Trevo de Quatro Patas escrita por Maremaid


Capítulo 5
A temperatura de Nico aumenta. E não é por causa da febre


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente! Voltei com mais um capítulo de TDQP!

Espero que gostem e nos vemos nas notas finais.
Boa leitura!



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Na terça-feira, Nico acordou com a campainha tocando. Ele tateou a cama em busca do celular e constatou que já passava do meio-dia. Gostava de acordar tarde, mas nunca havia dormindo por tanto tempo assim!

— Porcaria! — ele reclamou e sua garganta doeu um pouco com o esforço. Sentou-se na cama e botou a mão direita na têmpora, percebendo que estava suando.

A campainha tocou mais uma vez e ele bufou, imaginando que só poderia ser Bianca novamente. Nico não queria se levantar, sentia-se mais exausto do que de costume, mas obrigou-se a sair da cama, calçou os chinelos e arrastou os pés de má vontade até a porta. 

— O que foi dessa vez? — murmurou ao abrir a porta. 

Foi aí que Nico arregalou os olhos. Porque a pessoa parada na sua frente definitivamente não era Bianca. 

— Uau, calma! — Will jogou as mãos para cima, em sinal de rendição.

— Ah, achei que era outra pessoa… — ele queria dar um murro no próprio rosto por ser tão tapado e não ter olhado antes de falar. — O que foi? Aconteceu alguma coisa?

— Não, nada. Só queria saber como você está.

— Eu?! — perguntou confuso. — E-estou bem!  

— Tem certeza? — seu vizinho questionou, com uma sobrancelha arqueada. — Não foi o que eu percebi ontem.

Ontem à noite, Nico havia encontrado Will no saguão após voltar do seu passeio vespertino com Cérbero. O vizinho perguntou se ele havia feito a “lição de casa” com o cachorro, mas ele disse que não teve tempo, porque havia passado boa parte da tarde fora. Dessa vez, Nico não precisou ligar para ninguém ficar com ele, Cérbero estava muito mais disciplinado agora e ficou bem sozinho. Claro, com exceção da almofada do sofá que ele pegou para deitar no chão e deixou toda babada. 

— Só estava quente demais na rua  — ele deu de ombros. Porém, logo em seguida, soltou um espirro. 

— Você não parece nada bem para mim — Will cruzou os braços e balançou a cabeça em desaprovação.

— Foi só um espirro! — ele se defendeu, esfregando o nariz. — Isso é normal. 

— Bem, isso é o que vamos descobrir agora — Will estendeu a mão direita na direção de Nico e tocou a sua testa. O movimento pegou o garoto tão de surpresa que ele nem teve tempo para se esquivar. — Sim, como eu previa. Você está com febre. 

— O quê?! — retrucou, se afastando. — Não estou! 

— Você está duvidando da minha palavra? Eu sei dizer quando alguém está doente só de olhar e você está doente. — Will disse com convicção. Seu tom de voz era totalmente profissional, ele parecia mesmo um futuro médico falando agora. 

Nico podia não conhecer Will tão bem assim, mas sabia algo ao seu respeito: ele era teimoso. Muito teimoso.

— Certo. — Ele soltou um longo suspiro, dando-se por vencido. — E o que eu devo fazer então, doutor Solace? 

Will franziu o nariz.

— Não me chame assim, ainda não me formei. — Informou, parecendo um pouco incomodado. — Vou buscar minha maleta em casa. — Ele deu alguns passos para trás e apontou o dedo indicador na direção de Nico em sinal de aviso: — Não feche a porta! 

E então se virou e saiu praticamente correndo pelo corredor.

Nico fechou a porta, mas não passou a chave, assim como o vizinho instruiu. Quando foi ao banheiro, reparou que seus cabelos estavam amassados de um lado e seu rosto parecia mais pálido do que o normal. Ele não conseguia acreditar que Will o havia visto naquele estado!

Ele estava passando a escova nos cabelos, tentando ajeitá-los, quando escutou a porta se fechando. Will já estava de volta? Não haviam se passado nem cinco minutos! Nico não teve tempo de ajeitar a casa ou trocar de roupa, ainda estava de pijama!

Saiu do banheiro devagar e viu Will agachado na frente da porta da área de serviço, acariciando Cérbero. Estava usando um jaleco branco e segurando a tal maleta. Ele parecia mais maduro vestido assim. E incrivelmente sexy também.

Como se soubesse que estava sendo observando, Will levantou o olhar, o encarando. As bochechas de Nico ficaram quentes por ter sido pego no flagra e ele olhou para o outro lado, torcendo para que o vizinho não tivesse reparado. 

— Vamos para o seu quarto — Will levantou-se e andou na direção dele. 

— Hã?!  

— Você não prefere fazer isso lá? — ele questionou, se aproximando ainda mais. — Será mais confortável. 

— O-o quê? — Nico foi andando para trás, mantendo distância, até que suas costas bateram na parede e ele se sentiu encurralado.

Will parou a poucos centímetros dele. 

— Ou podemos fazer isso aqui, você que decide. — Will deu de ombros, como se não se importasse e sorriu. —  Levante a camiseta. 

Nico arregalou os olhos, sentindo um frio na barriga. Quando Will tentou puxar a barra da sua camiseta para cima, o garoto automaticamente o impediu. 

— Mas que diabos você pensa que está fazendo?! — ele disparou, sentindo seu coração batendo descompassadamente no peito.  

Will piscou várias vezes, parecendo confuso. Então, a expressão do seu rosto se suavizou e ele abafou uma risadinha ao responder:

— Eu preciso te examinar, lembra? 

Ah, então era sobre isso que ele estava se referindo...

Caramba, a febre de Nico deveria estar muito alta a ponto de fazê-lo delirar! Só isso justificava ele ter achado que Will estava dando em cima dele descaradamente. Como se isso fosse mesmo acontecer alguma dia! 

— C-claro que eu me lembro! — Nico exclamou, a voz saindo levemente esganiçada. Ele deu uma tossida e apontou para a porta atrás de Will. — Espere um pouco, vou dar uma ajeitada.  

Nico tentou passar, mas Will segurou o seu cotovelo de leve, o impedindo. 

— Relaxa, eu não vou reparar! — ele sorriu. Nico olhou para baixo, seu braço estava formigando exatamente onde Will segurava. O vizinho acompanhou o seu olhar, quando percebeu onde sua mão estava, o soltou e desviou o olhar. — Desculpa. 

Nico apenas assentiu e foi para o quarto, seguido do vizinho.  

— Sente-se na cama — Will instruiu e Nico fez isso.  — Você está sentindo dor no peito, dificuldade para respirar ou falta de ar?

Toda vez que Will tocava ou olhava para ele de uma forma demorada? Com certeza! Mas ele sabia que não era sobre isso que o vizinho se referia, então negou com a cabeça.  

— Além da febre e os espirros, você sente mais alguma coisa? 

— Minha garganta dói um pouco — confessou. — E sinto um pouco de dor no corpo. 

— Hm, entendo — Will disse naquele tom de voz que os médicos sempre usavam. Então, sentou-se na beirada da cama e abriu a maleta, tirando um estetoscópio de dentro. Verificou o aparelho, antes de posicionar nos ouvidos e olhou para ele. — Posso?

— Ah, claro… — ele ergueu um pouco a camiseta, envergonhado. 

Will colocou a mão por dentro do tecido, encostando o metal gelado nas costas de Nico. Ele estava com uma expressão concentrada no rosto durante todo o processo. 

— Ok, seus pulmões parecem limpos. — Ele retirou o aparelho. — Agora, vamos ver o seu coração. 

Will girou algo na parte redonda do estetoscópio e encostou novamente no peito do outro. Imediatamente, Nico encarou o teto e tentou pensar em outra coisa — qualquer coisa mesmo! — que não fosse Will com a mão no seu peito. Sem sucesso.

— Uau! Por que seu coração está tão acelerado? — Will perguntou, com um sorriso divertido no rosto. Eles estavam tão perto. —  É por minha causa? 

Nico mordeu a parte interna da bochecha, obrigando-se a ficar quieto. Sabia que se falasse algo 1) acabaria falando a verdade ou 2) gaguejaria algo incompressível. De qualquer forma, as duas opções o entregariam.

Will o encarou pelo que pareceu uma eternidade, com os olhos semicerrados e a boca em uma linha reta.

— Estou brincando, relaxa! — ele enfim riu, tirando o aparelho. Quando o vizinho virou-se para guardar o estetoscópio na maleta, Nico aproveitou o momento para fechar os olhos por um breve segundo, tentando se acalmar.

Em seguida, Will pegou o termômetro para medir a temperatura de Nico e o garoto teve que esperar impacientemente até os minutos passarem. Quando enfim terminou, o vizinho examinou o objeto em sua mão.

— 39°  — Will olhou para Nico de forma preocupada.  — Está alta. 

— E agora? 

— Primeiro, tome um banho e coloque roupas limpas, vai ajudar a diminuir a temperatura corporal. 

Nico assentiu e levantou-se, indo até seu guarda-roupa. Normalmente, ele era rápido escolhendo roupas e sempre pegava a primeira que via pela frente, mas Will estava ali agora e ele não queria passar por desleixado. Então optou por uma calça de moletom nova e uma camiseta preta de manga comprida sem estampa.

— Você só tem roupas assim? — Will questionou, olhando as peças na mão dele.

Nico bufou. 

— Eu gosto de preto. 

— Sério? Não me diga? Nem havia reparado — Will falou em tom de ironia e um sorrisinho brotou em seus lábios. — Mas não foi isso que eu quis dizer. Quando sua febre diminuir, você sentirá calor. Recomendo usar roupas mais leves.

— Ok, ok  — ele começou a procurar por outra muda de roupas. Optou por uma calça de flanela xadrez e uma camiseta cinza, a única que não era preta no seu armário. — Melhor assim?

— Bem melhor!

Ele enfiou uma cueca no meio da muda de roupas rapidamente e fechou a porta do guarda-roupa.

 — Certo, eu já volto — e saiu do quarto de forma apressada. 

— Precisa de ajuda no banho? — Will perguntou, logo atrás dele. 

— Não! — exclamou mais alto do que pretendia. Estava aliviado por ainda estar de costas, assim, Will não podia ver seu rosto aflito agora. Ele respirou fundo e então continuou com a voz normal: — Não precisa, não estou me sentindo tão ruim assim. 

— Ok. — Will soltou uma risadinha, provavelmente achando graça na reação exagerada dele. — Apenas não tranque a porta. Caso se sinta mal, me chame.

Nico assentiu e entrou no banheiro. Ele não pretendia lavar o cabelo — porque isso tomaria mais alguns minutos —, mas, quando percebeu, já tinha enfiado a cabeça debaixo do chuveiro. Droga! Então acabou o lavando rapidamente. Durante cerca dos 15 minutos que levou para tomar seu banho, torceu mentalmente para não ter um mal-estar. Afinal, a última coisa que ele precisava agora era pagar outro mico na frente do Will, principalmente nu.

Felizmente, deu tudo certo.

Quando ele voltou para o quarto, Will não estava mais lá. Com o cenho franzido, ele deu meia-volta e encontrou seu vizinho na cozinha, parado ao lado da janela.

— Terminei. — Nico informou, passando a toalha no cabelo. Will parecia muito concentrado enquanto digitava furiosamente algo no celular e não o ouviu. — Solace? — ele o chamou mais alto. 

— Hm? — Will olhou para cima de forma distraída. — Ah, já terminou? Ótimo! — ele guardou o aparelho rapidamente no bolso da calça jeans e virou-se com um sorriso no rosto. — Você já comeu algo esta manhã?

— Não estou com fome. 

— Você não pode tomar o remédio com o estômago vazio! Vejamos o que você tem aqui... — Ele andou pela cozinha e, sem perguntar se podia, abriu a geladeira. — Caramba, não tem quase nada aqui! Cadê as frutas? E os legumes e verduras?

— Hm, eu ia fazer compras hoje — mentiu. Ele havia ido ao mercado no domingo, mas não teve coragem de dizer que sua geladeira nunca estava cheia e que ele raramente comprava alimentos considerados saudáveis.  

— Tudo bem, eu tenho alguns ingredientes em casa. 

— Não precisa se incomodar! Eu como qualquer coisa! 

— Nada disso! — ele exclamou com o rosto sério. — Você está doente, precisa comer algo saudável e que te ajude a melhorar. Eu já volto. 

Will saiu do apartamento de forma apressada e  voltou apenas alguns minutos depois com uma sacola de papel.

— Pode ficar na cama — ele começou a distribuir os alimentos pelos bancada da cozinha.  — Eu levo para você lá. 

— Não estou tão ruim assim — Nico sentou na cadeira, observando Will trabalhar. Cérbero saiu da sua cama e ficou rondando a cozinha, como se estivesse esperando algo cair para comer.

Will levava jeito para cozinhar, pois rapidamente cortou os legumes, o frango e colocou na panela. Ao sentir aquele cheiro bom, o estômago de Nico começou a roncar. Ok, talvez ele estivesse com um pouquinho de fome agora.  

Quando terminou, Will colocou uma panela fumegante cheia de canja de galinha na mesa.

— Você exagerou, não vou dar conta disso tudo sozinho! — Nico choramingou, enquanto via Will servir uma quantidade generosa de canja no seu prato. Sabia que estava parecendo uma criança fazendo birra agora, mas estava doente e podia usar isso como desculpa.

— Ei, eu vou comer também. Relaxa — Will riu, pegando outro prato e servindo uma porção para si mesmo. Ele sentou na cadeira à sua frente e encarou Nico, que ainda olhava para o prato como se fosse uma obra de arte: sem tocar. — Está esperando eu assoprar para você? — debochou. 

Nico fez uma careta

Não, eu me viro sozinho — murmurou, pegando a colher e assoprando o liquido várias vezes até ter coragem de colocar na boca.

Mesmo com o paladar um pouco afetado e também não sendo fã de sopas num geral — ele preferia massa —, Nico achou que estava boa. Eles comeram em silêncio.  

Então chegou a vez do antibiótico. Nico odiava tomar remédio, aquele gosto amargo na sua boca sempre o fazia se sentir ainda pior. Porém, ele sabia que precisava tomar para que a febre abaixasse, então jogou o comprimido na boca e tomou um grande de gole de água em seguida.

— Sua temperatura deve começar a diminuir a partir de agora — Will checou o relógio no pulso e então começou a tirar a louça suja da mesa.

Foi então que Nico lembrou-se de algo. 

— Ei. Você não deveria estar na aula agora? — questionou, lembrando-se de que ainda era terça-feira. 

Will parou o que estava fazendo. Por um momento, ele pareceu tenso, mas logo sua expressão simpática de sempre retornou.

— Ainda é o horário do almoço, sabia? — ele não olhou diretamente para Nico quando respondeu.

— Você entendeu o que eu quis dizer — Nico bufou. 

— Só tive aula na parte da manhã. — Ele respondeu simplesmente, virando-se de costas e levando a louça para a pia.

— Para um estudante de medicina, até que você tem bastante tempo livre — Nico comentou. Lembrou-se que sempre via o vizinho chegando cedo em casa. 

— Eu sou um ótimo aluno, ok? Basta eu prestar atenção nas aulas e fazer anotações. Sempre ganho A. 

— Ok, nerd — Nico provocou. — Não precisa lavar, bote tudo na lava-louças. 

— Relaxa, eu gosto de fazer isso! — ele respondeu animado. Uau, Will era realmente uma pessoa estranha! Quem em sã consciência gostava de lavar a louça?

— Eu não tenho esponja nem detergente. Sério, bote na máquina.

Will olhou para ele boquiaberto, como se Nico tivesse acabado de dizer para lavar a louça com a língua.

— Hm, ok — ele não parecia muito contente com isso, mas começou a colocar os pratos na lava-louças. — Você não vai secar o cabelo?

Nico olhou para os próprios ombros, percebendo que seu cabelo estava pingando.

— Sempre durmo com ele molhado — deu de ombros.

— Mas não deveria. Isso não faz bem para a saúde dos seus cabelos, pode deixá-lo mais oleoso, dar caspa e também vai cair mais. — Will explicou em um tom de voz que parecia um médico falando com um paciente no consultório.

— Entendi, dout... — Nico se interrompeu, lembrando que Will não gostava de ser chamado assim. — Hm, quer dizer... Entendi, senhor! — fez uma continência.

Will o encarou por alguns segundos e então pressionou os lábios, segurando uma risadinha.

— Ok. Você tem secador? — ele perguntou. Nico balançou a cabeça em positivo. — Então por que você não usa?

— Porque é muito chato secar — fez uma careta só de pensar no trabalhão que dava.  

Seus cabelos sempre pareciam ainda mais rebeldes após usar o ar quente. Nico não tinha muita paciência para ficar usando cremes e pomadas para deixar seus fios alinhados. Pensou que Hazel, sua irmã mais nova, deveria gastar um bom tempo arrumando o cabelo para ter cachos tão lindos e a admirou por isso.  

— Eu acho divertido. No dia em que você estiver com muita preguiça, me chame que eu venho secar para você!

— Solace! — ele arregalou os olhos. 

— O que foi? — o outro perguntou, parecendo não entender o motivo do nervosismo de Nico. Bem, talvez fosse melhor nem entender mesmo. — Prometo que não vou queimar seu couro cabeludo. Quando eu era mais novo, sempre secava o cabelo da minha mãe porque ela tinha a mesma mania de querer dormir com o cabelo molhado. 

Nico não respondeu e Will ergueu uma sobrancelha, esperado por uma resposta. De preferência, positiva

— Você não vai desistir até eu dizer “sim”, não é? — soltou um suspiro alto.

— Agora sim nós estamos nos entendendo! — Will sorriu e puxou uma das cadeiras para perto da tomada.  — Sente-se aqui e me diga onde você guarda o secador.

Nico pensou um pouco, tentando se situar onde havia botado na última vez que usou. O que já fazia tempo.  

 — No banheiro, última gaveta — respondeu, sentando na cadeira de má vontade, como se fosse uma criança obrigada pela mãe a ir ao salão cortar o cabelo.

Will saiu correndo antes que Nico mudasse de ideia.

E uma escova de cabelo? — gritou lá de dentro.

— Primeira gaveta! — Nico respondeu no automático. E só então percebeu que havia deixado Will entrar sozinho no seu banheiro, mexendo em seus pertences pessoais. Ele não havia guardado nada vergonhoso lá, não é? Pensou, pensou, mas sua mente ficou em branco. Droga!

— Ok! — Will voltou com o secador e a escova em mãos. Pelo tempo que ficou lá, não mais que 1 minuto, certamente não bisbilhotou mais do que deveria. Ufa. — Vamos começar!

Will se posicionou atrás dele e passou a toalha na sua cabeça em movimentos lentos, porém firmes. Depois, começou a escovar seus fios ondulados. Nico agradeceu mentalmente por ter passado condicionador — às vezes, ele esquecia — na hora do banho e seu cabelo estar desembaraçado. Quando chegou a vez do secador, ele manteve uma distância razoável do seu couro cabeludo para que Nico não sentisse calor e foi passando os dedos entre os fios para ajudar. Pela primeira vez, Nico não achou um saco usar o secador e achou que devia isso exclusivamente a Will que levava muito jeito para isso.

Afinal, havia algo que Will Solace não sabia fazer perfeitamente bem? Nico estava começando a desconfiar que não.

Os pensamentos de Nico foram interrompidos quando Will moveu-se, ficando de frente para ele. Merda! Imediatamente, fixou seu olhar no chão.

— Ei, levante a cabeça. Vou acabar queimando sua testa assim — o vizinho avisou e Nico, meio a contragosto, ergueu o pescoço.

E o que ele temia aconteceu: ele encontrou os olhos azuis da cor do céu de Will os observando. Nico prendeu a respiração por um momento, rezando para todos os deuses, para isso terminar logo. Will desviou o olhar, voltando a olhar para os seus cabelos e pareceu meio tenso de repente.

Droga, essa situação toda era um pouco esquisita, não é? Afinal, por que Will havia insistindo tanto em secar seus cabelos se agora parecia assim desconfortável?

Ele é uma pessoa gentil que gosta de ajudar os outros. Sua consciência o lembrou. Por isso será um médico.

 Certo, isso era verdade. Médicos tinham deveres e compromissos, não faziam apenas o que queriam. Nico era apenas um vizinho doente que necessitava de cuidados médicos. Provavelmente, Will teria feito o mesmo por qualquer outro morador do prédio que precisasse. Ao constatar isso, Nico sentiu seu peito doer um pouco. 

— Prontinho! — Will informou e desligou o secador, saindo praticamente correndo para o banheiro, fechando a porta. Ele deveria estar muito apertado depois de tomar tanta canja.

Nico colocou a cadeira no lugar e foi até a área de serviço, colocando a toalha molhada no cesto de roupa suja. Foi então que se lembrou de outra toalha: aquela que havia pegado emprestada na casa de Will no sábado, e que não tinha devolvido até agora.

Foi até ao quarto e pegou a sacola que estava em cima da sua escrivaninha. Voltou para a sala e colocou o pacote ao lado da maleta de Will.

Will saiu do banheiro bem na hora e ergueu uma sobrancelha, como se perguntasse mentalmente o que ele estava fazendo.

— Ah! — Nico deu um passo para trás, como se tivesse acabado de ser pego cometendo algum crime. — É a sua toalha que você me emprestou naquele dia. Está limpa e passada. Desculpa por ter saído sem devolvê-la.

— Ah, claro, já tinha até me esquecido dela — ele riu. — Mas não precisava ter lavado.

Nico balançou as mãos freneticamente na frente do corpo.

— Eu não ia devolver suja!

— Ok. — Will riu e então mudou de assunto: — Ei, por que você não vai para o quarto e descansa um pouco? Dormir é bom nessas horas.

— Tudo bem — Nico assentiu. Quando se virou, encontrou Cérbero parado na sua frente lhe encarando com a língua para fora. — O que foi? — perguntou. O cachorro latiu em resposta, parecendo indignado. — Ah, eu não te dei comida hoje, não é? Foi mal.

— Eu dou para ele, pode ir. — Will apertou seus ombros gentilmente e Nico congelou no lugar. — Onde você guarda? 

— Hã... Área de serviço — respondeu devagar, tendo plena consciência que Will estava bem atrás dele e onde suas mãos grandes e quentes pousavam. — Segun... não. Terceira prateleira da estante. 

— Ok! — Will retirou as mãos, deixando Nico dividido entre estar aliviado ou triste pelo afastamento, e andou em direção ao lugar indicado.  

Então Nico foi para o seu quarto e deitou na cama ainda bagunçada. Fechou os olhos, pensando que poderia tirar apenas um cochilo, mas não imaginava que estaria tão cansado e simplesmente apagou. 

***

Nico acordou de repente no meio de um sonho esquisito. Imediatamente sentiu um cheiro diferente, porém bom, como se ele estivesse numa floresta. Ele inalou profundamente, tentando descobrir exatamente o que era, mas seu olfato estava um pouco prejudicado pelo resfriado. Abriu os olhos devagar e quase soltou um palavrão.

Porque Nico estava nos braços de Will. Literalmente! O braço do vizinho estava até debaixo do seu pescoço, servindo de travesseiro. E uma das mãos de Nico estava segurando a camiseta dele com força, como se temesse que ele pudesse fugir.

Sua febre havia aumentado e agora ele estava delirando?!

 “Ah, já entendi”, Nico pensou. “Isso é um sonho!”

Ele soltou um suspiro de alivio e permitiu-se sorrir. Mas então sentiu de novo aquele cheiro no ar. Espera, sonhos definitivamente não têm cheiros! Então isso era mesmo real? Esse era o perfume de Will? Ah, pelos deuses!

Ele não sabia o que fazer. Deveria sair de fininho e agir como se nada tivesse acontecido? Ou deveria simplesmente esperar Will acordar e continuar fingindo que estava dormindo?

Nico olhou para o rosto adormecido do vizinho. Ele havia tirado o jaleco, seus cabelos loiros e bagunçados estavam espalhados pelo travesseiro. Sua boca estava um pouquinho aberta e seu peito subia e descia devagar enquanto ele respirava pacificamente num sono tranquilo. Merda, Will era ainda mais bonito dormindo! Parecia até um anjo!

Por que algumas pessoas nasciam assim tão bonitas e outras, como Nico, precisavam lutar tanto para ficar no mínimo apresentáveis? Isso era tão injusto!

Olhou para a mecha rebelde que insistia em tapar um dos olhos de Will. Será que seu cabelo era tão macio como aparentava? Ergueu devagar o braço livre na direção de Will, mas parou na metade do caminho. Seria errado tocá-lo enquanto estava dormindo, certo? Nico não gostaria que alguém fizesse isso com ele. 

Mas aquela mecha de cabelo estava o incomodando, impedia que ele visse o belo rosto do vizinho completamente. Então, resolveu prosseguir. Tocou sutilmente a testa dele, afastando os fios para o lado. Os cabelos de Will eram macios e sedosos, como se tivessem saído diretamente de uma propaganda de shampoo. Ele ainda estava com os dedos na testa do outro quando um par de olhos azuis o encarou na penumbra. Nico arregalou os olhos, aflito por ter sido pego no flagra novamente.

Nico retirou a mão imediatamente.

 — Hm, e-eu só... só estava… — balbuciou, incapaz de pensar numa resposta inteligente para concluir a frase. Afinal, não havia uma boa desculpa para isso!

Will não disse nada, apenas tocou as costas da mão na testa dele. 

— Acho que sua febre diminuiu — ele murmurou com a voz sonolenta. Então se sentou na cama, deu um bocejo enquanto se espreguiçava como um gato. Sua camiseta ergueu um pouquinho, deixando um pedaço de pele bronzeada à mostra e Nico pôde ver o seu umbigo, acompanhado de uma barriga chapada e com gominhos! 

Nico desviou o olhar, achando que sua febre não deveria ter abaixado — assim como Will dissera —, porque ele estava sentindo seu corpo todo quente agora!

— Hm, o que você estava fazendo na minha cama? — perguntou de forma desconfiada.

— Ah?! — Will olhou distraidamente para ele. Seu vizinho estava agindo como se eles não tivessem abraçados 2 minutos atrás. Isso era estranho, muito estranho. — Vim verificar sua temperatura mais cedo e você parecia estar tendo um pesadelo. Quando tentei me afastar, você me segurou firme pela camiseta e disse “não vá!”. Achei melhor não te acordar e apenas esperei você se acalmar. Acho que acabei pegando no sono no processo, foi mal.

Não fora um pesadelo que causou essa reação nele, Nico havia sonhado com a mãe, tinha certeza disso. Sempre sonhava com ela quando ficava doente e pedia para ela não ir embora. 

— Ah, entendo — foi tudo que ele pôde dizer.

— Ei, vou pegar o termômetro. Já volto! — Will anunciou, levantando da cama em um pulo e saindo do quarto.

Nico sentou-se e colocou a mão no peito, fechando os olhos por um instante. Pare de bater assim, coração idiota!

Ele mal teve tempo de se acalmar e Will já estava de volta no quarto. E Nico teve que medir sua temperatura outra vez.

— 37,5° — ele olhou para o termômetro com um sorriso no rosto. — Você está no estado febril agora.  

— Isso é bom? — Nico estava confuso. Afinal, a palavra “febril” parecia algo ruim.

— Claro! O estado febril significa que sua temperatura está um pouquinho mais elevada do que o normal — ele explicou. — A média fica entre 37,3° e 37,8°. Claro, isso varia um pouco, ela pode aumentar caso você esteja fazendo exercício físico ou em um dia muito quente. Mas você não precisa se preocupar, o pior já passou.

— Ah, valeu.

— Só tome mais cuidado com o ar-condicionado daqui em diante. 

— Como você sabia? — perguntou, meio envergonhado por Will saber o real motivo de ele ter ficado doente. 

— Sou um futuro médico, lembra? Você me disse que saiu ontem quase a tarde toda. Então, eu apenas supus que você ficou muito tempo em um ambiente com ar-condicionado e depois foi para a rua. E ontem estava muito quente. Isso pode causar um choque térmico no corpo. — Ele deu um sorrisinho convencido. — Acertei, não é? 

— Sim. — Nico estava surpreso com a dedução de Will, ele seria um excelente profissional no futuro. — Infelizmente, não dá para fugir do ar-condicionado em uma reunião.

Se Nico soubesse que estaria tão frio na sala, não teria deixado sua jaqueta dentro do carro. 

— Ah, é mesmo? — ele disse, tentando mostrar desinteresse, mas seus olhos denunciavam que estava curioso para saber mais. — Reunião de quê?

— Do trabalho — disse simplesmente, esperando que Will perguntasse mais.

Em vez disso, ele apenas balançou a cabeça e checou as horas novamente.

— Você está com fome?

— Na verdade, um pouco — admitiu. 

— Isso é bom! Significa que seu apetite está voltando — Will sorriu, feliz. — Vem, farei algo para você comer.

— Ah, mas… 

— Nada de “mas”! — Will o interrompeu. — Você precisa se alimentar bem agora. Ordens médicas.  

Will não esperou uma resposta e foi para a cozinha, então Nico não teve escolha a não ser se levantar e segui-lo. Seu vizinho achou pão na despensa e fez um sanduíche natural com as sobras que estavam na sacola que trouxe do próprio apartamento. Pegou também uma laranja e fez um suco, dizendo que ele precisava ingerir bastante Vitamina C para aumentar a imunidade. 

— Então, está bom? — Will olhou com expectativa para Nico quando ele deu a primeira mordida no sanduíche. O garoto fez uma careta em resposta. — Qual é, não deve estar tão ruim assim! 

— Te peguei. — Ele conteve um sorriso. Era divertido brincar com Will. — Está bom.

— Ah, então quer dizer que você também sabe fazer piada, hein? —  ele arqueou a sobrancelha, achando graça. Então mudou de assunto: — Você acha que pode ficar sozinho por um tempo? 

— Hm, claro. — Nico deu de ombros, como se não se importasse. — Aonde você vai? 

— Vou levar Cérbero para passear.  

— Ah, você não precisa… — Nico se sentia envergonhado por estar dando trabalho para Will na sua tarde de folga. 

— Relaxa! Eu vou andar só no quarteirão, estarei de volta em menos de 10 minutos, não vai dar nem tempo de você sentir minha falta  — ele brincou, dando uma piscadinha. — Vou levar o celular, me ligue se acontecer algo. Já volto. 

Nico observou Will colocar a guia em Cérbero e andar até a porta, conversando com o cachorro. Quando a porta se fechou, tudo ficou silencioso.

Normalmente, Nico costumava apreciar muito esse silêncio, foi por isso que ele decidiu morar sozinho quando saiu da faculdade. Porém, naquele momento, sentiu uma sensação estranha e seu apartamento parecia maior do que o normal agora. 

E muito solitário também.

*** 

Enquanto Cérbero cheirava outra árvore na rua, sem saber qual escolher, o olhar de Will foi diretamente para o prédio em que morava, no outro lado da rua.

“O que será que Nico está fazendo agora?”, Will pensou, querendo voltar logo e descobrir. 

Os pensamentos dele foram interrompidos quando o seu celular começou a tocar no bolso. Ele pegou rapidamente, achando que poderia ser Nico, mas sua expressão mudou ao ver outro nome piscando na tela. 

 — E aí, Mike? — ele atendeu no segundo toque. — Tudo certo?

Cara, quem deveria perguntar isso sou eu! — Michael Yew, seu colega de curso e amigo, exclamou em um tom de voz preocupado. — Você disse que só ia passar em casa para verificar algo. Quando a aula da tarde estava prestes a começar, recebi sua mensagem dizendo que não voltaria e pedindo minhas anotações emprestadas. Aconteceu alguma coisa? Você passou mal ou algo do tipo?

Durante a manhã, Will não conseguiu se concentrar direito nas aulas. Provavelmente era só coisa da sua cabeça, mas achou melhor voltar para casa e verificar pessoalmente. Sua intenção era só ver como Nico estava e então voltaria para a faculdade. Mas, quando percebeu que o vizinho estava mesmo com febre, não pôde deixá-lo sozinho. Isso não era algo que um verdadeiro estudante de Medicina faria, certo? Afinal, uma pessoa enferma sempre vinha em primeiro lugar. 

— Estou bem, não se preocupe — ele o tranquilizou. — Um dos meus vizinhos estava com febre e achei melhor não deixá-lo sozinho.

Ah, foi isso? — seu colega soltou um suspiro de alívio. — Mas, me diga, que tipo de vizinho? “Um senhorzinho idoso que mora sozinho e não tem parentes” ou “ um jovem e solteiro”? — questionou. 

Will passou a língua pelos dentes, tentando ganhar tempo para bolar uma resposta convincente.   

— Isso não vem ao caso. — Ele respondeu por fim. — Quando uma pessoa está doente, não podemos fazer distinções. 

Ahá, definitivamente a segunda opção! — Michael soltou uma gargalhada do outro lado da linha e Will quis esganá-lo. — Aposto que suas orelhas estão vermelhas agora!

— Não estão! — retrucou, colocando a mão livre na orelha esquerda que realmente parecia um pouco quente. — De qualquer forma, só estou cumprindo o meu dever como futuro médico.

Aham, acredito... — ele disse, mas o tom de deboche na voz indicava o oposto. 

— Você anotou tudo que o professor disse, não é? — mudou de assunto. 

Claro, fique tranquilo. Seu próximo A está garantido. 

— Ok, valeu — agradeceu. Pensou que seria melhor finalizar logo a ligação antes que o amigo perguntasse mais alguma coisa. — Preciso ir, te vejo amanhã na aula. 

Certo, até amanhã. Divirta-se brincando de médico com o seu vizinho! — Michael fez uma pausa. — Ops! Quis dizer, cuide bem do seu paciente. 

— Tchau, Michael! — ele exclamou. E ainda pôde ouvir a risada do amigo de fundo quando desligou.  

Foi então que percebeu que Cérbero estava sentado, olhando para ele com atenção, como se estivesse o julgando.

— Ei, esse vai ser o nosso segredinho, ok? — Will colocou o dedo indicador nos lábios, pedindo segredo. Cérbero latiu em resposta e ele considerou isso como um sim. — Agora, faça o que você precisa fazer. Alguém deve estar muito entediado sozinho em casa — riu.

Assim que Cérbero terminou, Will jogou o saquinho no lixo e voltou para o prédio, assobiando uma melodia feliz. Quando ele abriu a porta, escutou a voz de Nico vindo do quarto. 

Sem nem perceber, Will andou até lá, querendo ouvir melhor. 

— Eu já disse que estou bem... — Nico soava entediado no telefone. Ele ficou em silêncio por alguns segundos, provavelmente ouvindo o que a outra pessoa falava. — Viu, foi por isso que eu não te disse nada!

Com quem Nico estava falando? Será que era algum parente dele? Ou talvez Reyna, aquela garota do outro dia?

— Hm, falo com você depois. — Nico avistou Will perto da porta. — Preciso... descansar mais. Tchau. — e desligou. 

— Desculpa, não queria atrapalhar sua ligação — ele forçou um sorriso. 

— Tudo bem, eu já ia desligar mesmo. Bianca não parava de me dar sermão — o outro bufou, jogando o aparelho em cima da cama.

— Bianca? — ele perguntou, tentando não soar curioso demais. 

— Minha irmã.

Ah, irmã! Will se segurou para não sorrir naquele momento.

— Ela parece se importar muito com você — disse com a expressão neutra.

— Sim, coisa de irmã mais velha. — Ele fez uma careta. — Ela me trata como se eu ainda fosse criança. 

— Acho que isso é normal entre irmãos — Will riu, dando de ombros. — Sei lá, eu sou filho único.

Sorte sua. — Nico soltou um suspiro. Will achava engraçado que todo mundo que tinha irmãos falava a mesma coisa. — Eu tenho duas.

— Você é o mais novo? — perguntou, não conseguindo evitar sua curiosidade.

Nico era um cara reservado e dificilmente falava sobre sua vida pessoal. E isso só atiçava ainda mais o lado curioso de Will.

— Não, eu sou o do meio.

Will assentiu. Então aquela garota que ele havia visto com Nico algumas vezes deveria ser a tal Bianca, ela parecia ser mais velha do que ele.

Nico ficou em silêncio por um tempo, então olhou para Will ao dizer:

— Hm, acho melhor você ir. 

— Você está me expulsando da sua casa, Di Angelo? — Will colocou a mão no peito, fingindo estar ofendido. 

— Claro que não! É que… está ficando tarde. — Ele coçou a nuca, meio sem jeito. — Você deve estar cansado e ainda tem aula o resto da semana.

Will não protestou, afinal, ele sabia que Nico estava certo. Então pegou suas coisas, se despediu de Cérbero e andou em direção à porta. Nico o acompanhou, mesmo ele dizendo que não precisava. 

— Solace, obrigado por hoje. Quanto eu te devo? 

— Nada! — ele se sentiu um pouco ofendido. Em nenhum momento, ele havia pensado em dinheiro. — Fui eu quem se ofereceu para cuidar de você, lembra?

— Mesmo assim… você usou sua tarde livre para cuidar de mim. E ainda me deu remédio.

Tarde livre. Will se concentrou na segunda parte do que Nico disse e respondeu: 

— Eu já tinha o remédio em casa para emergências assim. — explicou. — Se você quer mesmo me pagar, fique bom logo. Essa é a melhor recompensa que posso receber de você, certo?

— Ok... — assentiu, ainda parecendo um pouco incomodado.

— Tchau, Di Angelo — ele deu um último sorriso e saiu do apartamento.

Will esperou até ouvir o barulho da porta de Nico se fechando e parou no meio do corredor. Olhou para trás, soltando um suspiro frustrado.

Como futuro médico, é claro que Will prezava pela saúde e bem-estar dos outros. Um dos seus professores sempre dizia: “Quando um paciente fica um tempo sem aparecer no consultório é um bom sinal, pois significa que ele está saudável”.

Mas... e se o paciente fosse Nico di Angelo? Será que seria assim tão errado querer cuidar dele mais vezes? 


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Notas finais do capítulo

OBS: Só deixando claro que os meus conhecimentos médicos se resumem às séries que vejo e o que eu pesquisei na internet (Sou de humanas igual o Nico rs). Se eu disse alguma besteira, me perdoem!

E aí, o que acharam? Will tenta disfarçar, mas o ponto de vista dele acaba o entregando, né? Como diria o grande filósofo contemporâneo Greg Wuliger: Cara, ele tá tão na sua!

No próximo capítulo, Will achou um lugar novo para as aulas de adestramento. Onde será que eles vão?

Até sexta que vem! õ/



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