All That Glitters escrita por red hood, prongs


Capítulo 1
U: miserable and magical


Notas iniciais do capítulo

prongs:

OI GENTE ♥ estamos aqui postando mais uma história pro pride, como se já não fôssemos adms loucas e ocupadas, ainda ficamos arrumando coisa pra fazer. mas quando eu vi umas fotos da Hunter Schafer, meu fc da Lysander desde que escrevi (s)he ano passado, fiquei morrendo de vontade de escrever algo com minha neném de novo, e quando a red apareceu com o plot perfeito eu não resisti.

e foi assim que nasceu all that glitters, com muito brilho, roupas coloridas, peculiaridades da família Scamander e amor pra dar e vender ♥ é uma continuação de (s)he, da prongs, e de comfortable, da red hood, mas não é exatamente necessário ler elas antes. esperamos que gostem e boa leitura!! ✨



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Lorcan Scamander nunca ligou para aniversários, mas Lysander sempre os achou mágicos, afinal, eles haviam nascido no dia 29 de fevereiro. Nada sobre a família Scamander era comum, e certamente o dia do nascimento dos gêmeos também não poderia ser.

Lysander amava acordar e ter sua existência celebrada. Antes de Hogwarts, sua mãe tinha o costume de preparar um café da manhã repleto de suas comidas favoritas e espalhar presentes pela casa, para que ela e o irmão encontrassem. Eles também tinham uma tradição de que em anos regulares, onde o dia 29 de fevereiro simplesmente não existia, no dia 28 seria comemorado o aniversário de Lysander, e em primeiro de março, o de Lorcan.

Ela amava ter um dia só para si, mas seu irmão era sua outra metade. Lysander acreditava que dividir a vida com ele era uma benção dos astros, como se os dois fossem uma só alma compartilhada em corpos diferentes quando desceram à terra. Sendo assim, ela esperava ansiosamente pela chegada dos anos bissextos, para poder viver o dia único de Lorcan e Lysander. 

Aqueles eram, verdadeiramente, os aniversários favoritos dela. Quando eles haviam completado quatro anos, Luna e Rolf haviam preparado um enorme piquenique para todas as crianças bruxas da região de Ottery St. Catchpole. Aos oito anos, eles viajaram juntos para florestas remotas da Suíça em busca de criaturas mágicas e haviam até mesmo avistado um unicórnio. Com doze anos, passaram o primeiro dia 29 em Hogwarts, onde receberam uma quantidade exorbitante de presentes dos pais no correio coruja. No último ano bissexto, quando haviam completado dezesseis anos, os amigos dos dois haviam preparado um jantar especial para eles com a ajuda de Hagrid, que adorava as crianças.

Porém, havia algo de diferente e um tanto especial naquele ano, quando completaria 20 anos. 

Seria o primeiro dia 29 de fevereiro que ela iria passar como a Lysander. 

A Lysander que gostava de usar glitter nos olhos. A Lysander que não se sentia mais uma intrusa em seu próprio corpo. A Lysander que se olhava no espelho e não se enxergava como uma cópia de seu irmão, mas como ela sempre sonhara em ser. 

Ela havia passado por um longo caminho até chegar ali. Haviam sido muitos anos se escondendo e tendo vergonha de seus sentimentos, até que, ao poucos, ela conseguira construir a coragem magnífica de viver como ela queria, de ser quem ela realmente era. Aos 18 anos, todos sabiam que ela era uma garota trans, e até mesmo conseguira passar por um novo procedimento mágico no St. Mungus para mudar seu corpo com a ajuda de seu maravilhoso pai.

Hoje, ela podia dizer que se sentia confortável com quem era, com sua jornada e com tudo que havia conquistado até ali. Em alguns dias, sua confiança ainda era abalada com pensamentos inseguros, mas bastava respirar fundo e se lembrar que era amada e apoiada por sua família, e de certa forma aquilo era o suficiente para vestir seu sorriso mais radiante o dia inteiro. 

Entendia mais que nunca tudo que sua mãe sempre disse sobre abraçar sua própria individualidade. Talvez a magia de verdade não estivesse na ponta de sua varinha, mas no seu coração. 

E, claro, Lorcan havia tido um papel essencial em tudo que a levara até ali. Ele sempre havia sido a pessoa a lhe encorajar a usar o cabelo e suas roupas como ela gostava, a primeira pessoa para quem ela contou sobre ser trans, e a primeira pessoa a lhe tratar por pronomes femininos. Lorcan estava ao seu lado em todos os momentos, e ela mal podia esperar para passar aquele dia 29 junto dele em sua forma mais feliz e mais confiante de todas.

Naquele dia, Lysander acordou e não fora capaz de se levantar de imediato. Ficou deitada, fitando o teto estrelado de seu quarto, observando o movimento dos astros encantados acima de si. O calendário marcava mais um dia 29 de fevereiro, e o relógio apontava as 9:30 da manhã, o que significava que sua revolução solar já havia acontecido. 

20 anos. 240 meses de vida. Um pouco mais de 7300 dias. Havia existido por mais tempo na terra que a média de lobos selvagens e tigres. Em um piscar de olhos alcançaria a idade média de um urso ou de uma baleia. Viver era sem dúvidas algo um tanto estranho.

Pensar nisso deixou Lysander levemente tonta ao se levantar.  

O silêncio que pairava em seu quarto, em sua antiga casa, entregava que o andar de baixo estava estranhamente quieto, fato incomum para o lar dos Scamander, mas ela não prestou muita atenção nisso enquanto se arrumava. Tinha ido para lá na semana anterior, queria ver sua família naquele dia e estar mais perto de Lorcan, que havia se juntado a ela apesar de estar no meio de uma de suas viagens.

O irmão tinha decidido seguir a carreira do pai e explorar animais mágicos mundo afora, com a diferença que ele era extremamente apaixonado por animais aquáticos um tanto raros, então passava a maior parte de seus dias em praias esquisitas da Europa, enquanto Lysander havia aberto um ateliê e estúdio de maquiagem numa salinha do Beco Diagonal, algo um tanto diferente e novo na vizinhança bruxa, mas que estava sendo aceito muito bem pela comunidade até agora.

Estava disposta a usar suas roupas favoritas naquela manhã, uma mistura explosiva de rosa, amarelo e azul bebê, completando o visual com meias de arrastão brancas e o seu longo cabelo loiro preso em dois coques, como se fosse a Princesa Leia — pelo menos era o que dizia Lottie, amiga de seus primos, que era nascida trouxa. Apesar de ainda ser dia, passou sua sombra de glitter favorita e um batom rosa antes de ir procurar o irmão. 

Lorcan era sempre a primeira pessoa com quem ela gostava de falar no dia de seu aniversário. Abraçá-lo com força e proclamar seu lugar de irmã mais velha era um ritual, além de trocarem presentes. Nesse ano Lysander comprara uma pequena caixinha encantada, que mostrava o movimento dos astros no veludo escuro acompanhado dos signos que pintavam o céu. Amava astrologia, e adorava mais ainda passar horas falando sobre signos com Lorcan, e estava ansiosa para ver a reação do irmão quando abrisse o embrulho. 

Procurou seu gêmeo no quarto antigo dele e se surpreendeu ao ver que o cômodo estava vazio. Também não tinha ninguém no banheiro, e Lysander começando a achar tudo estranho demais, então resolveu descer as escadas em espiral rapidamente para investigar a situação.

Ao chegar na sala de estar, encontrou Lorcan comicamente sentado no sofá usando um terno prateado, que Lys lhe dera de presente de Natal, com O Pasquim no colo e uma xícara de chá nas mãos.

— Bom dia, caçulinha — A garota sorriu e se jogou ao lado do irmão, abraçando-o apertado. Abraçar Lorcan era como estar em casa, não importava onde eles estivessem. — E feliz aniversário! Como é ser a segunda pessoa da casa a completar vinte anos? Já que, você sabe, eu sou mais velha.

Lorcan caiu na risada e passou o braço pelos ombros da irmã.

— Bom dia e feliz aniversário, idosa — Lysander revirou os olhos e ambos estenderam seus presentes um para o outro ao mesmo tempo. — Feliz vinte voltas ao redor do sol.

Lysander deu um beijo na bochecha do irmão e se apressou a rasgar a embalagem de seu presente. A caixa era grande, fazendo com que ela ficasse levemente envergonhada com o tamanho do que ela havia lhe entregado. Porém, logo se tranquilizou quando Lorcan exclamou de surpresa ao abrir a caixinha e ver as estrelas e nomes se mexendo no tecido, os olhos brilhando de encantamento com seu presente.

Contudo, algo tirou a atenção de Lysander de seu próprio presente. Olhou para o embrulho cintilante e em seguida para o próprio irmão. 

— Por que você tá usando um terno às 10 da manhã? — Lysander perguntou sem muitos rodeios. No fundo sabia que não precisava questionar se ele gostara sobre o presente, eles sempre amavam o que ganhavam um do outro. 

— Por que você tá usando maquiagem às 10 da manhã? — Lorcan rebateu, e ela revirou os olhos.

— Okay, justo — Ela disse, voltando sua atenção para o presente. Ao se desfazer da embalagem seus olhos se iluminaram ao descobrir que havia ganhado um lindo espelho em formato de sol. 

Já podia imaginar como ele seria perfeito para o seu ateliê, ao lado da mesinha de entrada, para que todas suas clientes se olhassem pela última vez antes de sair do local. Idealizou também as possíveis fotos e como seu reflexo ficaria quando a luz do pôr do sol entrasse pela janela. 

Ela se deixou sonhar por alguns instantes, mas não podia evitar observar pelo canto dos olhos como Lorcan estava inquieto. Algo estava errado, e ela podia sentir a energia diferente pairando entre eles. 

— Então onde estão papai e mamãe? — indagou, assim que terminou de agradecer pelo presente. 

— Viajaram — Lorcan se levantou, colocando o jornal e o café de lado e caminhando pela sala. — Na verdade, eu pedi pra eles viajarem. Mas eles deixaram seus presentes embaixo do armário da cozinha.

Lysander levantou uma sobrancelha para o irmão, que estava agindo de maneira estranhamente suspeita. Lorcan só agia assim quando estava aprontando alguma coisa, e não era de seu feitio fazer nada na data de seu aniversário, visto que ele não poderia ligar menos para o dia. Sempre dizia que era um absurdo que comemorassem o fato de estarem um ano mais perto de suas mortes, e Lysander apenas ria e dizia para ele ser menos niilista.

— Okay… e por que você pediu pra eles viajarem hoje? — Lorcan abriu um enorme sorriso e se apoiou no braço do sofá ao lado da irmã.

— Porque hoje vamos comemorar o nosso aniversário. Muito mais o seu do que o meu, pra falar a verdade, mas sei que você me mataria se eu não me incluísse na equação — Ele sorriu mais ainda, se é que era possível, e Lysander só conseguia pensar que ele claramente estava pregando uma peça nela. Lorcan, querendo celebrar o aniversário deles? Por pura e espontânea vontade? Certamente ele havia confundido 29 de fevereiro com primeiro de abril.

Lysander lembrava bem de quando haviam feito treze anos e ela havia pedido treze mini pufes de estimação, um de cada cor diferente, enquanto ele disse que só queria um mapa do mundo. Simples assim. Ela lembrava também da justificativa do irmão; segundo ele, seu único desejo era conhecer o mundo todo, e nada melhor que um mapa para isso. Desde sempre Lorcan Scamander sonhava com terras longínquas e lugares estranhos. 

Uma passagem para uma viagem em um avião trouxa era mais interessante para ele do que qualquer bolo ou festa de aniversário. 

Portanto, algo ali estava errado.

— Você tá tirando uma com a minha cara, né? — Lorcan caiu na risada com a constatação da irmã, e balançou a cabeça ao segurar sua mão.

— Claro que não, maninha. Eu não queria fazer nada, sendo bem sincero — ele disse e Lysander assentiu, conhecendo bem o gêmeo que tinha. — Mas eu sei como esse dia é especial pra você, principalmente esse ano, você sabe. Então eu achei que você merecia uma festa de apreciação à Lysander, verdadeiramente linda e autêntica como ela é.

Nesse momento Lysander teve que se segurar para não chorar. Seus olhos encheram de lágrimas, que tentou conter para não borrar sua maquiagem, se arrependeu no mesmo instante de não ter usado nenhum feitiço para proteger sua criação. Mas a comoção logo cessou quando viu a expressão desesperada de seu irmão, praticamente perguntando com o olhar “fiz algo de errado?”.

Então ela o abraçou soltando uma risada aliviada. Talvez gêmeos fossem capazes de se ler dessa forma, ou talvez Lorcan fosse mesmo o melhor irmão do mundo, pois não cansava de se impressionar todas as vezes que ele parecia ler seus pensamentos ou que ela mesma pressentia o que ele estava sentindo.  

— Mas você tem que me prometer que vamos fazer pelo menos uma coisa que você queira hoje — ela o repreendeu, enquanto afrouxava o abraço para olhá-lo bem nos olhos. Ver seu irmão feliz também era sua prioridade naquele dia. 

— Eu prometo. 

Lorcan não demorou para realizar o desejo da irmã, e na hora do almoço conjurou suas panquecas favoritas diretamente da Bélgica. Mesmo que Lysander tentasse argumentar que aquilo não era o suficiente, ele dava de ombros e dizia que aquilo era algo que ele gostava e ele estava satisfeito e feliz. 

Depois de um tempo, ela parou de insistir e simplesmente se deliciou com o que provavelmente eram as melhores panquecas que já havia provado em toda a sua vida. 

Durante a tarde, foram juntos fazer uma longa caminhada nos prados ao redor da residência Lovegood-Scamander em busca de ameixas dirigíveis, e adentraram o bosque que ficava ali perto para, quem sabe, avistarem algumas tocas de fada escondidas entre troncos e arbustos. Quando voltou em casa, Lysander estava tão cansada que nem mesmo limpou os pés enlameados antes de se jogar na cama e cair no sono. Precisava desesperadamente de um cochilo.

O que ela não esperava era que Lorcan lhe acordasse logo após o pôr do sol, com maquiagem de glitter e um brilho travesso nos olhos.

— Acorda, maninha. Você não pode perder as estrelas no dia 29.

Lysander se levantou, um pouco desorientada com a ausência do sol, mas caminhou até sua janela e observou o céu limpo e estrelado do começo daquela noite. Imaginou o movimento dos astros ao seu redor, magníficos e majestosos, e quase perdeu uma estrela-cadente que riscou o céu à sua esquerda. Estava distraída com as luzes quando ouviu Lorcan pigarrear atrás de si.

Ao se virar, encontrou seu irmão com uma ombreira na mão onde estava pendurado um conjunto de roupas roxas e um casaco verde com transparência para completá-lo.

— O que é isso? — Ela indagou com uma sobrancelha arqueada, ainda desconcertada por causa de seu cochilo.

— É a roupa que você vai usar na nossa festa de aniversário — Lorcan sorriu, e Lysander perdeu o fôlego.

— Não.

— Sim. Acho bom você se arrumar logo, tem uma galera te esperando.

Lysander correu até o irmão e o abraçou apertado. Um misto de felicidade e ansiedade tomou conta do seu peito. Era como se houvessem mil fogos de artifício explodindo dentro dela, mas da melhor maneira possível. 

Aquele havia sido, com certeza o banho mais rápido da vida da garota, e ela rapidamente se vestiu, jogou a melhor sombra cor de rosa nos olhos e prendeu metade do cabelo num penteado simples. Seu coração estava batendo forte e ela nem sabia como seria essa tal festa de aniversário.

Se olhou no espelho e soltou um suspiro. Ela amava o que via ali. Amava aquela versão de si e era ainda melhor poder admitir isso. 

Apesar de saber que uma festa já havia sido iniciada no andar de baixo da casa, Lysander não fazia ideia do que a esperar. Quem estaria lá? Haveriam bombons explosivos? 

Com o coração acelerado e as mãos geladas por causa do súbito nervosismo, ela saiu do quarto encontrando o irmão encostado na parede do corredor. 

Ele a olhava com orgulho e um carinho extremo. Lysander se segurou para não abraçá-lo e derramar algumas lágrimas, enquanto alegava pela milésima vez que ele era o melhor irmão do mundo. 

— Vamos descer? — ele perguntou, enquanto estendia a mão para ela. 

Lysander sorriu, logo concordando com a cabeça e juntando sua mão com a dele. 

Desceram juntos, logo recepcionados por gritos e inúmeros gritos de “Feliz aniversário!”. Havia glitter por todos os lados, balões coloridos e um enorme painel com um sol e uma lua, representando, obviamente, ela e o irmão. 

Ela parecia que ia entrar em êxtase, enquanto tentava digerir que aquilo tudo era real. 

A primeira pessoa a abraçá-la foi Lily Luna Potter, como de esperado. A amiga parecia compartilhar da animação dela, enquanto dava pulinhos sem soltar Lysander. 

Depois veio o restante dos Potter e logo em seguida os Weasley, como deveria ser. James e Albus entregaram-lhe presentes, enquanto Hugo colocava em sua cabeça uma coroa de plástico extremamente brilhosa e elogiava sua roupa. Rose e Scorpius soltaram as mãos apenas para cumprimentá-la também e agradecer o convite, a ruiva ainda completou dizendo que eles haviam sido os responsáveis pelas flores e balões que decoravam o local de maneira quase mágica.

Ronan e Saoirse, os gêmeos Thomas-Finnigan, apareceram por trás das dezenas de cabeleiras ruivas com gritinhos e abraços apertados. A garota segurou a mão de Lysander e a rodopiou várias vezes, repetindo como ela estava linda, enquanto Ronan ria e afirmava que o presente dos dois era grande demais para a sala de estar e estava do lado de fora da residência Scamander, esperando pela aniversariante.

Também cumprimentou Sarah Doyle, Theo Belby e Zoya Brown-Patil, alguns de seus colegas de Hogwarts que ela havia se aproximado nos últimos anos de escola, sem acreditar que até eles estavam ali.

Por fim, quando pensava que havia finalmente falado com todos, a porta da frente se abriu, revelando um menino de cabelos cor de areia e sardas nas bochechas. 

Quando os olhos de Lysander encontraram os de Louis no salão, ela não pôde evitar sorrir. Sabia que ele não seria o primeiro a chegar, ou abraçá-la e beijá-la naquela noite, afinal ele esperaria o momento certo para não ter que disputar a atenção dela. Tudo em Louis era paciente, calmo, enquanto Lysander vivia afogada em sentimentos. Nele ela sempre encontrara o conforto que precisava.

A verdade é que, mesmo que quisesse muito vê-lo ali, sabia da possibilidade dele ter que faltar. Sua família inteira estava na formatura do curso de Medibruxo de Victoire em Londres naquele final de semana, e ele dificilmente conseguiria escapar de lá. Mesmo assim, ali estava Louis, todo feito de cabelos dourados, olhos de céu de verão e sorrisos vindos dos sonhos mais lindos de Lysander.

Antes de falar qualquer coisa, Louis a puxou para um beijo que continha tanto amor quanto saudade. Lysander achou que fosse derreter enquanto aprofundava o beijo e passava as mãos pelos cabelos dele, tão macios e gostosos, como se estivessem derretendo por entre seus dedos.

Aquele momento era como a cereja no topo do bolo. O toque final para a menina entrar em combustão com a felicidade que percorria em seu corpo. Como mil fogos de artifício em seu peito, junto da adrenalina da vitória de um jogo de quadribol. 

— Okay, pombinhos — A voz de Lily Luna, com um toque de uísque de fogo já presente nela, os interrompeu. — Podemos começar a festa ou o quê?

Uma música da mais nova banda queridinha dos adolescentes bruxos, Wolfsbane, começou a tocar em algum lugar, preenchendo o ambiente e liberando os hormônios desesperados de todos os jovens de vinte e poucos anos que estavam ali, felizes, livres e confusos ao mesmo tempo, ansiando apenas por uma noite onde pudessem dançar, cantar e apenas celebrar Lysander por algumas horas.

Madrugada adentro, Rose dançou em cima da mesa de jantar, Ronan bebeu shots de conhaque de barril de dragão direto da barriga de Lily e Albus vomitou em cima dos Bulbos Saltitantes cultivados no jardim da casa. Ronan observou tudo aos risos enquanto Lysander rodopiava pelo piso de madeira com Louis em seus braços ao som das músicas. Não era uma noite perfeita nem de longe, mas para a garota, aquele era o aniversário mais esplêndido de todos os tempos.

O sol estava longe de ameaçar subir naquela madrugada de inverno, mas o relógio da cozinha dos Scamander, que brilhava com penas de fênix, apontava que já estava ficando tarde demais para eles. Os amigos de Lysander foram indo embora pouco a pouco, aparatando depois de abraços tortos, risadas intermináveis e infinitos “eu te amo”, e logo a cozinha estava estranhamente vazia e silenciosa.

Para Lysander, aniversários sempre seriam os dias mais especiais. 

Momentos mágicos em que por um dia inteiro você lembra que é amado. Que a solidão talvez seja apenas uma ilusão provocada pelo medo. Que por todos esses anos você foi capaz de cativar e se deixar cativado. Que a vida é difícil, sim, por isso merece ser celebrada, nem que seja apenas uma vez por ano. 

Porém, ao ver Louis, Lily e Lorcan limpando o glitter do chão e colocando as cadeiras de volta no lugar, não pôde deixar de pensar o quão especial era ter pessoas que continuassem marcando todos os outros dias de seu calendário. Pessoas capazes de te amarem mesmo depois da maquiagem escorrida pelos olhos e as roupas amarrotadas do dia seguinte. 

— Lys, você está chorando? — Lily perguntou, largando as louças e indo afagar as costas da amiga preocupadamente.

— Desculpa, é que eu acho que… a lua entrou em câncer — ela respondeu, enquanto abanava o próprio rosto, tentando evitar que as lágrimas rolassem por sua bochecha. 

— Não entrou não! — gritou Lorcan de algum lugar distante, fazendo as duas rirem.

Lily olhou desconfiada para amiga, mas a envolveu em um abraço apertado sem fazer perguntas. 

Lysander soltou um grunhido, entre lágrimas e risadas, enquanto a cozinha deixava de ser só dela e de Lily. Não queria estar chorando, mas não conseguiu evitar a onda de emoção que tomou conta de seu peito. Nada mais pisciano do que isso. 

— É que eu amo muito vocês — Lysander disse por fim. 

 

hold on to the memories, they will hold on to you

hold on to the memories, they will hold on to you

hold on to the memories, they will hold on to you

and i will hold on to you 


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Notas finais do capítulo

red:

O que acharam da nossa bebê pisciana? Eu particularmente amei tanto escrever essa história ♥ primeiramente que ela carrega muito da minha visão sobre aniversários, segundo que escrever com a prongs foi um processo muito lindo e cheio de amor. É muito bom levar a parceria de uma amizade para a escrita e ver como nosso jeito de pensar foi se encaixando e resultou nessa história! ♥

Espero que vocês tenham gostado também ♥ e assim nossa participação no Pride 2021 se encerra ♥



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