Como ter esperança, se parece que está tudo no fim?

Como digerir esse fim, quando parece que nunca houve um começo?

Como entender que começou, que estou na metade, que seja, que o tempo é agora e o amanhã não existe? O amanhã está cada vez mais próximo de existir e eu não sei o que fazer em relação a isso.

Imagino possibilidades e emoções, coisas que nunca vivi, mas que já vi em filmes e ouvi em canções. Coisas que parecem ser o começo da vida e que despertam sentimentos bons: não os tenho em grande quantidade há algum tempo - mais tempo do que eu gostaria de admitir.

Estou presa, quando nunca fui solta. Minha mente me limita, o mundo me limita, ninguém ajuda ninguém. As mãos foram todas soltas. Ninguém solta a mão de ninguém? Me parece falso.

Procuro uma brecha, mas todo o mal do mundo me impede de achar a passagem por onde a luz está vazando. O mal do mundo são os ricos? Acredito nisso piamente e ao mesmo tempo sei que o problema é muito mais profundo. A sociedade está torta e não parece que algum dia foi boa.

Sei que existem fadas e ninfas, unicórnios e gnomos, anjos da guarda e leões falantes, mas a monarquia é forte, tem armas e robôs programados para perceber o calor dos corações puros, seu algoritmo é preciso, calculado, feito ao vivo, racista, patriarcal, exploratório, cheio de ódio, intolerante. Umidade faz mal para componentes tecnológicos.

Redundante, me sinto perdida. Delirante, não faço citações lúcidas. Tóxica a quem me quer bem, indefesa e calada a quem tudo destrói. O que posso fazer? Muito. Tenho medo e não me movo, é complicado. Tudo é muito complicado.

Saudade. A odeio e a amo. Meu nome do meio, ou o primeiro.

Ter esperança é difícil, muito difícil. Tudo é incerto, perco o agora enquanto choro pelo a seguir. Choro muito.

Não sei como terminar nada. Nunca comecei de fato. Mas já existo há tempo suficiente. Será que alguém vai apertar o botão?