21 escrita por dearcwllen


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

Referências:

Música: All I've Ever Needed ?“ Paul McDonald e Nikki Reed
Trope: Finalmente os refrescos (Fluffy): uma fic que basicamente só tem o casal sendo fofinho



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21

Parte 1

13 de setembro de 2008

Senti dedos gelados passeando suavemente pela minha bochecha e meu queixo ao mesmo tempo em que um hálito doce e refrescante soprou em meu ouvido, me fazendo estremecer levemente dissipando meus sonhos enquanto eu acordava.

Não que eu me importasse. Fazia sentido ele me acordar sendo que eu só conseguia dormir bem ao lado de Edward. Durante suas noites de caçada eu ficava me revirando entre os lençóis, mas era difícil cair no sono quando a cama parecia vazia demais.

Por isso, ficava grata toda vez que acordava com os seus toques. Mesmo quando tudo que eu queria era dormir um pouquinho mais.

— Bom dia, aniversariante – Edward sussurrou, beijando o ponto em minha nuca que ele sabia ser uma das minhas fraquezas.

Sim, eu sei o que você está pensando: nem mesmo a gratidão poderia me fazer suportar isso, certo? Errado! Há alguns anos eu reclamaria de ser acordada, principalmente para ser parabenizada pelo meu aniversário. Mas já fazia um tempo que nem mesmo os meus sonhos mais doidos poderiam chegar perto da realidade perfeita em que eu vivia, então não me deixei abalar por isso.

E, é claro, esse seria meu último aniversário como humana. Eu poderia suportar um pouquinho da atenção que sabia que receberia de toda a minha família se isso os fizesse feliz. Além do mais, esse é um aniversário especial porque eu faria 21 anos. O que significa que, finalmente, eu poderia beber.

Pois é. Quando você é casada com um vampiro centenário, você quebra regras sobrenaturais o tempo todo, mas fica presa a certos costumes que todos os outros jovens da sua idade simplesmente abominavam. Pelo menos o sexo já não era mais motivo de discussão entre nós. E, agora, bebidas alcoólicas também não seriam.

Saindo de meus devaneios, abri os olhos lentamente, sorrindo enquanto tentava me acostumar com a iluminação do ambiente. O sol estava batendo forte na janela de nosso quarto, fazendo com que a pele impecável de Edward também brilhasse lindamente. Suspirei deslumbrada, passando minhas mãos pelo seu abdômen.

— Hm, não tem nada melhor do que acordar com essa visão – murmurei suavemente, fazendo-o balançar a cabeça, um sorriso em seus lábios.

Abaixando sem nenhum esforço, Edward beijou meus lábios levemente. Mas eu nunca teria o suficiente dele, então não esperei ele começar a se afastar para passar os meus braços ao redor de seu pescoço e puxá-lo para mais perto de mim.

Passei minha língua suavemente pelos seus lábios, fazendo-o gemer baixinho enquanto eu aprofundava o beijo, minhas mãos agora em seu cabelo sedoso, apertando sua nuca do jeito que eu sabia que ele gostava.

— Bella… Sério, será que você só pensa nisso? – murmurou sobre a minha boca enquanto acariciava minha cintura nua.

— Você não está muito diferente de mim, querido – respondi com um sorriso travesso, arqueando meu quadril somente o suficiente para roçar minha pele no volume de sua cueca.

Edward grunhiu, apertando a minha cintura para tentar se controlar. Eu ri baixinho, me afastando um pouquinho para conseguir olhar para o seu rosto perfeito.

— Se você vai me acordar cedo para celebrar o meu aniversário, – fiz uma leve careta, somente para irritá-lo — então deve fazer isso valer a pena!

— Então foi por isso que você não se importou em celebrar o seu aniversário durante a madrugada? – perguntou, arqueando uma sobrancelha enquanto eu somente dei de ombros — Inacreditável! Como eu acabei me apaixonando pela versão feminina de Emmett?

— Ei! – dei um tapa leve em seus ombros. — Você também não me pareceu muito contrário a ideia, né?

— Isso não vem ao caso! Não te acordei para fazer amor com você, embora a ideia me pareça muito agradável no momento…

— Me acordou por que, então? É o meu aniversário e é sábado, eu mereço um descanso! – reclamei, puxando a coberta de volta para a minha cabeça. Escutei a sua risada alta e clara em meus ouvidos enquanto ele tirava o lençol de mim em um movimento rápido e sem nenhum esforço. Bufei.

— Querida, são 11 da manhã. Você não tem que estar em seu estágio em menos de uma hora?

— Que? Cacete! – xinguei enquanto me levantava rapidamente, tropeçando nos meus próprios pés e segurando na cabeceira da cama enquanto tentava encontrar onde estavam as minhas roupas. Senti os olhos preocupados de Edward me acompanhando com atenção, pronto para me pegar caso eu caísse, e revirei os olhos. Eu não era tão estabanada, pelo amor de Deus! — Por que eu deixei você me convencer a ter todas as experiências humanas possíveis, mesmo? – reclamei enquanto corria para o banheiro escovar os meus dentes.

— O estágio foi ideia totalmente sua, Bella! Lembra que você não queria usar o “meu” dinheiro, mesmo nós sendo casados e ele também ser seu? – falou, encostando no batente da porta.

Felizmente eu já tinha me acostumado com a sua rapidez e súbita entrada nos ambientes, caso contrário já teria infartado faz tempo.

— Que seja. Desde quando você gosta de minhas ideias? – resmunguei, não querendo dar o braço a torcer. Ele estava certo, mas e daí? Era meu aniversário. Eu deveria ter privilégios, certo?

— E desde quando eu consigo te impedir de fazer algo? – falou divertido enquanto observava eu me arrumar em tempo recorde.

Veja bem, eu ainda não era uma pessoa muito vaidosa. Mas sendo cunhada de Alice Cullen, e vivendo ao lado de vampiros com suas aparências deslumbrantes, eu tinha aprendido a incorporar algumas ações como passar maquiagem e arrumar o meu cabelo toda manhã. Hoje, contudo, isso seria impossível. Que seja. A anãzinha não precisava ficar sabendo.

— Bom, pelo menos eu tenho uma boa razão para sair assim que der o meu horário. Tenho um porre para tomar hoje à noite, não é mesmo? – sorri desafiadoramente enquanto tentava enfiar meus pés dentro do tênis sem ter que me sentar.

— Eu ainda acho isso uma má ideia mas, como sempre, não vou conseguir te convencer de que beber não é tão divertido quanto você acha, né?

Edward era contra eu beber. Ele argumentava que eu atraía o perigo naturalmente, o que eu achava uma calúnia, considerando que nos últimos três anos nada de muito extraordinário aconteceu comigo, fora o fato de que eu vivia cercada por um bando de vampiros.

Além disso, bem, meu senso de equilíbrio nunca foi dos melhores, e eu tinha certeza de que a bebida faria tudo piorar. Mas eu teria cinco seres sobrenaturais com reflexos perfeitos ao meu lado a noite toda. O que poderia dar errado? 

— Eu nunca vou saber se nunca tentar! E não era você que queria que eu vivesse como uma humana normal, Edward? Tomar um porre faz parte. – argumentei enquanto colocava a minha mochila nas costas, pegava uma maçã na cozinha e me dirigia à porta.

— Come alguma coisa mais forte no caminho, ok? – falou carinhosamente, colocando uma mecha rebelde de meu cabelo atrás de minha orelha. Não consegui impedir o sorriso involuntário que se formou em meu rosto e, revirando os olhos, concordei com a cabeça.

— Pode deixar. Até mais tarde – sussurrei, na ponta dos pés para beijá-lo mais uma vez.

— Bom trabalho. Te amo – sussurrou contra os meus lábios.

— Eu te amo mais – respondi e sai correndo pela porta antes que ele começasse a retrucar.

Sorri feliz enquanto andava em direção ao meu estágio, na biblioteca da faculdade, brincando levemente com a pulseira que nunca saía de meu pulso.

Parte 2

Pela primeira vez desde que eu comecei a trabalhar na biblioteca da universidade, eu bati o meu ponto no exato momento em que o relógio indicou o fim do meu turno.

Normalmente eu não me importava muito em ficar algumas horas a mais, até porque amava ficar cercada de livros, principalmente quando Edward vinha me visitar e ficava lendo alguns de seus trechos favoritos para mim.

Mas hoje eu tinha coisas mais divertidas para fazer. Por isso sai praticamente saltitando em uma velocidade inédita para o meu corpo sedentário e cheguei ao apartamento que dividia com meu vampiro favorito em tempo recorde.

— Edward? – gritei quando cheguei. Sabia que não precisava falar tão alto, mas velhos hábitos são difíceis de abandonar.

— No quarto – escutei a sua voz suave me responder e, jogando minha bolsa em algum canto do cômodo, não perdi tempo antes de começar a tirar a minha roupa. — Sério, Bella? – Edward suspirou.

— Que foi? – perguntei confusa enquanto enrolava uma toalha ao redor do meu corpo e tirava a roupa que Alice tinha escolhido com meses de antecedência do guarda-roupa e colocava gentilmente na cama.

— Você sabe que a gente não tem tempo para… se divertir. – sorri com a sua dificuldade de falar “transar”. Algumas coisas realmente nunca iam mudar... — E realmente vai se despir na minha frente?

— Querido, eu juro que não fiz de propósito. Mas vou usar essa ideia no futuro, para te deixar menos bravo quando estiver de mal humor – pisquei para ele enquanto me dirigia ao banheiro.

Foi muito difícil convencer a minha cunhada a não vir me arrumar por conta própria. Mas eu não queria que o meu apartamento se transformasse em um salão de beleza e a casa em que o restante dos Cullens estavam hospedados era muito longe de meu estágio. Logo, essa tarefa ficou por minha conta, e eu demorava muito mais do que Alice para finalizá-la. Por isso estava com tanta pressa.

Para falar a verdade, acho que nunca tomei um banho tão rápido em toda a minha vida. Mas em tempo recorde eu estava secando o meu cabelo e me enfiando no vestido. Ele era lindo: vermelho, sem mangas e com pedrinhas coladas por toda a superfície. Feminino, mas ainda sim a minha cara. É, minha querida cunhada nunca errava.

Mas às vezes ela subestimava muito a minha capacidade de obedecer ordens. Por exemplo, ela tinha escolhido um sapato com um salto tão alto que um tombo era inevitável. Por isso, ignorei a sua caixa em meu closet e peguei meu querido All-Star. Ela iria sobreviver a esse pequeno ultraje à moda.

Quando estava terminando de fazer uma maquiagem simples - e a única que fui capaz de aprender com as minhas cunhadas -, percebi que Edward continuava deitado na cama, me observando. Bufei.

— Edward, vai se arrumar! – ordenei de uma forma que com certeza deixaria Alice muito orgulhosa.

— Ainda temos tempo livre – ele rebateu simplesmente pelo prazer de me irritar, já que se levantou rapidamente e começou a analisar suas roupas.

— Alice não separou sua roupa? – perguntei e ele balançou a cabeça em negativa. — Bom saber que é só em mim que ela não confia. – resmunguei, fazendo-o rir.

— Não seja boba. Ela me mostrou o que é para eu vestir por pensamento. Só preciso achar as peças exatas, se não vou escutar pelo resto da eternidade.

— Você deveria ter separado mais cedo! Agiliza, só tenho mais uns meses como humana e quero aproveitar minha bebedeira ao máximo.

— Você poderia continuar como humana... Seus dias de bebedeira seriam infinitos – ele arqueou uma sobrancelha, olhando em minha direção com expectativa, me fazendo revirar os olhos.

— De novo com isso, Cullen? Você me prometeu a eternidade e o para sempre em nosso casamento, se lembra? E, como um cavalheiro de xxx anos, espero que cumpra a sua promessa. – apontei um dedo em sua direção no exato momento em que ele finalmente reuniu todas as peças que precisava para se vestir do jeitinho que minha querida cunhada tinha instruído.

— Você sabe que eu vou cumprir... Sou egoísta demais pra viver sozinho pela eternidade depois de ter te conhecido… – ele tirou a sua roupa lentamente. E eu poderia reclamar, mas a visão era perfeita, e nem mesmo a minha esperada bebedeira poderia me fazer apressá-lo naquele momento.

— Que bom. Não vou precisar fazer o Emmett te matar e fazer parecer um acidente, então –  eu estava brincando, mas já tinha discutido aquela possibilidade com o meu cunhado. Ele começou a se vestir lentamente e eu suspirei. — Vamos logo! Não vejo a hora de beber cerveja... E vodka... E tequila!

— Você não vai misturar tudo isso, Bella! Está tentando entrar em uma coma alcoólico? – Edward me olhou, horror estampado em seu rosto, e eu tive que reprimir uma risada alta.

— Só se isso significar que você vai brincar de médico comigo! – rebati, lançando um sorriso travesso em sua direção.

— Você é impossível... Eu nem sei porque você está tão animada em tomar um porre! – ele resmungou e eu fiquei quieta.

A verdade é que a ideia de me embebedar parecia divertida simplesmente porque eu sabia que o deixava nervoso. E é claro, eu tinha certeza que ele não estava pensando nisso quando tentava me convencer a não me tornar uma vampira e me dava o discurso da experiência humana, e essa foi a forma de me vingar.

E óbvio, deixá-lo exasperado era uma de minhas maiores diversões. Mas é claro que eu não admitiria isso!

— Você não queria que eu tivesse todas as experiências humanas possíveis antes de me transformar? – perguntei, usando seu argumento contra ele mesmo. — Não há nada mais humano do que tomar um belo porre no aniversário, Edward. Além do mais, eu sou a única pessoa que teve que esperar até os 21 anos para beber!

— Não há nada errado em seguir a lei. – foi a sua vez de rebater.

— Claro, claro... Aposto que você fala isso porque na sua época não existiam tantas leis ridículas.

— Sim, é por isso que a expectativa de vida era tão baixa!

Revirei os olhos com a sua justificativa e passei por ele, dando um empurrão com os meus quadris enquanto ele mexia pela milésima vez em seu cabelo estrategicamente posicionado para parecer bagunçado.

Me dirigi em direção à porta, pegando minha bolsa no caminho.

— Vamos logo, Edward! Você é um vampiro, deveria ser mais… – não pude completar a minha frase a tempo porque senti uma rajada de vento e, logo em seguida, meu querido marido estava ao meu lado. — rápido. – finalizei pateticamente enquanto saia do apartamento e trancava a porta.

— Vamos lá, aniversariante. Pode parar de resmungar. – Edward falou enquanto passava um braço ao redor de meus ombros. Ia começar a reclamar quando ele completou: — Você está absolutamente linda, aliás… Mas eu não vejo a hora de voltar para casa e tirar esse vestido do seu corpo para começar a verdadeira celebração. – sussurrou em meu ouvido e eu tive que lutar com todo o meu ser para não acabar soltando um gemido baixinho.

O maldito sabia como me deixar sem palavras.

Parte 3

Foi difícil não desistir de celebrar o meu próprio aniversário em público depois da pequena travessura de Edward. Mas eu sabia que ele queria me desestabilizar, então fiz o meu melhor para guardar aquela promessa no fundo da minha mente e desenterrá-la somente mais tarde.

Estava tão concentrada nessa tarefa que mal percebi quando chegamos ao pub em que Alice tinha escolhido. Foi um grito que me tirou de meu transe. Aliás, um grito não: vários.

Emmett e Alice, é claro.

— Parabéns, Bellinha! – os dois berravam tão alto que meus ouvidos quase explodiram. Estava dividida em rir ou simplesmente passar direto, fingindo que não conhecia aqueles dois lunáticos.

Acabei escolhendo a primeira opção. Sabia que eles eram os maiores apoiadores da minha bebedeira, então podia relevar essa pequena vergonha.

— Se eu não soubesse da verdade, poderia jurar que os dois estão bêbados – eu brinquei enquanto era puxada para dois abraços de urso simultâneos. — Gente, eu ainda sou humana – dei alguns tapinhas em seus ombros e puxei um pouco de ar para os meus pulmões quando eles me soltaram.

— Feliz aniversário, Bella. Prometo que no próximo eu te abraço, mas por enquanto é melhor eu não arriscar – Jasper me parabenizou de longe, mantendo uma distância um tanto exagerada.

Olhei para Edward de canto de olho, suspeitando que ele tinha algo a ver com aquilo. Ele nunca iria deixar o pobre coitado esquecer daquele… pequeno acidente.

— Obrigada, Jas. Não se preocupe, a gente ainda vai ter muitos outros aniversários para comemorar – pisquei ao mesmo tempo em que escutei Rosalie bufar.

— Não que eles sejam muito divertidos depois que você deixa de envelhecer… Mas você não vai me escutar mesmo, então, parabéns. Eu acho. – ela falou. Será possível que um dia ela iria aceitar a minha escolha? Talvez depois de algumas décadas.

Enquanto esse dia não chegava, todos nós tínhamos que tolerar o seu mal humor constante.

— Pega leve, Rose. Hoje é dia de diversão! Inclusive, tô indo pegar a primeira rodada, cunhadinha – Emmett, o único que tinha a autorização para confrontar a loira, falou e saiu praticamente correndo para o bar.

Ri enquanto o observava e eu e Edward nos sentávamos. Alice tinha previsto nossa chegada e pediu alguns petiscos, que chegaram exatamente naquele momento. Lancei um olhar agradecido para ela - com a correria do dia, mal tinha comido, e sabia que ingerir álcool de estômago vazio não era uma boa escolha.

— Por que você não convidou nenhum de seus colegas de classe, Bella? – a baixinha perguntou e eu dei de ombros.

— Eles provavelmente achariam estranho o fato de nenhum de vocês beber – expliquei.

— Eu achei que eles já tivessem outros planos, por isso não viriam – Edward fez uma cara pensativa. — A gente poderia fingir por você, não precisava se preocupar com isso.

— É verdade, Bellinha. Já faz algumas décadas que eu fiquei bêbado, e duvido que seu maridinho já tenha passado por essa experiência, mas a gente faria esse esforço por você – Emmett disse no exato momento em que colocava 6 shots de tequila e 6 garrafas de cerveja na mesa.

— Eu agradeço a sugestão, mas eu posso comemorar com eles outro dia. Hoje a vergonha que eu vou passar é exclusiva para vocês – eu brinquei e observei Rosalie revirar os olhos.

— Que bom, pois eu não saberia nem como começar a fingir. Nunca fiquei bêbada. Eu sou uma dama – ela retrucou olhando com um semblante de nojo para mim.

— Ainda bem que o mundo evoluiu e hoje as mulheres podem fazer o que bem entenderem sem sofrerem com esses estereótipos ridículos, né? – retruquei e Emmett praticamente uivou.

Era o meu aniversário, e eu queria aproveitar a minha noite em paz. Não iria ficar quieta.

— E ela nem bebeu ainda, hein? – Alice riu, e eu podia ver Jasper concentrado em acalmar Rosalie e provavelmente impedi-la de pular em meu pescoço.

— Bem lembrado, Allie – respondi enquanto pegava um dos shots que estavam na mesa e o virava sem pensar duas vezes.

Má ideia, má ideia!

Minha garganta parecia pegar fogo, mas não demorou mais do que alguns segundos para eu começar a sentir um tipo diferente de ardência em meu estômago, que foi se espalhando por todo o meu corpo.

Podia sentir o olhar de Edward em mim, esperando pela minha reação, rezando para que eu desistisse daquela ideia que ele considerava ridícula. Ao invés disso, peguei outro shot e o bebi rapidamente.

***

— Quantas vezes o Edward já quebrou a cama, Bella? – Emmett me perguntou, apontando uma câmera para o meu rosto.

É, meu querido cunhado tinha levado uma câmera com o propósito de documentar o máximo possível da minha noite de bebedeira. Mas ao invés de me irritar com isso ou com sua pergunta indiscreta, eu ri alto, pensando em todas as vezes que tivemos que comprar uma nova cama.

Eu tinha prometido para mim mesma que iria sugerir comente um colchão caso aquilo acontecesse de novo.

— Sinceramente? Eu já perdi as contas, Emm – eu respondi, olhando para Edward, que estava com um semblante exasperado. — Você lembra, amor?

Meu marido olhou para os lados provavelmente procurando por uma salvação, mas não encontrou ninguém disposto a ajudá-lo. Até mesmo Rosalie estava parecendo gostar da minha versão bêbada.

Para a sorte dele, o álcool me deixava muito distraída. Por isso, não esperei pela sua resposta e comecei a falar de novo, dessa vez com a minha cunhada platinada:

— Você é tão linda, Rose. Eu espero que você não me odeie pelo resto da eternidade, isso seria muito chato e causaria muitos momentos constrangedores, né? Acho que a gente poderia ser amigas, com um pouquinho de esforço. Você acha que vai demorar quanto tempo para deixar esse ranço de lado?

Todo mundo ficou em silêncio, e eu podia sentir Emmett se esforçando muito para não rir.

— Eu… Eu não sei – ela sussurrou baixinho.

Eu tinha deixado Rosalie sem palavras? Meu Deus, eu amava estar bêbada.

— Qual é, me dá uma estimativa. – continuei mas, ao ver que ela continuava sem uma resposta, voltei a falar. — 10 anos? 20? 30? Caramba, Rose, mais? 50, então?

— Querida, que tal deixar Rose pensar um pouco nisso antes de forçar uma resposta, hein? A gente tem bastante tempo para se preocupar com isso. – Edward me interrompeu e eu acenei em concordância.

— Tudo bem. Pelo menos eu tenho uma irmã que já me ama, né? – me virei para Alice, um sorriso parecido com o do Coringa em meu rosto; pelo menos a anãzinha já estava concordando.

— Desde antes de te conhecer, Bella. Eu falei para o Edward, mas esse chato ficou me fazendo esperar uma eternidade para falar com você – ela fez uma careta para o seu irmão.

— Não acredito nisso, Edward! Isso foi cruel – reclamei mas continuei falando antes que ele pudesse responder. — Allie, pense em todos os encontros de casais que a gente vai poder fazer sem que o Jasper precise ficar a metros de distância de mim! Vai ser perfeito. – beberiquei um pouco de minha cerveja. — Não vejo a hora de fazer parte da família.

— Você já é da família, Bella. Nós somos literalmente casados. – Edward retrucou e eu acenei despreocupadamente em sua direção.

— Você entendeu o que eu quis dizer, Edward. Eu tô querendo dizer de todas as maneiras possíveis. Imagina um encontro de casais na floresta, com a gente caçando nossa comida? Ou eu competindo com o Emmett? Vai ser demais!

— Há, vai sonhando, Bellinha.

— Me aguarde, Emmett. Me aguarde.

Meu cérebro estava funcionando a mil por hora, e o melhor de tudo é que eu não filtrava o que falava; as palavras simplesmente fluíam por minha boca, o que me poupava de muito tempo pensando como falar as coisas certas.

— Vocês acham que se eu for transformada bêbada, vou ficar bêbada para a eternidade? – perguntei, considerando essa possibilidade seriamente.

— Não acho que isso já foi testado, mas a gente pode usar você de cobaia! – Emmett sugeriu e eu estava prestes a concordar quando Edward praticamente rosnou.

—Não pode, não! E eu tenho certeza de que o veneno iria dissipar todo e qualquer vestígio do álcool.

— Poxa, seria muito legal ficar bêbada para sempre. – reclamei. Veneno de vampiro estúpido, acabando com os meus planos. — Que seja. Vamos dançar!

Parte 4

— Dançar? – o coro de vozes me perguntou e eu não entendi a confusão estampada em seus rostos.

— Sim, dançar. O que tem demais? – os cinco me encaravam como se um terceiro olho estivesse crescendo na minha testa.

— Bella, amor… Você odeia dançar. – Edward falou lentamente, como se eu fosse uma criança, me fazendo revirar os olhos.

— Não, não. A Bella sóbria odeia dançar. A Bella bêbada quer aproveitar a oportunidade de ficar se esfregando no marido dela em público sem ser julgada. – eu expliquei com um sorriso de lado, escutando Emmett uivar atrás de mim. — Vamos logo, Edward! – falei mais uma vez, puxando sua mão e o arrastando para a pista de dança.

Em circunstâncias normais eu não seria capaz de fazer isso, assim como não estaria com vontade nenhuma de dançar. Mas a bebida fazia maravilhas, e me dava a capacidade de falar coisas que deixavam meu Cullen favorito chocado, o que facilitava bastante as coisas.

Caramba, eu teria que beber todo dia para aproveitar essa sensação o máximo possível antes de ser transformada em vampira!

Uma música animada que eu não reconhecia tocava, fazendo com que corpos esbarrassem em nós o tempo todo. Aproveitei a oportunidade para passar meus braços ao redor da cintura de Edward, puxando-o para mais perto de mim, nossos corpos colados um ao outro.

— Qual é, Edward. Você vive pedindo para eu dançar com você, e agora está todo travado? – provoquei com uma risada, deslizando minhas mãos por baixo de sua blusa, tocando sua pele gelada e refrescante levemente.

— Eu só tenho que me acostumar com essa versão sua, amor. – ele respondeu com um sorriso de lado. Ele parecia inabalado, mas eu sabia que não era verdade. Ele só fingia melhor do que eu.

— Você não gosta dela? – fiz um biquinho. Eu estava brincando, é claro, mas não pude deixar de sentir uma pontinha de ansiedade enquanto esperava pela sua resposta. Parecia que a bebida não fazia milagres, afinal de contas.

— Não seja besta. – ele fez uma careta, beijando meus lábios levemente e dissolvendo meu drama rapidamente. — Eu amo toda e qualquer versão sua, Bella.

Sorri abobalhada. Bêbada ou sóbria, humana ou vampira, eu sabia que nunca iria me cansar de escutar suas declarações. Será que um dia essa reação iria diminuir? Eu duvidava seriamente. Eu vivia por elas.

— Então aproveite o momento e para de se preocupar tanto. Uma noite de bebedeira não vai apodrecer os meus fígados. – brinquei, tentando levantar sua blusa e sentir mais de sua pele contra a minha.

— Você está tentando tirar a minha camisa? – ele perguntou quando percebeu o que eu estava fazendo, minhas mãos agora congeladas no lugar.

— Talvez… – mordi meus lábios, olhando para ele com uma feição que eu esperava ser inocente;

— Impossível, Isabella. Você é absolutamente impossível. – ele balançou a cabeça em reprovação mas eu podia ver a diversão em seus olhos.

Então ele estava mesmo gostando da versão Bella bêbada, hein?

— Mas você me ama mesmo assim – eu pisquei para ele, ficando nas pontas dos meus pés para beijá-lo suavemente.

— Amo mais do que eu posso colocar em palavras. Você não tem ideia. – seus lábios se moveram sobre os meus, me fazendo suspirar.

— Eu tenho uma ideia, sim. – sussurrei antes de aprofundar o beijo.

Eu nunca me cansaria de beijar Edward. Seus lábios sempre sabiam como se movimentar sobre os meus, e sua língua sempre encontrava os pontos mais sensíveis de minha boca. E, é claro: os dentes de Edward também faziam maravilhas contra o meu lábio inferior.

Mas o melhor de tudo é que a gente parecia se comunicar com os nossos beijos. Mostrar o quanto a gente realmente se amava, o quanto a gente significava um para o outro.

Nos meus momentos mais vulneráveis, eu não podia deixar de duvidar se era, realmente, o suficiente para Edward. Afinal, alguns anos haviam passado desde que a gente se conheceu. E enquanto ele permanecia o mesmo, congelado no tempo, eu estava mudando. Envelhecendo.

Mesmo que as transformações fossem mínimas, elas ainda estavam lá. E para alguém tão atento aos detalhes, seria ainda mais fácil detectá-las.

Mas quando ele me beijava… Todas essas dúvidas desapareciam. Porque eu sabia que ninguém poderia me beijar daquele jeito sem realmente me amar incondicionalmente.

Eu não estava nem perto de pensar em quebrar o beijo quando ouvi alguém gritando o meu nome. Ignorei, pensando que eram meus queridos cunhados reagindo à nossa pequena demonstração de afeto em público, quando do nada senti duas mãos em meus ombros quentes demais para serem de vampiros.

Me separei de Edward em um pulo, me virando e dando de cara com uma de minhas colegas da faculdade.

— Bella! Quase não te reconheci com essa roupa – ela exclamou e, apesar de estar falando comigo, não tirava os olhos de meu marido.

Revirei os olhos, segurando Edward possessivamente enquanto a respondia.

— Oi, Emily. Como estão as coisas? – perguntei educadamente, querendo acabar com aquele papo logo.

— Tudo ótimo. Que surpresa ver você por aqui, normalmente você prefere lugares mais… calmos. – ela falou de um jeito que dava para perceber que o que ela realmente queria dizer era “lugares chatos e tediosos”.

— É, resolvi mudar um pouquinho o cenário hoje –  respondi secamente mas meu querido marido tinha ideias diferentes.

— É aniversário dela – eu conseguia sentir o seu sorriso em suas palavras. Se era por felicidade ao me ver um ano mais velha ou por me irritar, eu não poderia te dizer com certeza.

— Na verdade, nossa família já está nos chamando para comer bolo, então nós vamos indo – falei e comecei a puxar Edward mas é claro que ele não iria deixar aquilo de lado. Ele adorava me ver com ciúmes.

— Vem com a gente. Tem bolo mais do que o suficiente – ele falou e eu quase gargalhei.

É claro que teria bolo mais do que o suficiente. Alice não compraria apenas um cupcake, como eu sugeri, mas sim um bolo gigantesco, mesmo que só eu pudesse comê-lo.

— Claro. Não acredito que você não chamou ninguém para a sua festa, Bella! – Emily me cutucou como se nós fôssemos super íntimas.

— É que era só pra família – dei o meu sorriso mais debochado e comecei a andar de volta para a mesa onde todo mundo nos esperava com um olhar divertido. É claro que eles estavam amando o meu pequeno show.

Sem me preocupar em parecer rude ou apressada, eu sentei em frente ao bolo e acendi a vela sem esperar minha colega se apresentar. Queria acabar logo com aquilo e comer logo meu doce. Aparentemente, beber dava fome!

— Hmm, isso aqui tá delicioso! Que pena que você não pode comer, amor – falei para Edward, bebericando a minha cerveja enquanto Alice cortava mais uma fatia para mim.

— Por que você não pode comer? – Emily perguntou. Meu Deus, ela ainda estava ali?

—  Porque ele é um vampiro! – respondi com um tom de “dã”, concentrada demais no meu bolo para me preocupar com o que saía de minha boca.

Só percebi a besteira que tinha falado quando senti a mão de Edward apertando a minha coxa levemente. Mas seu toque também me distraiu o suficiente para me fazer esquecer de tudo. Até mesmo do bom senso.

— Alguém já bebeu demais. Eu sou intolerante a lactose. – ele explicou com um sorriso nervoso e eu revirei os olhos.

Será que um dia ele iria aprender a mentir? Ele tinha mais de 100 anos e ainda dava desculpinhas do tipo “meus olhos mudaram de cor por causa das luzes fluorescentes”, pelo amor de Deus!

Claro, claro... Isso é o que um vampiro diria. — eu pisquei para Emily e ouvi Emmett rindo tão alto que as paredes do pub até tremeram.

 — Ok, Bella, chega de álcool para você. – Edward ordenou, tirando a garrafa de cerveja do meu alcance.

Sei que eu deveria estar preocupada, mas tenho uma bomba de chocolate na minha frente, a mão do homem que eu amo na minha coxa, e mais tarde sei que a comemoração pessoal vai ser ainda mais intensa. Então não consegui fazer mais nada a não ser... rir. Porque eu estava verdadeiramente feliz.

Além disso, Emily não era uma mente brilhante, então duvidava que ela iria realmente acreditar que meu marido era um vampiro. 

— Bellinha, Bellinha… Que show você deu hoje! Foi melhor do que eu imaginava, viu? – Emmett riu quando minha querida colega foi embora e a gente se preparava para ir embora. Eu só dei de ombros.

— Eu nunca mais vou te deixar beber. – Edward sussurrou em meu ouvido e eu ri.

— Tenho certeza que Emmett vai me ajudar nessa missão – eu pisquei e meu cunhado acenou positivamente com tanto entusiasmo que parecia que sua cabeça descolaria do pescoço a qualquer momento.

— Até eu tenho que admitir que beber talvez seja algo divertido. Mesmo para uma dama – Rosalie esboçou um projeto de sorriso, surpreendendo todos nós.

— Você tá me chamando de dama? – perguntei em um sussurro, chocada com a sua manifestação.

— Não vamos forçar, Bells! – Alice me cortou, provavelmente prevendo uma resposta rude da loira.

— Só estamos todos felizes que você realizou o seu desejo e gostou dos resultados – Jasper falou e eu senti uma onda de tranquilidade.

— Obrigada por estarem todos aqui, gente. Significa muito pra mim, mesmo que eu não demonstre com muita frequência – falei com um sorriso, me sentindo emotiva do nada.

— A gente sabe, amor. A gente sabe. – Edward beijou meus cabelos suavemente enquanto saíamos do pub.

Parte 5

Saímos do pub e o vento fresco que bateu em meu rosto fez eu me sentir ainda mais animada. Eu adorei o pub e comemorar o meu aniversário lá, mas estava começando a me sentir um pouquinho claustrofóbica.

Emmett sugeriu estender a noite na casa dos Cullens, mas Edward logo barrou a ideia. Eu não reclamei. Sabia que ele só fez isso para impedir que eu bebesse ainda mais, mas eu não ligava; estava ansiosa pela nossa celebração pessoal.

Por isso, logo nos despedimos de meus cunhados. Em apenas um segundo eles já não estavam mais na minha frente, usando sua super velocidade.

— Exibidos – sussurrei enquanto eu e Edward começávamos a andar lentamente em direção ao nosso pequeno apartamento, fazendo-o rir.

— Você sabe que eu posso te levar para casa nas minhas costas ainda mais rápido do que eles, né? – ele sugeriu, erguendo uma sobrancelha em minha direção.

— Você sabe que não precisa ficar me lembrando que você é ainda mais rápido do que eles o tempo todo, né? – rebati com uma risada. — Prefiro ir andando mesmo. A noite tá linda, e eu não sei se quero que ela acabe logo.

— A gente pode fazer a noite durar o tempo que você quiser, Bella. – Edward sussurrou em meu ouvido e eu sorri, abraçando-o ainda mais apertado.

Não sabia como eu tinha sido tão sortuda em encontrar uma pessoa que estava disposta a fazer tudo por mim, mesmo quando ela não concordava com as minhas ideias mirabolantes. 

Eu não conseguia mais imaginar a minha vida sem Edward. E enquanto a gente andava em direção ao nosso apartamento, a brisa suave passando por nossos corpos, o céu estrelado sobre as nossas cabeças, eu só conseguia pensar em como era grata por ter chegado até ali.

— Eu nunca vou me acostumar a não saber o que você está pensando – meu querido marido resmungou, me acordando de meus devaneios. Eu estava tão distraída que nem percebi que já estávamos na porta de nosso apartamento.

— Como eu fui acabar me casando com alguém tão fofoqueiro? – provoquei enquanto ele encaixava a nossa chave na fechadura.

— Eu não sou fofoqueiro! Só acho injusto eu ser capaz de ler tantas mentes, com exceção daquela que eu mais tenho interesse. – ele falou, abrindo a porta para mim. — Você é uma fechadura que eu não tenho a chave. – finalizou, me fazendo revirar os olhos.

— Relaxa, drama queen. Você pode não ter a chave para a minha mente, mas tem a chave para outras partes mais interessantes de meu corpo. – rebati sugestivamente, empurrando-o contra a porta e prensando o seu corpo com o meu.

— Você ficou ainda mais impossível bêbada – disse em um tom exasperado, mas percebi seus olhos assumindo aquele tom de desejo, o que foi confirmado pelas mãos que passeavam pelas minhas costas.

— Não finja que você não ama quando eu te mostro exatamente o que eu quero – sussurrei contra os seus lábios, deslizando minhas mãos por baixo de sua blusa.

Mas ao contrário do que aconteceu no pub, dessa vez ele não me impediu quando percebeu que eu pretendia tirar aquele pedaço de pano de seu corpo. Na verdade, ele me ajudou nessa parte e, aproveitando o embalo, me pegou em seu colo e correu em sua velocidade vampírica em direção ao nosso quarto, me colocando gentilmente na cama e iniciando nossas comemorações especiais.

***

Sério Edward, todo o nosso dinheiro vai ser gasto em cama se a gente continuar nesse ritmo! — falei com um risada, me aninhando para mais perto dele, ignorando que a nossa cama estava grudada ao chão depois de mais uma quebra.

Eu amava sentir a sua pele gelada contra a minha, principalmente depois que fazíamos amor. Por isso, passei meu braço e perna ao redor de seu corpo, aconchegando minha cabeça em seu pescoço.

— Eu posso parar, se você quiser… – ele ameaçou e praticamente rosnei em resposta. Emmett estaria orgulhoso se tivesse escutado esse som animalesco que saiu de minha boca.

— Você não ouse! – grunhi, mordendo os seus ombros levemente, fazendo-o rir.

Eu amava fazer Edward rir. O seu rosto se abria completamente, me dando um vislumbre da criança travessa que ele tinha sido, suas covinhas deixando-o ainda mais adorável. E tinha o som da sua risada: às vezes parecia com um engasgo de bebê, o que pode parecer assustador e até mesmo estranho mas que, nele, se encaixava de uma forma mágica.

Foi com esse som que eu comecei a divagar, sentindo minha mente mais longe, um indicativo de que eu iria dormir em breve.

E não era para menos: depois de uma noite de bebedeira, um sexo incrível e os dedos suaves de Edward passando pelo meu corpo, não tinha como resistir ao sono;

— Suas amigas devem pensar que eu sou abusivo... – Edward sussurrou enquanto passava a mão pelo meu corpo.

Pelo tom de sua voz, sabia que ele estava falando dos eventuais hematomas que surgiam em minha pele quando fazíamos amor. E apesar de eu falar absolutamente todas as vezes que eu não ligava para isso e que eles nem ao menos doíam – sinceramente, em alguns momentos eu nem sabia diferenciar hematomas de sexo dos hematomas de meus tempos –, eu sabia que ele ficava se sentindo culpado.

— Que nada... BDSM tá na moda. Elas são é apaixonadas por você. – respondi de forma sonolenta. Tentando evitar mais uma discussão que não iria para frente, emendei: — Aliás, quando a gente chegou, eu só estava pensando no quanto eu te amo e como sou sortuda por te ter.

— O sortudo dessa relação sou eu, Bella. Depois que eu me transformei, parei de viver. Apesar de ter um tempo infinito ao meu dispor, eu não tinha vontade de fazer nada… Até que te conheci. Você me trouxe de volta para uma vida que eu nem sabia que poderia ter. Você é a minha vida. Agora dorme, minha doce Bella. E feliz aniversário. – ele sussurrou, beijando meu cabelo suavemente antes de começar a cantarolar a música que havia composto para mim.

E ali, embalada nos braços do homem que eu amava, eu divaguei para a escuridão, sabendo que nenhum sonho poderia se comparar à realidade em que eu vivia.


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