lastop escrita por Gab Murphy


Capítulo 8
There's no need to complicate, our time is short


Notas iniciais do capítulo

É isso, lastop está chegando ao fim. E, como nossos meninos, sei que é o certo, mas isso não faz doer menos. Amei escrever essa história, de verdade!! Gosto de histórias que falam sobre amor, mas essa nunca nasceu com esse intuito e depois que li 7 Minutos da Siaht (inclusive LEIAM!!) só tive mais certeza desse fim e de todo o resto.

Enfim, estou só tagarelando, mas só queria dizer que essa é uma história sobra cada um e não sobre os dois, sabem?

Espero que tenham gostado dessa experiência. Boa leitura desse último capítulo, aproveitem!! ♥



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31 de agosto de 2021, 15:05.

O restante da viagem até a Alemanha foi tranquilo, os dois homens só tornaram a acordar quando o trem estava quase no destino final e, calados, ainda tomados pelo sono, arrumaram suas coisas e as arrastaram até a estação e então até a fila para comprarem as próximas passagens. Duas para França e outra para Londres, Sirius queria não ter que enfrentar uma nova fila quando chegassem em Paris.

Ficaram apenas uma hora no país antes de voltarem a embarcar em um novo trem, agora em direção ao destino final de Remus e ele podia sentir como o clima, antes ameno, gostoso e despreocupado, tinha mudado. O silêncio, apesar de ainda confortável, estava carregado de um sentimento muito parecido com saudades.

Agora não havia camas na cabine, apenas os clássicos bancos acolchoados. Os dois jogaram suas mochilas de qualquer jeito e se sentaram de frente um para o outro, suspirando juntos e então sorrindo.

— Está acabando - Sirius falou primeiro e Remus sorriu. Era claro que seria ele a quebrar o silêncio.

— Está - concordou e suspirou novamente. - Você também tem a sensação que se passou uma vida desde que nos conhecemos?

— Desde que você quase me matou de susto, você quer dizer, né?

Remus concordou com a cabeça e os dois riram. Continuaram a conversa, queriam poder filosofar sobre as incertezas das vidas e logo depois contar um fato curioso sobre o novo filme adolescente que vai ser lançado. Queriam se afundar em cada segundo que tinham.

Os dois livros de capas quase que iguais, o de Sirius, jogado do lado dele, junto com seu estojo, estava repleto de desenhos, post-its e pedaços de papéis, enquanto o de Remus poderia ser facilmente confundido com um exemplar novo.

Essa história, você não sabe, começou a partir desses livros. De história desconhecida e personagens imaginários, os dois sempre teriam algo em comum. O primeiro item de uma longa lista. O motivo disso tudo começar.

E Remus chegou a essa conclusão enquanto os dois divagavam sobre como os personagens eram tão reais e contraditórios, em como eram psicologicamente profundos. Foi neste momento, enquanto falava sobre como tinha gostado dessa característica, que Remus percebeu que, assim como o livro de Sirius, ele também estava marcado.

31 de agosto de 2021, 16:49.

Foi quando faltava um pouco menos de duas horas de viagem que Sirius, finalmente, se levantou, avisando que precisava ir ao banheiro e Remus, como quem não quer nada, pediu para folhear o livro do companheiro de viagem.

— Folhear meu livro? - Sirius repetiu, segurando a maçaneta e levantando a sobrancelha. - Pra que?

— Quero ver seus desenhos sem você tagarelando no meu pé do ouvido sobre como não estão bons o suficiente - Remus sorriu de lado e deu de ombros. - É irritante alguém com tanto talento ficar falando que não é bom.

— Mas eles não são…

— Sirius… - Lupin falou todas as letras daquele nome, gostava de como soava na sua voz, e soube que tinha conseguido o que queria quando Sirius ficou com as bochechas coradas.

— Está no primeiro bolso - o homem de cabelo comprido falou já saindo da cabine. - Por favor, deixe tudo no lugar.

E sem esperar uma resposta, deixou Remus sozinho. Com cuidado, Lupin abriu a bolsa do outro homem e pegou o que precisava: o livro e o estojo. 

Era errado ter mentido? Sim, mas, naquele momento, não ligava. Pegou seu próprio livro e abriu a primeira página, então pegou uma das canetas de Sirius. Ficou quase cinco minutos apenas olhando, uma parte sua gritando que era um absurdo que estivesse cogitando mesmo escrever num livro, mas, antes que desistisse, riscou a primeira palavra, então a segunda e não parou até escrever o último ponto final.

“Sirius, espero que não me odeie por trocar nossos livros, mas sinto que é o certo, que iremos olhar para essas páginas e lembrar do agora, desses três últimos dias. E, para falar a verdade, preciso de algo que me faça ter a certeza que isso tudo não foi apenas minha imaginação fertil. Preciso saber que te conheci, Sirius.

Desejo da minha alma que tenhamos outros (des)encontros como este. Mas se isso não acontecer, lembre que nessas páginas ainda teremos um ao outro.”

E antes que fosse pego, colocou seu livro intacto dentro da mochila, junto com o estojo, do mesmo jeito que tinha pego. Então guardou o seu novo exemplar, desenhado e riscado e cheio de Sirius.

31 de agosto de 2021, 22:16.

Chegar em casa nunca foi tão difícil para Remus, não por ser algo ruim (longe disso), mas por estar tão confuso. Estava feliz por estar de volta, por poder reencontrar a família, poder entrar de novo no seu próprio quarto, mas, ao mesmo tempo, não queria ter que dizer adeus a Sirius.

Sabia, sempre soube, que não havia outra possibilidade, mas isso não fazia a dor da separação doer menos. Tinham sido tão importantes naqueles dias que parecia errado se separar na mesma proporção que era certo.

Por isso não foi para casa quando chegou, não. Os dois foram até um restaurante do outro lado da rua e se sentaram numa das mesas que estava na calçada, pediram champanhe para comemorar estarem vivos e alguma comida realmente saborosa.

Diferente dos outros instantes, não houve silêncio. Suas bocas estavam sempre falando ou comendo, seus ouvidos estavam sempre ouvindo o outro falar ou reagir, seus olhos não desviavam do outro. Eram os últimos momentos, precisavam de tudo o que pudessem ter, mesmo que fossem apenas lembranças de suas palavras.

Adiaram o máximo que puderam, mas nada pode ser realmente adiado. O fim era inevitável e não havia vingador certo que pudesse mudar isso. 

Caminharam de volta para a estação fazendo recomendações um ao outro, livros que precisavam ser lidos, lugares que precisavam ser conhecidos, músicas que precisavam ser ouvidas e tantas outras coisas que precisavam ser ditas.

E então silêncio.

Tinham que dizer adeus, mas como? 

— Eu não vou esquecer.

— Também não vou. Nenhuma vírgula.

Silêncio no meio do arrastar de malas de outras pessoas, mas naquele momento só havia os dois.

— Não tenha medo - falaram juntos e então riram.

— Acho que isso é um adeus.

— É, eu também - Remus concordou e se inclinou para frente, abraçando Sirius. - Obrigado por ter sido você.

— Obrigado pelo susto - Sirius abraçou de volta e quando se separaram havia a certeza que nada mais precisava ser dito. Remus observou Sirius lhe virar as costas e começar a andar, então seguiu para a saída.

Os caminhos dos dois se encontram por alguns instantes, mas era o suficiente.

31 de agosto de 2021, 23:00.

Sirius sentou sozinho na cabine e soltou um longo suspiro, prevendo como as próximas duas horas até em casa seriam longas sem Remus. Puxou sua bolsa e tirou de lá seu livro e seu estojo.

Assim que olhou para o objeto, que parecia ter saído direto de uma livraria, soube que não era o seu. Apesar de saber que Remus o havia levado consigo, Sirius não estava irritado. Estava tudo bem. Agora tinham algo palpável para os fazer lembrar daquele momento. Sirius estaria pensando neles enquanto Remus também estivesse. E algo dizia que eles sempre morariam nos pensamentos um do outro.

Com um sorriso idiota no rosto, Black colocou o cabelo atrás da orelha e leu o pequeno recado do seu companheiro de cabine, desejando outro desencontro como aquele.


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Notas finais do capítulo

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