Ansiedade escrita por Paddy
ANSIEDADE
CAPÍTULO ÚNICO
Logo que comecei a frequentar a psicóloga, ela me aconselhou a escrever em um caderno toda vez que tivesse uma crise de ansiedade - era para eu dizer o que senti, o que imaginei, o que pensei e como lidei com aquela crise. No início, eu realmente tentei. Eu me esforcei mesmo, mas depois simplesmente perdeu o sentido. Na época, eu não vi como aquilo podia me ajudar e simplesmente parei.
Mas hoje, por sabe-se-lá qual motivo, eu resolvi voltar. Não por ter uma crise, mas por sentir necessidade em falar o que estava sentido.
Eu fui diagnosticada com ansiedade aos dez anos. Eu não tive acompanhamento médico naquela época ou algo do tipo, eu só segui com a vida. O que foi o meu maior erro, pois a minha ansiedade só cresceu de lá para cá e alcançou níveis ridículos.
Às vezes ela começa do nada, sabe? É uma vontade de chorar que não tem sentido, mas que quando as lágrimas começam a escorrer, parecem estar limpando a minha alma. É como se eu sentisse uma dor insuportável. Eu quero gritar, quero me contorcer, quero chorar, quero sumir, quero que pare.
Às vezes, a respiração fica descompensada. Parece fraca. Tenho que fazer força para respirar, mas não sei o porquê. Só parece uma sensação de pânico. É um inferno.
Às vezes, é só uma mão suada mesmo que esteja frio; às vezes são pensamentos negativos que passam pela minha cabeça. Às vezes, desejo não ter nascido, desejo sumir, desejo não sentir. Poder sentir é o que nos torna humanos, mas é horrível. Eu sinto demais. Eu penso demais. Às vezes, eu só queria arrancar esse sentimento de mim como se arrancasse meu coração.
Às vezes, é uma sensação de que meu corpo está morrendo. O braço fica fraco, a cabeça pende para frente, eu não consigo caminhar e me movimentar requer muito esforço.
A minha ansiedade vem em momentos aleatórios e some na mesma intensidade com que veio. Mas ela está ali escondida só esperando a hora de voltar.
No fim, não tem como escapar.
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