{catholic guilt}

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"perdoai-nos as nossas ofensas

 assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido,

 e não nos deixeis cair em tentação, 

mas livrai-nos do mal. 

amém."

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A garota sentia os joelhos protestarem, mas os ignorava. Era provável que, naquele ponto, eles estivessem esfolados e um tanto ensanguentado. Isso, contudo, era algo que ela merecia. Sua penitência precisava ser cumprida. Os dedos da menina se moviam delicadamente pelas contas do terço, enquanto seus lábios sussurravam uma oração bem conhecida. A madrugada havia caído há muito tempo, a casa inteira estava escura e silenciosa, embalada pelo sono dos inocentes. Lily Evans, que não era uma inocente, se encontrava desperta, ajoelhada em frente a uma imagem de Nossa Senhora, em uma súplica desesperada. 

A garota tinha 17 anos e estava ficando cada vez mais difícil negar o encanto profano que meninas exerciam sobre ela. Um encanto muito semelhante ao exercido por meninos. Algo que deveria tornar a situação um pouco melhor, só que apenas parecia piorar tudo. O fato era que Lily não queria gostar de meninas. Não queria nem mesmo conceber tal heresia. Como uma boa garota católica, ela sabia o que aquilo significava para sua alma imortal e não conseguia parar de pensar sobre isso. Não conseguia parar de sentir medo. Não conseguia parar de sentir culpa.

Havia momentos, inclusive, em que Lily achava que a culpa era a única coisa que lhe restara. A única coisa que ainda era capaz de sentir. O sentimento pairava sobre a jovem o tempo inteiro. Como uma espada prestes a decapitá-la. Era enlouquecedor e sufocante.

Sendo assim, e não tendo outra escolha, a menina rezava e implorava a Deus, à Maria ou a qualquer santo que pudesse ouvi-la, que tirasse aquele tipo de ideia pervertida de sua cabeça. Que lhe desse forças para desviar das armadilhas do Inimigo. Que não a deixasse caísse em tentação. Lily rezava e rezava e rezava. Implorava, suplicava, chorava. Nada disso parecia o suficiente para matar o pecado dentro dela. Nada disso parecia o suficiente para que ele deixasse de se interessar por meninas. Nada disso a impediria de queimar no inferno. Por toda eternidade.