Phillip sentia estar esquecendo de algo – talvez não fosse nada mais que uma curiosa e inesperada veneta ou uma estranha desilusão que veio em uma péssima hora, mas o homem não conseguia se livrar daquela maldita sensação.

Com um dar de ombros ele resolveu fingir que aquele peso não lhe afligia e deixar aquela preocupação no fundo de sua mente, tinha maiores prioridades naquele momento – como, por exemplo, deslumbrar daquele maravilhoso nascer do sol.

“Ah...” Suspirou feliz e cansado, apagando sua fogueira e dando adeus ao chispear de sua chama. “Que mais bela visão – que mais bela aventura.” Seus olhos acompanhavam os laranjas, amarelos, violetas e os tão preciosos azuis ao longe; o voar dos pássaros da manhã pintando os céus sobre mil e uma bifurcações em uma estrada – como um aventureiro de cabeça e coração, ele vivia por aquela visão e por aquela visão apenas.

Ah, o pobre Phillip, condenado a eternamente caminhar sobre a grama ao invés de voar por sua amada imensidão azul – não, o aventureiro já tinha feito sua paz com isso há muito tempo; ele caminharia sobre toda a terra, debaixo de todo o céu. Um passo após o outro, uma viagem após a outra – sem parar.

“Bem, a aventura chama.” Concluiu com um sorriso no rosto começando a erguer seu acampamento e arrumar suas coisas – mochilas nas costas com um peso já costumeiro, uma bússola na mão como se ela ali pertencesse e...

Phillip sentia estar esquecendo de algo – de dobrar as roupas antes de voltá-las para sua mala? De apreciar o céu uma última vez antes de colocar o pé na estrada novamente? Dos dois meninos do outro lado do mundo forçados a viver e crescer sem um pai porque o mesmo queria bancar o aventureiro? Não havia como saber.