto desceu do transporte e pegou sua filha no colo; beijando a bochecha dela e a seguir, pondo-a no solo.

Menma III saiu pelo outro lado.

Hinata recebeu ajuda do marido para descer.

Naruto segurou a mão direita da perolada, e usou a esquerda para acariciar o rosto feminino.

— Estou indo, não demorarei. — Ele a avisou.

— Está se sentindo bem? — ela questionou, sabendo que o marido faria algo de importante naquele dia. Queria confirmar que ele continuava normal. 

— Estou. — Ele confirmou, levando os dedos dela aos seus lábios.

Com todo aquele carinho, despertando inveja em algumas mulheres acompanhadas de seus maridos, Naruto se despediu da esposa.

O Sr. Uzumaki se afastava, ao dizer:

— Crianças não peçam tudo que encontrar.

— Sim papai. — Menma III e Miina responderam juntos.

Os pequenos Uzumakis se atraíam por algumas tendas de doces da feira, Hinata parou ali para fazer algumas compras, antes de chegar a casa do pai. 

A perolada segurou a mão de cada um e observou Naruto andar em direção a Kawaki que o esperava um pouco mais distante.

Pai e filho, lado a lado, andaram pelas ruas de Bielog, conversando, e alheios aos olhares que recebiam.

Naruto não usava mascara e nem capa. Assim como o filho, equipava-se com a roupa de tecido leve de mangas longas, cinturão, calça e botas, sem a casaca.

Kawaki levava a casaca, em uma das mãos. 

O loiro arrancava tantos suspiros quanto o jovem Uzumaki, sua marca ao redor do olho atingido pelo incêndio em nada atrapalhava sua beleza. 

Os dois se encaminhavam ao antigo lar.

Na noite anterior, Naruto compartilhou sua pretensão para a esposa.

Ele queria se despedir, definitivamente de Sara.

Não que ele não mencionaria mais o nome dela ou não pensaria mais nela, ele queria apenas se livrar dos resquícios ruins que a tragédia deixou em sua mente.

Sendo assim,  agora que não viveria mais em reclusão em sua propriedade, o primeiro lugar que gostaria de visitar era o seu antigo lar.

E quando chegaram, o loiro fechou as pálpebras um instante.

Comentou:

— Mudaram tudo.

— Sim, tudo. — Concordou o jovem Uzumaki.

Tornara-se uma casa de tamanho médio, com boa aparência, e dentro da qual se vendiam ervas aromáticas.

Conseguiam sentir o cheiro a dez metros de distância.

De um lado da casa, uma estufa.

Do outro, um espaço a céu aberto, onde antigamente existia mais de um cômodo da antiga casa Uzumaki.

— No início do mês recebi esta carta. — Kawaki retirou o papel de dentro da casaca preta e estendeu ao pai. — Aqui contém algumas informações sobre onde estão alguns membros da família Rist e da família Mendez. No início do ano passado, eu ofereci uma quantia generosa para alguns homens, pela localização das duas famílias.

A carta ainda não foi aberta.

— Eu mantive segredo porque, bem, eu já não tinha esperança que fossem encontrados. Pensei até que os homens desistiram. 

Complementou Kawaki.

Naruto movendo a carta em suas mãos pensou em Sara e no sorriso dela.

Fechou as pálpebras e espremeu os lábios.

Seus dedos estreitaram o papel e a seguir rasgou o material, a carta foi reduzia a pequenos pedaços. 

Kawaki nada fez, assistia o vento levar os pedaços brancos.

O loiro verbalizou, em serenidade:

— Eu lembro daquela gente. Não tinham motivos para fazer o que fizeram. Seja qual das famílias é a responsável pelo incêndio, ou sejam as duas ao mesmo tempo, hoje estão se punindo com a própria consciência.

Não queria mais cutucar aquela história.

Ainda que existisse uma gota de possibilidade de que algum membro de uma das famílias causara a tragédia propositalmente, não iria atrás de ninguém.

Kawaki se sentia do mesmo modo.

O jovem Uzumaki antes queria vingança, todavia aquelas pessoas humildes tiveram que refazer a vida longe de Bielog, e sabe onde.

Talvez até o presente ainda se mudassem de morada, temendo que fossem encontradas por alguém de Bielog.

Não foi somente a família Uzumaki prejudicada pelo incêndio.

Pai e filho contemplaram por um momento a casa de ervas.

Na visão deles, conseguiam substituir a casa de ervas pela antiga casa Uzumaki.

Conseguiam ver Sara na porta e balançando a mão, dando-lhes tchau.

Kawaki por um momento quase avançou um passo na direção dela, mas o vento contra seu rosto, lembrava-o de que era apenas uma ilusão.

Ele sussurrou:

— Descanse em paz, mãe.

E a casa Uzumaki retornou a ser uma simples casa de ervas aromáticas.

Naruto abraçou o jovem Uzumaki pelo ombro, e Kawaki correspondeu ao abraço.

Os dois refizeram o caminho, sem se desgrudarem.

Os pedaços da carta já estavam bem separados uns dos outros, cada um indo para o destino que o vento decidisse.

 

 

~NH~

Três anos depois

~NH~

 

 

Viera um tempo de tempestade sobre o casal Uzumaki.

Quando se progrediram meses e Hinata não gerou nenhum filho em seu ventre.

Ela ansiava tanto em dar um irmão aos pequenos Uzumakis que chegou a ter três alarmes falsos.

Em decorrência, ela começou a se deprimir, mesmo o esposo não se preocupando se teria ou não um novo filho.

Embora Hinata soubesse que ele se encontrava feliz, falhava ela em se livrar daquele desejo de aumentar a família.

Piorando seu estado emocional, a azulada temia que as crianças achassem que fossem insuficientes para ela se sentir mãe.

Nenhum dos pequenos demonstrara isso, mas a mente de Hinata plantava aquela desconfiança, acreditando que eles não revelavam para ela não sofrer.

A ex Hyuuga definhou, tornou-se mais pálida que o comum.

A magreza mesmo lhe reduzindo a beleza física, não retirava sua natureza amável que encantou a família Uzumaki.

Naruto se mostrou forte, e não desistiu de sua esposa.

Banhava-a, trocava-a, dava-lhe de comer, levava ela à latrina.

Ele se juntou aos criados da cozinha, pedindo-os que o ensinassem a preparar algumas receitas que a perolada preferia.

Os criados se surpreendiam, testemunhando o patrão agir como um deles.

Neji, Hiashi, Menma II e até o casal N. Uzumaki que recebeu a permissão de visitar a propriedade Uzumaki mais vezes ao ano, deparavam-se com um Naruto muito mais firme e quase sempre atarefado.

Hanabi fazia companhia a Kawaki para distrair as crianças, e quando não estava fazendo isso, obrigava seu cunhado a descansar, e tratava de cuidar da irmã.

A Hyuuga se tornou uma ótima bordadora, ela fazia Hinata erguer as mãos onde atava as linhas, enquanto na outra extremidade, Hanabi tratava de mover as agulhas. 

Em Bielog, a jovem Hyuuga fez um pedido especial ao marceneiro que sem entender a entregou pequenas varetas de pau.

Hanabi apresentou aquele jogo à irmã, e não somente aquele.

Em um domingo, depois de sair da igreja, abordou o Konohamaru, perguntando-o se ele conhecia mais jogos que não precisasse correr, Hanabi levou as ideias que recebia para brincar com Hinata.

Foi assim, que aos poucos, com as pessoas se esforçando por ela, especialmente a irmã e o marido, que Hinata recobrara, gradativamente, sua saúde física e mental.

 

E quando ela não esperava mais engravidar, engravidou.

 

No meado da primavera, Minato e Kushina chegaram à propriedade Uzumaki.

Quem abriu a porta não foi o mordomo ou a governanta e sim o próprio Naruto.

Dentro de outra sege, Menma II chegou com os sobrinhos.

Nos últimos dois meses, o Sr. Uzumaki achou uma boa ideia que as crianças dormissem na casa do tio, pois ele entregou atenção total a esposa que sentia que explodiria a qualquer instante. 

Assim que o parto ocorreu, Naruto enviou uma mensagem para a casa do irmão, avisando que poderia trazer os filhos. 

Menma III e Miina, ansiosos, queriam conhecer seus irmãozinhos.

Sim, irmãozinhos.

Hinata tinha certeza que carregava mais de um.

Não era espanto, haja vista que Naruto e Menma II eram gêmeos.

Hiashi era gêmeo do pai de Neji, Hizashi.

E pelo volume da barriga, todo mundo diria que havia mais de um ali dentro.

Dentro da casa, os pequenos Uzumakis se lançaram contra o pai, que carregou cada um, em um braço.

Naruto tinha tanto gosto de fazer aquilo, sustentar seus pequenos, mesmo que eles estivessem pesando mais.

Era um prazer carregá-los ao mesmo tempo.

Minato e Kushina assistiam a cena, já acostumados a reverem Naruto belo e saudável novamente.

A relação do Sr. Uzumaki e seus pais se limitava a boa educação.

Podia-se dizer que Menma II e Naruto tinham uma relação muito mais próxima.

 

Menma III e Miina puderam entrar no quarto do casal Uzumaki quando a madrasta acordou.

Hinata amamentava, segurando cada bebê em um braço, e seus perolados cintilaram quando avistou as duas crianças varando pela porta.

Os dois Uzumakis subiram na cama, devagar, cautelosos em não encostar a sola dos calçados no colchão.

O loirinho beijou a bochecha direita de Hinata, e Miina, à esquerda.

E retornaram seus pés ao chão, debruçados sobre a cama, assistiam os belos irmãozinhos.

Um recém nascido tinha cor azulada nos apoucados cabelos, e o outro, reconhecia-se um fiozinho loiro ali e aqui.

E citando cabelos, os de Menma III estavam maiores, ele os amarrava na altura da nuca e não pretendia cortá-los.

Seu tamanho indicava que seria futuramente um homem tão grande quanto o pai.

Miina gostava de cabelos curtinhos, na altura da nuca, apenas quando não estava nos meses de inverno.

Dentro do quarto, Naruto fechou a porta.

Menma II aguardava do lado de fora, sentado no chão, de costas contra a parede, abraçando as próprias pernas, irritado por ainda não poder ver seus novos sobrinhos.

O Sr. Uzumaki só permitiria o irmão entrar, quando Hinata terminasse de amamentar.

Naruto se sentou na borda da cama, ao ladinho da esposa, apreciando seus recém-nascidos.

E fitou seus filhos maiores, avisando-os:

— Estamos esperando que dêem o nome deles.

— São dois meninos? — Miina questionou.

— Um menino e uma menina. — Hinata respondeu.

— Para o menino eu quero Boruto. — Menma III decidiu, há tempo vinha pensando naquele nome.

— E a menina é minha, eu quero que o nome dela seja Himawari. — Miina falou.

Naruto e Hinata se fitaram, adorando os nomes.

— Então, Boruto e Himawari, sejam bem vindos. 

Hinata dissera, alternando seu olhar amoroso sobre os pequeninos em seus braços.

 

Menma II entrou no quarto, momentos mais tarde, quando seu irmão liberou sua entrada.

O tio carregou cada um de seus sobrinhos. 

Obedecendo a um pedido de Naruto, o Namikaze carregou um de cada vez, e não os dois ao mesmo tempo.

Neji entrou com Hanabi, quando Menma II ainda se encontrava no interior do quarto.

O primo Hyuuga queria conhecer aqueles que ele trataria como sobrinhos.

E Menma II ficou um pouco enciumado, queria ser o único tio das crianças.

Hiashi se encontrava no interior da casa, mas esperaria todos visitarem os bebês.

Conheceria os netos, por último.

Hinata conseguiu convencer o pai a receber atendimento do Dr. Dittman.

Os pés do Sr. Hyuuga melhoraram demais, todavia ainda lhe era recomendável passar algumas horas do dia descansando.

Sua fábrica de tecidos começou a funcionar e até o momento ia tudo bem.

Sua fábrica não recebia o sobrenome Hyuuga, nomeou-a de Hana, o nome de sua falecida esposa.

Suas filhas acharam uma bela homenagem.

Menma II que, secretamente, há tempo buscava informações sobre os motivos que levaram os antigos negócios da família Hyuuga à falência, descobriu recentemente, que Hiashi apostava em cavalos, adotando um pseudônimo.

Sua procura por essa verdade, talvez fosse a responsável por essa história retornar a repercutir entre negociadores.

E temendo que o sobrenome Hyuuga atraísse má sorte, Hiashi mudou o nome da fábrica um dia antes de inaugurá-la.

Não querendo cutucar em problemas, Menma II não revelou para a cunhada, deixou quieto.  

 

 

Naruto abriu a porta de uma das salas que tinha a vista para um jardim.

A mesma onde Menma II dormira na época que trouxera Kawaki de volta para casa.

Encontrou seus pais conversando algo no jardim.

Eles já haviam conhecido os novos netinhos.  

Naruto cruzou o cômodo, parando na divisa entre o jardim e a sala.

— Vou passear com Menma III e Miina, enquanto Hinata descansa novamente.

Ele os avisou, era assim que os convidava, esperando que eles se oferecessem a acompanhá-los em algum passeio.

Kushina apertou a mão de Minato, com muita força, expressando atônito olhar.

Notando a estranha expressividade da mãe, Naruto questionou:

— Aconteceu algo?

Estendendo-se a esposa emudecida, Minato respondeu:

— É que... sua mãe, sua mãe e eu na verdade, queríamos revelá-lo algo sério.

Naruto cruzou os braços, questionando-o:

— O que?

— A-a ver-verdade sobre quando você nasceu.

— Quando nasci? — franziu o cenho. — Que verdade?

Minato sentindo seu sangue percorrer em maior velocidade, respondeu-o:

— Acreditamos que você tinha morrido, pouco tempo depois de nascer.

— O que?

— Tu nasceste muito pequeno, Naruto. Bem diferente do teu irmão. Providenciávamos a cova, quando de repente sua mãe reparou nos movimentos de seu peito.

Pelas beiradas das orbitas de Kushina, já se acumulavam algumas lágrimas.

Naruto meneou a cabeça, levemente, em negativa, considerando aquela revelação sem cabimento.

— Ainda assim, achamos que não sobreviveria por muito tempo, por isso não lhe nomeei de Menma II, mesmo você nascendo primeiro. 

Minato esclareceu mais.

E vagando seu olhar pelo piso, sobre o espaço entre seus pés e os pés de Naruto, continuava:

— Eu queria enterrá-lo logo, porque não queria estender o sofrimento de Kushina, mas ela só queria enterrá-lo quando você não desse mais sinal de vida.

Sua esposa, enfim, concentrara forças suficientes para se manifestar:

— Você persistiu vivo, e conforme o tempo foi passando, dei-lhe um nome. Mas nossa fé continuou baixa. Antes de alcançar os cinco aninhos, você era tão mais baixinho e magro que Menma II. Adoecia com tanta facilidade, tínhamos baixa esperança que chegasse vivo à juventude.

Ela não podia mais falar, pois um soluço rompeu por sua garganta, limpou o próprio rosto e esfregou os olhos, que ardiam ininterruptamente.

Sendo assim, o esposo tomou a voz, novamente:

— Não queríamos nos apegar a você. E quando chegou a juventude, nos demos conta que você era alguém saudável, e nos sentimos culpados, pois se tornou um rapaz recluso que percebera o tratamento diferenciado com o qual cresceu, quando comparado ao tratamento que Menma II recebia.

Kushina fungou, passando a ocultar o nariz e a boca com sua mão. 

A região branca dos olhos se avermelhava aos pouquinhos.

— Não nos considerávamos dignos de seu amor, Naruto. Por isto, mantive meu comportamento rígido, para você me odiar. E bem... Kushina sempre foi doce com você, mas ela se controlava para não lhe entregar tanta atenção.

Naruto recuou dois passos, passando a mão na boca, enquanto sua outra mão segurava seu cotovelo.

Movendo seu rosto, levemente, de um lado a outro, comentou:

— Eu nunca ouvi nada a respeito sobre eu quase nascer morto, nem mesmo, quando sem querer, eu escutava uma parte das fofocas dos criados. No mínimo escutei que eu era magrinho quando pequeno, mas isso é tão comum.

Kushina tendo enxugado novamente um par de lágrimas, respondeu-o:

— Eu dei a luz em uma casa de repouso, onde Minato e eu íamos passar algum tempo longe da cidade. Só quem soube foram os três criados responsáveis pela construção, mas dois deles já morreram de velhice e o outro não reside mais por lá.

Tornara-se um segredo trancado a sete chaves.

— E o que pretendem me revelando isso agora?

O casal retornou a entrelaçar as mãos.

Apertavam-nas com força.

Um era a força do outro.

Um se apoiava no outro.

— É que vínhamos pensando tanto... aconteceram tantas mudanças. Uma pessoa que não era da família veio e recuperou sua saúde, sua felicidade. Ela fez o papel que deveria nos caber, mas havíamos perdido a fé há tanto tempo.

— Menma II que era até mais odiado por você, conseguiu se reaproximar que... enfim... talvez com você sabendo da verdade, possa algum dia nos perdoar. — Minato reforçou e puxou Kushina para mais perto, abraçando-a pelo ombro. — Não estamos pedindo que seja carinhoso com a gente, nem nada. Mas... se ao menos soubermos que não sente nada de ruim contra nós, seria uma vitória para a gente.

Naruto vagou sua vista por alguns segundos, e sem dizer nada, retirou-se do cômodo.

Kushina espremeu os beiços, e repousou uma mão sobre o peito de Minato, escondendo seu rosto choroso contra ele.

O marido a apertou com força, dizendo-a que tudo ficaria bem, ao menos eles tentaram.

E se nunca conseguissem o perdão do filho, apenas continuaria sendo a punição de não tê-lo criado com a mesma afeição dirigida à Menma II.

A porta foi aberta de novo, segurando a maçaneta, Naruto os avisou:

— Meus filhos estão impacientes, querem saber se vocês vêm ou não.

Kushina recuando o rosto do peito do marido, passou a costa da mão contra a face, fitando o filho que impaciente aguardava a resposta deles.

Ela se entreolhou com o marido que a seguir respondeu:

— Sim, nós vamos.

— Ótimo. — Naruto se afastou da porta.

De mãos dadas, o casal saiu do cômodo, seguindo o filho a poucos metros distantes.

Uma esperança surgia no coração do casal, daquela vez alimentariam fé.

Junto com Menma III, Miina e seus pais, Naruto os conduziu para a casa bem cuidada situada perto das águas.

Kawaki já estava lá, dando de comer aos filhotes da Kurama, depois de cada inverno, a raposa sempre trazia novos filhotes.

Aquela casa era um ótimo ponto para receber aqueles animais.

 

~NH~

 

Naruto se retirou para seu quarto, após pôr Menma III e Miina na cama.

E foi retirar Kawaki à força do escritório, o rapaz se sobrecarregava de trabalho um dia sim e um dia não, pois se entupia de deveres para ter o dia seguinte inteiramente livre.

Mas tantas horas dentro do escritório fazia mal.

Escutou mais de uma vez o rapaz reclamar de dor de cabeça.

Ao cruzar seu caminho com a cunhada que também se retirava para o quarto, Naruto a avisou que havia algumas famílias interessantes as quais queria apresentá-la, pois tinham alguns jovens bem financeiramente entre elas.

— Não estou interessada, estou vendo se consigo permissão de Hinata para eu viajar à cidade do leste, pois terá uma exposição de arte nessa semana. Se eu conseguir a companhia de Neji, ela vai deixar.  

Além dos bordados, Hanabi buscou desenvolver outras atividades nas quais descobriu ter algum talento.

E mesmo que não se reconhecessem mulheres como pintoras, ela descobriu que o artista nem sempre revelava sua identidade, talvez pudesse usar um pseudônimo e quem sabe um dia, conseguir que uma de suas pinturas fosse parar em uma exposição.

— Está certo então, boa noite. — Surpreso, Naruto se despediu dela.

— Boa noite. — E quando estava um pouco mais longe. Hanabi chamou novamente o cunhado, alertando-o: — E deixa minha irmã descansar, eu vi você apalpando a bunda dela quando eu entrei para entregar as roupas secas.

— Isso é coisa que se diga, menina! — Naruto ralhou avermelhado.

— Eu não sou uma menina, humpf. — Empinou o nariz, indo embora.

 

Hinata acabara de ajeitar seus filhos no centro da cama.

Existia um par de berços ao pé da cama, cuja estrutura de madeira nobre, cobria-se com acortinados em tule bordado por Hanabi.

Todavia, a perolada não queria deixá-los dormir em seus berços, ainda não.

Naruto respeitando a vontade da esposa, já arrumava sua cama no piso.

— Amor, durma em um quarto de hóspedes, já que não quer dividir a cama comigo, então ao menos durma confortável.  — Ela pediu, quase implorando.

— Nem pensar, eu quero dormir perto dos bebês. — Ele espalhava um monte de travesseiros sobre o chão, ao lado oposto de onde a esposa dormia.

Prevenindo-se, caso os bebês se virassem pelo leito.

Recusou-se a dormir na cama, temendo que se virasse sobre eles.

Terminado de arrumar tudo, subiu na cama, para beijar as cabecinhas pequeninas, uma de cada.

— Boa noite, Bolt. Boa noite, Hima.

Ele já os concedeu apelidos.

E no final, aproximou seu rosto ao da esposa, e eles se beijaram de leve.

Antes de desgrudarem suas bocas por completo, a perolada corou ao sentir o beiço inferior ser mordicado.

Ele estava ansioso para o resguardo acabar, dando-lhe sinais todos os dias.

Ela não podia negar que também ansiava para reviver as chamas do casamento.

 

~NH~

 

Na manhã seguinte, Kawaki recebeu o convite do pai para se banharem no lago da raposa, como apelidavam.

O filho mais velho respondeu que iria mais tarde, por que tinha uma coisa pra fazer.

No fundo, Naruto sabia que era mentira, sabia quando seu filho amanhecia com dor de cabeça, o rapaz não gostava de admitir. 

Depois do café da manhã, Kawaki decidiu se retirar para o quarto. 

Na escada, não entendeu aonde sua irmã ia, afinal seu pai e Menma III a esperavam fora de casa. 

Ele a viu entrando no quarto do quadro de Sara, e ao abrir a porta um pouquinho, ele espiou a ruivinha se ajoelhar e orar de olhinhos fechados:

— Minha mãe está muito cansada por conta dos meus irmãozinhos, então ela pode ter se esquecido de orar por você, por isso, vou orar por nós duas. Obrigada por me acolher na barriga e por me amamentar, que continue tendo paz, obrigada por tudo, mamãe Sara.

Kawaki sentiu a garganta apertar um pouco, permaneceu parado escutando a irmã orar mais uma vez.

Encostou a porta, segundos antes de a menina terminar a oração. 

Miina ao sair do cômodo, surpreendeu-se com o irmão parado de costas contra a parede e os braços cruzados. 

— Olá Kawaki, estou indo que papai e o Menma III estão esperando. Tenha um bom dia, irmão.

Ela correu para fora do corredor. 

O rapaz após assisti-la partir, abriu a porta do cômodo de novo, e observou o quadro, com aquele ar de saudade da mãe.

E sorriu.

Não doía tanto quanto antes. 

Após fechar a porta, correu para alcançar a irmã.

— Espere Miina, eu vou com vocês. — Ele segurou a mãozinha dela, e Miina ficou muito animada.

 

~NH~

 

Em uma viagem de negócios, Naruto recebeu um questionamento de alguém que descobriu que ele se casou com uma mulher fora da alta sociedade, esse alguém perguntou se ele não se arrependia pelo casamento, agora que recebia imensa atenção de mulheres ricas, belas e jovens, aonde quer que fosse.

Naruto respondeu com muito orgulho:

— Jamais me arrependerei de casar com a doce criada que chegou em minha casa sem luz, trazendo encanto para mim e aos meus filhos, ela iluminou nossas vidas, amo aquela mulher.

 


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Notas finais do capítulo

Sugeriram que eu fizesse uma one sobre a primeira vez do casal, então se eu conseguir fazer uma, eu aviso pelas respostas aos comentários ou por mensagem, seja como der, um imenso abraço a todos.



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