Como tudo deve ser escrita por Carol Bandeira


Capítulo 1
Adeus e boa sorte


Notas iniciais do capítulo

Olá!

Então é o seguinte, essa onda de CSI: Vegas me inspirou.
Essa aqui é uma história que estou criando na cabeça há tempos.

Espero que curtam essa nova versão de CSI.

Boa leitura!



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Não era novidade para Gil Grissom sentir o coração acelerar por um beijo de Sara Sidle. Mas ter esse beijo no corredor de seu local de trabalho roubava um pouco da magia. Após o susto inicial, entretanto, o homem fechou os olhos e deixou-se curtir o momento que durou uns ínfimos segundos.

Sara se afastou e ao supervisor restou observar, embasbacado, sua noiva ir embora, só recobrando a consciência após Hodges chamar sua atenção.

—Bem, como eu dizia- e passou a falar sobre o resultado do último exame que fizera como se fosse normal ver seu chefe beijar a noiva no meio do expediente.

— Hodges- Grissom interrompeu o técnico- procure alguém que se importe.

E partiu tomando o mesmo caminho que Sara. Havia algo em seu íntimo lhe dizendo que estar com Sara era o mais importante no momento. Sendo honesto consigo mesmo, Gil teve de admitir que ela não estava bem

O caso da Assassina das Miniaturas havia acabado e Natalie estava presa em uma instituição psiquiátrica recebendo tratamento antes de cumprir o resto da sentença na prisão. Mas as consequências para Sara foram profundas. Apesar de a morena dizer que estava bem e Gil querer acreditar, todos os sinais estavam lá para lhe mostrar que não era bem assim. As horas que Gil passava com Sara ela era só sorrisos, ainda mais após o pedido de casamento. E era isso que ele, como noivo, queria ver. Afinal ela sobrevivera, como não poderia estar feliz?

Assim, Gil foi se enganando e passou a viver em um mundo cor de rosa, em que Sara sairia bem após quase morrer e ser exilada do convívio de sua pseudo-família, quando foi mandada trabalhar no turno intermediário. E aquele beijo serviu para chamar Gil de volta a realidade. Sara nunca faria aquilo de sã consciência. Algo estava muito errado para sua amada.

Correu então na direção dela. Foi até a sala de convivência, ao vestiário, mas não a achou. Foi então até a recepção perguntar à Judy se ela vira Sara.

—Ela saiu tem uns minutos, mas deixou algo para o senhor.

Gil recebeu dela um envelope fino, com a caligrafia de Sara. Ficou um tempo observando o papel em suas mãos, decidindo se tomava o tempo de ler o que ela escrevera ou se ia em busca dela. Escolhendo a última opção, Gil partiu do laboratório sem nada dizer à Judy.

Como se o mundo estivesse contra ele, Gil foi atrasado em sua busca por todos os sinais de trânsito de Las Vegas, que insistiam em fechar quando ele chegava perto. Gil praguejou em cada um deles, a carta em seu bolso queimando como se quisesse ser lida.

Quando finalmente chegou a casa, foi direto ao quarto do casal, onde encontrou sua namorada colocando apressadamente umas mudas de roupas em uma pequena mala.

—Sara, o que está fazendo?- como a mulher não respondeu ele tentou mais uma vez, quase implorando da porta do quarto. Não conseguia mexer os pés- Sara...querida...

A morena parou, as mãos dentro da mala, os ombros subindo e descendo e mostrando a sua respiração forte. Gil aproveitou o momento e foi parar atrás dela. Com delicadeza, colocou as mãos nos ombros da namorada, chamando seu nome baixinho.

A reação de Sara foi visceral. Caiu em prantos, e tão forte era a sua dor que seus pés não aguentavam segurar seu corpo em pé. Foi amparada por Grissom, que, sentindo sua noiva cair, foi rápido em ampará-la em seus braços fortes. O homem simplesmente a segurou forte, e após uns segundos derrubou a mala no chão e sentou-se com Sara na beirada da cama. A morena desabou em seu colo, e Gil deixou ela chorar, murmurando palavras de conforto enquanto acariciava as costas e os cabelos dela.

E enquanto estava ali, vendo o amor de sua vida se esvair em lágrimas, deu graças por ter seguido seu coração até sua casa. Caso contrário, não sabia o que iria encontrar.

Demorou um pouco, mas quando Sara finalmente recobrou o equilíbrio, rapidamente saiu dos braços do namorado, tropeçando no boxer que havia se acomodado nos pés da cama sem que os donos percebessem. Abaixou-se rapidamente para pedir desculpas ao cachorro, que simplesmente virou de barriga para cima, pedindo carinho. Enquanto olhava para o cachorro, sentada no chão, Sara pediu desculpas por aquela cena.

—Você nunca precisa me pedir desculpas por suas lágrimas, Sara- Gil saiu da cama e sentou-se ao lado de sua família. Como Sara não olhava para ele, Gil tomou o rosto dela em sua mão, o virou e limpou as lágrimas que ainda corriam ali.

—Não, Gil- ela pegou a mão do noivo e deu um beijo nela- Eu não tenho o direito de te fazer sofrer mais... não depois de tudo isso que te fiz passar.

Gil deixou a cabeça pender para baixo, mal acreditando no que ouvia. Engraçado, ele mesmo pensara que a culpa de tudo aquilo era dele. Fora por causa do relacionamento com ele que Sara fora o alvo de Natalie. Mas olhando para sua noiva naquele momento, Gil sabia em seu íntimo que não era somente sobre aquilo... não era esse passado que a atormentava... porque quando nós somos forçados a lidar com a própria morte... era inevitável rever nossas vidas... ao menos era isso que toda a literatura pregava. Ele mesmo não tinha essa experiência para tirar a prova.

—Sara... eu não sei o que você está passando...tampouco sei como te ajudar a superar isso, mas... quero que saiba que não importa o que você precisar, eu estarei a seu lado. Não há nada que você possa fazer que vai me fazer te amar menos, ou desejar não estar com você.

Sara finalmente olhou para seu noivo. Novamente as lágrimas corriam soltas em seu rosto. Mas havia ali também um sorriso, e Gil estendeu a mão para ela. Sara rapidamente aceitou e Gil a puxou para seu braço novamente.

—Eu não sei o que fazer, Gil... eu estou tão... tão sem chão... a única alegria que tenho hoje em dia é com você... em nossa vida juntos... mas eu não posso... não é justo com você te dar só metade de uma pessoa... que é como eu me sinto agora... como se algo meu tivesse se perdido naquele deserto... ou melhor... algo se perdeu há muito e eu só me dei conta quando estive lá... eu não sei explicar...e depois de hoje... de Hanna... eu só queria desaparecer...

Ao não olhar nos olhos dele foi mais fácil para ela se expressar. Gil a apertou mais em seus braços e deitou a cabeça no ombro dela. Deixou um beijo ali e comentou.

—Honey... o que você queria fazer antes de eu chegar... era desaparecer...?

—Sim...- Sara sentiu Gil apertar ainda mais os braços em volta dela. Era quase sufocante, mas era melhor sentir aquela dor do que a dor trazida por seus sentimentos. Mas tão repentinamente quanto a apertou, Gil afrouxou os braços, deixando-os cair ao lado do corpo.

— Você quer me deixar?

—Não!

Ela se virou rapidamente para ele, agarrando os braços dele e o sacudindo.

—Não, Gil! Nunca... eu te amo, mas é exatamente por isso que eu queria partir! Você não vê? Eu estou tão perdida, tão quebrada que só posso fazer te machucar!

—Você vai me machucar mais se... me deixar.

—Nunca... Gil... eu vou sempre te amar...nunca vou te deixar, mas... mas eu preciso encontrar um jeito de voltar a me sentir como eu mesma...

—E como você pretende fazer isso?

~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*CSI~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*

Sara Sidle parou em frente ao Laboratório de Criminalística de Las Vegas e respirou fundo. A coisa de menos de 24 horas ela saíra dali certa de que não iria mais voltar.

A seu lado, Gil Grissom parou e pegou na mão dela. Seu sorriso dizia tudo: vamos fazer isso juntos. Quando os dois voltaram a andar, foi com surpresa que Sara percebeu que o noivo não pretendia largar de sua mão para entrar no trabalho. Mesmo depois de terem assumido o relacionamento, eles haviam decidido não se expor no ambiente de trabalho. Entrar ali de mãos dadas era algo que eles nunca fizeram, não até aquele momento. Mas também, Sara pensou, não há nada mais expositivo que dar um beijo em seu noivo na frente do fofoqueiro do Hodges. Ela então apertou a mão dele e seguiu em frente. Certa de que o apoio dele era tudo que ela precisava para por seu plano em ação.

O casal passou pela recepcionista e com um abraço, cada um foi para um lado. Gil para seu escritório e Sara atrás de Ecklie.

~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*CSI~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*

Conrad Ecklie estava relendo os relatórios enviados pelos supervisores quando sua recepcionista bateu em sua porta.

—Senhor, a senhorita Sidle está aqui.

—Sara?- Ecklie se surpreendeu. Ela nunca pedia audiência com ele. Se desse, ela o veria o menos possível, o diretor sabia. Mas também, se o que andava ouvindo pelos corredores fosse verdade, bem, então não era de todo uma surpresa ela estar aqui- Pode pedir para ela entrar, Amber. Obrigado.

A secretária saiu e pouco depois, Sara entrou.

— Boa tarde, Ecklie.

—Olá, Sara- o diretor observou a perita com os olhos atentos. Ela não parecia a mesma mulher que ele conhecia. Mesmo após os cinco meses de recuperação, ainda havia um ar de melancolia em volta dela. Ecklie se entristeceu- O que posso fazer por você?

—Eu preciso...- Sara baixou os olhos, cerrou as mãos e respirou profundamente- Eu sei que acabei de voltar de cinco meses de licença e que é demais pedir isso, mas... eu preciso de um tempo para... de uma licença...

Ecklie balançou a cabeça e abriu seu laptop.

—Não se preocupe com isso, Sara. Você é muito importante para o laboratório. Seu tempo de afastamento foi uma licença médica... acredito que, com uma conversa com o Departamento de Pessoal nós podemos acomodar você.

—Nossa, Ecklie... obrigada.

—Disponha. Somente... se cuide, ok? Faça o que precisar fazer e ... volte com seu espírito de sempre.

Ecklie e Sara então conversaram um pouco sobre os detalhes da licença e logo se despediram.

Sara andou pelos corredores do laboratório meio que em transe. Ela não acreditara que fora tão fácil. Nem reparou em todos os olhares que a seguiam. Era sempre assim desde que ela voltara. Era a fofoca do laboratório.

Encontrou então com o noivo em seu escritório. Ele nem levantou a cabeça e já falou.

—E aí? Correu tudo bem?

—Sim... estou de licença. Seis meses, podendo se estender por um ano.

—Um ano sabático, é?

—Por aí...

Gil se levantou da cadeira , pegou seu casaco e foi em direção a amada.

—Vamos comer algo no Frank’s ? Podemos conversar sobre isso com mais calma lá.

—Vamos.

Novamente de mãos dadas, o casal seguiu em direção a saída. Mais leves e incrivelmente juntos.


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