Ressurrecto escrita por Alyeska


Capítulo 1
Sangue-ruim


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente!
Espero que gostem dessa fic tanto quanto estou amando escrevê-la! ♥



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"Edwiges", pensei automaticamente ao notar de longe a ave branca empoleirada na caixa de correio em frente à minha casa, pouco antes da dolorosa pontada de uma lembrança desagradável me atingir de súbito: a coruja de Harry tinha morrido. Ainda assim, a ave no fim da rua só podia estar trazendo a resposta à carta que havia enviado a ele dias antes.

Não havia escrito pra mais ninguém depois disso.

A bem da verdade, não vinha escrevendo muito ultimamente, depois de tudo o que havia acontecido.

Não importava o que eu dissesse nas correspondências, o quanto assegurasse a todos que estava bem, insistiam em perguntar repetidamente sobre Rony, e eu simplesmente me sentia incapaz de continuar a falar sobre o assunto.

Franzi as sobrancelhas ao ver que a odiosa inscrição na parede da frente da minha casa "SANGUE-RUIM" havia retornado, embora eu já houvesse tentado removê-la ou camuflá-la com variados tipos de feitiços. Apesar de as letras estarem escritas em uma tinta preta feito carvão, ela quase parecia cintilar sob o brilho da lua cheia contra a parede azul-claro. Talvez pudesse tentar um feitiço de limpeza novamente no dia seguinte...

Divagando, cruzei os últimos passos que restavam até a porta de casa. Foi quando finalmente notei, com um arrepio percorrendo todo o meu corpo, o olhar fixo da coruja, sua expressão estranhamente inteligente.

Em um instante a varinha estava na minha mão.

Aquela não era uma coruja comum.

Homorphus!

Um lampejo prateado irrompeu da ponta da varinha, resplandecente, transformando em um segundo a ave em uma figura vestida de negro, portando uma máscara dourada já envelhecida, desgastada. Embora as vestes e o capuz ocultassem a maior parte de seu corpo, ainda era possível entrever a pele alva do homem, assim como longos fios de cabelos tão claros que quase era possível descrevê-los como brancos. Os dedos magros portavam uma varinha fina e comprida em riste, que mais pareciam uma extensão deles mesmos.

Apesar de ele estar claramente vestido como um Comensal da Morte, eu não acreditava que ele era um, de fato. Não podia ser, já que todos os que haviam sido identificados, que não haviam morrido na Segunda Guerra Bruxa, estavam agora em Azkaban guardados não apenas por dementadores, mas por guardas bruxos poderosos.

Devia ser só mais uma piada de mau gosto, como as inscrições anti nascidos trouxas que vinham surgindo em muros e paredes por toda a cidade.

— Eu disse que ela perceberia!

Uma nova voz me sobressaltou, vindo de algum lugar ao meu lado.

Protego! — gritei, antes mesmo que algum deles pudesse esboçar qualquer reação.

Incarcerous! — O primeiro falou um milésimo de segundo depois, mas meu escudo fez ricochetear o feitiço, que atingiu seu parceiro. Em um instante, uma corda invisível envolveu o corpo do segundo homem, derrubando-o. A capa da invisibilidade sob a qual ele se escondia escorregou, se amontoando ali perto.

Antes que eles tivessem tempo de se reorganizar, me joguei atrás do carro de minha mãe estacionado ali na frente, pensando em como afastá-los dali antes que meus pais retornassem.

— Você não vai conseguir se esconder de nós, sangue-ruim! — um deles gritou, fazendo meu sangue gelar nas veias com a fúria —. Se não formos nós, algum outro seguidor do Lorde das Trevas vai te encontrar e você vai se arrepender do dia em que descobriu ser uma bruxa!

Fiquei de pé, a varinha em riste, me preparando para atacar. Apesar disso, o homem de máscara dourada foi mais rápido que eu.

Reducto!

As janelas do carro explodiram em milhares de pedacinhos. Embora eu tenha escondido meu rosto sob as mãos, senti-o arder em vários pontos, assim como meus braços. O carro foi reduzido a partes retorcidas e sem formas espalhadas por todo o pátio, me deixando vulnerável outra vez. Apesar de a rua estar deserta àquela hora, tinha certeza que os vizinhos não ignorariam tanto barulho. Precisava acabar com aquilo.

 Virando apenas metade do corpo na direção dos agressores, lancei:

Petrificus Totalus!

Para meu completo azar, eles tinham aprendido a lição. Um feitiço escudo agora os protegia, fazendo a maldição ricochetear em mim.

Meu corpo se chocou contra o chão, quando o Feitiço do Corpo Preso me atingiu. A bile subiu pela minha garganta quando as risadas dos homens chegaram até mim. Já não tinha mais tanta certeza de que não eram realmente Comensais da Morte.

Passos despreocupadamente lentos se aproximavam acompanhados por xingamentos e escárnio, aumentando ainda mais minha angústia. Sentia a varinha nas pontas dos dedos, mas imobilizada como estava, era impossível contra-atacar.

— Não diga que não te avisei, sangue-ruim — o rosto de um rapaz surgiu acima de meus olhos, um sorriso cruel distorcendo-o, sua mão suja apertando meu queixo. Controlei as lágrimas que ameaçavam escapar —. Você vai se arrepender do dia em que soube que é uma bruxa.

Estupefaça! — A mão foi arrancada de meu rosto de súbito —. E você vai se arrepender do dia em que encostou em Hermione!

Dessa vez, deixei as lágrimas escorrerem livremente. Aquela voz… eu a reconheceria em qualquer lugar e tempo.

Confringo! — algo explodiu à distância, mas eu duvidava que algum dos homens houvessem sido atingidos — Protego Máxima! — Harry disse, assim que se aproximou o suficiente de mim, enquanto luzes multicoloridas se relampejavam ao nosso redor —. Finite Incantatem.

Suspirei, sentando-me com dificuldade no chão, enquanto envolvia Harry em um abraço. Minha cabeça havia sofrido a maior parte do impacto quando caí, de modo que o mundo parecia girar diante dos meus olhos.

— O que está acontecendo, Hermione? — ele perguntou, a voz imersa em preocupação, um braço em minha cintura e o outro reforçando silenciosamente o escudo ao nosso redor.

— Não faço a menor ideia — respondi, minha voz oscilando.

— Precisamos sair daqui — ele concluiu, tocando um pequeno ferimento em minha bochecha —. Vamos aparatar do lado de fora dos portões de Hogwarts, tudo bem?

Assenti, grata por não precisar tomar nenhuma decisão naquele momento. Harry me ajudou a levantar, olhando, pela primeira vez, a resistente inscrição na parede da frente da casa.

Ele encarou os Comensais, ardendo em fúria. Estava claro que ele gostaria de duelar, sua mão fechando-se apertadamente contra a própria varinha. Assim que ele voltou a olhar pra mim, no entanto, a preocupação voltou a dominar sua expressão. 

Os supostos Comensais agora estavam perto demais de nós, tentando repetidamente derrubar nossa proteção. Com um lampejo translúcido, o bruxo mascarado conseguiu atravessar o escudo, ao mesmo tempo em que girávamos, visualizando os portões de Hogwarts. Já sentia meu corpo desaparecendo no vácuo, quando um urro de frustração ecoou ao nosso redor e o homem mascarado lançou um último feitiço, antes que desaparecêssemos no ar:

Sectumsempra!

Os portões da escola de magia surgiram diante de nós, imponentes, e uma brisa morna nos recebeu.

— Agora você pode me contar porque não estava respondendo minhas cartas — Harry disse, como se aquilo fosse a coisa mais importante do mundo e nada mais houvesse acontecido naquela noite.

Tive vontade de rir e lhe responder, mas não consegui.

Levei a mão até o quadril, onde sentia uma dor lancinante. Meus dedos voltaram encharcados de sangue, que fluía livremente de um enorme corte que parecia atravessar metade da extensão da minha barriga.

Meus joelhos cederam. Harry me segurou, seu rosto pálido turvando-se à medida em que minha consciência se esvaía.

— Abra os olhos, Mione! — ele falava, enquanto me acalentava em seu colo — Não durma ainda…

Mas eu não consegui. Sob o desesperado olhar verde-esmeralda de Harry, fechei meus olhos.


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Notas finais do capítulo

O Capítulo 2 já está em andamento e sai semana que vem.
Fiquei tão nervosa escrevendo esse final que até parecia que não sou eu quem decido o que vai acontecer! Kkkkkk
E vocês, o que acharam? :3



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