When Darkness Shines Brightest escrita por darling violetta


Capítulo 10
Fome, final




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/803186/chapter/10

Ciel acordou assustado, com a sensação de ser observado. Ele voltou para a mansão sozinho, já que tinha ordenado ao mordomo para investigar a amante da vítima. Aproveitando a solidão, deitou no sofá e acabou cochilando, já que na noite anterior não dormiu tão bem, remoendo a cena do beijo.

Mas, agora, vendo sua casa toda escura, num silêncio mortal, se deu conta que Sebastian ainda estava fora. O mordomo, tão eficiente, jamais demoraria tanto numa missão.

Ficou de pé. Dois pontos vermelhos brilhavam no escuro, vindos do outro cômodo.

"Sebastian?!" Chamou, sem resposta.

Os pontos brilhantes se moveram, chegando mais perto.

"Sebastian, se for uma brincadeira!..."

O demônio riu. Sentia o coração de seu mestre acelerando, assustado, embora este tentasse manter a compostura. O sangue correndo nas veias, isso só o excitava mais.

"Se… Sebastian?!" Deu alguns passos para trás, ao mesmo tempo em que Sebastian se aproximava. Algo estava terrivelmente errado com seu mordomo.

"Você é tão irritante! Tão arrogante e orgulhoso, agindo como se possuísse todo o poder, mas você não é nada sem mim!" Disse. "Sempre dando ordens, sempre chamando meu nome! Me tratando como seu cachorro."

Ciel tateou o cômodo escuro até encontrar uma porta. Abriu-a. A luz do poste iluminava a rua deserta. Correu para fora, com Sebastian o seguindo.

Ciel parou no meio da rua. Qualquer lugar que se escondesse, o demônio o encontraria. Saído das sombras, viu o rosto de seu mordomo. Os olhos brilhando, suas presas à vista. Os traços bonitos possuíam um ar demoníaco.

Sebastian caminhou, parando poucos passos à frente de seu mestre. Os olhos bicolores brilhavam assustados, sua marca queimando.

"Você às vezes me irrita tanto, mas cresceu e ficou tão bonito…" Sua voz saiu rouca, sedenta. "Seu corpo, seu cheiro… não imagina as coisas que desejo fazer com você…"

Aproximou-se, cobrindo a distância entre eles. Ciel congelou no lugar, como o demônio segurou ambos os seus braços, o aperto firme e possessivo.

Respirou fundo, o perfume do rapaz o consumindo. Ciel tremeu com o novo rosnado saído da garganta do demônio. Sebastian então o encarou, seus olhos vermelhos voltaram ao tom normal, muito diferentes de segundos antes. Suas presas retrocederam, tirando a aparência assustadora. Agora, parecia desesperado, quase em dor.

"Mestre, eu estou no meu limite. Eu imploro, deixe-me prová-lo."

Ele não tinha saída. Sebastian era forte demais e não o deixaria sair. Então, assentiu, devagar, embora não tivesse idéia do que o demônio queria.

Ciel sentiu uma respiração quente próxima a seu rosto. Ele olhou pra cima. Sebastian se aproximava cada vez mais. Seu rosto bonito quase colado ao dele. O coração batia tão forte em seu peito, parecia a ponto de explodir.

Lábios macios se chocaram contra os seus. O rapaz arregalou os olhos, assustado demais para reagir. Sebastian o fitava através de cílios longos e escuros, exalando charme. Passou a língua sobre os lábios macios, pedindo permissão, ao qual Ciel prontamente cedeu.

Sua língua adentrou a cavidade quente, e ele apertou ainda mais o rapaz. Sua boca se moveu sobre a dele, guiando os movimentos, ensinando como o rapaz deveria agir. Suas línguas duelaram num beijo duro, e Ciel sentiu falta de ar. Sebastian se afastou um pouco, dando espaço para o outro respirar.

Ainda meio sem fôlego, seus lábios foram tomados por um novo beijo. Uma leve chuva começou a cair. Estava frio, porém os braços de Sebastian o mantinha quente.

Abriu novamente a boca, a língua de seu mordomo mais uma vez pedindo passagem. Tentou acompanhar os movimentos de Sebastian, sentindo a fome, o desespero através daquele beijo. O demônio parecia querer devorá-lo, e não estava muito longe da realidade.

Sentiu presas mordiscando seu lábio inferior. Sebastian se moveu com cuidado, evitando ferir o rapaz. Ciel sentiu o coração ainda mais acelerado, alto em suas têmporas. Uma necessidade crescente em seu interior.

Sebastian largou de seus lábios, ganhando um resmungo adorável. Beijou-lhe a bochecha, descendo para o pescoço. Ciel suspirou, beijos suaves eram depositados em sua pele sensível. Presas arranharam sua pele. Em seguida, cravaram firmes em seu pescoço.

O rapaz gemeu e gritou, tentando afastar Sebastian, contudo o demônio o segurava com força. O coração batia tão forte, a ponto de realmente explodir.

Num impulso, Sebastian o empurrou. Ciel perdeu o equilíbrio e quase caiu. Estava molhado e tremia, mas não pela chuva e sim pelo que fizeram. Sua respiração em frangalhos, seu coração pulsando com força. O som em seus ouvidos diminuía, então ele percebeu que não era seu coração, mas sim o de Sebastian. Levou a mão ao pescoço. Sangrava.

Sebastian estava a alguns metros dele. Olhos fechados, a expressão em dor. O demônio travava uma batalha consigo mesmo. Estava faminto por seu mestre. A poção do amor, misturada ao feitiço da sereia, descontrolou suas emoções.

Estava no limite, a vontade de possuir seu mestre beirando a loucura. Seu desejo era provar sua alma, ao mesmo tempo em que fodia seu corpo.

"Sebastian!" Escutou a voz de Ciel. Seu mestre estava assustado e ele era o culpado. Sebastian estendeu a mão, impedindo o rapaz de chegar perto.

"Shiiii…"

O rapaz ficou calado, esperando. Não sabia como agir, nem como ajudar o demônio. Sebastian lutava contra si mesmo. Seu lado demoníaco mais perigoso querendo se rebelar, ao passo que a personalidade mais tranquila que desenvolveu para Ciel tentava recuperar o controle.

Foram poucos minutos, mas pareceram horas. No fim, seu demônio interior, apesar de faminto, cedeu o controle ao lado 'racional'.

Abriu os olhos aos poucos. Seu mestre permanecia parado, apenas o encarando. A coragem do rapaz surpreendia. Muitos teriam fugido diante de seu descontrole.

Só então percebeu a fina chuva que caía. Ciel estava molhado e tremia. Sua asma poderia piorar com aquele tempo, pensou.

"Está chovendo, mestre. Melhor trocar essa roupa molhada antes que fique doente."

"Não!" Disse, firme. "Quero resolver este caso o mais rápido possível. Mas primeiro, explique-se!"

Sebastian contou um resumo da história. Explicou sobre as mortes, e como aquela mulher estava relacionada. Também explicou o que ela era, e como conseguiu afetá-lo.

"Uma… sereia?" Indagou, incrédulo.

"Bem, sim. Ao contrário da crença, sua magia não está no canto. Sua saliva afeta mortais e pelo visto, até mesmo outras criaturas."

"E ela exigiu minha morte?" O mordomo assentiu. "Então por que…" Não, ele não queria saber. As coisas que Sebastian disse e fez, eram muito para ele aceitar no momento.

"Imploro seu perdão, mestre. Eu estava fora de mim."

"Não é o momento para isso. Apenas me diga como matá-la!"

Sebastian deu um meio sorriso, gostando da ideia de matar aquela maldita.

"Cortando-lhe a cabeça."

*******************

Ela já havia planejado tudo. Causara muitas mortes em Londres e alguns já desconfiavam. Quando o demônio voltasse, após dar fim a seu mestre, ela o mataria. Então partiria para a próxima cidade.

Abriu uma gaveta e pegou um punhal de prata. A lâmina estava afiada, como comprovou ao passar o dedo sobre ela. O líquido vermelho escorreu sobre o ferimento. Ela lambeu o sangue, curando a ferida em seguida.

Uma sombra se moveu ao redor da casa. A presença poderosa atrás dela. Virou-se escondendo o punhal atrás de si. Parado lá, estava Sebastian. Encarou o demônio de cima a baixo. Ele estava desarrumado, molhado e seu lindo rosto tinha algumas manchas vermelhas.

"Olha… você voltou!..." Fingiu um sorriso, imaginando que o demônio demoraria mais.

"Juliana é seu nome mesmo ou é mais uma de suas mentiras?" Aproximou-se. A mulher apertou o cabo do punhal.

"Já tive inúmeros nomes: Juliana, Lenora, Charlotte… às vezes até esqueço do meu nome verdadeiro. Por que a pergunta?"

"Como vou confiar em alguém que mente o próprio nome?"

"Olha quem fala! Você também usa um nome falso!"

"A partir do momento que meu mestre me nomeou Sebastian, este se tornou meu nome."

Ela rolou os olhos. Nunca imaginou que um demônio pudesse ser tão chato. Forçou um sorriso e se aproximou, fingindo-se sedutora. Tocou-lhe o peito com a mão livre.

"Letha. Se te faz sentir melhor, meu nome verdadeiro é Letha. Agora… vamos ao que interessa…"

Puxou sua gravata, trazendo seu rosto para mais perto. Abriu a boca, juntando seus lábios num beijo rápido. Sebastian não a correspondeu. Afastou-se, franzindo o cenho. Algo estava errado, muito errado. De algum jeito, o demônio se livrou da influência dela.

Atacou, cravando o punhal onde deveria ficar seu coração. Sebastian olhou para o objeto e de volta para a mulher. Ela se afastou dele, segurando o vestido e tentando correr. Saiu para o lado de fora, para a chuva.

Do lado de fora, ela viu um rapaz. Ela parou em seu caminho, o rapaz se aproximando. Deu alguns passos para trás, suas costas batendo em uma parede de músculos.

Olhou para trás, apenas para encontrar o demônio. Ele tirou o punhal de seu peito. Atirou o objeto no chão.

De um lado, o rapaz, do outro, o demônio. Mesmo que ferisse o humano e tentasse fugir, Sebastian a encontraria. Estava cercada.

Sua pele brilhou com as escamas, acuada. Jogou-se sobre Ciel, suas unhas prontas para machucá-lo, contudo seus braços foram presos por um par de mãos muito fortes.

"Seus poderes não são nada além de controlar as emoções dos outros. Sem isso, você não consegue se defender." Sebastian disse.

"Não! Espera, eu… ah!" Gritou.

Num movimento rápido e fluido, Sebastian arrancou a cabeça de seu corpo. O corpo da sereia caiu com um baque, a cabeça ainda nas mãos de Sebastian, os olhos perdendo a vida, a boca aberta num grito interrompido.

Jogou a cabeça junto ao corpo. Os olhos do demônio brilhavam e ele tinha um sorriso divertido no rosto. Ciel engoliu em seco, ainda assustado e receoso com Sebastian.

"Queime-a." Ordenou.

O mordomo assim o fez. Quando a chuva cessou, Sebastian fez uma grande fogueira, pondo fim não apenas à sereia, mas qualquer influência que ela ainda exercia sobre alguém.

O mordomo, agora mais calmo, se voltou para Ciel, ajoelhando.

"Mestre, eu peço perdão e…"

O tapa veio forte em seu rosto. Ciel o estapeou diversas vezes, a raiva e a humilhação tomando conta de si. Seu rosto ficou vermelho, uma lágrima discreta escorreu por seu rosto. Sebastian segurou sua mão, impedindo que seu mestre continuasse com os golpes.

"Nunca, jamais, em hipótese alguma, toque em mim novamente!" Ciel gritou. "Nunca!"

Estava nervoso com toda aquela situação. Sentia-se humilhado por seu mordomo, pelas coisas que disse a ele. E também o beijo. Jamais admitiria que gostou. Aquela situação o feriu, sua mente magoada com a experiência.

Sebastian levou a mão ao coração e assentiu, pedindo mais uma vez desculpas. O melhor a fazer no momento era deixar seu mestre se acalmar. Foi uma noite estressante e os ânimos estavam exaltados.

Ciel entrou em sua carruagem há muito esquecida debaixo de uma árvore, ordenando que o levasse para casa. O mordomo assentiu mais uma vez, seguindo seu mestre.

Lambeu os lábios, ainda sentindo o gosto do precioso sangue de Ciel. Sentia o coração de seu mestre batendo muito rápido, assustado.

  Sebastian riu de toda aquela situação, tentando disfarçar sua preocupação. A mordida no pescoço de seu mestre tinha um significado profundo. Os próximos dias seriam cruciais para tirar suas dúvidas. Se Ciel tivesse os sintomas nos próximos dias, as coisas ficariam mais complicadas.

Se o rapaz ficou bravo com uns poucos beijos, imagine quando descobrisse que o demônio tentou marcá-lo como seu companheiro?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "When Darkness Shines Brightest" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.